27.1.12

Muros de Sicó


Muros de Sicó, isso mesmo. São "apenas" um dos muitos recursos, em termos de património, que esta região tem, infelizmente não têm o devido reconhecimento por parte de quem em primeiro lugar o deveria reconhecer. As entidades públicas, caso das Câmaras Municipais nunca tiveram atenção a este pequeno grande pormenor que são os belos muros de pedra da região de Sicó. Dão atenção sim aos patéticos muros de blocos que vemos em lugares onde nunca os deveria haver. Em vez de proteger este recurso em pleno desaparecimento, dão aval à construção de muros de blocos em locais que deveriam estar protegidos de obras de mau gosto, que apenas desvirtuam a bonita paisagem desta região.
Estes muros de pedra são o resultado do enorme trabalho de gerações que deram tudo de si a este território, que valorizavam o que era seu e moldaram a paisagem. Deu trabalho? Sim, deu, mas o resultado não é fantástico? Então porque não proteger estas belas marcas da paisagem regional?!
Falta a estratégia que permitiria não só proteger bem como valorizar também este recurso, o que é "apenas" mais uma das variáveis na bela equação que é o desenvolvimento territorial. Infelizmente há quem teime em incluir variáveis estranhas à equação, o que tem dado resultados vergonhosos. Notem que o turista pretende "coisas" como esta e não patéticos parques eólicos em áreas supostamente protegidas (façam-nos noutras áreas que não as protegidas!). Mas quem vive aqui não é o turista, somos nós, infelizmente caímos frequentemente no erro de pensar que devemos fazer as coisas pensando nos outros. Devemos em primeiro lugar fazer as coisas pensando em nós e depois o turista aparece e agradece o facto de sermos verdadeiros e valorizarmos a nossa cultura. Os muros são apenas parte desta questão, parte esta que faço questão em salientar.
Há alguns locais bem catitas onde podemos ver a beleza destes muros, já que de lá conseguimos ver a coisa no seu todo. Aconselho uma ida até ao Moinho de Janeanes, de onde podem avistar centenas de metros destes belos muros. As fotos que acompanham este meu comentário não são de Janeanes, pretendo com isto aguçar-vos o apetite para uma visita a Janeanes ou a outros lugares, o importante é sairem de casa e sentirem o território e o património desta nossa região.

23.1.12

Quintas de Sicó


São muitas e belas, representando um importante património arquitectónico e histórico da região de Sicó. Refiro-me claro às muitas Quintas disseminadas por esta bela região, algumas delas ao abandono...
Esta será uma de várias referências que farei este ano sobre esta pertinente temática, tentando ser abrangente no que concerne à representatividade das Quintas da região de Sicó. Contudo não irei fazer referência à localização das mesmas, já que com a ladroagem que por aqui anda, há que salvaguardar determinados valores.
Uma das muitas coisas que me impressiona, pela positiva, é a beleza de muitas destas Quintas, daí este meu interesse por esta temática. No entanto não é só a beleza arquitectónica e a componente histórica que me interessam, é também o potencial que algumas destas Quintas representam no contexto turístico de Sicó. 
É certo que algumas destas Quintas têm dono e que as consegue manter, não sendo nestas que me pretendo centrar. Outras estão ao abandono, algumas vezes por estarem em processo de partilhas, o que quase sempre representa um problema que se arrasta por demasiado tempo, levando até à ruína de algumas destas. 
Vejam bem os belos exemplos que temos por esta bela região e depois questionem-se se vale ou não a pena pugnar pela recuperação e valorização destas belas Quintas!
Destes 3 exemplos, e como podem observar, uma das Quintas felizmente está conservada, enquanto que as outras duas nem por isso.


E chegamos então ao que mais me interessa, aquelas Quintas que estão à venda. Há meses atrás destaquei o exemplo de uma Quinta que estava à venda no site de uma imobiliária, o que me preocupou seriamente, já que o que constava no anúncio era realmente preocupante.
Por mais que tente compreender, não consigo fazer entrar na minha cabeça porque é que em vez de se potenciar algumas destas Quintas, com a ajuda de fundos comunitários, se "mata" estas Quintas com planos de especulação imobiliária. Por outro lado surgem projectos que eu considero criminosos, onde se lançam ideias para hotéis VIP a criar (hipoteticamente...) em áreas serranas que para todos os efeitos são áreas protegidas. Parece que não há ideia nem dinheiro para recuperar algumas destas Quintas, mas já os há para construir de raíz em áreas protegidas, mais precisamente em área de Rede Natura 2000, Reserva Ecológica Nacional e áreas de grande valor cénico. Parece que não há vontade para recuperar, mas há muita vontade para retalhar os terrenos adjacentes a algumas destas Quintas, enviando-os para as garras de alguns interesses predatórios que não interessam ao interesse público...
Não é novidade que não damos o devido valor ao património da nossa região, mas mesmo assim farei questão de tentar de alguma forma dar um breve contributo para a mudança de mentalidades e para a responsabilização de quem nos (des)governa. Como alguém disse um dia, só gostamos do que conhecemos e consequentemente só poderemos estar preparados para proteger e valorizar o que conhecermos!
Não faço ideia de quantas Quintas existem na região de Sicó, no entanto sei que há bastantes, algumas maiores que outras. Não é a grandeza destas que as faz bonitas, é sim a sua beleza arquitectónica e a sua história, o que pode representar alguns séculos de história em alguns casos. Por isso, sejam maiores ou menores, o importante é valorizar estas Quintas em todos os aspectos que lhe estão associados. Irei partilhar com todos vós alguns exemplos que já conheço e outros que concerteza irei conhecer, já que afinal além da partilha de conhecimento, o azinheiragate também está sempre a aprender. O saber não ocupa espaço!



