26.4.24

Como desincentivar a reciclagem

Há poucos meses tive uma experiência que me mostrou que as coisas estão feitas de forma a beneficiar alguns e prejudicar a maioria. Mas vamos ao início da história. Foi já há mais de vinte anos que comecei a reunir o papel usado, de forma a o levar directamente a uma fábrica que recicla o papel usado. Fi-lo não pelo dinheiro, que é pouco, mas sim pela minha forma de estar, ou seja levar os resíduos onde sei que eles são, de facto reciclados. Desde que comecei a fazer isto, bastava comprar um documento na papelaria e depois entregar na fábrica, ao pesar o papel. Depois de descarregar recebia o dinheiro do papel. Normalmente levava uns 300 kg por ano, ou seja 15 euros. Eis que há poucos anos um qualquer iluminado achou que isto era muito dinheiro e havia que dificultar a vida de quem levava os resíduos à fábrica, daí terem começado a exigir uma guia electrónica, só disponíveis a alguns. Este facto fez com que muitas pessoas deixassem por exemplo, e falando noutro tipo de resíduos (ex. ferro) apanhar ferro deixado no monte, não continuando a levar o ferro para a reciclagem. Muitas pessoas não se apercebem do impacto positivo que estes pequenos recolectores tinham. 

Não sei se esta foi a última vez que fui levar papel à fábrica, mas posso dizer a chatice que foi. Como tinha acumulado muito papel (fruto de vários factores), acumulei cerca de 1700 kg de papel. Tive de pedir a um grande amigo a carrinha, a outro que me guardasse o papel num barracão e depois tive de me inscrever na plataforma SILIAMB para conseguir uma guia de transporte de resíduos. Entregue o papel, fiquei a saber que não pagam na hora, pois terei de emitir uma factura (como se não sou colectado ou tenho empresa?). Isto é absolutamente ridículo!!! Já passaram alguns meses e ainda não vi a forma de resolver isto, de forma a receber o dinheiro e, com isso, pagar o empréstimo da carrinha e o aluguer do barracão. Julgo que brevemente o conseguirei fazer, mas isto é sintomático de como as coisas estão feitas de forma a beneficiar os grandes interesses e a prejudicar os pequenos recolectores que fizeram até há pouco tempo um trabalho que mais ninguém fazia, não por dinheiro mas sim pela consciência de saber que os resíduos iam, de facto, para reciclagem. não para aterro.  

E já que estou nesta linha de pensamento, não estranho o facto de há 2 anos ter encetado contactos para publicar um livro sobre a temática da reciclagem e resíduos e não ter conseguido apoios. Claro que há interesses que não querem que o paradigma mude. Óbvio, pois podiam ver as pessoas a começar a pensar diferente...


 

21.4.24

LLEERR PPRREEJJUUDDIICCAA GGRRAAVVEEMMEENNTTEE AA IIGGNNOORRÂÂNNCCIIAA



É um vício, eu sei, mas ao menos é um vício onde gastando dinheiro ficamos mais ricos interiormente e isso é extraordinariamente importante. Desta vez dois clássicos para iniciar, um de uma das grandes referências ambientais em Portugal, outro uma das grandes referências internacionais. Não estava à procura deles, foram mesmo achados de última hora que tinham de vir comigo para casa. Ambos em bom português, sem desacordos ortográficos à mistura.

Depois, já em inglês, um livro que me prendeu a atenção e que ainda não tinha nada parecido na minha biblioteca. Vai dar umas semanas de luta para "devorar", resta saber quando vou ter tempo para o ler, tal a quantidade de livros que tenho ainda por ler.



Depois, dois livros de uma colecção que já tinha iniciado com outros dois da mesma colecção. Estavam em promoção e eis que não esperei mais. Egipto e Guerra Fria, dois temas tão diferentes mas tão interessantes e importantes em termos históricos e não só.





 

17.4.24

Criar regras para evitar a degradação do que melhor temos é um imperativo!



