27.3.18

Carvalhos nos mosaicos romanos: histórias que vale a pena serem conhecidas!


Há uns tempos, e quando, visitei mais uma vez o Complexo Monumental de Santiago da Guarda, a minha atenção fixou-se num elemento que constava num belo mosaico romano. Era uma folha de carvalho que me prendeu a atenção. Falei então com quem sabe sobre o mosaico, a professora Cláudia Santos, que é quem sabe e com quem vale a pena falar especialmente sobre esta questão.
Lembrei-me que poderia ser muito interessante convidá-la para escrever umas linhas sobre esta questão, de forma a que conheçam apenas a ponta do iceberg e se sintam "obrigados" a visitar aquele belo espaço monumental e conhecer a sua história. Assim, abro mais uma excepção e deixo-vos com um pequeno comentário que não da minha autoria. Sempre que se justifique farei isto mesmo.
Deixo-vos então com um texto de leitura obrigatória: 

"O carvalho, Guardião da Floresta


Guardiões do  tempo, os carvalhos  centenários  que nos rodeiam  encerram, em cada um dos seus veios, segredos da História.
Gerações de todas as Eras plantaram esta árvore imponente, reconhecendo a sua importância, não só como fonte de alimento e de calor, mas como presença inegável da Mãe Natureza.
Facilmente imaginamos druidas celtas a partilharem conhecimentos debaixo dos seus frondosos braços, soldados lusitanos e romanos a descansarem à sua sombra, muçulmanos e cristãos a calcorrearem as serras em combate ou em lazer e a cultivarem as várzeas sempre com estes gigantes da floresta por perto, como que a protegê-los e à sua descendência.
AH, se eles pudessem falar, contariam melhor a nossa História do que as folhas de papel dos livros que lemos e relemos à procura de uma identidade ou de viagens imaginárias; falariam de todos aqueles que povoaram a Península Ibérica e que a transformaram numa aldeia global; dos reis de que reza a História e que desta árvore precisaram, fosse para alimento dos animais através desse fruto precioso que é a bolota, fosse para construção de caravelas e naus; dos nossos antepassados directos, uns agricultores e pastores, outros serradores, que sempre respeitaram este gigante das florestas.
Apreciar a Natureza em todas os seus aspectos é reconhecer a nossa origem e    deveremos redobrar o nosso esforço para a ver em todos os lugares e sob todas as formas. Desde lendas e mitos a contos infantis, de forais manuelinos  a histórias de família, a referência ao carvalho (num sentido lato, que inclui também o sobreiro e a azinheira) comprova o seu papel inegável na vida de todas as espécies.
E é por Terras de Santiago da Guarda que temos o privilégio de viajar na história e ao focar o nosso olhar em mosaico romano "ver" a mudança das estações do ano na panóplia de cores presente nas tesselas que formam folhas de carvalho.
É no maior painel de mosaico romano exposto desta forma, em Portugal, sito na loja do Complexo Monumental de Santiago da Guarda,  que a par de outros motivos, nomeadamente motivos geométricos e de labirintos de cruzes suásticas, nos aparece este motivo vegetalista - a folha do Quercus, que marca um território.
Olhamos para o exterior e vemos que estamos rodeados de um imenso carvalhal - estes romanos  não deixavam nada ao acaso!
E quando o nosso gigante das florestas cai antes do seu tempo, quão elefante, a cair devido à ganância do homem, o nosso coração sangra..."

Cláudia Santos



23.3.18

Ó Sicó, porque não mudas?


Esta primeira imagem visa apenas mostrar a sorte que tive quando visitei a serra de Sicó, há poucos dias. O belo do arco-íris surgiu na altura certa. É o que se chama de estar no sítio certo à hora certa.
Prosseguindo, hoje venho falar-vos de Sicó. Comecei a visitar a Serra de Sicó na década de 90. Ainda me lembro da aventura que era pegar na bicicleta e ir até ao topo da serra. Naquela altura era quase que algo para "malucos". Posso-vos dizer que era bom ser "maluco"!