19.1.12

Uma iniciativa a não perder


Como já por várias vezes o disse, sempre que na região de Sicó surjam iniciativas que me pareçam relevantes, darei visibilidade às mesmas. Desta vez a iniciativa que destaco tem a ver com um conceito que ainda é pouco conhecido em Portugal, a permacultura, daí a sua pertinência. Nunca fui a nenhum evento deste género, contudo sei bem da sua importância e da aprendizagem que se pode retirar do mesmo, o que pode e deve ter implicações muito positivas também na nossa região.

16.1.12

E de uma ideia surgiu... isto

A ideia surgiu momentos depois de acabar de fazer o último comentário, sendo o seguimento natural do raciocínio que estava a tentar demonstrar de alguma no último comentário. Lembrei-me de uma música que serviu de pano de fundo para a publicidade de uma grande superfície, a qual se enquadrou na perfeição para uma daquelas ideias que não surge todos os dias. Por isso mesmo dei seguimento à coisa, mesmo que possa parecer pirosa ou coisa parecida. O que interessa é andar animado e tentar fazer passar uma mensagem importante.
Nunca tinha escrito nada parecido, mas gostei do resultado:   

O mundo roda e nem tudo muda sem desvirtuar
Mas uma coisa permanence intemporal
A qualidade e o baixo custo do meu quintal
E o meu amor por agricultar em Portugal
Venho ao meu terreno de Janeiro a Janeiro
O preço é sempre baixo na horta o ano inteiro
Tudo ali é bem melhor
Tem um pouco de tudo e fresquinho
Tudo aqui é semente tradicional
Tudo é plantado com carinho
E o preço baixo o ano todo na horta inteira
Além da qualidade, a poupança é verdadeira
Receita sábia toda a diferença faz
Aqui na horta o seu dinheiro vale realmente mais
Venho ao meu terreno de Janeiro a Janeiro
O preço é sempre baixo na horta o ano inteiro
Tudo ali é bem melhor
Tem um pouco de tudo e fresquinho
Tudo aqui é semente tradicional
Tudo é plantado com carinho
(Horta boa, sabe e faz bem)
Hortazinha, planta-a lá!
Autor: João Forte

11.1.12

O lado errado da coisa...


