20.12.23

Assim não vamos lá...


falei deste tema várias vezes ao longo dos últimos anos, já que é algo de muito importante, seja no domínio patrimonial (muros de pedra) seja a nível do impacto na paisagem rural e cultural de Sicó. Infelizmente, e mesmo tendo em conta as frequentes palavras vãs dos autarcas da região neste domínio, o certo é que não vejo medidas para resolver o que, no meu entender, é um grave problema. Não basta dizer que se vai proteger os muros de pedra, há que fazer que isso aconteça e que, por exemplo, a aberração que se vê na imagem não ocorra. Há várias formas de resolver o problema, mas se não nos mexermos é natural que não se saia do mesmo lugar.
Confesso que isto de apontar problemas que não são resolvidos é cansativo passados tantos anos a bater na mesma tecla enquanto activista do património de Sicó, tal como é frustrante não conseguir mudar mentalidades neste domínio ou não conseguir fazer aquilo que mais gosto na minha região, Sicó. Estamos a poucos dias do final de mais um ano e as minhas aspirações de voltar à minha região começam a esfumar-se. Não basta ser competente, ter mérito e reconhecimento q.b., é preciso algo mais... Agora começo a perceber bem o que alguém me dizia há uns meses, quando eu lhe dizia que gostava mesmo de voltar à minha região para me estabelecer em termos profissionais. Disseram-me: "não sejas maluco...". Nesta altura concordo plenamente com essa pessoa. A ver vamos como vai ser 2024 e se vai implicar ir para fora, lá fora. A luta por Sicó continuará, independentemente do que aí vier, isso é garantido!

 

16.12.23

Abater árvores autóctones? Falem com os especialistas, em Alvaiázere...



Quando fui alertado para esta situação acreditei e não fiquei nada surpreendido, já que afinal é em Alvaiázere, onde o abate de árvores autóctones é comum e tem longa tradição. Desta vez foi, como de costume, num local idílico, com a desculpa esfarrapada das faixas de protecção de incêndios. Afectou-se a galeria ripícula e não só, foi tudo a eito a regra e esquadro. Quem mandou fazer esta besteira nunca deve ter visto os incêndios que ali costumam ser recorrentes, os quais não queimam a galeria ripícula. Num dos últimos incêndios que ali andei, enquanto BV, ardeu tudo menos a galeria ripícula. O que fizeram aqui foi uma burrice chapada que vai ter o efeito inverso. Além de não servir para proteger nada, vai facilitar ainda mais a expansão das invasoras e exóticas naquele local, inclusivamente na galeria ripícula. Será que esta gente não estuda isto?! Isto é básico!!!

Relativamente a esta questão da parolice das faixas a regra e esquadro, onde a regra é arrasar tudo sem critério, é algo de infelizmente comum, este é apenas mais um lamentável exemplo que em nada dignifica os organismos estatais e locais.

Sinto vergonha de ver mais este atentado à biodiversidade, já devidamente denunciado por outra pessoa que valoriza o património arbóreo. Sinto vergonha do que esta gente está a fazer ao país e à região a todos os níveis. Ganhem vergonha na cara!





 

12.12.23

Ai fizeram borrada?! Agora... aguentem-se à bronca!!!


Já há vários anos que vejo borrada atrás de borrada que o pessoal faz à conta de TT´s, btt´s e trails, apontando eu sempre que posso essas borradas. Estou farto de ver tanta burrice chapada feita à boleia de eventos desportivos, os quais se tornaram um...negócio. Há poucos dias surgiu mais uma borrada, a qual não vai passar em branco, vos garanto!
Na imagem que ilustra este comentário consta uma muralha de um povoamento arqueológico, na Serra da Portela, sector de Chão de Couce, o qual foi mexido indevidamente para que ali passasse uma prova de trail, por cima da muralha. Ora, isto é algo de muito grave, algo que atenta contra o património cultural!
O pessoal acha que pode fazer o que quer sem se preocupar com o património, pensando que vale tudo pelo desporto, mas está enganado. Desporto é respeito. Quem fez esta pouca vergonha brevemente irá ser contactado pelas autoridades na matéria. Agora... aguentem-se! E que sirva de exemplo a outros...

 

5.12.23

Muito orgulho e alguma desilusão!