Nos últimos anos tenho feito vários alertas e chamadas de atenção para os problemas que decorrem na massificação de desportos vários na região de Sicó, nomeadamente provas de corrida pedestre no monte, vulgo trail, provas de BTT e provas de Todo-o-Terreno. Isto porque qualquer um destes desportos pode ter consequências bastante negativas quando as regras são inexistentes ou mesmo quando até existem algumas regras e são ignorados factos fundamentais como a capacidade de carga dos eventos (genericamente falando é o número de pessoas, bicicletas ou veículos que podem passar sem ultrapassar um limiar a partir do qual os impactos são negativos). A passagem por certos pontos não deveria acontecer e a passagem noutros pontos deveria ser limitada à capacidade de carga dos mesmos, de forma a não prejudicar os locais e, assim promover a sua preservação, possibilitando a sua fruição às próximas gerações ou mesmo às actuais gerações.
A massificação destes eventos tem trazido consequências negativas. Escolhi algumas fotografias dos álbuns de duas provas de TT, de forma a ilustrar alguns dos problemas. Um dos primeiros é bem visível na primeira imagem. Como diria o Diácono Remédios, não havia nexexidade de tanto fumo... 


Nesta segunda fotografia vê-se algo que não era sequer suposto acontecer, ou seja a prática de TT dentro de uma fórnia (forma cársica), numa vertente da mesma, com declive acentuado, promovendo assim a erosão neste ponto, facto que, caso continue, irá fazer com que daqui a alguns anos este "trilho" seja abandonado e seja criado novo ao lado e por aí adiante, aumentando as cicatrizes na paisagem cultural. Este problema é estudado há muitos anos e não faltam artigos que mostram a problemática, podem pesquisar.
Depois confesso que me choca ver uma prova de TT passar numa área ardida. Isto num ponto que ficou ainda pior do que estava... 



Já esta última foto mostra bem o problema, ou seja trilhos por todo o lado, degradando assim a paisagem. Ora, isto multiplicado por centenas de locais, muitos deles críticos, não é nada positivo para termos uma Sicó atractiva e respeitosa pelo seu património natural. Não sou contra o TT, sou sim contra os abusos que prejudicam a região. Não faltam trilhos pela região, onde não se prejudica nada ou quase nada... Aliás num trabalho académico que fiz há muitos anos até fiz propostas de percursos de BTT e TT, os quais tinham em consideração os pontos que aqui abordo.
Fica este comentário para reflexão. Sei que vai incomodar alguns, mas confesso que isso não me limita na acção, já que acima de tudo está Sicó e o seu património natural, o qual deve ser gerido de forma a preservar este vasto património e esta paisagem cultural.



 

9.4.24

Mobilidade em territórios de baixa densidade: o regresso da Rede Expresso a Ansião


Foi naturalmente uma excelente notícia o facto da Rede Expresso ter novamente começado a operar/parar em Ansião, após anos de inexistência de serviço. Eu posso dizer que sou do tempo onde a Rede Expresso parava quer em Ansião (Vila), quer no Pontão. Se bem que me lembro, depois de ter deixar de haver serviço em Ansião, passou apenas a haver no Pontão e depois disso também deixou de haver serviço no Pontão. Cheguei a ir para Lisboa muitas vezes de autocarro, primeiro apanhando o mesmo em Ansião e depois, por falta de serviço em Ansião, no Pontão.  
Há dois anos falei da problemática que é não haver uma boa rede de transportes públicos na região de Sicó, mal sabendo eu que dois anos depois o cenário iria mudar, mesmo que de forma incipiente, já que apesar de ser uma boa notícia o regresso da Rede Expresso a Ansião, o cenário continua a ser muito complicado. Espero que isto seja o início de algo maior e que o cenário mude para muito melhor nos próximos anos. É fundamental também para estes territórios de baixa densidade populacional terem uma boa rede de transportes públicos, a qual comporte uma mobilidade local, regional e nacional. 
Para os curiosos, a fotografia que inicia este comentário é em Ansião, sendo quase que um monumento "vivo" de outros tempos, onde os autocarros da rodoviária, aqueles cor de laranja, faziam as delícias de quem os utilizava e de quem os via a passar.




 

27.3.24

Dia Nacional dos Moinhos: Moinhos Abertos à visitação!


