29.8.20

Urge reflectir sobre o património...

 


Este registo fotográfico data de 2012, aquando de um passeio algures por Sicó. Nunca a utilizei, ficando a mesma no arquivo. Faço muitos registos fotográficos com dois intuitos, o primeiro o de registar algo que considero que vale a pena registar para a posterioridade, enquanto que o segundo é ter material para utilizar, entre outros, no azinheiragate mais tarde ou mais cedo. Decidi pegar nesta imagem, a qual retrata, para mim, algo de curioso, ou seja património perdido no tempo e exposto aos elementos. Mais ano menos ano desaparece, seja por roubo, para sucata ou para algum jardim, ou por mero desinteresse, degradando-se até ao seu total desaparecimento. Teremos nós interesse em preservar este nosso património? Muitos dizem que sim, mas poucos o concretizam. Muitos falam, falam e falam, mas pouco ou nada fazem. Alguns fazem, uns por interesse e com mérito, outros por interesse mas sem mérito, tornando um objecto patrimonial um objecto circense, que nem mero adorno para os outros verem que têm o passado no seu quintal. Os poucos que o fazem por interesse e com mérito têm bastantes dificuldades e poucos apoios. Urge fazer uma profunda reflexão, a bem da região. O pior que podemos fazer é tornar Sicó um circo, onde as práticas patrimoniais e os objectos patrimoniais são tratados numa lógica circense... 

25.8.20

O mês de Agosto: crónica da difícil defesa do património



A defesa do património, seja ele natural ou não, é uma tarefa difícil e, diga-se, perigosa. É deste último prisma que pretendo falar, ou seja quando a nossa integridade física é posta em causa por causa desta luta. No caso que descrevo, é talvez a forma mais antiga que arranjei para ser um activista/defensor do património, ou seja um defensor da floresta, começando em 1991. De entre estes defensores, estão os bombeiros voluntários. Foi nessa qualidade que em 2005 tive um grave acidente num incêndio. Não envolveu chamas, mas sim um veículo ligeiro de combate a incêndios. De forma resumida, passou-me por cima, naquela segunda noite de combate a um incêndio, ali nos limites entre Ansião e Alvaiázere. A culpa foi da exaustão, a qual é inevitável e que nos torna a todos quase que uns zombies ao final de muitas horas seguidas no fogo. Falo agora desta situação porque fazem este mês 15 anos do acidente e, por isso, estou mais estimulado para o fazer. A imagem que faz companhia a este comentário foi tirada há pouco tempo. Já não fazia fisioterapia há 14 anos, a qual tem o intuito de mitigar as mazelas desse acidente. Mas o que mais me chocou não foi tanto o acidente em si, mas sim o que se passou após o mesmo. De forma resumida, acabei por ter de pagar a fisioterapia do meu bolso, ou seja, tive uma despesa total de 700 euros após o acidente. A seguradora não pagou porque o mediador fez asneira. Além disso, o mediador era amigo de quem me preencheu a declaração do acidente. Quem a preencheu disse em tempos que iria pedir responsabilidades ao mediador, contudo isso nunca aconteceu e nenhuma das entidades em causa me ressarciu do valor. Até há uns anos cometi o erro de confiar nesse indivíduo, o qual de referência passou a ser um mero ressabiado já numa trajectória profissional, moral e ética descendente. Faz o que eu digo, não faças o que eu faço, tornou-se o seu lema. Tenho a infelicidade de recorrentemente me lembrar desta situação, dado que as dores ou o simples incómodo derivado das mazelas é constante, uns dias melhores, outros nem por isso. A luta em prol do património, sem intuitos comerciais ou outros interesses ou benefícios pessoais não é nada fácil. Há consequências várias, desde mazelas, stress, noites e dias “perdidos”, uma vida que não se vive na sua plenitude (ex. familiar), desilusões derivadas de descobrirmos que quem parecia a virtude em pessoa é um mero ressabiado com outros interesses além do dar o melhor de si, episódios de desemprego induzido por vinganças e episódios onde as oportunidades nos são negadas porque somos uma voz incómoda. E muitas outras coisas mais que um dia escreverei. Sicó é um território fértil nestes episódios... Se tem valido a pena? Podem apostar! Sozinhos não conseguimos mudar o mundo, contudo juntos somos mais fortes! Eu já provei que sozinho sou capaz de muito. Eu já conheci muitas pessoas que, tal como eu, em maior ou menor grau, deixam a sua marca em prol do património e sem outros interesses a toldar essa marca. Posso dizer que, ao contrário dos virtuosos, já gastei muito dinheiro na defesa do nosso património. Não o vejo como um gasto, mas sim como um investimento. Os próximos anos serão exigentes, daí vos pedir garra para o que aí virá...

