27.4.17

Aldeias do carso: pelo menos uma década atrasados, como aliás é costume...


Para todos os efeitos é, teoricamente, uma boa notícia, contudo daí, e até a ideia se materializar e ter sucesso vai um caminho muito longo e fortemente dependente da competência de quem estiver à frente do processo. E como bem sei, são poucas as boas ideias que têm sucesso na região de Sicó, culpa dos interesses do costume. Brevemente irei abordar uma outra ideia que tem tido um caminho desastroso, ali para os lados de Pombal...
Mas vamos então à questão que me leva a escrever estas linhas. Trata-se da ideia das aldeias do carso/ calcário, que vem novamente à baila, desta vez pela mão da dita Associação de Desenvolvimento Terras de Sicó.
Estou realmente curioso para saber o que um ex vereador de Alvaiázere tem a dizer sobre esta questão, já que quando lancei a ideia no colóquio "Desenvolvimento sócio-económico promovido pelo património geológico e geomorfológico nas Terras de Sicó", há 10 anos, esse tal ex vereador disse basicamente, de uma forma politicamente correcta, que não era uma grande ideia e que era uma ideia de alguém novo demais para saber o que seria um projecto de valor para a região de Sicó. Aposto que agora vai dizer que é uma ideia genial, e caso eu o veja a afirmar isso mesmo, irei relembrá-lo das suas palavras há 10 anos, o que terá a sua graça...
Trata-se de uma ideia que tem tudo para singrar, faltando apenas quem tenha a competência para o fazer da melhor forma. Esta ideia já poderia existir, na prática, há muitos anos, contudo a falta de competência de entidades politizadas, como a Terras de Sicó, e dos nossos autarcas tem atrasado o processo. 
Não vou lançar foguetes, até porque já noutros casos os lancei e depois arrependi-me (o tal caminho desastroso que insinuei atrás...). As aldeias do xisto já existem há alguns anos e as aldeias do carso (calcário) irão surgir inevitavelmente mais ano menos ano, seja na região de Sicó seja na região D´Aire e Candeeiros, onde aliás esta ideia também tem sido falada nos últimos 8/9 anos. 
O absurdo disto é que esta nem é uma ideia complicada, mas sim uma ideia simples e com tremendo potencial. O único risco é que alguns interesses económicos tentem de alguma forma manipular a ideia, desvirtuando-a, para que os seus interesses prevaleçam. 
Na região de Sicó já vi um bocado de tudo, também no domínio do turismo.
Mas deixando de lado estas questões, a ideia das aldeias do carso (e não do calcário...) tem, teoricamente, muitas pernas para andar. Os benefícios são imensos e não falo sequer do turismo, mas sim da recuperação do imenso edificado ao abandono. Há ainda muito a preservar da arquitectura vernacular, começando pelas aldeias do carso e continuando pelo restante edificado, seja nos pequenos lugarejos seja nas nossas vilas, já que aí ainda há muita matéria-prima para trabalhar. E o sector da construção, que até há poucos anos tinha algumas dificuldades em largar a construção de raiz e entrar na vertente da reabilitação, terá um papel importante.
Preservando o que temos de melhor e integrando todo este património no nosso dia-a-dia, actualizando-o, é algo que nos faz melhores pessoas e mais merecedoras de uma região com um património e uma cultura valorosos!
A ver vamos como vão ser os próximos episódios da ideia das aldeias do carso...


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