Desde essa altura pouco mudou na Serra de Sicó. Aquele miradouro continua a ser horrível, bem como aqueles azulejos...
Aquele mamarracho que vêm lá em cima, continua omnipresente, mesmo apesar das declarações de amor dos autarcas por esta serra e pela sua paisagem... O parque eólico foi mais um cravo na ferradura. Cada autarca quer ter o seu parque eólico, mesmo que isso afecte a paisagem e degrade ainda mais o valor das áreas ditas protegidas.
As crateras lunares continuam a crescer. Esta, na foto, irá quase que duplicar a sua área. Agora já dá para ver bem como será a sua expansão e imaginar que as coisas vão ser ainda piores...


Mas há mais. Os dois estradões que levam ao topo da serra continuam a ter problemas crónicos. O pior é mesmo o estradão situado a Este, que foi aberto na década de 90. Continuo também a ouvir a conversa da treta, quando, ciclicamente, a serra arde. "É só pedra, portanto não vale o esforço de apagar". Sim, é triste ouvir isto de certos bombeiros que não sabem o valor da serra...


Outra das coisas que piorou foi a poluição visual, causada pela densificação das antenas ali instaladas. Em vez de se pensar numa solução integradora em termos paisagísticos, mete-se mais uma antenazinha que o pessoal não se incomoda...


19.3.18

8 anos depois do Limpar Portugal: sucesso ou insucesso?


Faz amanhã, dia 20 de Março que passam 8 anos da iniciativa Limpar Portugal. Na região de Sicó foram centenas de pessoas que meteram mãos à obra por uma causa nobre. Ansião portou-se muito bem e só a chuva perturbou a festa. Para mim, enquanto coordenador concelhio desta iniciativa, foi uma honra trabalhar neste projecto. Muito trabalho (2 meses de trabalho diário e voluntário) e muito orgulho pelo que, em conjunto, conseguimos fazer em Ansião. Só mesmo a chuva e a tentativa de politização por parte do antigo presidente da Junta do Avelar, Alfredo Moreira, afectaram esta iniciativa. Felizmente que mesmo assim se fez muito nesse dia mágico, onde adultos e crianças foram à caça do lixo.
Nos anos seguintes surgiu uma outra iniciativa, decorrente do Limpar Portugal, mas a nível municipal, pela mão da Câmara Municipal de Ansião. Este ano parece que vai ter continuidade. Uma outra novidade é que o Limpar Portugal vai voltar este ano, mais concretamente a 15 de Setembro, para comemorar os 10 anos desta iniciativa, que teve a sua origem na Estónia. Por isso comecem a organizar-se e a detectar lixeiras para limpar. Eu não poderei assumir o papel que assumi há 8 anos, contudo poderei ajudar no que me for possível.
Após estes anos há que reflectir sobre o que mudou. Se é certo que o Limpar Portugal teve um impacto excepcional, também é certo que os nossos amigos porcalhões continuam a fazer das suas, já que o lixo continua. Não fiz nenhuma análise que mostre quantas lixeiras continuam a existir, sei apenas que continuo a ver locais onde os porcalhões vão deitar/abandonar lixo. 1 ano após o Limpar Portugal 2010, e a pedido da Lusa, fui a alguns dos locais onde 1 ano antes tínhamos estado. Nessa altura vi que já tinham surgido novas lixeiras ao pé de antigas lixeiras. Como na altura dizíamos, lixo atrai lixo...
O cenário continua a ser negro e nem precisamos de ir longe para ver lixo. Basta ver as bermas das estradas para perceber o estado actual das coisas.
Se vale a pena insistir no Limpar Portugal? Claramente que sim, já que além de se limpar, sensibiliza-se uma percentagem significativa da população. Julgo que actualmente as pessoas estão mais sensibilizadas do que há 8 anos, por isso há que voltar à carga! O desafio está lançado...

14.3.18

Não há 2 denúncias sem 3 denúncias...


Foi há 2 anos que surgiu a primeira denúncia. Depois surgiu a segunda. Por estes dias já seguiu a terceira denúncia. Onde? Entre a Ribeira de Alcalamouque e o Rabaçal. Olhem para a vossa direita (vindos do Rabaçal) ou para a vossa esquerda (vindos da Ribeira de Alcalamouque) e verão do que falo. Em plena reserva ecológica nacional cometeram, pela terceira vez, uma ilegalidade, por isso não haverá perdão. Estou curioso para ver se é para fazer o mesmo do costume, ou seja plantar eucaliptos...
A fiscalização é uma palavra vã, já que nada do que foi destruído inicialmente foi até agora reposto. É a triste sina. Como se costuma dizer, o crime compensa, daí as coisas infelizmente não mudarem. A literacia ambiental é escassa, tal como está mais uma vez à vista de todos.
É mesmo isto que queremos que aconteça recorrentemente? É esta a Sicó que queremos?


