27.5.23

Quem quer ajudar a recolher testemunhos?



Hoje venho aqui com algo fora do comum, algo que nunca aqui abordei, daí ser algo de especial e diferente do costume. Hoje venho pedir a vossa ajuda para levar a bom porto uma investigação que é importante também para a região de Sicó. 

Vamos então ao assunto. Irei começar muito em breve uma investigação, que inclui testemunhos de pessoas já com alguma idade, sobre o uso da bolota na alimentação há algumas décadas. Há pessoas com 70, 80 ou 90 anos que ainda se lembram de quando utilizavam a bolota na alimentação, nomeadamente para farinha com a qual faziam o pão. Mas não só.

O intuito desta investigação é então fazer uma recolha bibliográfica e recolha de testemunhos orais que mostrem/confirmem o uso. da bolota na alimentação humana na região de Sicó. Esta investigação não tem qualquer intuito económico, mas apenas académico, e será feita com mais algumas pessoas do associativismo regional (Al-Baiaz - Associação de Defesa do Património) no nosso tempo livre. Os resultados desta investigação poderão ajudar outras regiões do país que também fizeram da bolota um alimento antigamente, já que com contributos como este a União Europeia poderá dar mais força à vertente gastronómica da bolota, um alimento que ainda muitos desconhecem. Podem pensar que isto tem pouca importância, contudo tem muita e já há outras regiões a começar pesquisas na mesma linha.

O que precisam de fazer se estiverem disponíveis para ajudar? Simples, falar com as gerações mais idosas (pais, avós..), de forma a saber quem tem testemunhos destes para dar. Depois basta entrarem em contacto comigo que eu faço as entrevistas presenciais, de forma a fazer o necessário registo dos testemunhos orais. 

O pedido está feito, portanto quem quiser/puder ajudar, agradeço desde já. Todos os que ajudarem serão naturalmente referenciados no documento final. Quem me tem acompanhado especialmente nos últimos 3 anos, mais concretamente desde que iniciámos com o Congresso da Bolota de Sicó, sabe o importante que isto é para a região.

22.5.23

Livros? Todos os dias!!


Faz amanhã 1 mês que se comemorou uma efeméride, ou seja o Dia Mundial do Livro, esse belo objecto de culto de tanto entusiasta das leituras e do conhecimento. Escusado será dizer que eu sou um fervoroso adepto de livros e de leituras úteis. E, também já aqui referi que não é o facto de ter menos visualizações sempre que publico comentários sobre livros que vai mudar a minha insistência em, regularmente, trazer aqui o livro à baila, aproveitando as novas entradas na minha biblioteca pessoal.
Mas vamos então às novas entradas. O primeiro livro mostra uma perspectiva sobre a qual importa reflectir. Temos tudo, um país excepcional, com património e riquezas várias q.b., contudo a nossa forma de ser tem tido consequências no desenvolvimento do país, mais concretamente sobre a falta dele... Não é por acaso que uns preferem ver "programas" tipo casa dos labregos e afins e outros preferem ler livros úteis e ver programas excepcionais como por exemplo o "Visita Guiada" da RTP. Modo de ser ou modo de estar, eis a questão para descobrir nas próximas semanas...
Segue-se um livro que fala, digamos que, de dicotomias. Já foi editado há uns anos, mas a reflexão e a realidade continuam bem actuais naquela região. Para aprender mais sobre aquela região de Portugal é uma boa ajuda.



Agora dois livros de dois autores que dispensam apresentações, Orlando Ribeiro e Rómulo de Carvalho. Não sabem quem são? É pesquisar um bocado e já vão saber, percebendo assim a importância de ler algumas das obras destes ilustres autores e profissionais em áreas diferenciadas.


Já este foi uma bela surpresa (raramente vou comprar livros específicos, costuma ser mais comprar os que encontro e me agradam, sem desacordo ortográfico, obviamente). Sendo eu geógrafo e sendo a climatologia uma das áreas em que mais estou à vontade, nada como escolher esta obra que trata da bela atmosfera. Da autoria de uma doutorada em química, é uma obra que complementa a minha biblioteca neste domínio científico.


Agora trato de revistas científicas, não livros. Nos últimos anos tenho aumentado o número de revistas que adquiro, seja estas que constam mais abaixo, seja outras que tenho vindo a focar em comentários da temática "livros". Estas revistas em destaque são em língua francesa, e servem não só para aprender mais, bem como treinar o francês, que foi enferrujando após o secundário.  Outras são em inglês e outras em português, casos da "National Geographic", seja a "Smart Cities". Ler uma diversidade de revistas como estas contribui bastante para um conhecimento mais sólido e diversificado.
E não, não é preciso gastar muito dinheiro com livros e revistas (que obviamente se gasta), mas resume-se a opções e prioridades. Lembro-me há uns anos, quando comecei a viajar e alguns amigos meus diziam, surpreendidos, que eu gastava dinheiro em viagens. Eu dizia que era tudo uma opção, eles gastavam em bares e bebidas, e eu gastava em viagens.
Boas leituras! Visitem as nossas bibliotecas municipais!!






