28.8.18

O vício saudável da leitura...


Há poucos anos ouvi uma frase que na altura me parecia única, ou seja algo como que viajar era a única coisa em que gastando dinheiro se ficava mais rico. À primeira vista tinha a sua graça, contudo viajar não é, de facto, a única coisa em que, gastando dinheiro se fica mais rico. Gastar dinheiro em livros é igual!
Estas são as aquisições mais recentes, todas elas sem vestígios de "acordo" ortográfico, respeitando assim o nosso maior património, a língua portuguesa.
O primeiro livro, traduzido do original, retrata uma realidade diferente daquela a que estamos habituados, sendo, portanto, uma perspectiva a ter em conta para o enriquecimento pessoal.
Segue-se um autor que, para mim, dispensa apresentações, dada a sua importância para a geografia portuguesa, Orlando Ribeiro, uma leitura obrigatória para quem, como eu, gosta deste país.


"Off the map" é mais uma perspectiva diferente, que enriquece quem se dedica a conhecê-la. Descobri este livro por acaso, numa visita relâmpago a uma livraria. Nem precisei de pensar muito!


Porque em francês também se aprende e se relembra parte do que já anda meio esquecido. Um livro curioso e em conta.


Mário Vale é um nome meu conhecido, já que foi meu professor durante a primeira metade da licenciatura, daí, e pelo facto de ser uma referência, ter sido com naturalidade que peguei neste livro e o juntei à minha biblioteca pessoal.


Mais uma vez uma perspectiva diferente com o "history of nations", daí o interesse nesta obra que captou a minha atenção. Espero ter tempo nos próximos meses para devorar esta obra.


23.8.18

Cortar ou não, eis a questão...


É mais um assunto que acompanhei de longe, por ter estado ausente de Ansião durante umas semanas. Tal como no último caso que destaquei aqui no azinheiragate, apenas agora, já depois de ter ido ao local, venho então comentar o caso e dar a minha opinião.
Para quem não sabe, ali naquele passeio, onde está aquela calçada mais branca, estavam árvores, se bem me lembro tílias. Trata-se apenas de um troço de passeio problemático em frente ao centro de saúde de Ansião. Durante anos a fio foi um problema a localização destas árvores, já que estavam posicionadas no meio do passeio e tornaram-no intransitável a cadeiras de rodas, dificultando também a locomoção de pessoas com algum tipo de dificuldade. Quem, como eu, teve de ir com doentes aquele centro de saúde sabe o calvário que era. É apenas um exemplo de mau planeamento do arvoredo que se vê pela Vila de Ansião, típico de tanta vila ou cidade portuguesa...
Possivelmente tendo em conta esta situação, a autarquia local terá decido proceder ao corte destas 3 ou 4 árvores, ficando tal como a foto mais actual o mostra. Isto levou a algumas críticas, umas honestas e outras nem por isso.  Digo que outras "nem por isso" porque estas últimas foram feitas por algumas pessoas que no início de 2017 nada disseram nas redes sociais sobre uma outra situação, em Chão de Couce. Uma delas, que há poucos dias me mandou uma indirecta, que nem ex boy da jota, num jornal propriedade de vários elementos de um partido político, nem chilrreou aquando do abate daquela árvore monumental em Chão de Couce, armando-se agora em rouxinol da denúncia. Será que a perda do ninho muda assim tanto alguém? Será que bebeu demasiada água poluída ali pelos lados do Alvorge?! A bela da politiquice hipócrita... Já li também curiosos comentários de duas destas pessoas em especial, as quais ainda há poucos meses desesperavam com as minhas críticas e que nos últimos meses têm mandado umas indirectas a ver se colam, pensando agora que me podem dizer quando é que comento o que eu entendo no azinheiragate, de forma a fazer-lhes um frete político. A eles, em especial, digo apenas uma coisa que um amigo meu, curiosamente da mesmo cor política deles, embora sem historial de cargos de nomeação política, dizia sobre mim, de forma séria, imparcial e honesta, ou seja que eu não faço favores a ninguém... Não tenho filiação partidária ou sequer preferência partidária, lamento desiludir-vos rapazes! Sim, eu sei que, para vocês, sou persona non grata. Grato pelo elogio e se a azia ainda não passou... temos pena! 
Quanto às críticas honestas, uma das que ouvi foi de que a retirada das árvores notou-se bem, algo que posso confirmar, já que à parte de ter estudado estas matérias (em espaços verdes e em climatologia local), já vivi numa cidade onde notei bastante, em termos de barulho, a retirada de duas árvores de pequena dimensão da rua à frente do edifício onde estava (uma barreira verde consegue reduzir o barulho cerca de 30% e diminuir a temperatura no Verão cerca de 2 ou 3 graus, dependendo do espaço verde). Outra das críticas que li nas redes sociais é que se devia ter transplantado estas árvores. Quanto a esta última questão, discordo, já que se trata de uma operação complexa que, no meu entender só se justifica se a árvore tiver valor botânico/patrimonial de realce, o que não é o caso.
Quanto à retirada/abate destas 3 ou 4 árvores, concordo com a decisão, já que além do mau estado do passeio, era muito complicado para alguém de cadeira de rodas ir ao centro de saúde. Ou seja, a acção foi justificada e focada onde o problema tinha maior relevância. Há outras ruas onde o problema é semelhante, contudo é diferente daquele troço de passeio adjacente ao centro de saúde. Claro que ninguém gosta de ter de cortar árvores, mas nalguns casos é a opção mais acertada, como foi o caso. Acontece também ter de cortar árvores que destroem as canalizações.
Por uma questão de curiosidade, pedi uma segunda opinião a um colega geógrafo, que fez comigo a disciplina de "Espaços Verdes", ainda no tempo da nossa licenciatura, mas que depois se especializou, através de um doutoramento, em botânica. A opinião dele coincide plenamente com a minha, algo que eu esperava.
Como mitigar a questão. Há duas hipóteses, a primeira duvido que agrade a alguns dependentes do popó, já que inclui a perda de 2 ou 3 lugares de estacionamento (onde novas árvores poderiam ser plantadas). A segunda poderia passar por plantar novas árvores nos espaços verdes ali existentes, como por exemplo um dentro do perímetro do centro de saúde, a escassos 2 metros da antiga localização das árvores retiradas. Eu optaria pelo redimensionar do estacionamento, de forma a poder plantar várias árvores, entre estacionamentos, possibilitando daqui a uns anos a retirada das restantes árvores dos passeios, já que representam, de facto, um problema para a mobilidade e daqui a uns anos, quando aquela rua tiver  maior densidade de construção (inevitável...), o problema ganhará nova dimensão e voltaremos à mesma conversa.
Importaria também pensar agora na solução a médio prazo para outras ruas, estas menos problemáticas. Planeamento exige pensamento crítico, de forma a evitar o que agora se passou, por mera falta de planeamento na década de 90 (na rua em causa) e antes disso (noutras ruas).



