20.12.21

BV, Terminado.


Andei umas horas a pensar qual seria a fotografia mais indicada para acompanhar este comentário final de 2021. Tinha esta guardada de uma noite de natal (17 nos últimos 17 anos....). Pensei que seria um comentário mais emotivo, contudo não o é. Já vão compreender porquê...
Fui bombeiro voluntário mais de metade da minha vida. Foram uns 22 anos cheios de coisas boas e coisas menos boas, divididos entre a primeira metade da década de 90 e após 2004. Graças às coisas menos boas, comuniquei a minha demissão a quem tinha de comunicar. Deixei de ser bombeiro em Novembro e confesso que não tenho saudades. Não estava nos planos próximos deixar de ser bombeiro, tal como quem me conhece bem sabe, mas cheguei à conclusão que com gente medíocre, desonesta e incompetente não vale a pena perder mais tempo. Ser bombeiro voluntário pode ser algo de extraordinário, mas apenas com as pessoas certas nos quadros de chefia e comando. Nas mais de duas décadas de bombeiro tive vários comandantes (6) e afins, apanhei ciclos bons e outros menos bons. Ser bombeiro voluntário pode ser algo de desastroso com as pessoas erradas nos quadros de chefia e comando. O meu primeiro comandante foi o inigualável Comandante Artur Paz. O último, em Ansião, foi um comandante que em tempos foi um bom comandante, mas depois de chegado ao topo descuidou-se, vulgarizou-se e achou porventura que a coisa estava garantida e começou uma trajectória descendente assinalável. Tentou a política, ansiando porventura colher os frutos da visibilidade da causa humanitária, mas até aí falhou e mostrou que já não era quem chegou a ser. Transferi-me de Ansião para outra corporação em 2015, já que não lidava bem com a mediocridade, com os amiguismos, com a desonestidade, falta de ética, lambe botismo, incompetência e falta de respeito que vivenciei neste meio. Em 2015 encontrei na nova corporação um colega de profissão, geógrafo, como Comandante. Não sendo bombeiro de carreira, fazia um bom trabalho, mas não era bem visto por quem ansiava pelo poder. Não demorou muito tempo até que uns espertinhos ansiosos de poder começassem a minar a sua posição, através de boatos, denúncias anónimas e outras coisas mais. Há alguns meses este meu colega geógrafo decidiu que estava na hora de ir embora, já que havia ali um grupinho que como se costuma dizer não tinha outro lugar onde se conseguisse afirmar e precisava do caminho livre, fazendo política da terra queimada, de forma a preparar o caminho. E ele não estava para mais chatices, sendo como eu, não precisando dos bombeiros para ser gente, tal como alguns precisam. O horizonte escureceu e o ambiente ficou tóxico com estes bombeiros que metem de lado a ética, a integridade e princípios basilares para chegar ao topo da hierarquia, onde, ironicamente, são satirizados pela sua alegada falta de carácter e não só. Um dizia, alegadamente, uns meses antes de ser convidado para o posto, que não queria meter-se no mesmo barco daquele que ironicamente iria ser o seu superior e convidá-lo para o "barco", já que não o considerava a pessoa certa para o cargo. Como se costuma dizer no meio, "engolem sapos" e são pouco coerentes quando cheira a posições de chefia ou de comando. É uma prática corrente neste meio. E quando não corre bem, choram, tal como eu vi há uns anos (algo de patético de se ver, diga-se). O interesse pessoal acima da causa do voluntariado, bravo... Muitos não sabem, mas o pior inimigo dos bombeiros são os próprios bombeiros.
Eu nunca pactuei com a falta de seriedade, integridade, respeito, dignidade e todas aquelas coisas que tornam uma pessoa uma pessoa vulgar e medíocre. Sempre defendi a causa e sempre apontei os erros que se veem nas várias actividades dos bombeiros voluntários. É a apontar os erros que se evolui. Continuarei a fazer o que sempre fiz, defender a causa, e defender as boas práticas, o respeito e a dignidade, mesmo estando agora fora desta causa. A imagem da causa humanitária não fica comprometida por meia dúzia de nabos que vestem uma farda, já que ovelhas negras há-as em todos os locais, corpos de bombeiros incluídos.
Em 2005 decidi que nunca iria subir de posto (3ª), depois de na altura estar interessado em seguir a investigação em fogos florestais, quando pensei em fazer um mestrado, e logo ter percebido que isso era visto como uma ameaça ao status quo. e sentir jogadas pouco éticas. Fiz algo que raros fazem, ao recusar subir de posto, mas para mim foi fácil, já que o que sempre me moveu foi a causa humanitária e não os interesses instalados na mesma. E não se iludam, a causa humanitária já não é o que era em 1991, quando entrei neste mundo da causa humanitária bombeiros voluntários. Actualmente a conversa é outra, e mesmo sabendo que continuam a haver pessoas de muito valor nos CB´s, e que se movem pela causa, há cada vez menos espírito de causa humanitária e mais espírito de interesses vários, de sede de poder, influências, etc. É por isso que por vezes nem a capa de bombeiro safa das atrocidades que por vezes se fazem. Só algumas vêm a público...
É estranho ter aguentado vivenciar factos tão dramáticos como aqueles que vivenciei em acidentes mortais e outros mais, em dramas familiares vários associados aos serviços de emergência, em incêndios florestais (os casos mais complicados foram ficar rodeado pelo fogo algumas vezes...) e outras ocorrências mais. Foi duro aguentar tudo isto, mas mesmo tendo em conta a questão psicológica negativa, foi algo que me fez crescer em termos humanos e isso foi muito importante para quem actualmente sou. O que não aguentei mais foi a burrice, a desonestidade, as jogadas e joguinhos em prol de interesses, o compadrio, o desprezo, a incompetência e outras coisas mais. A minha coluna vertebral é rija, não se molda conforme os interesses, ao contrário de outros, que têm uma minhoca no lugar da coluna vertebral. Assim ajusta-se melhor...