Lembro-me bem do dia que um alto contacto no meio do activismo me telefonou a perguntar se já sabia. Perguntei: "se sei o quê?". Rapidamente fiquei a perceber que já estava a decorrer o prazo de participação pública de um projecto de pesquisa e prospecção de areias siliciosas e argilas especiais, em Almoster. Apesar de eu receber os avisos da plataforma "Participa", o facto do projecto ter o nome de "Murtal" passou-me despercebido, daí a surpresa. Havia ainda um mês de prazo, portanto comecei logo a divulgar aqui no azinheiragate e aos meus contactos o sucedido, de forma a todos participarem. Em poucos dias já havia uma pequena equipa de cidadãos e cidadãs a trabalhar no duro para tentar parar este projecto.
Eis que passados uns dias, nova má notícia, havia mais um projecto, e a poucas centenas de metros dali, já em Ansião, com o nome de "Pessegueiro", em Pousaflores. Novamente, mais mobilização para fazer, mais esclarecimentos técnicos a fazer. Foram, ao todo, dois meses de muito trabalho (incluindo centenas de kms feitos para poder participar nas sessões de esclarecimento respectivas), com outras pessoas, às quais desde já agradeço o seu trabalho e dedicação em prol desta causa comum a Alvaiázere e a Ansião. Houve muita ajuda de uns a outros. 
Não estranhem o número de participações ser menor em Almoster, já que isso decorreu do facto de ter sido o primeiro processo a ser público e ao facto de, naturalmente, demorar o seu tempo a mobilizar pessoal e a fazer o trabalho necessário. Mesmo assim 141 participações foi um bom número para Almoster.
Ansião teve umas incríveis 903 participações, facto potenciado por ter sido posterior ao de Almoster, ao facto de termos uma comunidade de estrangeiros residentes que fizeram um trabalho excepcional e ao facto de, ao mesmo tempo, termos tido pessoas de Almoster a ajudar e também muito pessoal de Ansião mobilizado. Foi incrível esta mobilização conjunta.
E durante estes últimos dois meses conheci várias pessoas que também fizeram um bom trabalho, pessoas que conheci pessoalmente e outras que me telefonaram a pedir ajuda. Que orgulho pessoal!
Em Ansião a Câmara Municipal deu parecer desfavorável, facto que me orgulha profundamente. A Junta de Freguesia de Pousaflores esteve muito bem na organização e logística da sessão de esclarecimento. Em Alvaiázere a conversa foi outra. Para não variar, o autarca local deu parecer favorável condicionado, mesmo admitindo que não estava bem preparado para analisar o processo. Já depois da sessão pública (onde a 16 minutos do início da mesma falhou a luz, mas apenas naquela área... voltando uma hora depois, sem que o pessoal tenha desmobilizado!), a Junta de Freguesia de Almoster, deu parecer negativo, mostrando assim que está, de facto, do lado da população nesta questão fundamental. Estou curioso para ver se a Câmara Municipal de Alvaiázere vai insistir num erro colossal, com consequências dramáticas a todos os níveis, inclusivamente políticos...
Algo de fabuloso foi ver tanta gente em ambas as sessões de esclarecimento. Em Almoster foram 100 pessoas e em Pousaflores julgo que rondava as 200.
Ou seja, nos próximos 3 meses haverá mais novidades, já que terá de haver uma sessão oficial de esclarecimento, com a empresa em causa, em Almoster e em Pousaflores. Até lá eu e outras pessoas estamos a fazer mais trabalho de casa para a luta que continua!
Para terminar um apelo, o que assinem e partilhem uma petição online que queremos levar à Assembleia da República nos próximos tempos, com alguns milhares de assinaturas!


#juntossomosmaisfortes 


 

27.11.23

Orçamento Participativo de Pombal: apelo ao voto e breves notas sobre o OP


Falo aqui regularmente, e já há alguns anos, dos Orçamentos Participativos dos vários municípios da região de Sicó. Desta vez falo sobre o OP de Pombal, que está em fase de votação. Façam o favor de votar!

Há 2 dias estive a falar precisamente sobre o OP de Pombal com alguém de Pombal, mais concretamente sobre algumas dúvidas sobre o processo e sobre um dos projectos em particular, portanto nada como vir falar disso aqui, já que se justifica plenamente. É um tema que considero muito interessante e que é importante falar especialmente nestes primeiros anos de OP, já que se tem visto muita chico espertice nos vários OP´s municipais. 

