28.2.13

5 anos de azinheiragate: as origens...

Foi em Fevereiro de 2008 que criei este espaço na blogosfera regional, tendo-o projectado semanas antes. Nunca tinha feito tal coisa, mas pouco tempo depois percebi que era uma das melhores coisas que poderia ter feito.
Criei um espaço onde posso partilhar algum do meu conhecimento, o qual está associado a uma região que considero fenomenal sob vários pontos de vista, nomeadamente património natural e cultural. Esta minha criação foi a resposta natural a gente que pensa que pode fazer o que quer e lhe bem apetece, que pensa que pode subtrair e degradar as mais valias desta região como que se de uma república das bananas se tratasse. Garotices que têm tido consequências nefastas sobre todo este património. Há quem pense que pelo dinheiro vale tudo, que moral e ética são coisas do passado. Pessoas que têm em si um ódio que não conseguem disfarçar nas suas mais variadas formas e que, para elas, nada mais há na vida além do ódio. Pessoas que se esquecem que as paredes têm ouvidos e que sei o que as paredes dizem. Tanto as paredes me disseram (e continuam a dizer)...
Naturalmente que, nos meses iniciais, este espaço se centrou muito na temática Alvaiázere, algo de inevitável tendo em conta tudo o que se passou após gente fina ter pensado que passava impune, depois de mandar abrir uma estrada numa área protegida.
Enganou-se, e o curioso é que em vez de me conseguir "abater", pessoal e profissionalmente, acabou, no final, por me dar  projecção nacional, algo que lhe agradeço. 
Poucos meses depois, a temática Alvaiázere acabou por ficar igualada à temática Ansião, Pombal, Penela, Soure e Condeixa, genericamente falando, a região de Sicó.
Contudo, no mês que o azinheiragate faz 5 anos, é a temática Alvaiázere que me faz voltar às origens. Faço isso de uma forma diferente do costume, embora não menos interessante. Em Dezembro último, e tal como podem ler na primeira figura, houve alguém que, fazendo uso de uma "capa", deixou à vista o seu ódio sobre a minha pessoa. Não é preciso ser bruxo para adivinhar quem foi que escreveu parte do texto, dada a linguagem altamente fina. Só faltou mandar-me um exemplar do jornal, utilizando para isso um coche. Ao contrário desta fina pessoa, eu não preciso de capas, assumo as coisas e deixo bem claro que o que está em causa é a atitude (no plural...) e não a pessoa. A capa "política" está podre meu caro! E eu sou apartidário...
Decidi dar mais visibilidade a esta questão, já que a mesma cingiu-se quase que apenas à realidade alvaiazerense. Assim sendo, digitalizei, em primeiro lugar, um excerto do exemplar do Jornal O Alvaiazarense onde constava tal declaração de ódio, de alguém ressabiado para com a minha pessoa. 
Espero que, ao lerem este primeiro texto, se possam aperceber da mediocridade que nos desgoverna, de quem torna a política um instrumento de destruição e nojo, e não de criação de um lugar melhor para aqueles que nele vivem. Pior do que isto não é possível, digo eu, daí fazer questão em mostrar ao mundo tal coisa. Há que combater este tipo de mentalidades mesquinhas, custe o que custar.
Ao lado deste texto, que consta na primeira figura à esquerda, está um outro texto, o qual é a resposta magistral a gente que não sabe o que é a democracia e o saber viver. Fiquei abismado com a qualidade de tal texto num Jornal local. 
Já na segunda figura, consta a natural resposta, da minha parte, a gente que parece não perceber que há mais coisas na vida para além do ódio. Penso que consegui elaborar uma resposta categórica, a qual fala por si própria.



Fonte: digitalizações dos meus exemplares do Jornal O Alvaiazerense, edições Dezembro de 2012 e Janeiro de 2013

Para finalizar, e já que há quem fuja de mim a sete pés, digo "apenas" que irei continuar por aqui, denunciando tudo aquilo que estiver mal e aplaudindo muito daquilo que estiver bem. O que me interessa é o bem da região de Sicó e do seu vasto património, o resto é conversa...


24.2.13

Ronda pelos livros

Mais uma ronda pelos livros, sendo que desta vez surge uma novidade até agora inexistente na minha biblioteca física. Este primeiro livro, sobre transgénicos, consta também nos arquivos da biblioteca municipal de Ansião. Destes 4 livros, apenas tive tempo para ler um deles, o último. Não é fácil ter tempo para ler tanta coisa, mesmo sabendo que alguns deles já foram adquiridos há alguns meses.
Ficam as sugestões, pois nunca é demais lembrar a importância da leitura e da aquisição de mais uns conhecimentos, que aumentam a nossa capacidade crítica e, consequentemente, de intervenção numa sociedade que se pretende melhor. Mas para isso, há que, entre outros, ler e reler...