18.5.23

Continua a senda do amadorismo na elaboração de painéis informativos...


Fonte da imagem: Junta de Freguesia de Ansião

Foi ontem que vi nas redes sociais da Junta de Freguesia de Ansião fotos de uma obra que será para inaugurar poucas horas depois da publicação deste comentário. Não tinha planeado comentar sem ir ao local, contudo quando observei a fotografia do painel, decidi que teria de elaborar um comentário específico sobre esta temática. O resto da análise ficará para a visita que irei fazer daqui a poucas semanas. É, aliás, comum eu comentar a elaboração de painéis informativos. O último que comentei foi um painel informativo situado na aldeia dos Poios
Bastou ler a primeira linha deste painel informativo para me rir... O texto começa com o seguinte: "Com características litológicas calcomargosas...". Ora, eis como não se deve começar um painel informativo. Geógrafos, geólogos e afins à parte, isto diz alguma coisa aos restantes? Claro que não! Isto deve-se evitar a todo o custo. Deve ser utilizada uma linguagem simples, acessível a todos e bem estruturada. Não foi isso que aconteceu. E porque não aparece ali um termo fundamental, a dolina? Não seria preferível focar o facto de termos ali uma dolina e, a partir daí, escrever duas linhas em vez de 4 palavras? Claro que seria! Na elaboração de painéis informativos temos de ser pedagógicos, práticos e rigorosos em termos científicos, com informações práticas e acessíveis a qualquer visitante. Informação que suporte isto não falta, nomeadamente na Biblioteca Municipal de Ansião, onde existe por exemplo um livro que dá pelo nome de "Glossário Ilustrado de Termos Cársicos"... Não basta fazer um painel informativo, há que fazer o mesmo com profissionalismo, pois não é com amadorismo que vamos lá... Este painel é claramente pobre no domínio informativo, algo que não é suposto ser. 
Só para terminar, fiquei feliz pelo facto desta dolina não ter sido aterrada, tal como aconteceu a um charco no lugar dos Netos

13.5.23

A participação pública está aberta até dia 25 de Maio, portanto aproveitem!

Fotografias: Jean-Philippe De-Freitas




Sempre que posso participo nos processos de discussão pública, os quais estão disponíveis na plataforma: https://participa.pt/pt/consulta/processo-de-licenciamento-de-jose-maria-mendes-e-mendes-lda?fbclid=IwAR2ZzxPHLgMiCfY1E_VbUQ8xk_JZjTJc9fqhP_XgfzkjjxenyS89krJvu4M 

