27.3.19

Os moinhos estão quase a chegar!


Dia Nacional dos Moinhos e Moinhos Abertos 2019! Está quase a chegar um fim-de-semana épico, onde qualquer um de nós poderá visitar o belo moinho! Na região de Sicó sei apenas que vão haver actividades no Moinho da Serra da Portela, Pousaflores (Ansião) e no Moinho da Pelmá, em Alvaiázere. É de aproveitar para pegarem em vocês e na famelga, bem como amigos, e partirem à aventura, conhecendo estes ou outros moinhos.
Em Dezembro li um comentário do Farpas Pombalinas que me surpreendeu. Tratava-se de um comentário sobre os moinhos das Corujeiras, em Abiúl, Pombal, no qual foi afirmado que os moinhos não tinham recuperação possível, que não tinham interesse económico, turístico, cultural, etc. De facto aqueles moinhos, ou o que resta deles, é passível de ser devidamente reabilitado, criando potencial económico na base do património, o qual tem, de facto, interesse cultural e turístico.
Tenho a felicidade de já ter elaborado um artigo científico sobre os moinhos da região de Sicó, tendo sido aí que aprendi a maioria do que sei sobre moinhos de vento. 

"Forte, J.; Medeiros, S.; Silva, L.; Neves, H.; Medeiros, G.; Alves, P.; Ferreira, C.; Silva, M.; Neves, C.; Mendes, H. (2016) – “Dos moinhos de vento às torres eólicas: contextualização do aproveitamento da energia eólica no âmbito do património natural e cultural na região de Sicó”. Actas do I Congresso de História e Património da Alta Estremadura, 28 a 30 de Outubro de 2011, Ourém"

Por isso mesmo é que sei que os moinhos das Corujeiras têm muito potencial, desde que a coisa seja bem planeada, bem potenciada e bem valorizada. Há já um bom trabalho de base, feito pelo Rui Rua, sobre estes moinhos, que pode fazer toda a diferença na hora de trabalhar num projecto de recuperação dos moinhos em causa. Não se pode renegar este património, portanto, e aliando o útil ao agradável,  porque não recuperar estes moinhos e honrar a nossa memória e identidade? Recuperar aqueles moinhos é trazer vida a Sicó. Poucos são os que sabem do real potencial dos moinhos de vento nesta região. e se formos criativos, aí as coisas podem ter um impacto positivo brutal. Daqui a poucos dias irei falar pessoalmente com um entendido na matéria, de forma a ver se entretanto proponho um projecto para um orçamento participativo...


22.3.19

O definhar do comércio local: ronda pelas lojas vazias em Pombal


É um tema complexo que, na prática, passa ao lado de muitas pessoas. Esta imagem representa esse tema, ou seja o comércio tradicional ou de proximidade. Se calhar alguns pensam que não vale a pena debater esta questão, contudo eu considero que é uma das questões mais importantes para debater. Antes de dizerem que eu estou errado façam uma coisa simples, dêem uma volta por exemplo pela cidade de Pombal, olhando para as centenas de espaços como o da foto, vazios e à espera que alguém se lembre de criar um negócio para ali implantar. Depois de uma volta pela cidade, verão que o cenário é um bocado assustador, com  centenas de lojas vazias, à espera de dias melhores.
Não há fórmulas mágicas para resolver este problema, há sim causas que levaram à situação actual. Desconheço se há ou não um estudo sobre esta temática em Pombal, mas caso não exista, era bom que as entidades públicas se lembrassem de fazer um trabalho de fundo, o qual permitisse analisar esta questão com olhos de ver. O comércio tradicional ou de proximidade é fundamental para os espaços urbanos e para a sua economia, que nem sangue nas veias.
Uma das coisas que noto é que falta alguma criatividade por parte das entidades públicas na hora de ajudar à dinamização do comércio local. Há algumas soluções que podem ser postas em prática, mas para isso há que pensar de forma diferente...

17.3.19

Enduro num povoamento arqueológico? Sim, aconteceu...



Nota: como já previa que o vídeo fosse retirado, tinha este print pré-preparado...