Uma das coisas que ainda me está atravessada hoje é o facto de em 2005, quando tive um acidente num incêndio, ninguém do meu CB me ter telefonado ou visitado depois do acidente. Mas o pior nem foi isto, o pior foi que passados poucos meses do acidente, descobri que tinha ficado com uma sequela para a vida. Tive de fazer fisioterapia e acabei por ter de pagar do meu bolso. Uma despesa de 700 euros. O meu primeiro CB falhou a toda a linha, já que depois da seguradora ter descartado o reembolso, por falha do mediador (amigo daquele tal que chegou a ser um bom comandante e depois saiu pela porta pequena), o meu primeiro CB não me reembolsou as despesas de saúde. As dores são comuns passados estes anos (em 2020 voltei a fazer fisioterapia...) e claro que me lembro sempre de quem era suposto me apoiar e não apoiou... Confiei e saí profundamente desiludido. Ou seja já desde 2006 que comecei a ficar desencantado com o mundo dos bombeiros, culpa de meia dúzia. Mesmo assim continuei a não confundir ovelhas negras com a causa humanitária e continuei firme. Neste último CB também tive episódios curiosos. E farto-me de rir quando me perguntam qual a última recordação quer fico daquela casa. Digo simplesmente que o meu conhecimento só era valorizado se fosse cabular online por um cromo que teve de fazer aqueles cursos superiores tipo "é pra despachar...", numa disciplina de Sistemas de Informação Geográfica, para chegar ao "topo" (recusei cabular pelo cromo!). Num corpo de bombeiros bem comandado, os valores individuais de cada um e as suas mais-valias são aproveitadas, mas eu não tive essa sorte. Eu era visto como uma suposta ameaça ao status quo, quando eu nunca quis sequer ser chefia ou do quadro de comando, mas sim e apenas ser bombeiro voluntário (e vi acontecer o mesmo em várias corporações, com muitos colegas). Fico triste ver os interesses fortemente instalados nos CB´s, onde muitos se focam nos interesses pessoais e financeiros e não na causa. Cada vez mais os bombeiros são uma espécie de centro de emprego e trampolim para várias coisas e isso tem desvirtuado a causa humanitária. Esta causa só não foi ainda totalmente desvirtuada porque ainda subsiste uma áurea/capa mágica que protege a entidade bombeiros voluntários de Portugal. Tenho pena, pois no meio de tanta mediocridade, ainda há alguns bons quadros de comando e chefias. Ansião tem desde há uns meses um bom Comandante e um bom Adjunto, os quais espero que não se desvirtuem pelas imensas coisas que têm o poder de desvirtuar quem está nestes postos. Noutra corporação, há "apenas" uma Adjunta competente, um fulano facilmente manietável, pouco honesto na hora de apurar factos e incompetente q.b., bem como um  rapazito mais novo do que eu, em idade e anos de bombeiro, com uma falta de honestidade crónica, incompetente e que há uns anos estava noutra corporação a ver se conseguia um tacho, onde ganhou fama por andar aos pontapés às portas. É um daqueles cromos que utiliza frequentemente o auto-elogio, à falta de abundância de elogios de terceiros e que há poucos anos ia deixando arder o carro do qual era chefe de viatura, por mera incompetência (não soube ler o comportamento do fogo, algo de básico...) Um rapazito pouco honesto que acha que a arrogância autoritária é o que lhe dará respeito por parte dos outros bombeiros. E sempre que se vê à frente de alguém com mais bagagem do que ele, começa a engasgar e a ficar nervoso, já que os argumentos escasseiam por aqueles lados. Critica o estado social, o mesmo que o sustenta. Mandar postas de pescada qualquer um manda... É mau sinal quando temos gente que não se conseguiu afirmar fora dos bombeiros e faz dos bombeiros o seu pouso e o seu último reduto profissional ou não... 
É por estas e por outras que tantos bombeiros voluntários têm saído dos quadros, já que, tal como eu, já não têm paciência para a mediocridade. E à parte dos miúdos novos que entram e passados 2 ou 3 anos saem logo, parte importante dos que saem são indivíduos como eu, com muito traquejo. Infelizmente, e nas últimas duas décadas, têm sido muitos os que têm saído.
Eu saio dos bombeiros voluntários orgulhoso do que fiz, com o dever cumprido e do muito que dei à causa. E tudo isto sem podres, sem passar por cima de ninguém e pensando acima de tudo na causa e não em mim. Saio também de consciência tranquila, pois nunca fiz o que outros fizeram por burrice ou má fé. Errar todos erramos, isso faz parte do processo, mas burrice e má fé não são a minha praia. Tanta coisa feia que vi, acreditem. Tanta coisa que me choca ainda hoje e que quero esquecer.
Se me vierem dizer que o fulano X foi um grande comandante eu digo que não foi. Falsear a declaração de um seguro não é ser honesto, não apoiar os seus homens não é ser competente. Não comprar fardamento ao pessoal e esperar que eles comprem não é honesto. Lembro-me de andar apenas com umas calças rotas, que cosi várias vezes, enquanto que um génio estoirava centenas de euros em... pins... Não me conformo com o facto de ter comunicado a sua excelência que fulano Y me tinha faltado ao respeito e ele me ter dito: "mas ele é chefe". Encobrimentos comuns. E um episódio que mostra o quanto é possível descer na dignidade, pelo facto de eu nunca ter tido problemas e apontar o que de mal se faz dentro dos CB´s, houve um cromo que fez beicinho e disse que estava a pensar pegar nos mini-ecopontos que ofereci à casa há muitos anos (para promover a separação de resíduos no CB) e ir entregar minha casa, como represália aos factos que eu tinha falado aqui neste blogue (um caso de batota num orçamento participativo...). Imaginem também dar cobertura a um imbecil que numa das vezes levou o camião para a beira da camarata e apitou às 8 da manhã para nos acordar só porque ele não nos queria a descansar (nem sempre dava para descansar, daí ser importante descansar quando se pode) Um cromo que viveu na casa de familiares até aos 40 por não singrar na vida, imaginem. Não aceito que quando estava a arder fora do concelho haver quem tivesse saído no local e fosse fazer uma longa pausa, com o rádio desligado pois claro, porque afinal era no quintal dos outros que estava a arder (uma prática não tão rara quanto isso...). Não pactuo com atrasos de saída de 20 a 30 minutos quando arde fora do nosso concelho (uma prática recorrente que assisti nos últimos anos). Não compreendo como é que numas corporações se utiliza material e vai fora depois da utilização (é o que deve ser feito) e noutras se lava este material com água e pouco mais, de forma a ser reutilizado (não me admira que muitas infecções respiratórias tenham surgido nessa altura).
