5.3.18

Memórias com os dias contados...


A imagem não é a melhor, já que além de ter sido registada ao final do dia, foi registada com um telemóvel, contudo serve o meu propósito. Não vou dizer onde é, de forma a que fiquem com a pulga atrás da orelha e fiquem mais atentos aos recantos que ainda não foram arrasados por uma qualquer construção (e que irá inevitavelmente ocorrer neste local, mais tarde ou mais cedo...).
Fica num terreno sobranceiro a uma rua que conheço há quase 40 anos e pela qual já passei milhares de vezes. A esmagadora maioria das pessoas passa ali de carro. A pé são menos e do outro lado da rua. Algumas passam por ali e vêm estes antigos tanques de lavar roupa, mas, os mais novos, e alguns mais velhos, que não dali, não sabem o como, quando e porquê. 
Tive a sorte de quando ali ia a passar me deparar com uma pessoa conhecida e já de idade, que vive mesmo ao lado. Como ela me viu parado a contemplar aquele património, meteu conversa. Foi assim que descobri o como, o quando e o porquê. Já por várias vezes tinha reparado neles, contudo nunca tinha parado o tempo suficiente (há tanto para ver...) e nunca se tinha conjugado estar ali a pessoa certa na altura certa. Há coisa de 60 anos aqueles tanques eram utilizados pelos populares, tal como acontecia noutros tanques pela região de Sicó. Os tempos mudaram e a função dos mesmos deixou de ser actual nos moldes em que então era. Ficaram ali esquecidos e irão ficar até que o dono do terreno ache por bem investir na construção de um prédio, já que é um local muito favorável para isso. Depois disso serão apenas uma memória presente na mente de alguns. Com sorte ficarão imortalizados através de alguma foto que poderá eventualmente ganhar protagonismo num qualquer "memorial" informal.
Fica o desafio a cada um de vós para que andem a pé pelas vossas vilas e vejam tudo com olhos de ver, já que há cantinhos destes um pouco por todo o lado e que valem a pena contemplar. Depois é reflectir sobre o que andamos a fazer ao espaço urbano (descaracterização...) e perceber se parte deste património não pode ser salvo e/ou incluído no espaço urbano. Sim, é possível pegar no que de bom temos, do passado, e fazer o futuro com esse património integrado..

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