18.8.18

Restaurado? Olha que não, olha que não...


Era um ícone patrimonial com o qual me cruzei literalmente milhares de vezes, algo de normal sendo eu de Ansião. Era um dos ícones de Ansião, surgindo sempre destacado nas pesquisas na internet, e não só, sobre Ansião ou sobre o turismo desta região. Há poucas semanas tudo mudou, pois o painel histórico foi destruído, dando lugar a um novo painel. Era um elemento patrimonial de grande importância, daí a compreensível polémica que se seguiu após a destruição do painel de azulejos.
Acompanhei este caso ao longe, facto que não me permitiu falar sobre o caso até agora. Contudo fui falando com algumas pessoas e percebendo o que se passou. No fim-de-semana das festas de Ansião voltei finalmente ao meu habitat, do qual não me consigo separar, e fui fazer o necessário reconhecimento.
Após este regresso a Ansião estou então em condições de comentar o caso, fazendo desde já uma ressalva importante, a de que irei separar este comentário em duas partes:

1ª parte - Pelo que me foi dito, não era suposto isto ter acontecido, contudo, e infelizmente, o tempo não volta atrás e o painel original está perdido, não havendo volta a dar... Qualquer intervenção naquele painel deveria em primeiro lugar ter sido publicitada, havendo necessidade de informar os munícipes e, caso houvesse alguma intervenção de fundo a fazer, esta deveria ser debatida pelos cidadãos, tal como acontece noutros países relativamente a estas questões. A Câmara Municipal de Ansião falhou na gestão desta desastrosa intervenção, a qual resultou na perda de um elemento patrimonial único. Sei que já reconheceu o erro, contudo, e tal como já referi, não há volta a dar, a perda total do painel é permanente e definitiva, algo que lamento profundamente. 
Prosseguindo, gostaria de saber quem foi a pessoa que cometeu este atentado ao património, já que há uma lei recente que, teoricamente, protege o património azulejar, algo que não aconteceu. Como é possível alguém que lida com azulejos seja, em vez do seu salvador, o seu destruidor? Que competência profissional tem a pessoa que fez esta intervenção desastrosa?! Esta pessoa deveria ser impedida de lidar com património azulejar, de forma a prevenir mais destruição do nosso património azulejar! Deveria ir directamente para uma lista negra, onde estivesse o nome de todos aqueles que trabalhando na área, atentassem contra este património azulejar. É certo que a Câmara errou, mas seria de esperar que quem fez aquilo dissesse como as coisas têm de ser feitas e dissesse preto no branco à Câmara que aquele painel não poderia ser destruído sequer. Além de não o ter feito, é responsável pela destruição daquele painel de azulejos e de um dos ícones patrimoniais da Vila de Ansião. E depois ainda teve a lábia de escrever no novo painel que foi restaurado...
O painel original estava a precisar de uma intervenção, já que a área proximal à torneira, em baixo, estava um bocado degradada, mas nada de irrecuperável! As técnicas actuais já possibilitam isso mesmo, desde que a intervenção seja feita por uma pessoa credenciada e competente. Uma breve intervenção resolveria e manteria o painel durante mais umas décadas sem problemas de maior.