20.2.13

A bela e o monstro


Não, não é nenhum engano. Este Calendário, editado pela Câmara Municipal de Ansião, em 2012, está aqui propositadamente. Dei com o que acaba por ser um erro grave, já há alguns meses, mas estava a aguardar pela altura mais indicada para fazer um breve apontamento.
Admito que quem fez esta capa não se tenha apercebido da asneira que fez, daí a chamada de atenção pedagógica e construtiva.
Já aqui falei algumas (poucas) vezes da problemática associada às plantas invasoras, as quais degradam a biodiverdidade da região de Sicó (e não só). Vale a pena ver o seguinte site, a propósito das invasoras:
Indo directamente à questão, é um erro grave utilizar-se uma planta invasora (mimosas) como "imagem de marca", seja em que campanha for, seja em que formato for, neste caso no Calendário que a Câmara Municipal de Ansião edita todos os meses. Há que ter cuidado e não colocar algo que sendo bonito, acaba por ser efectivamente um monstro predatório da nossa biodiversidade.
Por esta altura as mimosas estão amarelinhas, tal como a capa do Calendário mostra. Facilmente todos se podem aperceber da expansão que estes monstros têm por Sicó e não só. O melhor que têm a fazer, no caso de terem destes monstros nos vossos terrenos, é mesmo eliminar tais monstros. Será útil informarem-se sobre a melhor forma de os eliminar, pois não é fácil. Aprendi isso mesmo num campo de trabalho associado às invasoras, há alguns anos atrás.
Um dia irei tentar organizar um campo de trabalho semelhante na região de Sicó, mas não será antes de 2014. A razão é simples, é de grande importância que se faça algo do género, pois as invasoras são um problema bem real e que tem passado ao lado das entidades públicas. Há que dinamizar!
Fica então a chamada de atenção para algo que não deve ficar esquecido. Há que lembrar que nem sempre o mais bonito acaba por ser realmente bonito e positivo...

15.2.13

O crime da privatização da água...


É uma questão que mais tarde ou mais cedo vai chegar em força à região de Sicó, falando eu, claro, da mais que polémica privatização da água, esse bem de valor inestimável.
Nas últimas semanas tem-se falado muito desta questão nos meios de comunicação social, tendo sempre por base uma forte contestação por parte dos cidadãos. Há já exemplos que mostram, no concreto, como interesses privados se sobrepõem ao bem público e universal que é a nossa água. Paços de Ferreira é o perfeito exemplo do que afinal resulta de uma privatização da água. A esmagadora maioria das pessoas está descontente, para não dizer furiosa, com algo que beneficia apenas e só interesses privados, quando deveria beneficiar o interesse público. Odivelas é o exemplo mais recente, e segue exactamente na mesma linha escandalosa. Aumento dos preços, para variar...
Hipoteca-se o futuro de todos só para beneficiar lóbis predatórios, numa jogada que eu considero criminosa. Desde já deixo bem claro que considero todos aqueles que estão na equipa da privatização do recurso água, como criminosos, pois é mesmo isso que se pode chamar aqueles que se apoderam daquilo que é de todos nós e não apenas de alguns iluminados. São jogos políticos, da porca da política, que permitem isto, interesses de gente poderosa que brinca com o nosso futuro enquanto a maioria de nós deixa andar. É a máfia da água, puro e duro.
Falando em termos de autarquias, desconheço a posição da maioria dos autarcas, apenas conheço a posição de Narciso Mota, que é contra a privatização da água. Importava que cada um de nós começasse a indagar sobre o que pensam os nossos autarcas sobre a privatização da água na nossa região, pois isso vai adiantar a discussão quando, inevitavelmente, ela acabar por chegar.
São tempos difíceis, em que os lóbis aproveitam para se apoderar de tudo aquilo que sabem que é estratégico, englobando-se aí o sector da água. Estes lóbis aproveitam a nossa passividade para de um momento para o outro se apoderarem daquilo que é nosso e não deles.
Lembro mais uma vez que a água é um dos elementos essenciais à vida na Terra, daí a necessidade do mais rapidamente se lançar o debate na região de Sicó. Não há que enganar, a resposta à privatização da água só poderá ser um redondo não. E não se deixem cair na conversa do bandido, que não há dinheiro e que privatizando se vai encaixar uns milhões, os quais servem sempre para... pagar dívidas. E depois das dívidas pagas, o que resta? Para o BPN houve dinheiro e para o que é realmente importante não há?!
Não é preciso ser especialista para entender a importância desta questão, todos o sabem. Eu apenas junto o melhor de dois mundos, o conhecimento da escola da vida e o conhecimento dos livros, aproveitando o facto de, com o azinheiragate, ter muita visibilidade, a qual aproveito não em meu benefício mas sim em benefício do património da região de Sicó.
A água é do património mais valioso que temos, daí eu, com este comentário, estar a tentar construir pontes, as quais permitam que o conhecimento circule entre todos, o que naturalmente é uma chatice para os lóbis. O acesso à água é um direito elementar e não um privilégio! Ser-se passivo no exercício da cidadania é o pior que podemos fazer, já que leva-nos sempre por maus caminhos, tal como aquele que Portugal atravessa agora...
Mesmo para terminar, e pegando na questão da cidadania, eis um de muitos exemplos de como facilmente podem ajudar a impedir da privatização da água:
https://signature.right2water.eu/oct-web-public/?lang=en

