21.12.20

Uma espécie de xenofobia territorial?


Estamos a poucos dias do final de um ano que ficará para a história como um dos piores dos últimos anos. O motivo, esse já todos sabemos. Mas não estou aqui para falar dessa questão, estou sim para falar de um outro assunto e em jeito de comentário de final de ano, mais sentido e sempre abordando o que mais importa, o património.

Quero falar de algo com o qual já não era confrontado há muitos anos. A última vez que isso aconteceu foi aquando do abate das azinheiras, em Alvaiázere. Nessa altura surgiram alguns energúmenos que utilizavam o “argumento”: tu nem sequer és daqui – Isto estando eu a fazer o que era suposto e para o qual era pago enquanto funcionário público. Juntava-se a paixão ao património e ao território, o qual, e para mim, não tem fronteiras administrativas. Foram tempos estranhos, onde o pior da condição humana veio à tona. Foi uma altura onde os trogloditas saíram das grutas escuras em que viviam. Passados poucos anos as vozes desses imbecis calaram-se, ficou à vista quem era quem e as máscaras deles cairam. Não esperavam levar umas lições e bofetadas de luvas brancas... Mas não só, já que o reconhecimento surgiu e os tais trogloditas perderam o seu palco quase na sua totalidade (alguns ainda lá andam...). Hoje continuo a ter gosto e paixão por Alvaiázere, com muita gente amiga por lá.

Mas isto foi há muitos anos. Agora aconteceu algo de semelhante, mas em Ansião. Ironicamente por parte de gente que vive perto dos limites administrativos entre Alvaiázere e Ansião. A história acaba por ser simples, um grupo restrito de velhos do Restelo, que já me tinha sinalizado há alguns anos, perdeu a cabeça ao ver uma entidade pública a divulgar a “sua” terra utilizando os topónimos oficiais e legais, imagine-se. Indignaram-se pelo facto, já que isso colide com a sua visão algo fanática, de componente religiosa. Tudo por causa de uma capela. O que eles queriam era que a entidade pública tratasse a Serra da Portela por um topónimo que nunca existiu, de índole religiosa. Fingem não saber que o nome da serra é, desde 1940 Serra da Portela e que isso é bem diferente de eles tratarem a serra por Anjo da Guarda (capela). Tentam impedir que outros tratem a serra pelo seu nome, querendo impingir a terceiros a sua visão redutora, parcial e religiosa sobre a serra da Portela. Houve um que demonstrou algo que deve ser novo na geografia, já que, para ele, a vertente da serra da Portela virada para o lado da casa dele é Anjo da Guarda, mas do outro lado, que já não vê, já é serra da Portela. Outro, mostrou não saber sequer os limites físicos da serra da Portela, já que, para ele, a serra é só do lado da capela e parte do topo, já o resto é terra de ninguém. Dizem também que eu semeio a discórdia, como se isso fosse possível ao falar dos factos em causa. Eu digo o nome da serra da Portela (facto). Digo que alguns a tratam por Anjo da Guarda (facto), tal como outros a tratam por Monte da Ovelha (facto). Digo também que a podem e devem tratar como querem, não podem é enganar as pessoas/terceiros e afirmar que o nome oficial e legal da serra é outro que não Portela (facto).