E não, não se trata de lavar roupa suja, mas sim mostrar-vos que nem sempre o que parece é, que a realidade nem sempre é a melhor e há ciclos muito maus na causa humanitária. O melhor que podem fazer é fazer-vos sócios das corporações da vossa terra, pois além de apoiarem as mesmas podem escrutinar as mesmas. O escrutínio é algo que tem feito muita falta! O escrutínio era algo que um antigo comandante não via com bons olhos, tal como não via com bons olhos pessoal que adquiriu conhecimentos técnicos e científicos avançados (actualmente é comum haver vários em cada CB, muito embora rapidamente sejam condicionados...).
O mundo dos bombeiros voluntários evoluiu, contudo evoluiu muito pouco tendo em conta o que poderia ter evoluído. Porquê? Interesses acima de tudo... A treta da conversa da ladainha que tantas vezes ouvi: "voluntários por vocação, profissionais na acção". Alguns sim, muitos não. A treta da doutrina bafienta do "não há insubstituíveis", quando se sabe que é difícil conseguir ter bons bombeiros e para que eles surjam demora muito anos.
Na hora de saída quero apenas lembrar as boas coisas que vivenciei nos bombeiros. E há muitos episódios para contar, uns que mostram humanismo, outros competência, outros esperança. Um dia estava à espera de entrar com uma senhora para a triagem, nos Covões, e estava um sem abrigo de idade no banco à espera. Tinha consigo uma mala partida que deve ter arranjado no lixo. A enfermeira apercebeu-se e veio buscar o senhor pelo braço, com todo o carinho para a triagem. Um médico que estava frequentemente ao serviço na urgência de um hospital local e fazia maravilhas. Por vezes, e em certas situações, via que tinha de encaminhar o doente para Coimbra, e fazia a sua magia antes de o enviar, mas sem registar algumas coisas, evitando que os familiares, pobres, tivessem de pagar umas dezenas de euros. Um humanista que merecia uma medalha. Colegas bombeiros que não ligavam a hierarquias na hora de montar a estratégia para combater o incêndio. Falavam com quem mais sabia e aceitava com humildade. Esta última, em especial, é para um dos melhores bombeiros com quem tive o privilégio de trabalhar. Há pouco tempo estive a falar com ele por causa do tema cestaria... 
Importa também referir alguns dos quais lidam connosco, a GNR e a PSP. Não foram raros aqueles que fizeram mais do que era suposto e com dedicação, seja elementos de uma ou outras forças da autoridade. E, claro, os populares. Há uns anos estava num incêndio em Pombal e a meio da noite deu para parar num largo e tentar descansar 1 ou 2 horas. Eram umas 3 da manhã quando surge do escuro uma senhora dos seus 70 anos com algo no avental. Eram 2 pacotes de bolachas e um recipiente com café. Só havia 2 bolachas para cada um e o café só deu para meia dúzia, mas aquele gesto valeu ouro e são episódios como este que dão força naquelas horas complicadas.
Agora que já saí posso contar um episódio que mostra que podemos fazer a diferença. Um dia trazia uma senhora de um serviço e a senhora pediu se eu podia parar na farmácia, para levantar uns medicamentos. Deu-me para a mão dinheiro e disse para trazer os mais prioritários, já que não tinha dinheiro para todos os medicamentos. No final, levou para casa todos os medicamentos e não ficou com dívida.
Um período particularmente feliz, do qual me orgulho ainda mais foi nos 4 anos que estive com a academia de infantes e cadetes. Foram anos trabalhosos, mas ver o resultado deste trabalho numa nova geração de bombeiros foi algo que nunca esquecerei. E isso aconteceu porque alguém confiou em mim e me convidou para ajudar. Essa pessoa é actualmente Comandante. O que era comandante na altura nem um agradecimento pelo esforço... Nunca lambi botas.
Também uma situação que nunca mais esqueci. Saímos para uma situação de paragem cardio-respiratória, perto do quartel. É uma situação que sabemos que na quase totalidade dos casos não há muito a fazer. Chegados ao local, e sem assistência da VMER (nessa altura acho que nem havia ainda), confirmámos que a situação de paragem era uma realidade e começámos logo manobras. Tive de ir até ao hospital a fazer manobras sozinho, já que éramos apenas dois. Podia não me ter esforçado que ninguém iria saber, mas fiz o que era suposto, sem facilitismos ou pausas. Além das manobras tive de utilizar o aspirador, já que a pessoa em causa, acamada, tinha jantado pouco tempo antes da ocorrência. Chegados ao hospital, continuei as manobras até entrar na sala onde nos esperava a equipa médica. A pessoa em causa continuava em paragem. A equipa médica decidiu que valia a pena fazer algo mais. Resultado, a situação de paragem foi revertida. Mesmo tendo em conta que a pessoa em causa faleceu umas horas depois, eu fiquei orgulhoso de nunca ter desistido. São momentos como este que nos orgulham e mostram que raros são os casos perdidos à partida.
E um episódio que mostra que mesmo na pobreza absoluta há gente que dá o que não tem. Um dia tive de ir buscar um senhor para fazer o penso. Tinha daquelas feridas chatas de cicatrizar e tinha de ir fazer o penso dia sim dia não. Entrei na casa dele a a esposa, também de muita idade, levou-nos até ao quarto onde o senhor estava acamado. Foi a casa com as piores condições que já vi até hoje. Na volta, e logo que metemos na cama o senhor, a esposa dele quis dar 2 euros a nós os 2. Eu recusei educadamente e pedi-lhe que comprasse umas flores para meter na mesa de cabeceira. Ao longo de tantos anos, recusei muitas gorjetas, mas reparei que quem menos tem é que mais dá e de coração.
Um dia talvez fale mais destas histórias que mostram que ainda há esperança num mundo melhor...
Mesmo para terminar, é triste que quando se sai dos bombeiros parece que deixamos de existir para quem tanto demos. Por iniciativa própria nunca mais entrei no quartel em Ansião, depois de em 2018 um garoto que ainda faz da causa o seu reduto, ter trancado a porta da entrada quanto eu estava lá com o pessoal (até então continuava a visitar in loco os vários amigos), de forma a impedir que eu estivesse com o pessoal. Um garoto daqueles que precisa desta causa para se afirmar e ser gente, já que em tudo o resto mostrou que é um coitadito. Continuo "apenas" a falar e a estar com os amigos sempre que consigo, mas fora daquele ambiente. Continuo a ser temido por dois ou três cromos. 
Após 22 anos de serviço em dois corpos de bombeiros no currículo, acreditam que nem um obrigado ouvi pelos serviços às casas? Mas, diga-se, não me espanta nada. É esta a realidade...
Para os que ficam, um conselho, tolerar a mediocridade torna-vos cúmplices. A ética e a integridade estão acima dos vossos interesses pessoais, sejam eles legítimos ou não.
 