15.8.20

Vamos acabar de vez com a poluição no rio Nabão?!


Há uns dias terá havido (mais) uma descarga de águas ( e mais qualquer coisa na mistura...) nas proximidades da Ponte de Cal, em Ansião. Um cheiro intenso, dores de cabeça e indignação, os quais não são novidade por ali e neste troço do rio Nabão. Lembro-me há alguns anos de ter denunciado uma situação do género uns metros a montante da ponte, que resultou numa coima para a empresa que procedia a descargas ilegais através de um esgoto ilegal. E é neste ponto que importa salientar a necessidade de fazer um trabalho de fundo, com a cartografia de todos os tubos que surgem sabe-se lá de onde, e que através deles são despejado esgotos ilegais de residências e afins. Não é um trabalho fácil de se fazer, já que além de ser difícil detectar os prevaricadores, pode incomodar pessoas conhecidas na comunidade. Contudo trata-se de um trabalho fundamental na defesa dos recursos aquíferos, do bom nome do rio Nabão e de Ansião. Apesar de obviamente complexo, é possível e exequível encetar um trabalho deste tipo, bastando haver o compromisso de levar até ao fim esta investigação. Detectadas as situações irregulares, há dois caminhos, trabalhar com quem, consciente ou inconscientemente, polui o rio e os importantes recursos aquíferos, ou, no caso de surgir alguma teimosia ou barreira na resolução da situação, autuar quem prevarica e atenta contra a saúde pública. Eu prefiro a primeira opção, a bem da rapidez da resolução de um problema que além de grave é recorrente...

O repto está lançado à comunidade e às entidades públicas.


10.8.20

Geovandalismo no Casmilo: quando é que as entidades públicas se mexem?

Faz este mês 1 ano que falei deste assunto pela última vez. Já não foi a primeira nem a segunda vez que alertei para um problema que está a pôr em causa a integridade de um local extraordinário nos domínios da geologia, da geoomorfologia e paisagístico, mas não só...

Trata-se, obviamente, e como podem ver pelas fotografias, do Vale das Buracas, ou Buracas do Casmilo. Estas imagens foram registadas por uma senhora que reside nas proximidades, incomodada com este permanente vandalismo que teima em não terminar. E são comuns os relatos de actos de vandalismo por ali. São, também, comuns os relatos de campismo ilegal, o qual potencia o vandalismo naquele geossítio de elevada importância.
O problema existe, está devidamente identificado, contudo nada se faz para mitigar o que é um grave problema, que atenta contra um ícone do património natural da região de Sicó. É algo que demonstra bem a falta de vontade e, diga-se, competência das entidades locais, caso de autarquias e juntas de freguesia, para lidar com esta situação, a qual se arrasta há anos sem que se veja uma luz ao fundo do túnel. Lamento profundamente que nada se faça para resolver este problema que afecta a região e o seu património.
Esta última imagem espelha bem a deriva que se vive. Uma estrutura que aparenta ser para um painel, a qual espera pelos conteúdos há mais de 1 ano...