28.9.15

E o CIMU Sicó lá vai surgindo...


Por esta altura as obras do Centro de interpretação e Museu da Serra de Sicó (CIMU Sicó), situado nos Poios, já estão mais avançadas face ao que a fotografia acima mostra. Já lá vão quase 2 meses desde que esta fotografia foi tirada. É uma das obras sobre a qual tenho especial interesse, escusado será dizer porquê. Depois de um início muito atribulado, onde o processo voltou à estaca 0, eis que, anos volvidos, finalmente a obra começa a impor-se na paisagem.
Se é certo que a obra começa a estar à vista, certo é que, até agora, ainda não vi outro aspecto que, na minha opinião, já deveria ser de alguma forma conhecido, ou seja o plano de interpretação respectivo. Parece-me que há um pormenor que começa a estar à vista, ou seja o risco do pouco investimento na componente interpretativa. Esta é aliás uma questão comum em muitos países, onde se investe quase tudo na infra-estrutura e facilita-se no mais importante, ou seja a componente humana e técnica. Se há erro estratégico a evitar é, tendo um bom centro de interpretação (infra-estrutura), ter um plano de interpretação muito mal sustentado. Neste plano entra a componente humana, que representa afinal o cerne da questão. De que vale ter um belo edifício se, chegados lá, não há quem esteja bem preparado para ser o nosso intérprete? Estou particularmente curioso para ver como vai funcionar o CIMU Sicó, concretamente a nível dos meios humanos e formação/preparação destes. Ou seja, estou curioso para ver se os futuros funcionários do CIMU vão ser técnicos devidamente credenciados para esta função. 
Há uns meses visitei 2 espaços deste género em Espanha, ambos com uma boa infra-estrutura. Uma das visitas foi claramente positiva, outra nem por isso. Porquê? Enquanto que no primeiro a nossa intérprete sabia responder às questões, a outra pensava que sabia responder... Escusado será dizer que neste último caso, a imagem do espaço ficou em causa e ninguém recomendará aquele espaço. E quando não há visitantes não há receitas e não havendo receitas...
Espero obviamente que o CIMU Sicó venha a seguir as pisadas certas no domínio da interpretação, a qual passa não pela disponibilização pura e dura de informação, mas sim do saber contar "histórias", ou telling stories. Quem percebe da coisa saberá do que estou a falar...
Espero que no próximo comentário sobre o CIMU Sicó já possa dissertar sobre tudo isto e muito mais, mas para já fica a reflexão.


23.9.15

Quintas de Sicó: verbo recuperar...


Cerca de 6 meses depois da última crónica das Quintas de Sicó, volto à carga com esta importante questão. Da última vez fiquei algo perplexo, pois não sendo um tema muito popular, a crónica de então entrou para o ranking dos comentários mais vistos de sempre no azinheiragate. Actualmente está em 4º lugar, com 418 visualizações.
Mais uma vez não irei referir onde é a quinta em causa, de modo a precaver possíveis actos de vandalismo ou mesmo de roubo. Quem conhece sabe onde é e isso chega.
Este é mais um dos extraordinários edifícios com valor patrimonial que, contudo, está no estado em que a foto mostra. Por dentro não faço ideia como estará, mas é de imaginar.
Temos o mau hábito de dizer que somos uma região "coitadinha", que só os pobrezinhos cá vem (dito por um autarca...) e ainda somos campeões a queixarmo-nos do mal em que a região e o país está. Os outros é que são melhores. Viajar faz falta para abrir os horizontes...
Contudo somos uma região que encerra em si mesma património natural (bio e geodiversidade), património cultural e património construído de grande valor. Temos um enorme potencial enquanto região, no entanto continuamos a insistir numa receita que já deu provas de não resultar. 
Em vez de apostar numa estratégia baseada nos recursos regionais, de entre os quais todo este património, continua a apostar-se na conversa das zonas industriais como base fundamental para estratégias de desenvolvimento territorial. Chapa 5 e projectos chave na mão é o que mais há. E quem não concorda, cuidado, é do contra. Enquanto isso acontece, edifícios como este vão-se degradando cada vez mais. Por vezes é culpa de privados, por vezes é culpa de entidades públicas, por vezes é culpa de ambos, já que cada caso é um caso e há situações em que a resolução para o problema é quase que impossível.
Daqui a uns meses trarei mais novidades sobre esta temática...