13.12.21

O amadorismo que mina a credibilidade da imprensa local...

Fonte : Jornal Serras de Ansião

Dantes acompanhava mais jornais locais do que hoje. O facto de alguns terem adoptado o desacordo ortográfico fez simplesmente com que os deixasse de acompanhar e comprar. Este comentário é sobre algo que apareceu no meu "radar" por mero acaso, sendo que tive obviamente de fazer o tcp para perceber o erro e, com isso, poder apontar algo que considero vergonhoso, a bem das geociências e a bem da imprensa local. 
Fico muito incomodado quando vejo amadorismo em textos de opinião em jornais que dão tempo de antena a achistas em certas matérias. Parece quase aqueles debates da bola, onde qualquer um se acha especialista e opina como se fosse especialista. Não vejo com maus olhos o papel dos amadores, vejo sim com maus olhos o papel de amadores incompetentes e que baseiam os seus achismos em ideologias bacocas.
No que toca a matérias das quais sou especialista, fico bastante incomodado quando vejo não especialistas a comentar matérias das quais comprovadamente não sabem patavina. E o grave é que estes achismos passam como verdades ou como factos quando afinal não são verdades nem são factos, são apenas achismos. E no que toca ao carso, não perdoo erros graves...
Mas vamos aos factos, na edição de 15 de Agosto de 2021 do Serras de Ansião, uma comentadora afirmou o seguinte:
"A história de Ansião deve premiar heranças de colinas cársicas (vulgo lagoas), na maioria assoreadas..."
Ora, esta afirmação achista peca por um desconhecimento de causa técnico e científico. Primeiro, afirmar "vulgo lagoas" é errado do ponto de vista científico. Sugiro à comentadora amadora que pegue no dicionário ilustrado de termos cársicos e aprenda o que é afinal uma dolina. Existe um exemplar na Biblioteca Municipal de Ansião, fica a dica para curiosos e para meros achistas. Uma dolina não é uma lagoa, uma dolina é uma (geo)forma cársica onde em certos casos se pode formar uma lagoa, por preenchimento e impermeabilização total ou parcial do fundo, devido à deposição de sedimentos. Uma dolina é uma coisa, uma lagoa é outra, por definição. Uma lagoa não é uma dolina por definição (qual vulgo qual carapuça...). E quem disse que a maioria das dolinas é "assoreada"? Quantas dolinas conhece esta comentadora amadora? Saberá a comentadora em causa que as dolinas na região de Sicó não são na sua maioria "assoreadas"?! Só quem conhece apenas as dolinas que ficam perto de uma estrada onde passa um carro é que faz afirmações daquele tipo. Quando não se sabe do que se fala, mais vale ficar calada. Assim evita-se andar a levar as pessoas em erro...
Há uns meses esta mesma comentadora afirmava nas redes sociais, já depois de num grupo de Ansião ter utilizado linguagem imprópria e, por isso, ter sido posta na linha: "Não sabendo pergunta, haverá sempre quem sabe responder de graça". O que ela não sabe é que o responder de graça não é nem nunca foi sinónimo de conhecimento ou sabedoria. Falar qualquer um fala, já saber, de facto, do que se fala já é uma conversa bem diferente. Resumindo, cuidado com o que vos oferecem de graça, não vão levar gato por lebre...
À imprensa local um conselho, atenção a quem colocam a comentar nos vossos jornais. Quando se tolera informação medíocre, quem paga é a imagem do vosso jornal. 

9.12.21

Um marco que importa salvaguardar!



Entre a primeira e a segunda imagem, distam dois anos. Foi em finais de 2019 que num passeio pedestre nos deparámos com o que parece um marco que divide os concelhos de Ansião e de Alvaiázere. Naquela altura decorriam obras numa casa e isso levou a que o marco fosse desenterrado. Passados dois anos, ou seja há poucas semanas, deparei-me novamente com este marco, agora já reposicionado, mas infelizmente partido perto da sua base. Infelizmente não está devidamente protegido e eventualmente terá levado um toque de um veículo ou mesmo máquina. Importa salvaguardar este marco e este pedaço de história de Ansião e de Alvaiázere!
E já agora, caso alguém conhecedor deste assunto (e.g. historiador/a) veja este comentário, peço que nos elucide sobre este pedaço de história e comente ou na caixa de comentário ou nas caixas de comentários de algum dos grupos onde irei partilhar este comentário, nas redes sociais.

5.12.21

O antigamente e a actualidade: 90 anos de diferença na Vila de Alvaiázere




Adoro fazer estes registos fotográficos! A ideia surgiu durante a última reunião da Al-Baiaz, quando reparei num postal da Al-Baiaz, com uma imagem antiga, da década de 30, onde surge parte do edifício da Câmara Municipal de Alvaiázere e outros edifícios, uns ainda de pé, outros já demolidos há uns anitos. Guardei logo um destes postais e logo que acabou mais uma reunião tratei de ir fazer um registo fotográfico do local mais aproximado possível face à imagem da década de 30 do século passado. E, claro, uma imagem que engloba a actualidade e o postal antigo. Não preciso de dizer mais que não para desfrutarem, especialmente quem, como eu, aprecia Alvaiázere. Logo que apanhe outro postal antigo, já sabem o que vou fazer...

27.11.21

A recuperação de um moinho de vento é sempre uma boa notícia!



Esteve basicamente abandonado e menosprezado durante anos a fio, tendo durante muito tempo uma única função, a de armazém de tralhas, nomeadamente grades de cerveja... Eis que foi recuperado, facto que importa aplaudir e assinalar. Este moinho de vento situa-se na Mata do Carrascal, em Alvaiázere. Vão lá e aproveitem para fazer um pic-nic, pois vale mesmo a pena!
Mas voltando ao moinho de vento, é o maior que conheço. Fiquei apenas surpreendido pelo facto das rodas do mesmo terem umas "meias". Nunca vi isto, portanto se souberem o porquê destas "meias", digam-me por favor. 

22.11.21

Esperava por isto há 11 anos!



