27.11.21

A recuperação de um moinho de vento é sempre uma boa notícia!



Esteve basicamente abandonado e menosprezado durante anos a fio, tendo durante muito tempo uma única função, a de armazém de tralhas, nomeadamente grades de cerveja... Eis que foi recuperado, facto que importa aplaudir e assinalar. Este moinho de vento situa-se na Mata do Carrascal, em Alvaiázere. Vão lá e aproveitem para fazer um pic-nic, pois vale mesmo a pena!
Mas voltando ao moinho de vento, é o maior que conheço. Fiquei apenas surpreendido pelo facto das rodas do mesmo terem umas "meias". Nunca vi isto, portanto se souberem o porquê destas "meias", digam-me por favor. 

22.11.21

Esperava por isto há 11 anos!



Não tenho o costume de efectuar registos fotográficos nocturnos, mas abri uma excepção. Foi em 2010, aquando da iniciativa Limpar Portugal, que já depois de ter feito o levantamento de 255 locais de deposição de resíduos um pouco por todo o concelho de Ansião me apercebi de um problema em especial, até então desconhecido, na dimensão, ou seja o facto de em mais de metade destes locais de deposição ilegal de resíduos, haver resíduos de obra. Eram resíduos de obras de casas particulares. Em reunião com o então executivo municipal, em 2010, e com outros participantes na iniciativa, nomeadamente uma empresa de obras e construção civil, propus a criação de espaços específicos de deposição deste tipo de resíduos, bem como o seu aproveitamento/reciclagem por parte de empresas de obras e construção civil. Todos concordaram que era uma boa ideia, contudo nada foi feito para que os mesmos espaços específicos fossem criados de forma a receber este tipo de resíduos, evitando assim a sua deposição ilegal um pouco por todo o lado...
Eis que passados 11 anos, e já depois de nova sugestão, ao novo executivo municipal, para a criação deste tipo de espaços de recolha de resíduos de obra, surgem os esperados locais de deposição de resíduos de obra! Insistir na resolução de problemas como este é, para mim, algo de muito importante e que me torna um activista ambiental mais feliz. 
Olhando para o interior do contentor, nota-se que o pessoal ainda está a aprender a separar outros resíduos (na altura da fotografia o contentor tinha tudo menos resíduos de obra), mas afinal o caminho faz-.se caminhando, com alguns soluços como é normal. Não me admira que o ferro que ali estava tenha sido recolhido por algum sucateiro. 
Os meus parabéns à Câmara Municipal de Ansião por este projecto de recolha de resíduos de obra. 

18.11.21

Estou perplexo... ali?!

Apesar de já saber que iam ser colocados vários monos em várias aldeias de Sicó, só depois de abordar o mono colocado em Ariques é que soube que já havia pelo menos mais dois também já em execução, um nos Poios, Pombal (que ainda não fui ver...) e outro na Granja, Ansião. Foram 3 as pessoas que me alertaram para o facto, uma delas com imagens para perceber onde é que afinal tinham colocado o mono. Fiquei chocado ao perceber que o tinham colocado ali. E claro que tive de ir ao local ver com os meus próprios olhos, já que não há nada que possa substituir o ir ao terreno e perceber. Como por acaso tive de voltar a Ansião em poucas semanas, deu para ir ao local.

Se o mono já é sem dúvida discutível, dado o seu não enquadramento no local, facto que colide com a suposta preservação da identidade local e dos valores associados às aldeias do Calcário, tantas vezes referida pela Terras de Sicó, a escolha do local da implantação do mesmo é, na minha humilde opinião, simplesmente desastrosa. Aquele local, com poço e tanque nunca deveria ter sido adulterado. Deveria ter-se preservado a identidade do local, não uma desvirtuação da mesma. Como é que uma chapa 5 é preservar a identidade local?!

Falta um provedor do património para impedir equívocos patrimoniais como este na região de Sicó!





 

14.11.21

Dos melhores projectos já feitos em Sicó! Obrigatório ver e ouvir!!!

Cheguei atrasado, depois de 4 horas e meia de viagem, mas ainda cheguei na parte anterior à abertura da exposição do projecto "O Cantar da Pedra - Expressões sonoras e visuais a partir de trabalho de campo". 

Só um à parte, o facto das imagens terem pouca qualidade é propositado. Fiz estes registos visuais só como guia visual do evento, de forma a perceberem minimamente o que ali está. Gosto de criar suspense...