Mas vamos então ao OP de Pombal. Foram submetidos cerca de 32 projectos (muito bom este número!) e seguiram para votação cerca de 11 destes projectos (nada mau!). Um dos pontos que me apercebi quando estive a dar uma vista de olhos no OP é o facto de não ser fácil perceber logo quem são os promotores dos projectos, portanto fica o reparo para o próximo OP. Outro dos pontos foi a diversidade de projectos apresentados, facto a salientar e a aplaudir.

Não pretendo aqui esmiuçar sobre os projectos, de forma a que se sintam curiosos ir dar uma vista de olhos sobre os mesmos (os que seguiram para votação mas também os que se ficaram pela primeira fase). Quero apenas destacar aqui, de forma crítica, um dos projectos, já que me parece que o mesmo não se adequa a um OP, especialmente tento em conta a entidade promotora do mesmo. Falo, claro, do projecto P-Bike. E por favor, deixem-se de estrangeirismos!!!

A filosofia dos OP´s é serem pessoas individuais, associações ou afins da sociedade civil a propor projectos vários. Não é filosofia dos OP´s serem as entidades públicas a proporem projectos... Os OP´s não podem servir para arranjar dinheiro para colmatar o orçamento municipal. Este projecto nem era suposto aparecer no OP. O promotor do projecto poderia sim optar por fazer algo muito simples, ou seja destinar uma verba de apoio a quem quisesse comprar bicicletas eléctricas (ou convencionais) para usar no seu dia-a-dia. Por isso mesmo fica a dica ao promotor do projecto para que faça um estudo desta ideia, de forma a num próximo orçamento municipal a incluir já de forma devidamente planeada e de forma a que possa ter sucesso. É uma ideia que pode ajudar a tirar centenas de carros do centro da cidade, já que actualmente a bicicleta eléctrica (e convencional...) é uma boa opção para muitas das viagens curtas e médias que tanta gente faz diariamente.

23.11.23

Faz algum sentido?


Outro dia, quando passei ali ao lado do Castelo de Pombal, reparei num belo mural, recentemente inaugurado. É de uma temática importante e algo que merece uma visita, portanto façam o favor de dar uma voltinha a pé e passem por ali para apreciar a bela obra de arte urbana.
Mas não é do mural que quero falar, quero falar sim de algo que não faz sentido, ou seja o posicionamento de duas estruturas, bancos e estacionamento de bicicletas. Os bancos são os adequados e o sistema de estacionamento de bicicletas, de tipo Sheffield, também é o adequado, contudo o posicionamento de ambos colide, ou seja não beneficia quem quer estar ali sentado, dado o facto do estacionamento de bicicletas estar demasiado próximo. Deveria ter sido pensado um posicionamento diferente de ambas as infra-estruturas, de forma a não se atrapalharem uma à outra, tal como acontece neste caso. É pena não estarem ali estacionadas bicicletas, pois caso estivessem, perceberiam melhor o problema. Caso estivessem, perceberiam que quem quisesse ir sentar-se ali ficaria com pouco espaço, já que as rodas das bicicletas ficariam muito próximas dos bancos. É um conflito desnecessário, diga-se. Resolver esta questão é fácil, portanto fica a a dica ao executivo municipal...

18.11.23

Gráficos chocantes para reflectir sobre demografia e tudo mais...

Município: Alvaiázere (Dados: Pordata)

Município: Ansião (Dados: Pordata)

Município: Penela (Dados: Pordata)

São 3 gráficos que, para mim, geógrafo ansianense, são profundamente preocupantes, pois mostram uma realidade pura e dura. Não vou falar aqui muito dos gráficos, pois a intenção é que cada um de vós ganhe consciência do que está em causa para um futuro que já chegou. Só vou referir dois pontos sobre os gráficos, o primeiro que será um desafio colossal lidar com uma população escassa e idosa (pirâmide etária invertida), enquanto que o segundo é mais uma (ou mais...) questão à classe política no seu todo: será que isto não chega para todos verem que outras soluções têm de ser desenvolvidas e que a fórmula, gasta, tem de ser mudada? Postas estas duas questões, se é certo que há factores estruturais que fogem do controlo destes municípios, também é certo que há fórmulas que podem ajudar a reverter, em maior ou menor grau, este cenários dramático a todos os níveis, por parte de cada um destes municípios. É certo que há diferenças entre estes municípios, contudo o cenário é exactamente o mesmo para todos eles. Urge reflectir... 
Eu sou um dos que, infelizmente, contribuiu para esta diminuição de população residente, mas apenas porque fui forçado, já que na altura era persona non grata de boa parte do poder político, o qual me dificultou a vida a todos os níveis. Se me cativarem podem conseguir eventualmente recuperar não 1, mas 3 residentes. E como eu há muitos mais... Tic tac, tic tac... 