9.3.18

O estradão das Serras da Portela, Casal Soeiro e Ameixieira...


É uma estrada pela qual todos os que querem ir à Serra da Portela (Pousaflores) têm de passar, pelo menos os que, de carro, querem ir ver o miradouro, tipo chapa 5, do Anjo da Guarda, o parque eólico ou o melhor, o moinho de vento, que de vez em quando expõe as suas velas ao vento. Continua a ser um local agradável de ir e curiosamente local de belas fotografias em concursos de fotografia.
Pode parecer, para alguns, estranho o facto de eu estar a abordar um tema tão pouco interessante como uma estrada, mas já vão compreender...
Seja para quem vai à Serra da Portela, à Serra do Casal Soeiro ou à Serra da Ameixieira, é inevitável passar num estradão que, a cada Inverno que passa, fica em mau estado onde o declive é mais acentuado. A solução tem sido espalhar brita de forma recorrente. Ou seja, em vez de se resolver um problema, está-se, por um lado, a adiar a resolução do mesmo e, por outro, a criar outro problema, já que o perfil vertical do estradão aumenta ano após ano. Resumindo, não se vai ao cerne da questão. Anda-se basicamente a ir buscar brita a pedreiras de calcário, degradando assim mais a paisagem, para espalhar a brita na... serra...
Alguns dirão para se alcatroar, ao que eu respondo, basta de atentados ambientais nestas serras. Já chegou bem o crime que ali fizeram em meados da década de 90, quando uma máquina obliterou o topo da serra da Portela sem justificação alguma.
Há soluções ambientalmente sustentáveis e sem impacto visual que não interferem com a identidade daquelas serras, portanto há que pugnar por uma solução pensada por quem sabe. Não se pretende uma solução à chico-esperto nem à tuga, pois disso estamos fartos!

5.3.18

Memórias com os dias contados...


A imagem não é a melhor, já que além de ter sido registada ao final do dia, foi registada com um telemóvel, contudo serve o meu propósito. Não vou dizer onde é, de forma a que fiquem com a pulga atrás da orelha e fiquem mais atentos aos recantos que ainda não foram arrasados por uma qualquer construção (e que irá inevitavelmente ocorrer neste local, mais tarde ou mais cedo...).
Fica num terreno sobranceiro a uma rua que conheço há quase 40 anos e pela qual já passei milhares de vezes. A esmagadora maioria das pessoas passa ali de carro. A pé são menos e do outro lado da rua. Algumas passam por ali e vêm estes antigos tanques de lavar roupa, mas, os mais novos, e alguns mais velhos, que não dali, não sabem o como, quando e porquê. 
Tive a sorte de quando ali ia a passar me deparar com uma pessoa conhecida e já de idade, que vive mesmo ao lado. Como ela me viu parado a contemplar aquele património, meteu conversa. Foi assim que descobri o como, o quando e o porquê. Já por várias vezes tinha reparado neles, contudo nunca tinha parado o tempo suficiente (há tanto para ver...) e nunca se tinha conjugado estar ali a pessoa certa na altura certa. Há coisa de 60 anos aqueles tanques eram utilizados pelos populares, tal como acontecia noutros tanques pela região de Sicó. Os tempos mudaram e a função dos mesmos deixou de ser actual nos moldes em que então era. Ficaram ali esquecidos e irão ficar até que o dono do terreno ache por bem investir na construção de um prédio, já que é um local muito favorável para isso. Depois disso serão apenas uma memória presente na mente de alguns. Com sorte ficarão imortalizados através de alguma foto que poderá eventualmente ganhar protagonismo num qualquer "memorial" informal.
Fica o desafio a cada um de vós para que andem a pé pelas vossas vilas e vejam tudo com olhos de ver, já que há cantinhos destes um pouco por todo o lado e que valem a pena contemplar. Depois é reflectir sobre o que andamos a fazer ao espaço urbano (descaracterização...) e perceber se parte deste património não pode ser salvo e/ou incluído no espaço urbano. Sim, é possível pegar no que de bom temos, do passado, e fazer o futuro com esse património integrado..