Há um que até afirmou que eu sou uma pessoa letrada, ao mesmo tempo que se baseia num mero desenho, a fingir um mapa, com o topónimo manipulado, para, desesperadamente, tentar enganar terceiros, omitindo o mapa oficial e legal. Pouco inteligente, especialmente sabendo ele que eu trabalho com mapas e não com desenhos. E, claro, sem esquecer a ajuda que teve na divulgação de um comentário ressabiado e cheio de ódio, de alguém que há uns meses ficou muito irritado comigo quando lhe falei num caso, ocorrido há duas décadas, de manipulação de preços, vulgo fraude, associada a alguém que ele conhece e a uma outra individualidade,  minha conhecida (ele ficou ofendido por eu ter falado num facto que não abona nada para o seu conhecido, eu apenas tenho vergonha do que o meu conhecido fez e condeno o mesmo, é a diferença de valores entre nós...). Não esquecendo também um artista que se achou esperto ao perguntar à pessoa X onde eu morava e, com isso, fazer uma charada, sem sucesso, diga-se. Esse artista não fez o TPC e demonstrou uma ignorância colossal, falhando por muitos km. Espero que receba um mapa no natal. E convinha que ele tirasse a referência a Tomar no seu perfil. Para quem se afirma ansianense, é estranho colocar no seu perfil a referência Tomar. Não deve saber que há muitos ansianenses espalhados pelo país, os quais não deixam de ser ansianenses por morar fora de Ansião uns tempos. Ou então uma fulana, auto-intitulada de boas famílias, que perdeu as estribeiras, ficando à vista o seu real carácter, ou falta dele. Uma aprendiz de investigadora que ignorou princípios sagrados da investigação e da divulgação histórica e patrimonial. Passadas poucas horas cometeu mais erros de principiante e acabou a utilizar o asneiredo típico de gente mal formada contra alguém que conheço, bloqueando-a de seguida. Não esqueço também a atitude pidesca de alguém que se indignou quando eu divulguei a Serra da Portela, mais uma vez, numa plataforma digital. Há alguns anos, quando fiz algo de semelhante, com dezena de fotos de Ansião, algumas delas da Serra da Portela (numa plataforma que a Google já extinguiu – permitia colocar fotografias através do Google maps), isso não o incomodava, talvez por nessa altura eu não ter a visibilidade que tenho actualmente. Ou ainda uma beata, que afirmou que há mais Portelas, sem referir que também há mais Anjos da Guarda (lugares, pois serra do Anjo da Guarda não conheço nenhuma, mesmo já tendo feito investigação nesse domínio, com vista a um artigo sobre grutas e religião em Portugal).

Mas voltando atrás, e referindo o que me motivou a escrever este comentário, houve um indivíduo que afirmou que eu não era de Pousaflores (facto) e não tinha qualquer associação a Pousaflores (falso), como que se a falta de algum destes fosse impedimento para fazer seja o que for em prol do património e da divulgação que faço do mesmo. O triste disto é que este mesmo indivíduo até nos deu algum apoio quando eu era atleta do GDR Pousaflores. Mais uma vez, nessa altura, já eu travava a serra pelo seu nome, Portela, mas isso não era na altura problema. Desprezo é o que este indivíduo merece. Xenofobia territorial? Tenha mas é vergonha na cara! Quando eu ia apagar fogo nos terrenos dele, ou socorrer conhecidos, aí nem piava...

É lamentável subsistir este tipo de mentalidade retrógada, ressabiada e xenófoba. Mentalidades das capelinhas, literalmente, que atrasaram o desenvolvimento territorial. Este faz-se não só com paixão, mas acima de tudo com competência. Tratar um território como que se de um quintal nosso fosse é das piores coisas que se podem fazer. E, diga-se, projectos já foram perdidos à conta da teimosia e vingança destes velhos do Restelo. Eu cá estarei para trabalhar em prol do património e da identidade (sem fanatismos religiosos à mistura), sem tentativas de manipulação da história e dos factos (perpetrada por estes mesmos velhos do Restelo) e englobando todos os que prezam a sua terra, sem pensar em limites administrativos, já que a identidade não se fabrica, tal como estes velhos do Restelo tentam desesperadamente fazer, contra tudo, legalidade incluída, e contra todos os que ousam referir o nome legal e quase centenário, Serra da Portela. Ao contrário destes velhos do Restelo, e algumas beatas, eu não impeço ninguém de afirmar que aquela é a serra do Anjo da Guarda (apesar de não ser...), eu simplesmente corrijo quem o diz, dizendo que uma coisa é elas tratarem a serra da Portela por esse nome (Anjo da Guarda), outra é o topónimo oficial e legal ser esse. Não é, ponto!