 

13.11.23

Marquem nas vossas agendas sff!



É, para mim, um enorme orgulho anunciar também aqui este evento, ou seja a V Conferência Ibérica Sobre a Bolota, a realizar no fim-de-semana de 2 e 3 de Março de 2024. Marquem nas vossas agendas, que em Dezembro iniciam-se as inscrições deste evento. E ajudem a divulgar sff, partilhando entre os vossos contactos. Eu agradeço, Ansião agradece, Sicó e o seu património e a economia agradecem!

 

10.11.23

Afirmar que é medíocre até é um elogio...


Nesta primeira imagem está algo que não é medíocre e que foi feito há cerca de 16 anos por duas jovens que estavam a estagiar na Câmara Municipal de Alvaiázere, julgo que em turismo. Na altura pediram-me ajuda para elaborar um pequeno livro de apoio a turistas, com percursos pedestres e tudo. Material que cedi gratuitamente e que elas organizaram depois de umas dicas. Para a altura, até era algo à frente no seu tempo e que ainda hoje as deve orgulhar.
Mas acaba aqui a parte que não inclui uma inacreditável mediocridade no domínio dos conteúdos turísticos. Consultei mais uma vez o site da Câmara Municipal de Alvaiázere para ver o que tinha sobre turismo. E fiquei perplexo com o que vi...
Informação escassa e mal estruturada. E não é por falta de "matéria-prima" nem de locais turísticos ou de património natural. Consultei também a carta turística e quem percebe minimamente de SIG´s vê que aqueles conteúdos são dos primórdios dos SIG. Não há técnicos competentes para fazer conteúdos de qualidade e actuais?
Mas há algo que me revolta profundamente, ou seja o facto de, alegadamente, copiarem, e mal, o meu trabalho. Quem diz que aquele megalapiás é o "Homem Velho" é porque das duas uma, ou não é sério ou copia mal, já que na minha tese de mestrado baptizei outro megalapiás como "Homem Velho", sendo que o da imagem mais abaixo é afinal o "Tochas". Ao menos inventavam outro nome que não estivesse incluído nos vários lapiás que baptizei (após ter falado com residentes e perceber que não tinham nomes dados). Há duas coisas que abomino, incompetência e plagiar o trabalho alheio. E o incrível é que eu disse que podiam utilizar gratuitamente todo o trabalho, sendo que citar o meu nome seria apenas o que é de esperar quando se usa o trabalho de alguém. 
Podem perceber melhor do que falo aqui e aqui
Mas não me admira tudo isto, já que o que o autarca alvaiazerense apoia de forma firme uma mina de caulinos, projecto que caso vá em frente, destruirá boa parte da actividade turística (e não só...) em Alvaiázere e da própria região de Sicó.








 

5.11.23

Uma mina a céu aberto em Pousaflores, Ansião? Vamos mostrar à empresa que não queremos! Participem!!