Não tenho o costume de efectuar registos fotográficos nocturnos, mas abri uma excepção. Foi em 2010, aquando da iniciativa Limpar Portugal, que já depois de ter feito o levantamento de 255 locais de deposição de resíduos um pouco por todo o concelho de Ansião me apercebi de um problema em especial, até então desconhecido, na dimensão, ou seja o facto de em mais de metade destes locais de deposição ilegal de resíduos, haver resíduos de obra. Eram resíduos de obras de casas particulares. Em reunião com o então executivo municipal, em 2010, e com outros participantes na iniciativa, nomeadamente uma empresa de obras e construção civil, propus a criação de espaços específicos de deposição deste tipo de resíduos, bem como o seu aproveitamento/reciclagem por parte de empresas de obras e construção civil. Todos concordaram que era uma boa ideia, contudo nada foi feito para que os mesmos espaços específicos fossem criados de forma a receber este tipo de resíduos, evitando assim a sua deposição ilegal um pouco por todo o lado...
Eis que passados 11 anos, e já depois de nova sugestão, ao novo executivo municipal, para a criação deste tipo de espaços de recolha de resíduos de obra, surgem os esperados locais de deposição de resíduos de obra! Insistir na resolução de problemas como este é, para mim, algo de muito importante e que me torna um activista ambiental mais feliz. 
Olhando para o interior do contentor, nota-se que o pessoal ainda está a aprender a separar outros resíduos (na altura da fotografia o contentor tinha tudo menos resíduos de obra), mas afinal o caminho faz-.se caminhando, com alguns soluços como é normal. Não me admira que o ferro que ali estava tenha sido recolhido por algum sucateiro. 
Os meus parabéns à Câmara Municipal de Ansião por este projecto de recolha de resíduos de obra. 

18.11.21

Estou perplexo... ali?!

Apesar de já saber que iam ser colocados vários monos em várias aldeias de Sicó, só depois de abordar o mono colocado em Ariques é que soube que já havia pelo menos mais dois também já em execução, um nos Poios, Pombal (que ainda não fui ver...) e outro na Granja, Ansião. Foram 3 as pessoas que me alertaram para o facto, uma delas com imagens para perceber onde é que afinal tinham colocado o mono. Fiquei chocado ao perceber que o tinham colocado ali. E claro que tive de ir ao local ver com os meus próprios olhos, já que não há nada que possa substituir o ir ao terreno e perceber. Como por acaso tive de voltar a Ansião em poucas semanas, deu para ir ao local.

Se o mono já é sem dúvida discutível, dado o seu não enquadramento no local, facto que colide com a suposta preservação da identidade local e dos valores associados às aldeias do Calcário, tantas vezes referida pela Terras de Sicó, a escolha do local da implantação do mesmo é, na minha humilde opinião, simplesmente desastrosa. Aquele local, com poço e tanque nunca deveria ter sido adulterado. Deveria ter-se preservado a identidade do local, não uma desvirtuação da mesma. Como é que uma chapa 5 é preservar a identidade local?!

Falta um provedor do património para impedir equívocos patrimoniais como este na região de Sicó!





 

14.11.21

Dos melhores projectos já feitos em Sicó! Obrigatório ver e ouvir!!!

Cheguei atrasado, depois de 4 horas e meia de viagem, mas ainda cheguei na parte anterior à abertura da exposição do projecto "O Cantar da Pedra - Expressões sonoras e visuais a partir de trabalho de campo". 

Só um à parte, o facto das imagens terem pouca qualidade é propositado. Fiz estes registos visuais só como guia visual do evento, de forma a perceberem minimamente o que ali está. Gosto de criar suspense...

Mas continuando, o "Cantar da Pedra" foi um projecto que me surpreendeu de uma forma que poucos projectos conseguem surpreender. No início fiquei um bocado confuso, já que a forma como o projecto foi divulgado na fase inicial criou alguma confusão sobre o que seria este projecto. Foi uma pequena falha, diria a única que detectei neste projecto. Após as primeiras notícias sobre este projecto, fui apanhando no radar algumas informações sobre o que estariam a fazer. Quando fui abordado sobre se teria disponibilidade para partilhar algum do meu conhecimento geográfico de Ansião, não hesitei um segundo. Foi um dia de campo fantástico com pessoal fantástico. Já depois deste dia soube de outras pessoas que tinham dado igualmente o seu contributo nas suas artes e saberes. Fiquei rendido, já que o que estava a ser feito era algo de fabuloso, nunca feito por estas paragens e com alma. E fiquei na expectativa sobre o final de todo este trabalho, feito por uma equipa de pessoal que faço questão de destacar, a Binaural Nodar. Curiosamente, ou não, já os acompanhava nas redes sociais. Sempre que vejo algo que me agrada, começo logo a seguir quem faz bons trabalhos.

Continuando, nesta última sexta-feira foi o muito esperado dia da apresentação do projecto, onde se iria ver, no concreto, o fruto do trabalho desta equipa de amigos do património. Por sorte consegui ir à apresentação. O resultado? Simplesmente brilhante! Desde já uma sugestão, visitem esta exposição, a qual estará patente no Complexo Monumental de Santiago da Guarda durante julgo que duas semanas, no horário normal de funcionamento deste monumento. Depois irá para Figueiró dos Vinhos por umas semanas e seguidamente Pombal, portanto não há desculpas para não irem visitar esta exposição. A parte dos sons envolve-nos durante o percurso. Levem telemóvel e aproximem do QR Code... Não se apressem durante o trajecto, desfrutem sff! E chegados à sala principal, não se esqueçam da brochura de apoio. Invistam tempo a ver as peças de parte ali expostas por uma artista que soube interpretar o nosso património com o auxílio de objectos vários. Quem tem alguma bagagem cultural vai adorar. 

E não é tudo! Há um endereço onde consta todo este espólio, o qual ficará em arquivo para todos usufruirem, novos e menos novos. O que podem aqui ver e ouvir é algo que faz parte da nossa identidade e que merece ser divulgada. Já ouvi alguns dos testemunhos, a começar pelo Senhor Ezequiel. 

Pessoal que sabe bem o que faz e que faz o que mais gosta. É uma dupla ganhadora! Diria que o "Cantar da Pedra" é inequivocamente um dos melhores projectos feitos nestas paragens nos últimos anos. Espero um dia voltar a cruzar-me com este pessoal que vive na mesma dimensão que eu vivo, a dimensão "património", seja ele natural, cultural ou outro. Quem me conhece sabe que não sou de dar elogios de forma leviana, e quando se inteirarem deste projecto irão perceber o porquê de tantos elogios...




 http://cantardapedra.org/

9.11.21

Não sei se é para rir ou se é para chorar...



