In: Diário de Leiria, 31 de Agosto de 2008
Confesso que era para adiar para a próxima semana este post, mas como me aconteceu um percalço hoje (fui até um local em Penela para tirar fotos para um post e não tinha nenhum dos 4 pares de pilhas recarregáveis ok....) troquei a ordem das coisas.
Começando então, estava eu a ver um suplemento do Diário de Leiria datado de 31 de Julho de 2008, quando vejo algo que não fosse conhecer profundamente, teria passado como notícia verdadeira. Refiro-me então à dita praia fluvial de Maçãs de D. Maria (Alvaiázere), a qual é retratada neste artigo, no qual são retratas outras praias fluviais da região (estas sim de uma forma que corresponde à verdade). Não sei quem forneceu as informações ao Diário de Leiria, mas estas informações carecem de imprecisão grave, a qual desprestigia as gentes de Maçãs de D. Maria, já que a nota que este jornal faz sobre a praia fluvial de Maçãs de D. Maria é enganadora para o leitor (a incorrecção da notícia deve-se não ao jornal, mas sim a quem forneceu os dados de forma irresponsável...) , o qual pode sentir-se tentado a lá ir e ver e ficar desiludido por não haver praia fluvial...
Esta notícia diz que um dos cartões de Alvaiázere é esta praia fluvial, criada há mais de uma década, diz também que prima pela qualidade da água e pelas infraestruturas que atraem visitantes. Isto não corresponde inteiramente à verdade, já que o que lá existe é bem diferente:
Em primeiro lugar a única informação verdadeira é que este espaço foi criado há dez anos, tudo o resto não corresponde às informações que de forma irresponsável foram fornecidas ao Diário de Leiria, jornal que leio felizmente muitas vezes. A dita qualidade da água não existe, já que a mesma esteve inquinada por uma pocilga durante vários anos, apenas à poucos meses foi remendado este problema com a construção de uma etar a montante deste local. Mesmo neste momento a água não terá a dita qualidade, já que o leito de estiagem (quantidade) é diminuto para garantir uma boa qualidade.
As ditas infraestruturas tiveram um investimento aproximado de oito mil contos e as mesmas não foram terminadas, são há anos apenas ruínas que se apresentam como um sério perigo à integridade física de quem lá vai, servindo apenas como local de bebedeira e outras coisas menos indicadas...
Os visitantes são raros, pois apenas se pode andar no sector a montante da ponte das Cabeças, as margens para montante e para jusante são muitas vezes inacessíveis....
É pena que um local idílico como este esteja ao abandono, representando em pleno o bluf político (muito rastilho e pouca pólvora) a que temos assistido em Alvaiázere nos últimos anos, é uma riqueza que poderia bem ser um motor de desenvolvimento para a freguesia de Maçãs de D. Maria, bem como para Alvaiázere. Especialmente os Maçanenses mereciam melhor e não a situação actual!
Pessoalmente acho esta situação o modelo do que se tem assistido em Alvaiázere, especialmente nos últimos 3 anos, onde a estratégia passa por dizer que há valores A, B, C, D etc e depois os mesmos estão na situação da dita praia fluvial de Maçãs de D. Maria, ou seja ao abandono e desprezo, é lamentável que assim seja. Ou seja diz-se que há muito património e depois ou não se faz nada em prol do mesmo ou apoia-se projectos que ajudam à depredação dos mesmos... É a dita política!!
Enquanto técnico ao serviço da Câmara Municipal de Alvaiázere (1 de Dezembro de 2004 a 7 de Março de 2008) tive a oportunidade promover de alguma forma esta área ribeirinha, o último radical de Alvaiázere foi lá e as pessoas adoraram, vos garanto! Na altura propûs um estudo para uma praia fluvial no Conhal, a montante da ponte de Cabeças, já que na dita praia fluvial de Maças de D. Maria não há as condições ideais para uma boa praia fluvial, apenas um local de descanso e actividades várias, já que não tem sol, espaço, estacionamento etc. No Conhal há essas condições, além de haver uma série de casas para recuperar que dariam para criar algo de muito bonito, vos garanto! Para toda esta área estava (até ser dispensado...) a estudar a implantação de um percurso pedestre, o qual tem de ser muito bem pensado devido à capacidade de carga do local (nº de visitantes que poderia receber sem que o habitat entrasse em "colapso").
Pena é também que a cimenteira projectada para esta área vá afectar de forma grave esta área ribeirinha, já para não falar da futura barragem para ali pensada, ainda dentro dos limites de Figueiró dos Vinhos....
Há por aí uns profetas da léria dos dr´s, que apoiam e/ou criam projectos para criação de empregos de forma irresponsável, pena é que em vez de apoiarem e/ou criarem projectos para a criação de empregos que potenciam o vasto património existente na região das Terras de Sicó, apoiem e/ou criem projectos de criação de emprego que apenas destrói e património existente na região, onde além disso a maioria dos postos de trabalho não são para os residentes (é bom que isto seja dito). Já para não falar em projectos onde estes autointitulados profetas têm interesses e com isso rendimentos fabulosos....
A região Terras de Sicó tem possibilidade de criar muitos empregos, mas para isso não é necessário destruir os valores que dão valor à região!
Como nota final, apesar de afinal não ser praia fluvial, aconselho vivamente a todo/as uma visita a Maçãs de D. Maria, lá podem perguntar a melhor forma de irem visitar a área ribeirinha da Ribeira de Alge. Pessoalmente e como profissional na área ambiental, considero aquela área um tesouro natural!
Deixo-vos o link de um blog que fala (num post) sobre esta área, é de um especialista em vegetação que actualmente está a fazer um doutoramento:
Próximo tema (muito provável): o Castelo do Germanelo