É de aproveitar para visitar os Moinhos da Serra da Portela, em Pousaflores, da Melriça e do Outeiro, em Santiago da Guarda, Ansião. Quem é de fora e quer visitar a região de Sicó tem aqui uma boa oportunidade para passar um fim-de-semana nesta bela região!
Desafio à parte, este é um tema que muito me diz, sendo com muita alegria que vejo passarmos de anos onde só um dos moinhos estava aberto à visitação neste dia emblemático para três moinhos abertos à visitação.
Dois pontos que gosto de relembrar, o primeiro é que há poucos anos submeti ao Orçamento Municipal um projecto que visava a recuperação de todos os moinhos e a criação de uma escola de moleiros, de forma a criar um núcleo de pessoas que dessem seguimento a esta bela arte. Infelizmente não deu em nada, já que em tempo útil não consegui ter um orçamento de uma empresa especializada. O segundo ponto é que mesmo posteriormente já tendo tentado por outra via dinamizar uma escola de moleiros, não consegui, já que a outra parte nunca mais de disse nada. Isto depois de duas conversas, uma dela formal, para que conjugássemos esforços para que isso fosse possível. É um lamento que infelizmente tenho de aqui expor publicamente. Os moinhos têm um potencial extraordinário, e não falo na componente turística, essa já conhecida...
Aproveitando a efeméride, fiquem com um artigo que eu e outros amigos do património elaborámos há uns anos sobre esta temática:



23.3.24

Comparar o "actual" com o "antigamente

Andava há mais de 1 ano com a ideia de fazer isto, mas como não é fácil arranjar tempo para fazer estas coisas, demorou meses (descobri o registo fotográfico antigo a 28 de Fevereiro de 2023) até que deu para fazer o registo fotográfico actual para comparar com um antigo.
Poucos não saberão onde é, mas para quem não sabe, fica no Pontão. 



 

15.3.24

O Dia da Árvore está quase a chegar!


Estamos a poucos dias do Dia da Árvore, comemorado formalmente a 21 de Março, embora para mim seja comemorado informalmente todos os dias. Desta vez, e para destacar o dia que se aproxima, limito-me a mostrar algo de fabuloso que a GNR partilhou há poucos meses nas suas redes sociais. Se há aspectos importantes quando falamos de árvores, este é um deles, destacar as espécies autóctones, neste caso um belo carvalho da nossa região, mais concretamente um carvalho ansianense. A educação ambiental é muito, mas muito importante, e publicações como esta são de louvar!

5.3.24

Pornograficamente literário

Regresso então com novos registos de entradas na minha biblioteca pessoal. Desta vez foi tudo numa fornada, pois apenas uma visita à Centésima Página foi muito produtiva em achados interessantes e diversificados. Tal como já referi várias vezes, e nunca é demais repetir, gosto de complementar a minha biblioteca, não gosto de repetir livros semelhantes. E nenhum dos livros padece do desacordo ortográfico, essa é uma regra basilar. 

Desta vez um livro para reflectir sobre algo que sempre gostei, ou seja andar. Depois uma perspectiva africana sobre a questão ocidental, para fazer reflectir e estimular o pensamento de outras perspectivas. Segue-se um livro sobre urbanização e mobilidade sustentável.

Depois o mítico Thoreau, autor que recomendo vivamente a quem se identifica com a minha forma de pensar e agir. É intemporal! Finalizo com uma obra dos nossos vizinhos espanhóis, sobre um tema deveras interessante.  Resta saber quando os vou conseguir ler. No mês passado li um livro que tinha adquirido há 11 anos e que ainda estava à espera de ser lido após estes anos. Na mesma altura li um texto absolutamente brilhante, sobre esta questão de termos livros que só lemos muito tempo depois. Era um texto brilhante porque afirmava algo que é simplesmente maravilhoso. Resumindo, uma biblioteca é como uma farmácia, onde temos remédios e só usamos quando necessitamos. 

Quanto ao título algo provocatório, é propositado, pois basta um título provocatório para chegar a mais pessoas. E os livros chegarem a mais pessoas é tão, mas tão importante!






 

16.2.24

Espaço verde de... plástico?!!!!


