28.8.13

Na noite, de olhos postos no céu de Sicó


Não, não estou a publicitar nenhuma iniciativa de astronomia, estou sim a publicitar o céu de Sicó. Dito de uma outra perspectiva, estou apenas a publicitar uma forma de estar na vida.
Alguns de nós lembram-se daquelas noites de verão, onde um simples olhar para o céu revela a nossa pequenez perante o universo. É das coisas mais bonitas, estar deitado no chão, num local isolado e desprovido de iluminação pública, a contemplar o céu.
A região de Sicó ainda tem algumas áreas livres de poluição luminosa, facto que passa despercebido a toda uma faixa de população que prefere o "rebuliço" das vilas desta região. Há já locais em Portugal onde, imagine-se, estas zonas livres de poluição nocturna são aproveitadas para um nicho de turismo que passa ao lado da nossa região. E não, não é estranho, ainda há meses atrás este foi um tema em destaque na National Geographic Portugal.
Mas não é só no Verão que vale a pena, no inverno também há algum interesse no céu de Sicó. Belas nuvens e as temidas trovoadas.
Sim, eu sei que a quase totalidade das pessoas foge delas, no entanto há quem, como eu, que as persiga. Pena é que aconteça tão poucas vezes...
O vídeo que agora vos mostro, tem alguns anos, e mostra alguns momentos onde duas trovoadas estavam quase a encontrar-se. Quando elas se encontraram já eu não estava por aquele local, já que eu sigo as evidentes e obrigatórias regras básicas de segurança. Estando no local certo, pouco ou nada há a temer para com as trovoadas. Este gosto pelas trovoadas pode ser considerado, por alguns, como bizarro, no entanto todos reconhecem que é um espectáculo muito belo. E não, não se paga bilhete.
Aproveitem o céu de Sicó, pois seja Inverno, Primavera, Verão ou Outono, vale sempre a pena!

23.8.13

A conversa das árvores


Mais importante do que ler livros para entender certos assuntos, será o falar com as pessoas sobre estes mesmos assuntos. Gosto de fazer ambos e considero que estão ambos intrinsecamente ligados entre si.
Por isso mesmo é que faço questão de abordar muitas questões quando estou com os amigos. Por vezes fico muito preocupado com o que oiço, pois o nos diálogos oiço muita coisa que revela um franco desconhecimento sobre o território e sobre tudo aquilo que ele encerra em si mesmo.
Há dias atrás, ao abordar a questão do malvado eucalipto, fiquei perplexo com o que ouvi. Esta perplexidade deveu-se não tanto ao que ouvi, mas de quem ouvi. Complicado? 
É público que eu considero o eucalipto árvore non grata de Portugal, pois é uma árvore que tem trazido muitas desgraças a este país. Muito brevemente irei ser bem frontal perante o eucalipto...
Numa conversa com colegas que sabem o que é combater incêndios em eucaliptal, veio à baila a questão financeira e foi aí que as coisas descambaram. Percebi que mesmo estes colegas eram apologistas do eucalipto, mesmo sabendo o carrasco que este é para todos nós.
A floresta portuguesa tem desaparecido (áreas de eucaliptal não são floresta, são monocultura!) e parece que poucos se importam com isso. Promove-se o desordenamento florestal, através do eucalipto, mas parece que isso não é problema. Quer-se ganhar dinheiro a todo o custo, mesmo que as comunidades fiquem a perder com isso. Pensa-se apenas e só no curto prazo e esquece-se o médio e longo prazo. Mentalidades formatadas para pensar assim mesmo é o que temos mais, e isso é deveras preocupante.
Depois, já com a conversa adiantada, falei em oliveiras, em nogueiras, em figueiras e outros mais, e aí todos disseram que comer azeitonas, figos e nozes era muito bom. Nessa altura eu disse algo de muito simples, e porque não plantam? Disseram eles que demorava muito tempo a crescer. Logo aí eu disse algo de muito simples, o de que se nunca plantarem elas nunca crescem...
Vi que poucos são os que querem efectivamente deixar algo de palpável para os filhos e netos, coisa que o eucalipto não deixa. Vi que poucos são os que querem ouvir das bocas dos netos, daqui a uns anos, um agradecimento por estes lhe deixarem algo tão importante como oliveiras, nogueiras ou figueiras. Vi que poucos pretendem voltar a trazer aquela memória em que se montava um balancé de corda num carvalho centenário. Algum de vós andou num balancé pendurado num eucalipto?! Bem me parecia...
Percebo efectivamente que poucos são os que pensam na sua comunidade, daí andar bem preocupado com este sinal dos tempos. Agrava o facto da crise estar a acentuar este tipo de mentalidades formatadas por interesses económicos que, passo a passo, vão tomando conta de tudo e de todos. 
Diria eu, aqueles que se queixam do estado do país, que têm o país que fizeram por merecer. No que me toca, eu estou de consciência tranquila, pois apesar de me queixar do estado actual das coisas, faço algo para tentar mitigar o estado actual da região e do país. 
E, para terminar, gostava de pedir aqueles que gostam tanto do eucalipto, que comecem a comer os frutos do mesmo, deixando as azeitonas, os figos, as nozes, as maçãs e outros mais para mim e para todos aqueles que se importam com as comunidades e com o seu território...