Foi por mero acaso que me deparei com este vídeo há poucas semanas. Fiquei indignado, já que o vídeo retrata basicamente 3 jovens a praticar enduro no topo da Serra de Alvaiázere, mais precisamente dentro do perímetro do povoamento arqueológico ali situado.
Para quem não sabe nada sobre este enorme povoamento arqueológico, fica a bibliografia:

Félix, P. (1999) - "Serra de Alvaiázere: um povoado do Bronze final no centro de Portugal", Al-madan. Almada


A história em redor deste povoamento arqueológico é das mais tristes que conheço. Se fosse num país desenvolvido, este recurso já estaria devidamente salvaguardado, valorizado e rentabilizado. Mas afinal estamos em Portugal, mais especificamente em Alvaiázere, um território recheado com recursos dos mais variados tipos, os quais em vez de serem potenciados pelas autoridades locais são degradados e/ou destruídos por locais, entidades públicas e entidades privadas. Isto ao mesmo tempo que o poder político se queixa de uma suposta interioridade...
É a ironia suprema, serem os actores locais a fazer o serviço de coveiro do seu próprio território. Não precisou vir ninguém de fora para lixar o património, já que eles têm tratado do assunto com as próprias mãos, seja de forma activa ou passiva, e, diga-se, com sucesso. E quando as coisas correm mal, a técnica é apontar o dedo a quem é de fora e tem vindo a denunciar dezenas e dezenas de casos polémicos naquele belo território.
Nunca houve um real interesse na preservação deste sítio arqueológico, essa é a triste verdade. A única vez que se falou a sério dele foi quando... estorvava ao parque eólico e ao flop político que nessa altura estava no poder. Depois disso voltou a cair no esquecimento, daí ser normal ocorrer o vandalismo TT que se vê no vídeo, onde se pratica enduro dentro de um sítio arqueológico, por cima de artefactos da idade do Bronze e posterior.
É triste ver que os anos passam mas que pouco ou nada se aprende... Enquanto isso a população definha, tal como a cultura e a actividade económica. E muitos jovens vão... para outras paragens, já que a sorte em viver ali é só para alguns. Alvaiázere merecia melhor sorte...
Mais triste é que apesar de haver ali os recursos humanos necessários para que o problema seja resolvido e que este povoamento arqueológico tenha o seu merecido reconhecimento, não há a literacia arqueológica das entidades públicas para dar bom seguimento a esta questão...
Resumindo, fora com as motos e jipes do perímetro arqueológico do Castro da Serra de Alvaiázere!

13.3.19

Vamos falar de compostagem, compostores comunitários e de poupança nos orçamentos municipais?


É cada vez mais um tema pertinente, também na região de Sicó. Falo, claro, da temática da compostagem e dos compostores. Para quem tem quintal e/ou galinhas, é uma questão que não é problemática, contudo, e para quem não tem, é um problema que acaba por se reflectir na despesa das próprias autarquias, já que os resíduos orgânicos representam ainda uma percentagem substancial dos resíduos que vão para aterro. E se pudéssemos virtualmente acabar com este problema, poupando problemas a jusante e poupando muito dinheiro aos orçamentos municipais?
O foco são os núcleos urbanos, onde os apartamentos e casas sem quintal predominam, casos da cidade de Pombal e das Vilas da região de Sicó. É ali que se concentra o problema e é ali que se pode resolver o problema. Mas vamos a contas. Assim por alto, é muito fácil qualquer um de nós produzir meia tonelada de resíduos orgânicos (restos de comida) por ano. Multipliquem isto por milhares de lares e façam as contas. Já perceberam a dimensão do problema?
Se o problema não for resolvido, isto significa que os nossos impostos continuarão a ser, em parte gastos, na recolha e no transporte destes resíduos para aterro, ou seja dezenas de milhares de euros por ano gastos em algo que era perfeitamente evitável. A solução? Simples, compostores, comunitários ou não, situados de forma estratégica em meio urbano. Cheira mal? Não, não cheira mal. Já vi sistemas deste género posicionados em pleno centro urbano, sem cheiros (no País Basco - imagem logo abaixo deste parágrafo). Todos os resíduos poderiam então ser reaproveitados, sendo utilizados como fertilizante em hortas.