2ª parte - Quando isto aconteceu, surgiu a natural reacção dos ansianenses, umas mais honestas, outras nem por isso. Digo "nem por isso" porque se há coisa que me irrita é a hipocrisia. A crítica é bem vinda, a hipocrisia não! A crítica aponta os problemas e contribui de forma decisiva para que actos como este não se repitam, ganhando todos com isso. A hipocrisia não faz nada além de mostrar o quanto incoerentes algumas pessoas podem ser.
Nunca pensei que no espaço de poucos meses algumas pessoas que se mantinham caladinhas aquando de outros casos, de destruição de património, se transformassem em proeminentes activistas do património. A politiquice tem destas coisas. 
Vi dois casos em especial. O primeiro de uma pessoa que até há poucos meses não tinha esta veia de activista do património, na forma de denúncia pública em Ansião. "A primeira coisa" que fez foi fazer-se membro de um grupo do facebook do qual até então não fazia parte, o "Azulejos de Portugal", onde denunciou o caso. Será que se isto tivesse acontecido há uns meses teria feito o mesmo? Fica a questão...
O outro caso foi o de um ex vereador, que, postou na sua página do facebook a notícia sobre o caso, que constava no Jornal de Leiria, afirmando "e assim se faz notícia da minha terra na imprensa regional!". A hipocrisia fê-lo estar calado durante anos, enquanto dezenas de casos ligados à destruição do património em Ansião saíram na imprensa regional. A bela da hipocrisia no seu auge. Aposto igualmente que se este caso se tivesse passado há alguns meses, o indivíduo em causa nada diria de forma pública. Exemplos como estes mostram o quanto hipócrita pode ser a política, ou mais precisamente a politiquice. Aplaudo a crítica, condeno a hipocrisia! Aplaudo a política, condeno a politiquice! Eu já me deixei de politiquices há muitos anos e não foi por mero acaso...


13.8.18

Vejam o que perderam este fim-de-semana! Roam-se de inveja...

Este fim-de-semana ocorreu mais uma edição do cortejo alegórico, em Ansião, nas festas do concelho. Trata-se de um evento que é simplesmente excepcional, onde o associativismo mostra a sua saúde e pujança e nos honra com belos carros alegóricos. Não há vencedores, pois todos são vencedores, há sim sempre um ou dois que, por um qualquer motivo se destacam. 
No cômputo geral, foi um desfile muito bom, onde se mostrou que também o simples pode ser fabuloso. Havia carros menos e mais elaborados, todos eles cumpriram os objectivos. Todos estão de parabéns e se devem sentir orgulhosos. 
Estranhei o novo trajecto do cortejo, mas confesso que gostei do mesmo, sendo, para mim, um trajecto que favorece mais o cortejo e quem está a ver o cortejo.
É sempre complicado destacar os tais carros que se destacam mais, até porque por vezes se trata de uma questão de gosto ou sensibilidade. Destaco dois, sem querer parecer injusto para com os outros, já que, como atrás referi, são todos vencedores. O carro da Torre (segunda foto e primeiro vídeo) e o carro da ALN (sétima foto e segundo vídeo). O carro da ALN surpreendeu-me bastante, dada a brilhante ideia que tiveram (que bela obra de arte!). É mais uma peça de museu, para ser exposta num espaço digno do mesmo.
Resumindo, é um orgulho ver tudo isto, e é um orgulho ter um associativismo que nos brinda com o que de melhor tem. Eu tive a oportunidade de observar com atenção todos os pormenores dos carros antes de eles entrarem na "arena", algo que enriquece ainda mais a experiência. Deu para ver pormenores fantásticos, que mostram bem a dedicação do pessoal em prol do património e da cultura. Quem não teve a oportunidade de ver este cortejo alegórico deve estar arrependido de não ter ido. O remédio? Simples, vir ao próximo cortejo alegórico, numa próxima edição...















