23.8.18

Cortar ou não, eis a questão...


É mais um assunto que acompanhei de longe, por ter estado ausente de Ansião durante umas semanas. Tal como no último caso que destaquei aqui no azinheiragate, apenas agora, já depois de ter ido ao local, venho então comentar o caso e dar a minha opinião.
Para quem não sabe, ali naquele passeio, onde está aquela calçada mais branca, estavam árvores, se bem me lembro tílias. Trata-se apenas de um troço de passeio problemático em frente ao centro de saúde de Ansião. Durante anos a fio foi um problema a localização destas árvores, já que estavam posicionadas no meio do passeio e tornaram-no intransitável a cadeiras de rodas, dificultando também a locomoção de pessoas com algum tipo de dificuldade. Quem, como eu, teve de ir com doentes aquele centro de saúde sabe o calvário que era. É apenas um exemplo de mau planeamento do arvoredo que se vê pela Vila de Ansião, típico de tanta vila ou cidade portuguesa...
Possivelmente tendo em conta esta situação, a autarquia local terá decido proceder ao corte destas 3 ou 4 árvores, ficando tal como a foto mais actual o mostra. Isto levou a algumas críticas, umas honestas e outras nem por isso.  Digo que outras "nem por isso" porque estas últimas foram feitas por algumas pessoas que no início de 2017 nada disseram nas redes sociais sobre uma outra situação, em Chão de Couce. Uma delas, que há poucos dias me mandou uma indirecta, que nem ex boy da jota, num jornal propriedade de vários elementos de um partido político, nem chilrreou aquando do abate daquela árvore monumental em Chão de Couce, armando-se agora em rouxinol da denúncia. Será que a perda do ninho muda assim tanto alguém? Será que bebeu demasiada água poluída ali pelos lados do Alvorge?! A bela da politiquice hipócrita... Já li também curiosos comentários de duas destas pessoas em especial, as quais ainda há poucos meses desesperavam com as minhas críticas e que nos últimos meses têm mandado umas indirectas a ver se colam, pensando agora que me podem dizer quando é que comento o que eu entendo no azinheiragate, de forma a fazer-lhes um frete político. A eles, em especial, digo apenas uma coisa que um amigo meu, curiosamente da mesmo cor política deles, embora sem historial de cargos de nomeação política, dizia sobre mim, de forma séria, imparcial e honesta, ou seja que eu não faço favores a ninguém... Não tenho filiação partidária ou sequer preferência partidária, lamento desiludir-vos rapazes! Sim, eu sei que, para vocês, sou persona non grata. Grato pelo elogio e se a azia ainda não passou... temos pena! 
Quanto às críticas honestas, uma das que ouvi foi de que a retirada das árvores notou-se bem, algo que posso confirmar, já que à parte de ter estudado estas matérias (em espaços verdes e em climatologia local), já vivi numa cidade onde notei bastante, em termos de barulho, a retirada de duas árvores de pequena dimensão da rua à frente do edifício onde estava (uma barreira verde consegue reduzir o barulho cerca de 30% e diminuir a temperatura no Verão cerca de 2 ou 3 graus, dependendo do espaço verde). Outra das críticas que li nas redes sociais é que se devia ter transplantado estas árvores. Quanto a esta última questão, discordo, já que se trata de uma operação complexa que, no meu entender só se justifica se a árvore tiver valor botânico/patrimonial de realce, o que não é o caso.
Quanto à retirada/abate destas 3 ou 4 árvores, concordo com a decisão, já que além do mau estado do passeio, era muito complicado para alguém de cadeira de rodas ir ao centro de saúde. Ou seja, a acção foi justificada e focada onde o problema tinha maior relevância. Há outras ruas onde o problema é semelhante, contudo é diferente daquele troço de passeio adjacente ao centro de saúde. Claro que ninguém gosta de ter de cortar árvores, mas nalguns casos é a opção mais acertada, como foi o caso. Acontece também ter de cortar árvores que destroem as canalizações.
Por uma questão de curiosidade, pedi uma segunda opinião a um colega geógrafo, que fez comigo a disciplina de "Espaços Verdes", ainda no tempo da nossa licenciatura, mas que depois se especializou, através de um doutoramento, em botânica. A opinião dele coincide plenamente com a minha, algo que eu esperava.
Como mitigar a questão. Há duas hipóteses, a primeira duvido que agrade a alguns dependentes do popó, já que inclui a perda de 2 ou 3 lugares de estacionamento (onde novas árvores poderiam ser plantadas). A segunda poderia passar por plantar novas árvores nos espaços verdes ali existentes, como por exemplo um dentro do perímetro do centro de saúde, a escassos 2 metros da antiga localização das árvores retiradas. Eu optaria pelo redimensionar do estacionamento, de forma a poder plantar várias árvores, entre estacionamentos, possibilitando daqui a uns anos a retirada das restantes árvores dos passeios, já que representam, de facto, um problema para a mobilidade e daqui a uns anos, quando aquela rua tiver  maior densidade de construção (inevitável...), o problema ganhará nova dimensão e voltaremos à mesma conversa.
Importaria também pensar agora na solução a médio prazo para outras ruas, estas menos problemáticas. Planeamento exige pensamento crítico, de forma a evitar o que agora se passou, por mera falta de planeamento na década de 90 (na rua em causa) e antes disso (noutras ruas).



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