Primeiro surgiu a informação da intenção de uma empresa fazer prospecção de depósitos minerais de areias siliociosas e argilas especiais no Murtal, mesmo junto ao limite administrativo de Ansião com Alvaiázere. Poucos dias depois surgiu outra intenção, através da mesma empresa, em fazer o mesmo no Pessegueiro, Pousaflores, em Ansião, ou seja duas potenciais minas de caulinos a céu aberto. Duas crateras de 3 km quadrados nesta zona, as quais nada acrescentam de bom ao território. Pelo contrário poderiam destruir as componentes económicas, tecido social, ambiental e outras mais. E podem potencialmente afectar gravemente e estruturalmente todo o desenvolvimento da região de Sicó. O turismo gravemente afectado, com destruição dezenas de postos de trabalho, fecho de alojamento local e outros mais. Saúde das pessoas afectadas, já que a exploração das areias silenciosas afecta gravemente os pulmões de quem vive perto destas explorações. Todo um território destruído para que uma empresa possa lucrar com estes depósitos minerais à custa da população que ali vive e das suas vidas. Recursos hídricos superficiais obliterados e recursos aquíferos subterrâneos afectados. Será que alguém quer isto para esta região?
Se são como eu, têm uma solução muito simples, inscrever-se na plataforma "Participa" (link acima) e submeterem a vossa opinião de acordo com o que acham sobre o assunto. É fundamental que o façam!
Pelo que sei, a posição da Câmara Municipal de Ansião será desfavorável às intenções de prospecção e pesquisa da empresa em causa. Haverá uma sessão pública de esclarecimento, julgo que no dia 20 de Novembro, às 18:30, na antiga escola do Casal Novo / São João de Brito, Pousaflores (irei publicitar nas redes sociais, portanto estejam atentos por favor).
Participem nesta plataforma (têm até dia 28 de Novembro), divulguem esta ameaça a Pousaflores, Ansião e Sicó e apareçam no dia 20! Quem precisar de ajuda que se acuse, tal como muitos e muitas têm feito nas últimas semanas.
Se é certo que precisamos de extrair recursos geológicos, também é certo que há locais que devem estar livres desta mesma exploração de recursos geológicos. Temos uma região reconhecida em termos patrimoniais, com a Rede Natura 2000, temos uma paisagem cultural a ser classificada e temos todo um território que ainda que fragilizado, está íntegro e pode ser potenciado, trazendo riqueza sem destruição. Caso estas minas avancem, teremos apenas duas crateras no território, durante décadas, e toda uma economia gravemente afectada, portanto percebam bem o que está em jogo! 
Estou triste que isto esteja a acontecer, embora feliz por ter percebido que haverá uma autarquia que mostrará que está com a população, enquanto outra, vizinha, está factualmente com a empresa visada, apesar de dizer que está com a população (esta revoltada com as intenções da empresa)... Temos de nos ajudar uns aos outros, a bem da nossa região! Contra as minas marchar, marchar!

 

27.10.23

Sobre a iliteracia ambiental...

Volto mais uma vez à temática dos livros. Apesar de sempre que publico algo sobre livros ter poucas visualizações, esse facto apenas me motiva a escrever mais sobre livros, sobre literacia ambiental e tudo o que orbita em redor dos mesmos.

Desta vez inicio com duas fotografias de uma livraria no Reino Unido, a qual visitei há poucos dias num tempo livre entre apresentações do congresso a que fui por ali. Fiquei impressionado com a quantidade de livros disponíveis sobre a questão "Natureza" e sobre a diversidade da mesma. E também com a diversidade dentro da mesma. Em Portugal ocorre já há muitos anos um esvaziamento de livros da temática "Natureza" das prateleiras das livrarias, cenário que é a regra. Sendo eu alguém que compra bastantes livros, fico triste ser tão difícil encontrar livros desta temática nas várias livrarias. Mas naquela livraria, no Reino Unido, havia centenas à escolha e a preços acessíveis q.b. Apetecia-me literalmente trazer dezenas de livros debaixo do braço, mas só pude trazer dois, dado o espaço limitado na mochila.

Mas voltando atrás, este cenário estende-se às bibliotecas municipais, que têm pouca oferta de livros sobre o mundo natural. Neste caso, e nas últimas duas décadas, tenho dado um contributo para reverter o cenário em algumas bibliotecas municipais, nomeadamente aquela que mais me diz e que alguns saberão. 


Mas vamos então às novas entradas na minha biblioteca. O primeiro livro trata de uma questão para mim fundamental, ou seja educar as crianças e aproximá-las do mundo natural de uma forma pedagógica. Mesmo sendo eu um pedagogo com experiência nesta temática, gosto de aprender mais e melhor com obras como esta, que me apresentam outras perspectivas que só me irão enriquecer e fazer ser uma melhor pessoa. 


Depois uma novidade que ainda não tinha na minha biblioteca. Uma obra que nos mostra o mundo animal na perspectiva das suas viagens e do seu sentido de navegação. Já pensaram que nós, para ir de um local a outro mais longínquo, só o conseguimos fazer com a ajuda de ferramentas de navegação? Já pensaram como é que por exemplo uma ave consegue percorrer milhares de km sem qualquer aparelho de navegação a ajudar? Incrível, não é?



Os próximos dois livros chegaram à minha biblioteca há poucos dias, fruto de mais uma incursão numa livraria portuguesa. O primeiro é de um autor bem conhecido por quem lê sobre ciência e o título do livro é simplesmente maravilhoso "books do furnish a Life"!