18.8.13

Fragmentação e degradação da paisagem cultural de Sicó


Ao passar por este local, tive mesmo de parar o carro, de forma a fotografar a coisa. De vez em quando gosto de ir sem rumo pela região de Sicó e, ao me deparar com factos pertinentes, registar os mesmos com a máquina fotográfica. Isto permite que tenha imagens sobre assuntos concretos, de forma a que os possa debater aqui no azinheiragate com todos vós.
Uma das questões que mais me choca na região de Sicó, no que concerne à sua paisagem, tem a ver com a sua evidente e preocupante descaracterização e fragmentação, algo que aos poucos vai retirando valor a esta paisagem. Tornar o belo em algo vulgar é preocupante numa região onde a paisagem cultural tem expressão evidente e valiosa.
A construção de muros é um dos muitos problemas que tem ameaçado e degradado a paisagem desta região, tão pomposamente publicitada pelos nossos autarcas. Fala-se que a paisagem é uma mais-valia, no entanto, e na prática, pouco se faz para mitigar boa parte dos problemas que degradam esta mesma paisagem.
Vê-se de tudo, desde meros muros foleiros, muros sem nexo, muros onde não os devia haver e muros que apenas alegram o ego de quem tem dois palmos de terra. Nos PDM´s nada se faz para evitar aquilo que retira mais-valias à paisagem.
Esta fotografia mostra isso mesmo, pois havendo possibilidade de fazer ali um muro que não choque com a paisagem, ou seja integrado na mesma, faz-se um muro que não passa de um mamarracho paisagístico. Quase ninguém se importa com isto, menos sendo os que, como eu, manifestam o seu desagrado com o facto, justificando o porquê do mesmo.
Importa ponderar bem esta questão, pois daqui a uns anos, e por este ritmo, as diferenças serão colossais, para pior. Nessa altura muitos irão pensar como foi possível tal descaracterizar a paisagem sem que se tivesse feito algo para proteger a sua integridade de paisagem cultural, mas aí será tarde demais...