19.9.15

Os comilões andam aí...



Não é novidade para mim, já que os comilões são meus velhos conhecidos. Os primeiros vi-os há mais de uma década ( não sei exactamente quando) por estes lados, ou seja por Ansião, a escassas dezenas de metros da Vila. Já tive vários relatos de avistamentos e, muito recentemente, deparei-me com um quando ia de bicicleta, já a alguns km de Ansião. Ambos parámos, eu e ele. Ambos fixámos o olhar um no outro. Seguidamente um subiu a árvore e outro subiu estrada acima de bicicleta. 
Há meses atrás uma pessoa bem informada disse-me como começaram a surgir os comilões, sendo que a sua expansão tem sido bem notada. 
Há duas semanas, quando andava às pinhas, deparei-me com centenas, sim, centenas de pinhas neste estado. Os comilões andam com força, pelo menos na área onde andei às pinhas. Talvez daí a presença recorrente de uma ave de rapina, que faz o controle de natalidade.
Não sei se há algum estudo sobre os comilões na região de Sicó, mas será interessante estudar a evolução dos mesmos. Daí eu vos lançar agora um desafio, o de me informarem sobre avistamentos de comilões, concretamente local e data aproximada. Vou ver se elaboro uma tabela onde esta informação seja inserida. Caso consiga recolher um volume significativo de informação, encaminharei a mesma para quem estuda os comilões.
Ah, é verdade, estou a falar dos esquilos. Surpreendidos?!

15.9.15

Arte na encosta do Castelo de Pombal


Foi por mero acaso que dei com esta bela exposição de uma artista que, diga-se, fez uma bela exposição, com algo que vale mesmo a pena ver. Não sei há quanto tempo esta exposição ao ar livre está pela encosta do castelo de Pombal, nem mesmo se ainda está, já que estas fotos têm umas 2 semanas, no entanto fica a sugestão de uma voltinha pela encosta do castelo.


A fusão de elementos está muito bem conseguida e o espaço é o ideal. Sei que este comentário terá poucas visualizações, no entanto a minha única preocupação é mesmo dar destaque à Natureza, ao Património e à Cultura da região de Sicó. Agora toca a visitar esta bela exposição e desfrutar do espaço.
E se tiverem filhotes, ainda melhor, pois têm uma bela oportunidade para dar mais uma ajuda à criatividade dos miúdos, algo que lhes será fundamental num futuro próximo!


10.9.15

Geovandalismo, puro e duro!


No início, este ícone situado na bela Serra de Alvaiázere era assim, belo, extraordinário, único. Era um local de interesse geomorfológico de uma rara beleza, não conhecendo eu nenhum semelhante na região de Sicó. Descobri este lindíssimo LIGeom lá para 2006, em pleno trabalho de campo da tese de mestrado. Nunca divulguei a localização exacta deste ícone, pois tinha receio daquilo que acabou por vir a acontecer. 


Sendo um local muito particular, apresentava uma vulnerabilidade muito elevada, já que qualquer pascácio se podia empoleirar em cima e fazer com que a pedra resvalasse, destruindo assim algo de muito belo de se ver. Quando assim é, mais vale não divulgar o local e a respectiva localização. Contudo, mais tarde ou mais cedo este é descoberto, ainda mais quando existe uma cache por perto.


Há semanas atrás, quando lá fui com alguns amigos ligados ao património geológico, deparei-me com algo difícil de ser ver. Estranhei, no início, não encontrar o local, pois já tinham passado 2 anos desde a última visita, mas depois de palmilhar uns megalapiás, lá dei com o LIGeom. Não podia acreditar, ele já não existia...