11.2.13

Os perigos dos herbicidas no carso de Sicó

Foi numa conversa "espeleóloga", entre amigos, que abordei pela última vez, há meses atrás, o assunto que agora venho destacar aqui. Entretanto estava à espera de ter um rasgo de sorte, o qual me permitisse, de máquina fotográfica em riste, registar o momento para a posterioridade. Estava nos meus planos tentar a sorte em Ansião, onde sei que isso se faz e onde mais facilmente conseguiria isso mesmo. Contudo, não tive a disponibilidade para tal tarefa, o que me estava a atrasar os planos.
Há poucos dias atrás, eis que vi algo que serve na perfeição os meus propósitos, um documento que me permite abordar a questão dos herbicidas de uma forma muito concreta.
É certo que não é sobre Ansião, mas não há problema algum com isso, já que o azinheiragate tem como área de intervenção toda a região de Sicó. Foi então no endereço web da Câmara Municipal de Alvaiázere, que dei com algo que passo a referenciar:



Lembro-me da altura em que as pessoas ainda podiam apanhar caracóis nas bermas das estradas, sem que tivessem quaisquer preocupação com o que iria ser um belo pitéu. Lembro desses tempos, em que grandes multinacionais ainda não vendiam algo que não sendo uma necessidade, foi tornada como se o fosse. Multinacionais que de um lado vendem venenos e de outro vendem medicamentos, algo que importa sempre sublinhar.
Os tempos são outros, pois muitas autarquias e juntas de freguesia sucumbiram às necessidades supérfluas, impingidas por empresas como a Monsanto. Hoje em dia dificilmente se apanham caracóis na berma das estradas, tudo porque é um perigo para a saúde, perigo este causado por algo que na esmagadora maioria dos casos não é realmente uma necessidade, mas um vício induzido por quem quer vender a todo o custo.
Eis que surgem os herbicidas, os quais são espalhados um pouco por toda a parte, sabe-se lá em que condições...
Será que estes são realmente necessários? Obviamente que não, genericamente falando! Este é um problema real, o qual é agravado em regiões cársicas, como é o caso de Sicó. Está muito em jogo, desde a vida animal até aos preciosos aquíferos. Depois de ler um aviso como aquele que destaco, relembro o verdadeiro perigo que são os herbicidas. Basta ler com atenção para perceber que de inócuo este herbicida nada tem. 
Procurei a origem do herbicida que vai ser espalhado pelas bermas, passeios e afins da freguesia de Alvaiázere, e, imagine-se, é da Monsanto, uma das empresas que mais tem atentado contra a integridade de muito daquilo que a Natureza tem de melhor, tudo por algo tão supérfluo como o puro lucro. Veja-se a ficha do herbicida:


Normalmente as pessoas vêm as primeiras duas ou três páginas e, vendo que parece tudo bem, não lêm o resto, que acaba por ser o mais importante. Veja-se, em especial, o ponto nº 11 - Informação toxicológica (p. 5) e o ponto 12 - Informação ecológica (p. 6). Depois de lerem isto, penso que a vossa opinião poderá ser algo, diferente...
Voltando ao carso, importa destacar a sensibilidade desde ecossistema, o qual funciona como que se de uma esponja se tratasse. Tudo o que lançam para esta esponja, há de voltar para vós, de uma forma ou de outra, mais tarde ou mais cedo e com bónus que ninguém deseja.
Apesar de não se referir ao carso, penso que vale a pena dar uma olhadela a um outro documento:


Penso que está mais do que na altura de nos juntarmos e exigirmos a todas as autarquias e a todas as juntas de freguesia que terminem com o que, no final, acaba por ser um envenenamento público, pois goste-se ou não é isso que acaba por acontecer no curto, médio e longo prazo, com consequências nefastas para a nossa saúde e para saúde de todos os organismos. É necessário tomarmos consciência de que lançar ano após ano herbicida nas valetas, passeios e afins não é bom para nós e não é realmente necessário na maior parte das vezes, pois é isso que está em causa.
E se ainda têm dificuldade em perceber tudo isto que tenho dito, deixo-vos com uma figura que, apesar de já aqui ter mostrado por duas vezes, é sempre a ideal para de uma forma simples explicar coisas mais complicadas quando se trata do carso. Utilizei esta figura (ilustrativa), há anos atrás, num trabalho académico relacionado com o carso de Sicó.
O raciocínio é muito simples, imaginem que têm um aquífero por debaixo dos vossos pés (Sicó tem...) e que mandam para a terra herbicidas. Imaginem para onde esses herbicidas acabam por ir e quem, no final, vai acabar por beber a água agora enriquecida com uns pózinhos vindos dos herbicidas. Dá que pensar, não dá?!