Mas continuando, o "Cantar da Pedra" foi um projecto que me surpreendeu de uma forma que poucos projectos conseguem surpreender. No início fiquei um bocado confuso, já que a forma como o projecto foi divulgado na fase inicial criou alguma confusão sobre o que seria este projecto. Foi uma pequena falha, diria a única que detectei neste projecto. Após as primeiras notícias sobre este projecto, fui apanhando no radar algumas informações sobre o que estariam a fazer. Quando fui abordado sobre se teria disponibilidade para partilhar algum do meu conhecimento geográfico de Ansião, não hesitei um segundo. Foi um dia de campo fantástico com pessoal fantástico. Já depois deste dia soube de outras pessoas que tinham dado igualmente o seu contributo nas suas artes e saberes. Fiquei rendido, já que o que estava a ser feito era algo de fabuloso, nunca feito por estas paragens e com alma. E fiquei na expectativa sobre o final de todo este trabalho, feito por uma equipa de pessoal que faço questão de destacar, a Binaural Nodar. Curiosamente, ou não, já os acompanhava nas redes sociais. Sempre que vejo algo que me agrada, começo logo a seguir quem faz bons trabalhos.

Continuando, nesta última sexta-feira foi o muito esperado dia da apresentação do projecto, onde se iria ver, no concreto, o fruto do trabalho desta equipa de amigos do património. Por sorte consegui ir à apresentação. O resultado? Simplesmente brilhante! Desde já uma sugestão, visitem esta exposição, a qual estará patente no Complexo Monumental de Santiago da Guarda durante julgo que duas semanas, no horário normal de funcionamento deste monumento. Depois irá para Figueiró dos Vinhos por umas semanas e seguidamente Pombal, portanto não há desculpas para não irem visitar esta exposição. A parte dos sons envolve-nos durante o percurso. Levem telemóvel e aproximem do QR Code... Não se apressem durante o trajecto, desfrutem sff! E chegados à sala principal, não se esqueçam da brochura de apoio. Invistam tempo a ver as peças de parte ali expostas por uma artista que soube interpretar o nosso património com o auxílio de objectos vários. Quem tem alguma bagagem cultural vai adorar. 

E não é tudo! Há um endereço onde consta todo este espólio, o qual ficará em arquivo para todos usufruirem, novos e menos novos. O que podem aqui ver e ouvir é algo que faz parte da nossa identidade e que merece ser divulgada. Já ouvi alguns dos testemunhos, a começar pelo Senhor Ezequiel. 

Pessoal que sabe bem o que faz e que faz o que mais gosta. É uma dupla ganhadora! Diria que o "Cantar da Pedra" é inequivocamente um dos melhores projectos feitos nestas paragens nos últimos anos. Espero um dia voltar a cruzar-me com este pessoal que vive na mesma dimensão que eu vivo, a dimensão "património", seja ele natural, cultural ou outro. Quem me conhece sabe que não sou de dar elogios de forma leviana, e quando se inteirarem deste projecto irão perceber o porquê de tantos elogios...




 http://cantardapedra.org/

9.11.21

Não sei se é para rir ou se é para chorar...



Há coisa de 15 anos, quando comecei a pugnar activamente pela ideia das aldeias do carso, vulgo aldeias do calcário, alguns chamavam-se a mim de "maluquinho", um deles voltou agora às lides autárquicas. Há coisa de 3 ou 4 anos quando, imagine-se, o "maluquinho" viu esta ideia a começar a trilhar caminho, mesmo que de forma incipiente, alertei sobre a necessidade de fazer as coisas como deve ser, ou seja falar com quem sabe e não lidar o processo de forma tecnocrática, tal como infelizmente veio a acontecer.
Foi com muita surpresa que há poucas semanas uma conhecida minha me enviou uma fotografia que me surpreendeu, uma construção estranha algures em Ariques. O que nos veio à ideia foi uma construção daquele pessoal das coisas zen. Passaram-se uns dias até que descobri o que isto era. E ri-me tanto, mas tanto...
Chegou o dia que fui a Alvaiázere e lá descobri o local exacto desta construção. E ri-me tanto, mas tanto...
Mas não tem graça, já que além de ser um verdadeiro disparate, é queimar dinheiro à bela moda de Sicó. 
O que vocês veem nas fotografias é o que será uma unidade de apoio à visitação. Um verdadeiro disparate, já que atenta contra aquilo que era suposto proteger, ou seja a identidade da aldeia de Ariques. E o mal é que esta tragédia será replicada por várias aldeias. Qual é a parte de perder a identidade que os mentores desta ideia não percebem?!
A Associação Terras de Sicó mostrou mais uma vez que não está capacitada para lidar com este tipo de questões sensíveis, que abarcam a identidade local. Depois de um estudo feito por quem mal conhece Sicó para classificar a bela paisagem cársica de Sicó, por uns míseros 15000 euros, e com fotografias retiradas da internet (ah ah ah), temos mais um projecto muito mal trabalhado e executado. Seria para rir, se não fosse tão trágico...
Não é vergonha falar com quem sabe do assunto! E há várias pessoas que sabem do assunto. Todas estas se estão a rir com o que se vê nas fotografias. Uns a tentar valorizar o que Sicó tem de melhor e outros a contribuir para a perda de identidade de Sicó. Trágico, para não dizer outra coisa...