Há coisa de 15 anos, quando comecei a pugnar activamente pela ideia das aldeias do carso, vulgo aldeias do calcário, alguns chamavam-se a mim de "maluquinho", um deles voltou agora às lides autárquicas. Há coisa de 3 ou 4 anos quando, imagine-se, o "maluquinho" viu esta ideia a começar a trilhar caminho, mesmo que de forma incipiente, alertei sobre a necessidade de fazer as coisas como deve ser, ou seja falar com quem sabe e não lidar o processo de forma tecnocrática, tal como infelizmente veio a acontecer.
Foi com muita surpresa que há poucas semanas uma conhecida minha me enviou uma fotografia que me surpreendeu, uma construção estranha algures em Ariques. O que nos veio à ideia foi uma construção daquele pessoal das coisas zen. Passaram-se uns dias até que descobri o que isto era. E ri-me tanto, mas tanto...
Chegou o dia que fui a Alvaiázere e lá descobri o local exacto desta construção. E ri-me tanto, mas tanto...
Mas não tem graça, já que além de ser um verdadeiro disparate, é queimar dinheiro à bela moda de Sicó. 
O que vocês veem nas fotografias é o que será uma unidade de apoio à visitação. Um verdadeiro disparate, já que atenta contra aquilo que era suposto proteger, ou seja a identidade da aldeia de Ariques. E o mal é que esta tragédia será replicada por várias aldeias. Qual é a parte de perder a identidade que os mentores desta ideia não percebem?!
A Associação Terras de Sicó mostrou mais uma vez que não está capacitada para lidar com este tipo de questões sensíveis, que abarcam a identidade local. Depois de um estudo feito por quem mal conhece Sicó para classificar a bela paisagem cársica de Sicó, por uns míseros 15000 euros, e com fotografias retiradas da internet (ah ah ah), temos mais um projecto muito mal trabalhado e executado. Seria para rir, se não fosse tão trágico...
Não é vergonha falar com quem sabe do assunto! E há várias pessoas que sabem do assunto. Todas estas se estão a rir com o que se vê nas fotografias. Uns a tentar valorizar o que Sicó tem de melhor e outros a contribuir para a perda de identidade de Sicó. Trágico, para não dizer outra coisa...

4.11.21

Sobre o maior desastre ambiental dos últimos anos em Ansião...




Tive de adiar a elaboração deste comentário, já que se o fizesse a quente poderia ter utilizado linguagem menos própria, tal a minha fúria depois deste desastre ambiental no meu rio Nabão. Tenho uma relação muito próxima com o Rio Nabão, já que foi um dos meus companheiros de infância, no qual brinquei e com o qual muito aprendi sobre as coisas da vida. Crescer com o Nabão à porta foi uma verdadeira maravilha e uma inspiração, daí a minha defesa incisiva deste curso de água.
Agora já mais calmo, embora ainda muito preocupado com a poluição derivada deste "acidente" ambiental, alegadamente possibilitado por alguém que já por várias vezes teve problemas com a questão "ambiente", e sobre o qual existiam suspeitas de outras descargas, de menor dimensão, neste mesmo local, posso então dissertar com calma sobre esta vergonha.
Confesso que não esperava um desastre ambiental desta dimensão. O local da descarga era já conhecido por fortes suspeitas de descargas menores deste tipo de resíduos, estando a ser monitorizado por algumas pessoas como eu. Desta vez a descarga envolveu óleo de motores. Milhares de litros derramados para o rio Nabão. Um "atentado" ambiental dos mais graves de sempre por Ansião. As consequências ainda estão por determinar, já que não se sabe bem quanto se infiltrou para os aquíferos. Estas imagens foram registadas há cerca de 2 semanas, já depois de uma acção de descontaminação do solo, que envolveu a remoção, através de maquinaria pesada, de uma camada impregnada de óleo. Este solo foi encaminhado para o local indicado para ser processado. Por esta altura já o Nabão corre e quem ali for só irá conseguir ver o ponto por onde o óleo foi despejado. E digo despejado porque o sistema tem ligação directa ao rio Nabão, tal como a descarga colossal de óleo confirmou. 
Dou os parabéns a quem denunciou o caso, já que além de ter feito um gesto que demonstrou coragem e cidadania plena, impediu que as consequências da descarga fossem ainda piores. Os meus parabéns também à SEPNA, Câmara Municipal de Ansião e às demais autoridades, pelo trabalho e diligências efectuadas.
À parte da dimensão da descarga, confesso que não me espanta o facto de quem possibilitou este desastre ambiental o tenha possibilitado de alguma forma. Há mais de duas décadas que trabalhei por ali e vi coisas que já na altura me preocupavam. E quando chamava à atenção, a voz do outro lado levantava-se contra mim. Nunca mais atestei o carro por ali, recomendando aos meus amigos que tivessem a mesma atitude. Quem não tem boas práticas ambientais não me merece enquanto cliente.
Tenho pena que não tenham encerrado compulsivamente aquela actividade, até que se averiguasse a situação. De qualquer das formas sei que a coima e as consequências serão graves para o responsável por este desastre ambiental. Agora resta esperar que a justiça faça o seu trabalho. E, fundamentalmente que o ecossistema recupere rapidamente, algo que não sei se será possivel dado que não se sabe quanto entrou no aquífero. E entrando lá, lá se foi a água potável por longas décadas...
Tenho vergonha que existam ansianenses que possibilitem de alguma forma atrocidades como esta. Não há desculpas e não me venham com histórias de avarias. O facto de existir ligação directa para o rio Nabão diz tudo sobre a gravidade da situação e sobre a responsabilidade de quem, afinal, foi o responsável por este desfecho trágico em termos ambientais!!!
 

27.10.21

Uma exposição excepcional, no Museu Municipal de Alvaiázere!



Na semana passada tive a oportunidade de poder visitar (mais) uma exposição fenomenal no Museu Municipal de Alvaiázere, da autoria de Marco Correia. Tem o título "Da Natureza para o papel II".
Sempre que estou por Sicó, tento fazer uma visita ao belo Museu Municipal de Alvaiázere, de forma a ver que exposição ou exposições estão patentes no mesmo, além das exposições permanentes (duas que também valem a pena ser desfrutadas!). Desta vez fui surpreendido por uma exposição sobre ilustração científica que merece a vossa visita. E apressem-se, pois não vai estar muito mais tempo. Vale mesmo a pena. Ilustrações de espécies de uma extraordinária beleza e realismo. Os meus parabéns ao autor destas verdadeiras obras de arte e os meus parabéns ao Museu Municipal de Alvaiázere, à sua directora e aos seus funcionários, sempre prestáveis e prontos para conversar sobre estas exposições.
Agora toca a levantar do sofá e ir visitar esta exposição de grande valor artístico e científico! 