E já dizem que querem mudar o nome da serra da Portela, esquecendo-se que já o tentaram fazer, sem sucesso, porque será?! Pois, tudo o que já foi feito em termos de manipulação e adulteração histórica é conhecido (e será cada vez mais conhecido...) pelas autoridades na matéria. Há que preservar a integridade da história e dos topónimos legais, protegendo-os de modas e fanatismos religiosos, os quais estão, de facto, na base desta questão. É triste constatar que há gente com este tipo de mentalidade, ainda mais em Ansião, onde era suposto haver muito mais gente culta (ser culto não é sinónimo de curso superior...), respeitosa e honesta em termos intelectuais e não só! Felizmente que a regra em Pousaflores é haver muita boa gente, que respeita e sabe debater, concordando ou não. Uns já conheço há muitos anos, outros tenho vindo a conhecer. Curiosamente, e após esta situação, já conheci mais pessoal porreiro, que sabe debater, respeitar e trocar ideias. Quiçá saia daqui algum projecto para desenvolver com estes...

Mas resumindo, temos a serra da Portela e o seu moinho de vento, temos mais abaixo a capela do Anjo da Guarda, temos o ciclo do pão, temos muito património por ali, por divulgar e potenciar e temos muito pessoal que sabe falar, estar e desfrutar. O resto é fanatismo, ódio e um grupinho de ressabiados que confundem a serra da Portela com uma sua coutada.


Nota: guardo religiosamente estas duas camisolas, na imagem, há duas décadas

17.12.20

Ler, ponto!


Não podia deixar de terminar este ano tão negativo, com algo de positivo como são os  livros. Sei que dois exemplares destes  livros estarão brevemente disponíveis numa biblioteca perto de vocês. As bibliotecas municipais são algo de muito valioso, onde muito podemos aprender e sem nada ter de pagar. É um bem comum que devemos estimar e apoiar das mais variadas formas. E, claro, apetrechadas com livros interessantes q.b. e úteis. Mas sem desacordo ortográfico, obviamente!

Estes dois livros suscitaram o meu interesse porque focam dois temas interessantes. Um, os moinhos, mesmo que não sendo de vento. Os moinhos do rio e as suas histórias também fazem parte de Sicó, daí querer ler este livro, mesmo não retratando Sicó. 

Depois, a temática dos incêndios, a qual me diz tanto e tanto me marcou, seja pela negativa seja pela positiva, já que ambos os lados coexistem. Estou curioso para ler estas histórias de pessoas reais, que não bombeiro/as, e comparar com as minhas histórias e com as histórias dos populares com que lidei durante duas décadas. Daqui a uns dias devo começar a ler ambos.

Aproveitando este comentário, um dos últimos deste 2020, fica a sugestão de compra de livros para oferecerem aos vossos mais próximos. De preferência no pequeno comércio, nos alfarrobistas ou directamente com os autores, tal como eu o fiz nestes dois casos. Oferecer um livro é algo de valioso e útil. Com os livros aprendemos, vamos onde ainda não fomos, conhecemos histórias fabulosas e outras coisas mais! Resumindo, aprendemos e alargamos horizontes. Boas leituras!!

13.12.20

O alcatrão da Ladeia...