4.11.21

Sobre o maior desastre ambiental dos últimos anos em Ansião...




Tive de adiar a elaboração deste comentário, já que se o fizesse a quente poderia ter utilizado linguagem menos própria, tal a minha fúria depois deste desastre ambiental no meu rio Nabão. Tenho uma relação muito próxima com o Rio Nabão, já que foi um dos meus companheiros de infância, no qual brinquei e com o qual muito aprendi sobre as coisas da vida. Crescer com o Nabão à porta foi uma verdadeira maravilha e uma inspiração, daí a minha defesa incisiva deste curso de água.
Agora já mais calmo, embora ainda muito preocupado com a poluição derivada deste "acidente" ambiental, alegadamente possibilitado por alguém que já por várias vezes teve problemas com a questão "ambiente", e sobre o qual existiam suspeitas de outras descargas, de menor dimensão, neste mesmo local, posso então dissertar com calma sobre esta vergonha.
Confesso que não esperava um desastre ambiental desta dimensão. O local da descarga era já conhecido por fortes suspeitas de descargas menores deste tipo de resíduos, estando a ser monitorizado por algumas pessoas como eu. Desta vez a descarga envolveu óleo de motores. Milhares de litros derramados para o rio Nabão. Um "atentado" ambiental dos mais graves de sempre por Ansião. As consequências ainda estão por determinar, já que não se sabe bem quanto se infiltrou para os aquíferos. Estas imagens foram registadas há cerca de 2 semanas, já depois de uma acção de descontaminação do solo, que envolveu a remoção, através de maquinaria pesada, de uma camada impregnada de óleo. Este solo foi encaminhado para o local indicado para ser processado. Por esta altura já o Nabão corre e quem ali for só irá conseguir ver o ponto por onde o óleo foi despejado. E digo despejado porque o sistema tem ligação directa ao rio Nabão, tal como a descarga colossal de óleo confirmou. 
Dou os parabéns a quem denunciou o caso, já que além de ter feito um gesto que demonstrou coragem e cidadania plena, impediu que as consequências da descarga fossem ainda piores. Os meus parabéns também à SEPNA, Câmara Municipal de Ansião e às demais autoridades, pelo trabalho e diligências efectuadas.
À parte da dimensão da descarga, confesso que não me espanta o facto de quem possibilitou este desastre ambiental o tenha possibilitado de alguma forma. Há mais de duas décadas que trabalhei por ali e vi coisas que já na altura me preocupavam. E quando chamava à atenção, a voz do outro lado levantava-se contra mim. Nunca mais atestei o carro por ali, recomendando aos meus amigos que tivessem a mesma atitude. Quem não tem boas práticas ambientais não me merece enquanto cliente.
Tenho pena que não tenham encerrado compulsivamente aquela actividade, até que se averiguasse a situação. De qualquer das formas sei que a coima e as consequências serão graves para o responsável por este desastre ambiental. Agora resta esperar que a justiça faça o seu trabalho. E, fundamentalmente que o ecossistema recupere rapidamente, algo que não sei se será possivel dado que não se sabe quanto entrou no aquífero. E entrando lá, lá se foi a água potável por longas décadas...
Tenho vergonha que existam ansianenses que possibilitem de alguma forma atrocidades como esta. Não há desculpas e não me venham com histórias de avarias. O facto de existir ligação directa para o rio Nabão diz tudo sobre a gravidade da situação e sobre a responsabilidade de quem, afinal, foi o responsável por este desfecho trágico em termos ambientais!!!