Depois este, tem um sub-título com o qual me identifico bastante. Complementa a minha biblioteca a qual vai crescendo através de uma cobertura muito vasta, passe o pleonasmo, de temas que me interessam e que contribuem para eu ser alguém mais informado e crítico sobre esses mesmos temas. Julgo que é um reflexo natural de eu ser geógrafo. Talvez a mais-valia de ser geógrafo é saber um pouco de tudo e vez de muito de pouco.




 

17.10.23

Participem na discussão pública do projecto "Defesa contra cheias de Pombal"


Muitos são os que se queixam quando ocorrem cheias e inundações em Pombal (e não só), mas raros são os que, tendo possibilidade, se manifestam quando são chamados a dar a sua opinião e contributos para a mitigação do grave problema. Eis que todo/as têm agora a possibilidade de dar a sua opinião, técnica ou não, sobre algo que deve dizer muito a Pombal.
Como fazer para darem a vossa opinião? Simples, vão à plataforma "Participa", façam o vosso registo pessoal, de forma a se inscreverem na plataforma, e analisem a documentação sobre o projecto "Defesa contra cheias de Pombal". E não me venham com a desculpa de não terem tempo, lembrem-se que se têm tempo para estar sentados horas no sofá todos os dias, a ver conteúdos televisivos ocos, sem qualquer interesse ou algo para aprender, também têm algumas horas para analisarem os documentos do projecto e, assim poderem ser pessoas activas em prol da defesa da cidade perante fenómenos extremos, tais como cheias e inundações. Cidadania não é só direitos, mas sim também deveres, e participar é um dever!

9.10.23

Falar do património natural de Sicó lá fora!


Neste momento estou no Reino Unido, num congresso que visa o património geológico, geoconservação e afins, para fazer uma apresentação dos resultados de uma investigação sobre património geomorfológico da região de Sicó, mais concretamente de uma área que envolve os concelhos de Ansião e de Alvaiázere. De forma resumida, reavaliei os locais de interesse geomorfológico que avaliei há 15 anos, aquando da elaboração da minha tese de mestrado. É algo pouco feito em Portugal e que já tinha intenção de fazer há alguns anos, aproveitando agora este congresso para o fazer. Já vou aos congressos da PROGEO, uma associação internacional, desde 2008, e tenho apresentado em todos eles o resultado da minha investigação neste território, além também de outras duas duas investigações relativas a outros territórios (Mafra, Portugal e Morro do Chapéu, Brasil; Paredes de Coura, Portugal).
É importante haver mais investigadores a divulgar todo este património, mas para isso é necessário que existam apoios à investigação neste território. Só investigando é que se retira conhecimento do território, podendo depois conseguir as desejadas mais-valias em termos de divulgação e valorização a vários níveis (social, económico, etc).
No meu caso, e mais uma vez, vou a pagar do meu bolso, porque só assim consigo divulgar... Estranho mundo este, não?



 

4.10.23

Uma mina a céu aberto, em Rede Natura 2000? Sim, o autarca de Alvaiázere, alegado defensor da biodiversidade, apoia!



Quando surge algo negro no horizonte de Sicó e não vemos numa fase inicial, há sempre alguém que nos avisa, tal como foi este o caso. Apesar de eu seguir o portal PARTICIPA, não tinha reparado no que agora vos falo e passo a divulgar amplamente. 
Eis que está em discussão pública uma possível mina a céu aberto no concelho de Alvaiázere, freguesia de Almoster, para extracção de areias siliciosas e argilas especiais. Nesta primeira fase trata-se da discussão pública de direitos de prospecção e pesquisa destes minerais, seguindo-se depois uma segunda fase, esta já relativa à extracção dos mesmos. Um buraco com 1,5 km quadrados, para justificar o Sorte em Viver Ali, e premiar quem apoiou cegamente o autarca local, que deu luz verde às intenções de prospecção e pesquisa, abrindo assim a porta a tamanho buraco. E melhor, parte do buraco em plena Rede Natura 2000. Num país decente, nem sequer se colocaria a questão dentro de áreas protegidas, mas em Portugal pode-se tudo, seja pedreiras, parques eólicos, parques solares, minas, etc, é só acenar com umas notas e umas rendas e tudo se faz.
O incêndio de 2022, que varreu toda aquela zona, irá possivelmente ser uma boa ajuda para o trabalho de campo, já que há muito menos vegetação. E não, não estou a insinuar nada, estou apenas a ser factual. 
O autarca de Alvaiázere e o seu executivo deram parecer positivo condicionado, portanto vai ser curioso ver a reacção dos seus eleitores que tanto o apoiaram quando souberem desta amarga novidade, que ameaça Almoster tal como o conhecemos. 
O meu parecer vai ser negativo, pois é uma questão de princípio, áreas protegidas são para proteger, bem como a sua envolvência. Quem estiver sintonizado comigo e quiser participar nesta consulta pública, sabe onde me encontrar e como me contactar para pedir ajuda ou esclarecimentos. Temos até 9 de Novembro para nos pronunciarmos, portanto não se queixem depois que não tiveram tempo para analisar os documentos sobre o processo.
Há uns anos havia intenções de um antigo executivo em trazer uma... incineradora para Alvaiázere, agora isto... É esta a inovação e o desenvolvimento que queremos para a região?! Sobre o discurso do autarca alegadamente defensor da biodiversidade, o mesmo não é consequente, tal como agora fica cabalmente provado.