"Ah, e tal, mas isso é uma chatice e eu não tenho espaço em casa", é a desculpa que, por vezes oiço, contudo resulta apenas de estereótipos. É fácil de resolver, vejam como eu faço. Basta um balde com tampa para guardar os restos de comida e, de 2 em dois dias levo para um terreno, onde enterro (centenas de minhocas fazem daquele terreno um bom local para a horta anual). Tudo isto sem cheiros. É a minha forma de resolver o problema tendo em conta que não há compostores. Já propús esta ideia em Ansião, já que é um dos núcleos urbanos onde colocar compostores faz todo o sentido. São centenas de apartamentos e casas que podem contribuir e, assim, mitigar um problema que não é menosprezável! Vamos transformar a nossa região também neste domínio? Vamos poupar o ambiente e a carteira?!

9.3.19

Desafio-vos a participar nesta iniciativa brilhante!


"Painel de Azulejos para Ansião - SUBSCRIÇÃO PÚBLICA
A Al-Baiäz – Associação de Defesa do Património vai promover a produção de dois painéis de azulejo para serem colocados na fachada do edifício da Junta de Freguesia de Ansião. Um dos painéis contém a reprodução do desenho, de cor sépia, que o artista italiano, Pier Maria Baldi, elaborou em 1669, quando passou em Ansião na comitiva de Cosme de Médicis, na sua peregrinação a Santiago de Compostela.
O outro painel reproduz o mesmo desenho, colorido pelo pintor leiriense Jorge Estrela, recentemente falecido. Está previsto que os painéis sejam inaugurados na Quinta-feira de Ascensão (30 de Maio do corrente ano), data do feriado municipal de Ansião. Para permitir o exercício da cidadania e o envolvimento da população nesta iniciativa, os interessados poderão contribuir oferecendo um dos 66 azulejos que comporão os referidos painéis. A contribuição mecenática de quem quiser aderir a esta subscrição pública será de 10 euros, correspondente ao custo de cada azulejo. É uma forma simbólica, mas merecedora de enaltecimento, de os cidadãos, interessados na cultura, contribuírem para o enriquecimento patrimonial da vila de Ansião."
Fonte: Al-Baiäz – Associação de Defesa do Património

4.3.19

Protecção do perímetro da nascente do Rio Nabão? Isso só estorva...


Foi há vários meses que reparei que um concessionário situado em Ansião estava a fazer algo que me chamou a atenção. Reparei que estavam a fazer um desaterro literalmente ao lado da captação dos Olhos de Água, actualmente desactivada (embora passível de ser reactivada). Tendo o conhecimento que tenho, fiquei bastante preocupado, facto que me levou a fazer uma exposição dos factos à CCDR-Centro, sugerindo o embargo da obra. Na década de 90 este concessionário implantou-se ali, algo que foi um erro em termos de planeamento territorial, tendo em conta que se situa ali a nascente do Rio Nabão e existem ali 3 poços, o da nascente, um outro, agora quase tapado (e que as paredes estão a desabar desde a sua base, tendo previsivelmente desabado ainda mais com esta obra - na imagem abaixo) e o da captação, que consta na primeira imagem. 


Foto da passagem do segundo poço (foto da autoria de Carlos Ferreira)

Agora, que os tempos supostamente são outros e que deveria ser impensável fazer o que se fez agora, fez-se um estacionamento para carros literalmente ao lado da captação. Eu nunca o autorizaria, já que existem perímetros de protecção às nascentes e captações por algum motivo, mas infelizmente a obra fez-se e nem a CCDR-Centro o impediu. Honestamente falando, não compreendo como foi isto possível!
Resta saber as previsívels consequências desta obra, que irão apenas agravar um cenário já bastante preocupante, até porque ali por detrás existe um estaleiro de obras de génese ilegal, feito em meados de 2003, que no último PDM foi... legalizado. E até alcatrão lá enterraram!
Daqui a uns anos vai ser curioso ver o que se vai passar, com a previsível falta de água. Quando se lembrarem que ali há um aquífero e que este é uma reserva de água substancial, estou para ver o grau de poluição que se vai constatar na altura no aquífero. Aí será tarde...



Foto de uma das galerias da nascente do Nabão (foto da autoria de Carlos Ferreira)