13.8.13

Vandalismo e esquecimento: duas duras realidades perante o património


Vandalismo sobre o património não é algo que seja propriamente recente, no entanto só de vez em quando é que as vozes se levantam perante tal atentado sobre o património. Recentemente isso aconteceu em Ansião, num dos monumentos mais importantes em termos históricos. É de lamentar que isto aconteça, seja isso onde for. Quem for apanhado, que será concerteza o caso, não levará o castigo que merece, pois quanto a mim merecia umas semanas ou meses na prisão, para ver como elas custam. Isto sem contar com serviço comunitário.
Este caso é apenas um de muitos, no entanto, dado o monumento em causa, teve um impacto muito maior. Compreende-se e é bom que assim seja, no entanto há muito outro património que é algo de vandalismo, o qual também acontece derivado do esquecimento deste mesmo património por parte das populações. Muito já desapareceu e não volta, no entanto há outro que está em risco e que se pode preservar. É a nossa identidade, a nossa memória que está em causa, será que não vale a pena pugnar por todo este património?
Quem é de Ansião, ou pelo menos que anda por lá muitas vezes, saberá reconhecer o local que a fotografia pretende mostrar. Como se diz, uma imagem vale mais do que mil palavras e esta imagem mostra muita coisa. Vandalismo, sobre a forma de grafitti, e esquecimento crónico, sobre a forma de vegetação, alcatrão e outros mais.
Este último exemplo é apenas um entre muitos, pois basta mergulhar neste território de Sicó para ver isso mesmo. Boa parte das pessoas anda com a cabeça noutras paragens, não prestando atenção a estas "coisas". Muitas delas prestam mais atenção a lixo televisivo, que tem como intuito burrificar o cidadão, do que aquilo que as definiu e que faz parte da sua memória e identidade. É fixe, dizem alguns...
Eu não me conformo com este cenário, cada vez mais comum, daí apelar a todos que se mobilizem em prol do património.

5.8.13

Polémica em Ansião: caminho público ou privado?

O direito à passagem existe e é um facto, disso não há dúvida, no entanto há quem ande enganado e pense que pode impedir o acesso a esta serventia, a qual se situa por cima de uma linha de água... Esta é uma questão que tem feito muitos ansianenses andar literalmente de olhos em bico nós últimos dias, dada a sua particularidade. Basicamente há um comerciante que, à socapa, tem andado, ilegalmente, construir uma vedação, a qual tem como intuito fechar um local de passagem público, e não privado. Diria eu, que isto acontece por mau aconselhamento, já que afinal o edifício é alugado, portanto serão pelo menos dois os culpados por esta situação irregular. 
O caminho que vêm na segunda foto, é utilizado há várias décadas como passagem de pessoas e veículos, mas há quem ande a tentar trocar as voltas aos ansianenses. Nestes próximos dias será entregue, na Câmara Municipal de Ansião, um abaixo-assinado, o qual pretende acabar com esta atitude que eu considero atentatória do património que é o nosso caminho, ou melhor, uma travessa que sempre o foi. Os caminhos públicos são também património, daí eu abordar também esta questão.
Logo que soube desta polémica, assinei um abaixo-assinado que anda a rolar de mão em mão, de modo a que esta chico-espertice tenha um fim. Há, na minha opinião, evidente má fé por parte do comerciante, já que este, já depois da obra embargada, tem tentado, com sucesso, continuar a obra. Há testemunhas de que este, às 5 da manhã, continuou a obra e hoje mesmo, domingo, vi-o eu literalmente com as mãos na massa, por volta das 17 horas. Esta primeira fotografia mostra isso mesmo.
Hoje foi diferente, já que este colocou caixas à frente do carro de mão, cheio de massa, tentando iludir quem por ali passava, no entanto eu consegui fotografar a ilegalidade, para a posterioridade.
Eu sabia que era uma questão de tempo até surgir algum tipo de atrito, algo que costuma ser normal quando um estrangeiro se muda para este país, esquecendo-se que este país tem regras próprias. Isso independentemente da nacionalidade. Já senti isso na pele, já que já vivi noutro país e, apesar de não gostar de algumas coisas, tive de respeitar as suas regras. Curioso é que estas situações são muito comuns por parte dos portugueses, e nesta situação em particular é um português a mal aconselhar um comerciante estrangeiro. Curiosidades...
Neste caso, o comerciante e quem o mal aconselhou, vão ter de aprender algo tão simples como o respeito pelos outros e o respeito pelo que é de todos, nomeadamente o domínio hídrico. Importa também referir que este comerciante chegou a atravessar o seu veículo no caminho, de forma a impedir o trânsito, no entanto teve de o retirar quando a GNR o visitou. Se assim o entenderem, protestem, pois o direito à passagem existe e é de todos nós. 
Além deste meu comentário, irei fazer uma coisa muito simples, boicotar a loja deste comerciante, já que quando um qualquer comerciante não respeita o meio onde vive, então qualquer coisa está mal. Não será a primeira vez que boicoto estabelecimentos comerciais...