9.8.18

Diziam eles que o granito era melhor do que o calcário porque não partia...


Há uns anos, aquando as obras de regeneração urbana, na Vila de Ansião, que descaracterizaram a identidade da mesma, com a utilização de granito onde afinal o calcário é rei e senhor, manifestei o meu profundo desagrado pelo facto, bem como pelo processo de participação pública, que serviu apenas para inglês ver. Apontei os factos, centrando-me fundamentalmente na perda de identidade causada por obras chapa 5, que utilizaram materiais que nada têm a ver com a identidade local, num claro desrespeito pela mesma. De uma forma muito resumida, aquando obras de regeneração urbana, os traços identitários têm de ser respeitados e, por isso, todos os materiais têm de ser devidamente enquadrados, integrados e a população tem de ser ouvida, de facto. Digo de facto porque, de facto, não foi isto que aconteceu. Foram pedidos contributos, contudo as obras estavam prestes a começar, impedindo assim a aplicação da esmagadora maioria dos contributos. Resumindo, foi um processo que basicamente não serviu para nada a não ser para que se pudesse dizer que a população tinha dado o seu contributo, quando, de facto, isso não ocorreu na sua globalidade. A população não teve a oportunidade de se sentar antecipadamente a uma mesa com os autarcas, técnicos autárquicos e empresa que fez a obra, de forma a debater a obra...
Nessa altura, e tendo eu criticado a utilização de granito, em vez de calcário, houve algumas vozes que afirmaram que o calcário partia/degradava facilmente, mesmo que sem competências técnicas para afirmar seja o que for, de forma séria e justificada, sobre as propriedades destas rochas. Eis, que, passados poucos anos, está à vista o conhecimento desses sabichões da tasca. Como se costuma dizer, uma imagem vale por mil palavras...

5.8.18

Precisamos de fontes!


Já tinha a foto deste engenho, situado em Soure, guardada há uns tempos no arquivo de fotografia para o azinheiragate. Os últimos dias têm sido complicados, tal a temperatura, a qual castiga o corpo sem piedade. Novos e velhos todos sofrem com esta vaga de calor que nos lembra que é Verão.
É a melhor altura para lembrar algo de muito importante. No meu tempo de miúdo era normal encontrar uma fonte pública para matar a sede em dias de calor. Isto em meio urbano, ou então outras fontes em meio rural. Quando se anda no campo é fabuloso saber que há uma fonte por perto. Em miúdo até se podia beber água, com uma folha de couve, dos riachos sem receio de ser envenenado por um qualquer veneno, algo de impensável nos dias de hoje... 
Nos últimos anos a tendência tem sido o desaparecimento de muitas destas fontes públicas, sejam ligadas à rede pública ou não, algo que me preocupa a vários níveis. Actualmente é ver várias destas fontes seladas, sem torneira a embelezar, enquanto que outras entretanto criadas estão em mau estado. Lembro-me inclusivamente de no início deste ano ter alertado uma autarquia para o mau estado de algumas das fontes públicas. Ou outra, que perdia água de uma forma galopante. Esta última foi prontamente arranjada e algumas das outras já funcionam normalmente.
De qualquer das formas, e como qualquer um de vós poderá constatar, são bastantes as fontes, algumas bem antigas, que simplesmente são uma recordação do passado. Estes dias com temperaturas acima do que o organismo está habituado, deviam relembrar-nos a todos a necessidade imperiosa que é ter fontes públicas em pleno funcionamento, um pouco por todos os núcleos urbanos, de forma a que locais ou visitantes possam beber a tão necessária água e não precisem de ir a uma loja comprar garrafas de água de... plástico. Não há nada como poder beber água numa fonte pública sempre que precisamos. Se há memórias fabulosas que tenho, algumas delas têm a ver com o rodar do engenho, até que surja água fresca para beber. Infelizmente alguns destes engenhos têm sido roubados... E mesmo em meio urbano não há nada como encontrar uma fonte pública e ter o privilégio de ter uma torneira com água pronta a beber.
Por isto e por muito mais fica o desafio para o recuperar das fontes públicas, relembrando igualmente da necessidade de preservar os recursos aquíferos!