Vi-os ali, no chão, esquecidos e desprezados. Não os quis
deixar acabar de apodrecer e decidi ir buscar um balde, de modo a que as
galinhas pudessem ter um lanche diferente. Já na capoeira peguei na faca e
comecei a cortar os pêros em bocados. Fui apanhado de surpresa, pois afinal
eles não estavam podres por dentro. Fiquei chateado, pois já era tarde demais
para os comer. Sabia que o sabor destes pêros era indiscutivelmente melhor do
que a muita da fruta que encontro nos super e hipermercados. Não é tão bonita,
mas é muito mais saborosa, saudável, pois é verdadeiramente biológica, e é de
uma variedade tradicional.
Felizmente que há associações várias que têm sabido trazer
esta questão a bom porto, mesmo sabendo que há muito caminho a percorrer.
Por enquanto ainda vamos tendo muitas variedades
tradicionais, no entanto, e caso não façamos nada, estas continuarão a senda do
esquecimento. Empresas como a Monsanto agradecem o esquecimento, no entanto há
que incentivar o culto pelas variedades tradicionais, pois estas não servem, em
primeiro lugar, para tornar empresas ainda mais ricas e acéfalas, mas sim para
apurar o que a Natureza tem de melhor e para melhorar a nossa saúde numa época
onde muito é denominado por alimento não o sendo...
À parte destes peros, tenho-me deliciado com a bela da
amora, que por esta altura se encontra à nossa espera um pouco por toda a Sicó,
à beira de caminhos pouco frequentados. Atenção que há quem coloque veneno em
alguns locais!
Muito brevemente serão os figos a preencher a minha agenda
gastronómica. Onde houver figos pingo de mel, lá estarei!