Conhecendo eu bem o local, e já depois de uma pequena perícia, cheguei a uma conclusão, a de que a queda do bloco não tinha sido acaso, mas sim causada por um qualquer paspalho que de forma consciente ou inconsciente, fez o bloco desabar. Infelizmente é algo típico quando se trata deste tipo de ocorrências. Desaparece assim um ícone. Triste, muito triste...


5.9.15

SOS Rio Nabão


Desde criança que tenho uma relação muito especial com o Rio Nabão. A nascente deste, o antigo lagar e, especialmente, o troço inicial, foram um local de brincadeira e uma verdadeira escola sobre os sistemas ribeirinhos. Os anos passaram e a paixão por este rio continuou. Diria até que aumentou à medida que me fiz geógrafo físico, algo de perfeitamente natural.
Por tudo isto e por tudo o mais, sou um defensor acérrimo deste rio, em especial. 


No início de Agosto aconteceu o que já se tinha assistido nos dias precedentes, contudo a uma escala muito maior, o que ditou a morte de centenas de peixes e não só. A SEPNA esteve no local a proceder a limpezas, concretamente retirada de peixes mortos. Não conseguiram limpar tudo, pois no dia seguinte ainda se observavam muitos peixes mortos, alguns que escaparam à limpeza outros que morreram entretanto. O cheiro intenso ficou durante uns dias.


Curiosamente a notícia foi abafada, "sabe-se lá porquê", no entanto o responsável político tem nome próprio e, até agora, não vi nenhuma afirmação sobre o caso. Será porque é incómodo? Será porque a zona industrial é uma "vaca sagrada" e um tabú em caso de acidente?
Indo agora ao que aconteceu, terá ocorrido uma enorme descarga de esgotos, vindos da zona industrial do Camporês, a qual contaminou tudo à sua passagem e, com isso, teve um grave impacto ambiental. Rio, poços, aquíferos, nada escapou. Não faço a mínima ideia do tipo de resíduos que foram derramados, contudo, imagino, tal o impacto ambiental constatado.
Nos dias anteriores a esta situação, já tinham ocorrido pequenas descargas, por entupimento dos esgotos. Uma delas bem perto do restaurante localizado perto da nascente. Isto aconteceu porque não houve o devido planeamento, porque não foram tomadas as medidas que em municípios desenvolvidos são tomadas por quem de direito.


Um aspecto curioso desta situação é o de que há pessoas que não imaginavam que o Rio Nabão tinha peixes. Lembro-me bem de uma conversa, há meses atrás, em que uma pessoa, quando confrontada com o que eu lhe disse, sobre a existência de peixes, disse genericamente que eu "era tolo", tal o seu desconhecimento sobre este facto elementar. Esta pessoa curiosamente também tem actualmente um cargo político. Esta pessoa disse que era parvo colocarem entreves à colocação de represas no Rio Nabão, já que não existiam ali peixes...


Mais surpreendente foi a reacção de muitos ansianenses, quando descobriram que há lontras no seu rio. E se eu disesse que até Guarda Rios (ave) ali há, muitos não acreditariam. Algo que mostra o quanto está distante a relação dos ansianenses com o seu rio. No Rio Nabão há muita surpresa, pena é que os ansianenses não façam muito por ele e não peçam que façam por ele, a começar pelas entidades públicas com responsabilidade na matéria. Pena é que, como facilmente todos podem ver, há tanta gente porca, que suja este belo rio.
Falta a informação, falta a educação ambiental e falta o que sempre faltou, ou seja o marketing territorial, precisamente aquele que faz com que quando vou a um qualquer sítio de Portugal, e quando falo do Rio Nabão, em vez de ouvir a palavra Ansião, oiço a palavra Tomar. Dá que pensar, especialmente sabendo que é em Ansião que este surge das entranhas da terra...


A minha resposta a tudo isto irá resumir-se a um projecto ao qual ainda não me pude dedicar, mas que brevemente irei fazer surgir, ou seja trazer o Projecto Rios a Ansião. As coisas mudam-se com educação e formação. O resto é conversa...
Brevemente darei notícias, mas quem estiver interessado em adoptar um troço do Rio Nabão, pode entrar em contacto comigo.