 

26.9.23

Penela está a montar um pseudo eco Frankenstein!!!

Em Agosto já tinha reparado que tinham cortado muita vegetação na Serra do Monte de Vez, em Penela, e dessa vez pensei por alto que seria eventualmente por causa dos incêndios, mesmo que fosse algo de parvo, diga-se.

Desta vez, e já em Setembro, aquando de uns dias de trabalho de campo na região, vi que se notava mais e telefonei a um colega do Grupo Protecção Sicó, já que tendo em conta que eu passo pouco tempo na região, nada melhor do que perguntar a quem, além de passar tempo, sabe e se interessa pelo que aqui acontece.

Confesso que fiquei perplexo depois de perceber para que é que estão a arrasar o topo da serra. Fiquei indignado e furioso com esta destruição do património natural, cultural e paisagístico de Sicó, tudo para ganhar uns tostões. É a triste sina de Sicó, vários autarcas que não sabem como potenciar todo este património, facilitam a destruição/degradação o mesmo em busca de uns tostões, quiçá para gastar em esgotos, manilhas e afins.

O autarca de Penela desilude-me de uma forma que, diga-se, esperava, já que poucos meses depois de entrar em funções afirmou que preferia que Penela fosse um dormitório em vez de um território vazio. Foi a sua imagem de marca em termos de dizer ao que vem.  Uma prova da sua inabilidade e incompetência para gerir este território. Um discurso de promotor imobiliário ou de construtor em vez de um discurso de um autarca. Poderia ter dito que tem um território com baixa densidade populacional e que iria potenciar todo este património natural, ganhando a economia com isso e ganhando população que viria com essa atractividade. Mas não, este autarca mostra que não sabe fazer isso e o que sabe fazer é afectar gravemente a integridade do património e da paisagem em prol de uns tostões. Não consegue melhor, é a triste sina de Penela. 

Mas o que é que está a ser feito ali, perguntam vocês. Bem, aqui está o que estão a fazer. É uma absoluta vergonha!!! Se não sabe. como potenciar todo este património, dedique-se ao sector imobiliário caro autarca de Penela e deixe o cargo para quem sabe o honra o legado patrimonial de Penela. Discurso de promotor imobiliário já tem... Chega de prejudicar o futuro de Penela e de destruir postos de trabalho ligados ao turismo e afins!

Esta lenga lenga da descarbonização tem de acabar, pois já chega de destruir património. Quando os interesses pegam na moda dita eco, a destruição não tem fim...



 

21.9.23

Se é certo que os atropelamentos podem acontecer, também é certo que temos de parar!


Pode acontecer a qualquer um de nós, que conduz à noite. Voam baixo e ficam encadeados pelas luzes dos carros. Já me aconteceu e sabem o que fiz? Parei para ver se estava bem. Felizmente que prosseguiu apenas com o susto.

Este mocho não teve essa sorte, pois o desfecho foi o pior possível. Quando vi que havia algo no meio da estrada, à saída de Ansião, após o Casal Novo, rumo a Alvaiázere, abrandei e logo parei quando vi que era um mocho. Vi que já estava a ficar rígido e tinha várias fracturas. Infelizmente não teve hipótese, pois o impacto foi forte e isso ditou o seu infeliz destino. Não sei quem o atropelou, sei apenas que quem o atropelou não parou para, pelo menos, o retirar da estrada e o levar para um local digno. Foi o que eu fiz, pois peguei nele e subi o talude da berma da estrada para ali o deixar de forma condigna.