É, infelizmente, uma moda que começou a surgir há poucos anos e que entretanto começou a ganhar contornos preocupantes. E logo de forma duplamente preocupante...
Mas vamos aos factos. O que é um espaço verde? Dou uma pista, não é uma superfície coberta com tapetes de plástico verde a que alguns iluminados chamam de espaços verdes. Os espaços verdes em Portugal são menosprezados e este é mais um prego no caixão como se costuma dizer. 
Para alguns espaço verde é, por exemplo um relvado a cobrir toda uma superfície, exigindo o mesmo uma imensa manutenção e promovendo o mesmo um gasto de água assinalável. 
Para quem sabe do que fala, espaço verde é uma área com vegetação autóctone ou outra (herbácea, arbustiva e arbórea), não invasora. Um espaço com valor ecológico e que não necessita de grande manutenção ou sequer grande gasto. Porquê? Porque o mundo real é assim mesmo. Quando se torna um espaço artificializado é que se gasta muito dinheiro na manutenção, já que se tem de assegurar processos naturais. De uma forma simplificada é isto.
Já há uns meses falei aqui nesta problemática, dessa vez na Vila de Ansião, focando a mesma na questão da poluição dos microplásticos que estes tapetes de plástico promovem e que não há forma de mitigar. É uma verdadeira besteira o que se vê nas fotografias disponibilizadas nas redes sociais.
Confesso que sinto vergonha em ver estas imagens, as quais mostram um absoluto desrespeito pelos espaços verdes. Chamar a isto espaço verde é, no mínimo, anedótico...

 

12.2.24

O fim de ciclo de uma bela obra de arte urbana

Há uns tempos, e quando percebi que a obra tinha iniciado, fiz logo o registo fotográfico, de forma a acompanhar a dinâmica de uma obra de arte urbana condenada ao desaparecimento pela normal dinâmica urbanística da cidade de Pombal, concretamente pela construção de um novo prédio num local há dezenas de anos abandonado. Passadas umas semanas, fiz novo registo fotográfico, já com a obra a decorrer e já este mês, mais um registo fotográfico, já com a obra de arte urbana desaparecida.

Era uma obra de arte urbana simples, mas muito simbólica e apelativa, daí eu falar da mesma. Este comentário serve para lançar um desafio, o de criar nova obra de arte igual, noutro edifício, já que é bonita e faz pensar em coisas importantes. Há 3 anos falei da mesma e fiz uma reflexão.

Há certas obras de arte urbana que têm um ciclo de vida curto, como foi este o caso, mas era importante recriar esta obra de arte urbana noutro ponto da cidade. E já agora, criar novas obras de arte urbana! O desafio está lançado.




 

8.2.24

As inscrições estão abertas, inscrevam-se a ajudem a mudar o paradigma!

 



Foi no início desta semana que se iniciaram as inscrições para a V Conferência Ibérica Sobre a Bolota, a qual irá ocorrer em Ansião. Será um momento marcante para toda a região de Sicó, onde teremos especialistas nacionais e internacionais para falar sobre uma temática fundamental também para a região de Sicó e os seus carvalhais e azinhais. Trata-se de debater um recurso económico extraordinário, o qual pode e deve ser aproveitado, de forma sustentável, com evidentes mais-valias para toda a região. É algo que pode ajudar a mudar o paradigma do desenvolvimento regional e de trazer jovens para a região, de forma a se dedicarem à inovação na fileira da bolota. Como poderão ver, caso se inscrevam, é algo que vale mesmo a pena compreender e debater com quem sabe, desmistificado assim preconceitos e estereótipos associados a este recurso natural. Teremos muita gente a falar, vinda de Portugal, de Norte a Sul, e de Espanha, e alguns actores de desenvolvimento regionais. Teremos gastronomia focada na bolota e, no final, um belo passeio pelo carvalhal da Gramatinha/Ariques, ou seja entre Ansião e Alvaiázere.
Divulguem, apareçam para falarmos e abrirmos horizontes!


4.2.24

O passeio e a zona pedonal é para os... PEÕES!!!!



Não sei de quem são estes veículos, é-me indiferente, o que me importa é focar o cenário desastroso que se instalou em Ansião desde que os pilaretes instalados há uns anos começaram a desaparecer. Estes eram a única forma de impedir que os carros ocupassem indevidamente um espaço que não é seu. Isto à falta de um GNR em cada rua 24 por 24 horas. 
Cada vez que vou a Ansião é este cenário. Estas são apenas algumas das muitas imagens que registei nos últimos meses. É isto que queremos para nós próprios?! É este um cartão de visita para quem nos visita? É aceitável que nós e os nossos filhos tenhamos de ir para a estrada porque os passeios estão barrados por carros?! Urge reflectir...
Ou estacionar em cima das passadeiras, ou no parque verde...
E escusam de vir com a lenga lenga do costume, de ter de se tapar as matrículas. Não tem!