Isto seja em Ansião ou noutros pontos do país, tudo depende do processo e da disponibilidade pessoal para despender 1 ou 2 dias para analisar a documentação e elaborar o meu parecer técnico. A última vez que o fiz foi também em Ansião, aquando do projecto de alargamento da zona industrial do Camporês.
Desta vez foi sobre um projecto associado a um historial já com muitos anos e com muita polémica à mistura. Há uns anos, e sobre a mesma situação, foi-me solicitada a minha ajuda, mas desta vez não foi preciso solicitar ajuda, já que eu soube do processo e, obviamente fiz aquilo que é suposto. Analisei a documentação, centenas de páginas escrutinadas. Fiquei perplexo com o que descobri, além do que já sabia. Já nem me lembrava da génese ilegal do projecto, imagine-se. Investi o equivalente a um dia meio  de trabalho na análise da documentação e depois foi só afinar os apontamentos. No conjunto, o equivalente a dois dias de trabalho, que, para mim, foram à conta da cidadania de alguém que pugna pelo ambiente da sua região, e pela legalidade de tudo o que ali se passa. É assim que a região pode evoluir, sermos participativos e exercermos a cidadania.
O meu parecer, já submetido, tem 5 páginas e meia de comentários acerca de tudo o que considerei relevante salientar. Foi algo estranho ver que utilizaram um trabalho meu como fonte bibliográfica (que não consta na bibliografia, apesar de citado...). De tudo posso destacar o branqueamento que, no meu entender, foi feito na questão "cheiro". Ao longo de centenas de páginas não foi referida uma única vez o facto de haver um longo historial de queixas sobre a actividade desta empresa. O bem-estar da população não foi referido, mas apenas o bem-estar dos trabalhadores, curioso... Já quando foi abordada a questão dos recursos hídricos, nomeadamente furos de água, foi referido que estava tudo bem porque... não havia queixas. Foi também curiosa a omissão de, por exemplo, uma provável gruta nas proximidades. Ou ser referido que não havia necessidade de fazer uma análise ao endocarso. Isto numa área cársica, onde temos edifícios que, na documentação, estão referidos como de génese ilegal e em fase de regularização. Isto estando a funcionar há décadas... Ou então excluir dados do desemprego nos últimos censos e utilizar os anteriores... Por isto e por tudo aquilo que referi no meu parecer técnico, dei nota negativa a este projecto. Compreendo que há factos que são difíceis de tratar, já que também trabalho com Estudos de Impacte Ambiental, contudo aqui faz-se, no meu entender, um branqueamento de factos graves, que prejudicam a população, que não poderia deixar passar em branco. Enquanto geógrafo e bom conhecedor do carso de Sicó, não havia outra forma de fazer as coisas, sendo imparcial, tal como é ponto de honra da minha parte.
Há 2 dias houve uma manifestação da população afectada em frente à Câmara Municipal de Ansião, tendo sido os manifestantes recebidos pelo presidente e pelo vereador do ambiente. Não sei mais pormenores, já que retirei estas imagens das redes sociais. Mas alegra-me ver as pessoas a exercer os seus direitos e os autarcas a receber e falar com os manifestantes. 
A ver vamos o resultado de toda esta mobilização dos residentes mais próximos da Lapa. Espero, sinceramente, que as coisas mudem para melhor e a população comece a ganhar a qualidade de vida e bem-estar que tem perdido ao longo de décadas. Já há muitos anos que aquela indústria é um cartão de visita quando se entra em Ansião, vindo de Pombal. O cheiro é que não convida muito...
Para quem quiser participar, tem até dia 25 de Maio, através do link acima. Participem se assim o entenderem. Mas caso não participem, depois não se queixem da vossa inacção.



 

9.5.23

Passar um dia diferente, quem quer?


No dia 13 de Maio de 2023, às 15 horas, na sede da Associação de Defesa do Património Cultural e Natural de Soure , irá acontecer a apresentação do livro do Professor Carlos Silva - CONSTRUÇÕES RURAIS DE PEDRA SECA NO MACIÇO DE SICÓ - Um Património que Urge Proteger.
Um bom motivo para passar uma tarde diferente e conhecer uma das associações de índole ambiental da região de Sicó! E uma boa desculpa para ir a Soure, almoçar num restaurante local e desfrutar desta bela localidade.


 

5.5.23

Arrancar árvores para plantar umas florzitas "só para inglês ver"?!


Foto: Google Maps


Foto: Stephen Vincent



Foto: Facebook "Apanha Mentirosos"

Bem, estas 3 imagens mostram o que se passou há poucos dias em Soure, mesmo em frente à Biblioteca Municipal de Soure. É algo que revoltou muito/as sourenses e com toda a razão.

Deixei passar a fervura para poder comentar com maior conhecimento sobre o assunto, mas agora, e feito o TPC, eis que venho então abordar esta situação. Vi várias desculpas para isto. Uma suposta valorização paisagística daquele largo, de forma a dar mais visibilidade ao edifício da Biblioteca, uma suposta transplantação das árvores, etc. Em linguagem de quem está habituado a ver este tipo de casos, chama-se de balelas. Não faço ideia sobre o que, de facto, levou a esta situação, contudo é um perfeito disparate. Destruir o arvoredo é mau, e numa praça a precisar de verde, é um tiro no pé. A desculpa de arrancar as árvores para dar mais visibilidade ao edifício da Biblioteca é um perfeito disparate. Arrancar árvores para depois plantar ali umas flores é um verdadeiro atestado de incompetência de quem gere o espaço. Perdem-se árvores que além do oxigénio tornavam aquela praça mais fresca no Verão. Sim, pode parecer que não mas têm um efeito maior do que possam imaginar. Como sei? Estudei espaços verdes e estudei climatologia local, daí saber bem do que falo. Foi quando fiz um trabalho sobre o efeito dos espaços verdes no espaço urbano que fiquei a saber, de facto, da enorme importância de, por exemplo, destas árvores arrancadas. E há quem defenda esta acção pouco ou nada inteligente. Mais valia dizerem logo que era para depois poder montar ali palcos para eventos...

Esta iliteracia neste domínio não era suposto ocorrer em entidades públicas, às quais se exige mais, muito mais. E já nem falo que quando se pretende fazer algo num espaço como este, dizem as boas práticas que em primeiro lugar se devem ouvir os locais. Não foi isso que aconteceu...

Assim não vamos longe...