Se é certo que não temos a culpa de atropelar animais, sejam eles aves ou outros, também é certo que é nossa obrigação parar para, primeiro, ver se está vivo, depois, não estando vivo, retirá-lo da estrada e levar o mesmo para a berma ou para um terreno adjacente à via. Pensem nisto por favor!

17.9.23

LLEERR!!



Não há épocas onde se deve ler mais ou menos, devemos sim ler sempre que podemos, pois faz bem à mente e aprendemos mais umas coisas, as quais nos ajudam a alargar horizontes e a ter opiniões mais sustentadas e racionais.
Por esta altura estou de férias e levei comigo um livro para alimentar os olhos e a mente desassossegada (o sexto daqui). Não levei nenhum destes, pois são as entradas mais recentes na minha biblioteca. 
O primeiro é um livro que me surpreendeu, pois não é todos os dias que uma médica escreve, e bem, sobre duas questões basilares, ambiente e saúde. Faz todo o sentido, pois estão profundamente interligados, saúde e este nosso planeta com as suas maravilhas naturais. E, claro, sem aborto ortográfico à mistura.
Segue-se um livro que traz uma perspectiva que faltava na minha biblioteca, e que nos mostra o quando estúpidos somos quando afirmamos que a espécie humana é racional e as outras espécies animais são irracionais. Curiosos? Também eu...


A temática da água não é assunto novo na minha biblioteca, tal como nos últimos meses aqui mostrei em comentários sobre livros, contudo, e depois de analisar este livro, fiquei a perceber que era importante complementar esta questão. Este é em inglês, contudo, e para quem estiver interessado, há uma versão em português na Biblioteca Municipal de Ansião. Não custa nada, é pedir emprestado e ler.


Agora um livro que me interessou só de olhar para a capa e ler a mesma. Depois de analisado o índice, não havia dúvida que era para ir comigo, pois era um notável complemento para a minha biblioteca neste domínio. As variedades tradicionais são algo que já divulgo e debato há uns anos. Aqui bem perto de Ansião temos uma Associação ligada a esta importante questão

Para terminar, por agora, um outro livro deveras interessante, sobre o Adriático. O Adriático é uma região que adoro, especialmente pela questão do carso. Conheço parte do Adriático, daí a paixão por esta região e o gosto em trazer este livro comigo. Agora toca a pegar em livros e a ler os mesmos!


 

13.9.23

Por uma Educação Ambiental Forte!



Fonte:


Deixo-vos hoje com o meu último texto no Jornal de Leiria, desta vez sobre educação ambiental e um testemunho pessoal associado à mesma. Aproveitem para adquirir nas bancas o Jornal de Leiria, já que vale mesmo a pena apoiar (e ler) este Jornal regional, o qual tem dado muita visibilidade à muito importante temática ambiental, nos seus mais variados âmbitos. 



 

9.9.23

Um paradigma em mudança?

Fonte. Jornal Terras de Sicó, Edição 200, 16 de Junho de 2023

É sempre um risco abordar projectos quando as obras ainda não arrancaram, daí eu balizar este meu comentário, de forma a, mais tarde, já com a obra feita, fazer uma análise mais completa. Sobre esta interessante notícia do Jornal Terras de Sicó, pretendo apenas focar a questão da mentalidade associada a levar o pópó até à porta dos locais que vamos, neste caso Conímbriga. Aplaudo esta mudança, ou seja afastar os carros da entrada deste local arqueológico ímpar. É um conceito que faltava e que importa generalizar. Não sei exactamente o que isso vai implicar em termos de obra a montante, contudo, e como já referi, este comentário tem "apenas" a ver com a mudança de paradigma que o projecto apresenta relativamente à componente do pópó.  

 

5.9.23

Projecto Recicla Soure 5 anos depois

Em 2018 falei aqui do projecto Recicla Soure, aquando da fase de implantação deste projecto. Passados 5 anos volto ao assunto, após ter passado ali novamente há umas semanas e parado para perceber como estava a correr. Este ponto de recolha de resíduos está situado à saída das Degracias, havendo outro igual no lugar dos Baixos. Gostei de ver que as coisas estão mais compostas, contudo, e olhando para a sinalética, fica a dúvida sobre o horário de deposição dos resíduos. Fica a dica para a correcção do problema...