Os tempos mudam e as vontades também, no entanto nem sempre ambos mudam no bom sentido. Isto acontece porque cada vez mais a sociedade é manipulada por interesses muito poderosos, os quais tentam controlar tudo o que fazemos, desde o que comemos até ao que fazemos no nosso dia-a-dia. O intuito é simples, há que consumir e consumir para sustentar o insustentável. Com isto perde-se muito do que é realmente essencial em favor do que é supérfluo. Falta a ética, a moral e tudo o mais.
Continuamos a tolerar passivamente a corrupção e a nos deixarmos guiar por gente à qual só interessa o lucro. A agonia de uma crise que surgiu da falta de ética e moral, que levou à tal crise financeira, tem levado ao desespero de muitos, infelizmente cada vez mais.
Não venho aqui para alimentar esta agonia, venho sim para dar ânimo e esperança, pois é essa que nos faz mover. Para isso pego numa fotografia que diz muito, no entanto falta a muitos o saber ler o que está por detrás desta janela, daí verem a coisa de uma forma redutora e simplista.
Já lá vão os tempos em que as povoações se instalavam próximo de terrenos bons para agricultar, tempos sábios esses. Hoje em dia, em nome do dito desenvolvimento, as pessoas são quase que instigadas a instalar-se precisamente em cima destes terrenos com boas aptidões agrícolas. Isto acontece num tempo em que supostamente quem manda é a dita sociedade de conhecimento. Falo claro num contexto como é o da realidade da região de Sicó.
De sabedoria estes tempos pouco têm, pois o que impera não é nem a sabedoria nem mesmo a inteligência, o que conta é ir em frente e depois se vê, pensa-se no imediato e esquece-se o depois. Quando certas pessoas, como por exemplo eu próprio, alertam para alguns factos importantes, uns novos outros nem por isso, surge logo alguém a dizer que o que interessa é o desenvolvimento, mesmo sem que saiba o que afinal é o desenvolvimento. Continua a confundir-se o crescimento, muitas vezes irracional  e ilógico, com o desenvolvimento, quando nunca se pode confundir os mesmos. 
Na última edição de 2011 do Jornal de Leiria, tentei de alguma forma mostrar isto mesmo, vindo agora reforçar o que aí disse. Andamos a cometer um erro crasso, o de ver a coisa do lado errado, daí a pertinência da coisa. Olhamos para nós próprios e não olhamos em nosso redor. Olhamos para o supérfluo e não olhamos para o essencial, o património, seja natural, cultural, etc.
A fotografia que acima podem ver tenta mostrar isso mesmo, o facto de andarmos com as voltas trocadas. Cada vez somos mais dependentes do supérfluo e cada vez nos afastamos de algo tão importante como é a terra, a agricultura. É um erro andarmos a concentrar tanta gente nas cidades. Já repararam que numa cidade somos 100% dependentes dos outros?
No campo isso não acontece, somos apenas parcialmente dependentes. O bom da crise é que ela está a reeducar as mentalidades, ganhando com isso todos nós. Não estou com isso a dizer que é mau viver numa cidade, estou sim a dizer que é mau a maioria da população estar a viver nestas.
Cada vez menos jovens sabem ser desenrascados, quem daqui é sabe bem do que falo. É no contacto com as coisas reais e importantes que se aprende na escola da vida. O pequeno gesto de meter as mãos na terra é muito maior do que aquilo que muitos possam imaginar.
É preocupante ver que todas aquelas competências, potenciadas pelo "desenrasque" e o conhecimento do campo/rural, têm vindo a desaparecer com as gerações mais novas. Preocupante também é saber que a bela paisagem que temos não terá, no futuro, gente capaz de a moldar de forma sábia, pois desaparecendo o conhecimento ligado à agricultura e outras actividades ligadas ao campo, desaparecerá parte da beleza da paisagem de Sicó. O que molda actualmente a paisagem começa a ser quase que apenas o interesse de interesses económicos predatórios, o que evidentemente tem e terá impactes muito negativos.
Não damos o devido valor à terra e ao conhecimento associado e isso pode custar bem caro a todos nós. Obviamente que tenho esperança, é isso que me faz mover, daí instigar à reflexão sobre algo de tão importante, a terra. É precisa uma nova ruralidade, o que não significa retroceder no tempo, muito pelo contrário. Uma das coisas que mais me preocupa é a perda de soberania alimentar. Solução? Simples, olhem para a janela e pensem pelas vossas cabeças. Quem manda nos que comemos e no que fazemos somos nós e não um qualquer gestor de uma multinacional que representa interesses que nada nos interessam!
As coisas não são complicadas, lembrem-se que somos nós próprios que complicamos. Os episódios, cíclicos, de crise, ensinam, resta aprender a lição para mais tarde não voltar ao mesmo...

3.1.12

Um dos muitos desafios para 2012!


Inicio o ano com um desafio para cidadãos e entidades públicas e/ou particulares, o da vossa participação na segunda edição do Limpar Portugal. Depois da primeira edição do Limpar Portugal, em 2010, onde tive o privilégio de ser coordenador concelhio (Ansião), houve quem dissesse que não deveria voltar a haver o Limpar Portugal nos mesmos moldes, no entanto permitam-me os mesmos discordar. 
Considero que mesmo apesar da crise, todos deverão participar, especialmente os que puderam participar na primeira edição. A minha justificação é muito simples, a de que só assim todos poderão ver como alguns portugueses conseguem ser tão porcos. Desculpem a palavra mais forte, mas depois de irem ao terreno irão concerteza concordar comigo. No início de 2011, quando andava a tirar algumas fotografias de algumas das lixeiras visualmente mais "apelativas", pude ver que além de alguns porcos continuarem a fazer mais do mesmo, continuam a surgir novas lixeiras por vários sítios mais ermos. 
Este ano não poderei ser novamente coordenador, pois além de não ter os 2 meses de trabalho (e algum dinheiro) que investi em 2010, há que dar lugar a outros jovens que queiram dar um belo contributo por uma causa que é de todos. Irei ser de certeza ser voluntário desta iniciativa, promovendo um grupo numa das associações da qual faço parte. Com poucos meios e com muita vontade conseguem-se fazer milagres, isso vos garanto.
Irei estar particularmente atento ao excelente trabalho que a Câmara Municipal de Ansião tem feito deste o Limpar Portugal 2010. Irei também estar atento à Câmara Municipal de Alvaiázere, já que em 2010 foi a única autarquia da região (e uma das poucas do país) que não participou nesta iniciativa. Em Alvaiázere participou "apenas" o Rancho Folclórico da Freguesia de Pussos, dando assim uma lição de cidadania certas individualidades de Alvaiázere. 
Obviamente que terei atenção a Soure, Pombal, Condeixa e a Penela. Espero conseguir eliminar uma lixeira existente no lugar da Cumieira, lixeira esta já denunciada há quase 2 anos e que continua na mesma, quiçá por estar longe da vista... Curioso que, quando denunciei o caso, através do Jornal Região do Castelo, chegou a ir ao local um vereador, o qual disse que o caso iria ser resolvido, no entanto o tempo passou e nada feito.
Fica então a importante referência do azinheiragate a uma iniciativa louvável!