22.10.21

Nascimento e crescimento dos monstros de Penela!

Termino esta trilogia com o caso de Penela e as suas pedreiras, uma ainda, bem, activa. Outra, abandonada,  já há meia dúzia de anos anos ouvia dizer que era para ser recuperada em termos ambientais e paisagísticos. A análise das 4 versões da Carta Militar do Espinhal mostra a evolução dos monstros nas últimas décadas, concretamente desde a década de 80. A mim tudo isto diz-me muito, já que todas elas fazem parte das minhas memórias visuais desde pequeno, e não por bons motivos. 

Espero que mais estes três contributos sirvam para sensibilizar para esta temática, de forma ponderada e racional, sem demagogias e populosos tão comuns pela região de Sicó. Há uns anos tive uma "luta" precisamente nesta questão, em Alvaiázere. Os donos e a ralé política andavam bastante irritados comigo por eu alertar para o facto daquela pedreira andar a poluir o aquífero e andar a laborar em clara violação do Plano Director Municipal e Rede Natura 2000, portanto à revelia das mais elementares regras assumidas por entidades públicas e privadas. Essa pedreira fechou e lições foram aprendidas :-D

1947

1983

2003

2019

Fonte: excertos dos meus exemplares da carta militar do IGEOE, folha - Espinhal

18.10.21

O nascimento e crescimento dos monstros da Redinha!

Prosseguindo então com uma reflexão fundamental sobre o que queremos para a nossa região e para a paisagem de Sicó, mostro mais uma área bastante afectada com a extracção de pedra calcária, desde a década de 40 até à actualidade. É algo que até a mim me espanta, da a a dimensão e impactos desta indústria, bem como o legado tão negativo da mesma. Claro que é necessário extrair pedra, contudo de forma ordenada e justificada. Não se pode abrir uma frente de pedreira em cada canto e em cada serra, à vontade do freguês. Mas infelizmente foi isso que, literalmente, aconteceu em Sicó. Um suposto indicador de desenvolvimento, para alguns, era ter uma pedreira ou mais.

A temática das pedreiras, também nesta área da Redinha, é uma temática que já acompanho há muitos anos, através, também, de divulgação dos factos e de imagens que normalmente estão fora do radar do cidadão comum. E o cenários para os próximos anos não é nada bom...

1947

1984

2003

2019


Fonte: excertos dos meus exemplares da carta militar do IGEOE, folha - Redinha

14.10.21

O crescimento dos monstros, folha após folha: Serra de Sicó

Ontem foi um dia daqueles mesmo fabulosos. Comecei o dia a ir levantar uma encomenda muito especial. Um conjunto de Cartas Militares, ou melhor de versões de Cartas Militares que ainda não tinha em papel. Tinha apenas a versão de 2003 das quatro folhas que, genericamente falando, apanham o sector mais interessante do Maciço de Sicó, e duas versões mais antigas da folha de Ansião. Adquiri todas as versões destas 4 cartas militares (Pombal, Redinha, Ansião e Espinhal), ou seja uma da década de 40, outra da década de 80, outra já de 2003 e a mais recente de todas, datada de 2019. São mais 10 documentos cartográficos a juntar aos 6 que já tinha na minha biblioteca pessoal.

Saliento a rapidez e eficácia do IGEO, já que tratou de imprimir estas 10 cartas e fez as mesmas chegar às minhas mãos em menos de 24 horas. Bravo! E o preço é bem acessível, portanto não se acanhem se gostam destas temáticas. Há 20 anos andava eu à boleia de colegas de curso para ir ao IGEOE, em Lisboa, comprar cartografia para os nossos trabalhos e já nessa altura sentíamos orgulho na cartografia portuguesa, a qual é uma referência já há séculos! De referenciar é a existência de uma app do IGEOE que podem instalar para consultar informação, parte de forma gratuita.

Mal cheguei a casa tratei de estender todas as folhas no chão (limpo!) e analisar com atenção. Algumas actualizações, como é normal, e algo que me surpreendeu e passo a mostrar.

Lembram-se daquelas crateras que veem na Serra de Sicó? Bem, lembrei-me de fazer algo de simples mas poderoso em termos visuais. Foquei com a máquina fotográfica cada uma das folhas da Carta Militar numa área em especial, a área afecta às pedreiras na Serra de Sicó e ordenei as versões em termos temporais. Do nada passou-se a...

Mas em vez de dizer mais, digo apenas para verem com os vossos próprios olhos a evolução das crateras:

1947


1984


2003


2019



Fonte: excertos dos meus exemplares da carta militar do IGEOE, folha - Pombal


E daqui a mais 15 ou 20 anos, como será! Pois... Daqui a uns dias volto à carga, já noutra área de pedreiras.

11.10.21

Sair, descobrir, usufruir, sentir!

 




Foi há coisa de 19 meses que fiz um comentário daqueles que nem todos conseguem perceber, já que exige algo que é cada vez mais escasso, ou seja capacidade para parar e pensar. Actualmente somos bons a pegar no telemóvel e a passar horas a fio a ver conteúdos ocos. Somos maus a pensar de forma crítica, a planear e a gerir Sicó. Alguns têm provas dadas em gerir para mais tarde colher...
Mas não é de coisas tristes que venho aqui falar. Como podem ver pelas três fotografias, é para falar de coisas alegres que aqui venho escrever uns parágrafos. Estas fotografias foram tiradas há umas semanas aquando da minha última visita a Ansião. Mesmo nos locais mais improváveis há beleza para descobrir. Não se admirem a última fotografia não estar no ponto, já que a máquina é nova e ainda há aspectos a melhorar com o tempo. Não falta "matéria-prima" para fotografar, portanto...
Após estes 19 meses, o panorama é, felizmente, outro. O pior já passou e a retoma já está em marcha. Os novos autarcas, sejam eles reconduzidos ou novos no cargo, já tomaram posse, portanto serão meses especialmente determinantes para a região de Sicó. Há muito em jogo e será nos próximos meses que tudo se irá conjugar, seja no bom ou seja no mau sentido. Boas decisões resultarão em desejados frutos para a nossa região e más decisões resultarão em coisas menos positivas para o futuro de Sicó.
O futuro, esse cabe-nos moldar no bom sentido, portanto é cada um de nós meter mãos à obra para que a região recupere os anos de atraso que tem, enquanto região, e os municípios mais atrasados nesta "corrida" que é o desenvolvimento territorial igualem os que estão mais à frente neste e noutros domínios. E denunciem o que está mal, sem receios! Eu sou a prova que denunciar o que está mal tem resultados muito positivos para a sociedade. E não se iludam, as capelinhas não são nada boas. Se um município vizinho estiver menos bem, isso tem também impactos negativos nos municípios mais próximos.
No que me toca, ainda não se como as coisas vão ser. O facto de ser alguém muito activo em prol do património criou muitos anticorpos em muitos municípios e não só, daí conseguir projectos na região ser algo de muito difícil. Não me arrependo de nada, muito pelo contrário, é um preço que sempre aceitei pagar, pois o património merece o sacrifício. Talvez com este novo ciclo as coisas mudem, mas se não mudarem terei, para minha tristeza, outras regiões ou países para desenvolver projectos, à falta de Sicó. A ver vamos...
Agora um desafio, saiam e usufruam da nossa bela Sicó. Esteja sol ou esteja chuva, esteja calor ou esteja frio é sempre possível desfrutar as belezas desta região! E o Outono é das mais belas estações, onde a transição nos traz muito "alimento" para a vista, que nos alegra o coração. E não se preocupem com o que os outros dizem de vocês, mesmo que vos vejam no meio do monte a mandar um berro de alegria!