Foi tema de conversa há vários meses, contudo, e tendo em conta a minha prolongada ausência, não tive a possibilidade de ir ao local ver o que se passava. Só há algumas semanas consegui voltar a Ansião e, com isso, visitar o local em causa, de forma a me inteirar dos factos. Assim sendo, aqui estou para falar deste caso.
Indo directo aos factos, o motivo de conversa foi o alcatroamento de um caminho com história, algo que não era suposto. Seria interessante um arqueólogo ou historiador falar sobre este caminho histórico, já que, genericamente falando, há pouco conhecimento factual sobre a importância histórica do mesmo. Disponibilizo este espaço para um comentário sobre este caminho histórico, sendo que a única condição é o texto ser escrito em bom português, ou seja sem desacordo ortográfico à mistura. 
Julgo que não será difícil repor a situação original, a qual, diga-se, já não era a melhor. Já havia um desvirtuar do caminho com o crónico estradão de brita da serra. De ano a ano lá era espalhada mais uma carrada de brita, pois a chuva do Inverno levava-a pelo estradão abaixo...
Este tipo de acções é algo comum por toda a região, já que são conhecidos muitos casos, uns mais graves e outros menos graves, de degradação ou destruição de caminhos históricos. Lembro-me de há uns anos (julgo que uns 11) ter manifestado o meu desagrado a um autarca pelo facto de um caminho histórico (estrada romana..) ter sido literalmente destruído para depois surgir o "típico" estradão de brita. Nessa altura o autarca em causa disse que não sabia (aparentemente).
Isto leva-nos a uma velha questão, a qual já aqui referi muitas vezes. Continuamos a não ter um registo de tudo o que é património, de forma a que sempre que se planeie uma acção ou intervenção urbanística ou de outro tipo, se saiba que afinal existe ali algo de valor, portanto qualquer acção ou intervenção terá de ter em conta o património, sem o degradar ou destruir. Por vezes a acção de degradação ou destruição é por ingenuidade, outras é dolosa. Sendo de que forma for, havendo uma base de dados e mapas do património, será mais difícil haver chatices, já que ninguém poderá alegar que não sabia.
Assim sendo, fica o desafio...


 

9.12.20

Outra vez a regra e esquadro?!



Não pensei que tivesse de voltar a este tema, contudo, e após ter passado num estradão no Marquinho, tive de parar para fazer o necessário registo fotográfico. Compreendo a importância das faixas de gestão de combustível, contudo a compreensão não se estende a limpezas das mesmas, feitas a regra e esquadro. Não aceito que se corte por exemplo carvalhos como o registado na primeira fotografia de forma leviana. E este, em especial, foi um de vários casos. Porquê este preciosismo desnecessário?
Há que trabalhar esta questão, de forma a evitar o abate desnecessário de árvores nobres, que até desaceleram a velocidade das chamas em caso de incêndio...

 

5.12.20

Belas... mas invasoras!


Quem conhece vai saber onde é este local, contudo não é o local em si que está em causa, mas sim o facto de, ali, ser um dos locais infestados há mais anos por esta invasora, a erva-das-pampas. Trata-se de um local que conheço há muitos anos e onde um/a residente achou por bem utilizar esta invasora como adorno no seu terreno. Muito provavelmente nem sabe que se trata de uma planta invasora. É, infelizmente, um velho hábito de muitos, utilizar esta planta como adorno, facto que só agrava o problema.
Como combater o problema? “Simples”, primeiro há que passar a palavra, depois informar, informar e informar sobre os impactos negativos das invasoras, desta em especial e de formas práticas de as eliminar de forma eficaz.
Há umas semanas, e depois de ter partilhado novamente um comentário antigo, deste mesmo blogue, sobre outra invasora, a mimosa, surgiu um comentário completamente anti-pedagógico, sobre o meu comentário. E o que me chocou não foi tanto o comentário em si, já que o desconhecimento deste assunto é comum, foi sim o facto de ter sido feito por uma professora, a qual, motivada por questões externas, não fez o que era suposto, ler, contextualizar e, depois, comentar. Inadvertidamente acabou por dizer qual seria afinal o topónimo mais acertado para a rua em causa (Rua das Mimosas), ou seja “Rua das Flores Amarelas. Assim a questão que ela focou ficaria resolvida, e logo de uma forma pedagógica e respeitando a memória.
Esta questão, das plantas invasoras, pode parecer um assunto menor a muitos de vós, contudo é um assunto maior, de enorme gravidade e que custa ao país muitos milhões de euros por ano. Isto sem falar da perda de biodiversidade associada...