6.10.21

As máquinas do tempo existem, sabiam?


Pode parecer uma fotografia pouco ou nada estética, que não vos diz nada, contudo, e pelo menos para os da minha geração (além dos mais velhos do que nós, obviamente), esta imagem consegue ser uma verdadeira máquina do tempo, transportando-nos para outros tempos. É boa a sensação que esta fotografia causa, não é?
Uns vão pensar nas belas pasteleiras Ye-Ye, outros vão pensar nestes emblemáticos cabos elásticos para prender objectos (o verde era dos mais comuns). Actualmente é raro ver disto, mas há quem, como eu, goste de ambos, daí ter comprado há uns tempos estes cabos elásticos para colocar na minha pasteleira Ye-Ye. Porquê? Não, não é para ficar mais bonito, mas sim para prender o saco das compras no suporte. Não sou de recuperar as coisas antigas só porque sim, só para inglês ver, mas sim porque gosto destas "coisas" e de as utilizar nos meu dia-a-dia.
Tenho 5 bicicletas, cada uma delas de estilos diferentes, mas esta é a que me alegra mais e que mais gozo me dá pedalar. Não a adquiri para a meter num museu, mas sim para a utilizar. É a que tem a melhor posição para pedalar, algo que não seria expectável para muitos. Todas as semanas sai para uma voltinha de lazer ou simplesmente para ir às compras.
Passam agora 2 semanas da Semana Europeia da Mobilidade. Não quis elaborar este comentário na altura, pois havia uma saturação do assunto, preferi escrever estas linhas agora, para ser um assunto do dia-a-dia e não algo só falado no dia X ou Y. É bom falar desta temática regularmente e despreocupada.
É maravilhoso sentir o efeito de uma bicicleta a vários níveis, desde a alegria de pedalar sem pressas, até ver miúdos e graúdos olhar para mim, espantados, em cima de uma bicicleta histórica. Detecto facilmente as emoções daqueles mais velhos que, ao passar por eles, sentem esta máquina do tempo causar emoções antigas. Isso vê-se bem no olhar deles. 
E, claro, é ainda melhor passar por umas bombas de gasolina e não estar preocupado com as constantes subidas do preço dos combustíveis. Toca a pedalar, seja para exercitar, seja simplesmente passear ou ir às compras (e com isso exercitar...). Mesmo que não seja todos os dias, experimentem um dia ou outro que irão ver quer gostam e que isso tem apenas reflexos positivos!

28.9.21

Resmas de livros excepcionais!

Hoje a lista é bem extensa, essa é que é. O último mês foi dos mais ricos que tive em termos de livros que entraram na minha biblioteca pessoal, a qual paulatinamente vai crescendo com obras que considero excepcionais. Claro que nenhum deles padece do desacordo ortográfico. Os que padecem desse cancro ficam por comprar, já que recuso comprar quaisquer conteúdos que afectem a dignidade da língua portuguesa. Sugiro que façam o mesmo!

Há alguns dias trouxe aqui um achado, sobre o Castelo de Pombal, mas agora, e após mais 3 visitas ao alfarrabista, trago mais uns quantos achados. Conímbriga, Penela, Sé Velha de Coimbra e Mosteiro da Batalha. São obras que nos próximos dias irei devorar com os olhos e tratar de preservar para aguentarem mais umas décadas nas prateleiras.







Depois destes achados extraordinários, passo a divulgar mais uns quantos bons livros que adquiri.  O próximo em destaque é sobre o PNPG, o Parque Nacional da Peneda-Gerês. Não havia volta a dar que não trazê-lo comigo. 

Este surgiu do nada, já que não esperava encontrar-lo por entre aquela imensidão de livros. Julgo que basta ver o nome do visado nesta obra para perceber o interesse desta obra.

Uma perspectiva diferenciada, tal como eu gosto. São obras diferenciadas que nos enriquecem e contribuem para uma maior bagagem ambiental. Dei uma olhadela e percebi que valia a pena.


É um livro com alguns anos, mas que, mais uma vez, traz consigo perspectivas e conhecimentos complementares sobre algo que me interessa.

Resinagem, tema que já aqui falei por duas vezes, mas que importa saber mais, para mais tarde voltar a falar. Este foi um belo achado a um preço bem catita. Faltava-me um livro sobre esta temática. E logo tão abrangente...

Deveras interessante, deveras importante esta temática das sementes. Já agora, e de forma a complementar, conhecem a "Colher para Semear"? É uma temática fundamental que importa conhecer cada vez melhor, daí a aquisição deste livro.

Este último livro foi uma bela oferta de um alfarrabista com o qual tive o privilégio de falar sem pressas. Não é todos os dias que se tem a sorte de poder falar com alguém com tamanha bagagem cultural e livreira. Senti-me insignificante perante tal senhor, tal a sabedoria emanada. Só quem aprecia a sério livros é que percebe o que isto significará. 



Há quem se orgulhe de ter um carro xpto e há quem se orgulhe das aparências. Eu orgulho-me da minha biblioteca pessoal e orgulho-me das coisas simples da vida como por exemplo andar de bicicleta no dia-a-dia.