30.1.13

Falar de incêndios florestais no... Inverno!


Muitos só falam desta questão literalmente no calor do Verão, época em que parece que nasce um especialista por cada árvore existente na região. Dito de outra forma, todos falam, mas poucos sabem do que falam. Os que efectivamente sabem da coisa, raras vezes são ouvidos. 
Obviamente que também há aqueles que pensam que sabem, mas isso já é tema para outras conversas, fora da esfera pública...
Perguntarão alguns porque carga de água estou eu a falar de incêndios florestais em pleno Inverno, ao que eu respondo que é precisamente agora, com calma e ponderação, que se deve falar dos mesmos.
A melhor forma de combater os incêndios é prevenindo-os e isso faz-se fundamentalmente no Outono e no Inverno. Faz-se também (e fundamentalmente...) ordenando o território, mas isso é coisa que não dá votos e poucos, como eu, querem saber desta questão que vai consumindo Portugal, ano após ano.
A maior parte de nós lembra-se dos incêndios florestais apenas no Verão, especialmente se este estiver a chamuscar alguma propriedade nossa. Nessa altura todos se lembram dos bombeiros, uns de forma sã, outros nem por isso. Os que se lembram dos bombeiros de forma nada sã, são precisamente aqueles que não limpam os seus terrenos e, quando a coisa aperta, pensam que os bombeiros são omnipresentes e que se multiplicam como pão... Isto já para não falar daqueles que ameaçam que dão um tiro aos bombeiros, ou que os malham, tristes figuras (frequentes...) que se vêm neste Portugal e nesta região, digo eu...
Lembrei-me de falar nesta questão, a propósito de uma situação que vivi no último Verão, precisamente no local que as fotografias ilustram, um fundo de vale, plano. Ao chegar a este local, logo que entrei pelo terreno adentro, fiquei semi-enterrado em estrume quase até aos joelhos, coisa que até então nunca me tinha acontecido. Neste fundo de vale, foram depositados, ao longo de vários anos, centenas de toneladas de estrume de aviários próximos, daí a espessura de estrume ser enorme e daí eu, e outros mais, termos ficado inicialmente em maus lençóis. Este estrume esteve dias em combustão, o que torna bastante desagradável ficar-se semi-enterrado ali mesmo, literalmente no calor do momento.
A área é muito significativa, daí ter ficado perplexo com este crime ambiental, com vários anos, que foi posto a descoberto por um incêndio, também ele criminoso, digo eu...
É curioso voltar ao local de um incêndio meses depois, pois dá-nos uma visão diferente daquela que já tínhamos tido e pode também inclusivamente permitir leituras interessantes de como as coisas estão agora. 
A leitura que fiz foi simples, a de que este incêndio foi muito bom para a expansão do eucalipto num determinado local, pois áreas que até então estavam livres de eucalipto, estão agora prontas a receber o invasor. Eram áreas que estavam cheias de mato cerrado, e que o incêndio, de forma miraculosa, conseguiu limpar, e logo de forma gratuita e sem trabalho algum. 
É certo que também arderam áreas de eucaliptal, mas ali já é costume. Para variar, os que ali têm terrenos, pelo menos aqueles que ainda se importam minimamente com eles, chegam sempre à mesma solução brilhante, plantar eucaliptos, pois parece que só há destas árvores em Portugal. Espécies nobres, essas parece que não existem. O que se quer é plantar eucaliptos, supostamente para ganhar dinheiro, no entanto não se tem ganho dinheiro algum, pois recorrentemente as mesmas áreas voltam a arder. É o que se chama de inteligência, esta gestão da coisa...
É um comentário algo simples, mas cheio de conteúdo. Resumindo então, resta-vos agora limpar os vossos terrenos, pois até ao Verão têm todo o tempo do mundo!


25.1.13

Mixórdia de cores


É uma daquelas características que, gostemos ou não (eu até gosto), faz parte da nossa portugalidade. Falo, claro, das muitas cores que populam por entre o edificado da região de Sicó. Imaginação não falta, pois vê-se um pouco de tudo em termos de cores, umas mirabolantes, outras não tanto.
Num ano que se antevê muito difícil, há que dar mais cor a este cenário negro que nos assola.


As fotografias que destaco neste comentário são apenas ilustrativas de muitos exemplos que podemos observar ao fazer a ronda pela região. Pessoalmente, considero o branco a cor mais ajustada a Sicó, embora haja outras cores, pouco berrantes, que dêm conta do recado.
Há quem diga que gostos não se discutem, no entanto considero isso altamente discutível. Não pretendo com isto "condenar" seja quem for, pela opção que toma quando manda pintar a sua casa, pois afinal, e como já referi, isso faz parte da nossa portugalidade.


Com este comentário pretendo apenas retratar uma realidade da qual não podemos, nem devemos fugir. Muitos de nós até falam baixinho desta questão, no entanto não é vergonha alguma debater também esta questão, pois afinal estamos aqui é para falar da nossa região e de tudo o que aqui se passa e vê.
No que se refere a esta questão, considero apenas que os PDM´s deveriam acautelar, em certos aglomerados urbanos, um "código de cores", de forma a não permitir que se desvirtuasse a alma dos mesmos. Fora destes, a conversa já pode, e deve, ser outra, mas isso sou eu a falar...


20.1.13

Especulação imobiliária: o caso do Rabaçal


É uma imagem que muitos podem ver a cada vez que passam pelo Rabaçal, em Penela. É uma imagem que se repete dia após dia, e já há alguns anos. Mas porque será que isto acontece?
Um dos erros trágicos, no qual ainda se tenta insistir na região de Sicó, é o de que plantando betão no paraíso, se consegue o tão almejado desenvolvimento. Mera ilusão, digo eu. Mero negócio, dizem as Câmaras Municipais, que dependem em boa medida das receitas do IMI...
Estas obras, paradas há anos, são apenas um de muitos (maus) exemplos que podemos ver um pouco por toda a região. Promove-se a especulação imobiliária, e depois se vê. O rebentamento da bolha imobiliária, também em Portugal, está a mostrar, no concreto, que a especulação imobiliária é um erro que se paga caro. A agravante, na região de Sicó, é a de que esta especulação imobiliária tem desvirtuado algumas das mais valias da mesma, seja a componente paisagística, seja o património edificado, que naturalmente se vai degradando e, com isso, perdendo irremediavelmente. 
É, assim, natural, ver-se uma ruína a cada cantinho de Sicó, por recuperar, já que reabilitação não é palavra que tenha entrado no dicionário dos políticos que nos desgovernam e, há que dizê-lo, na maioria de nós, que preferem construir de novo em vez de recuperar o que já existe. Subsistem os estereótipos, um deles é o de que fica mais caro recuperar do que construir de novo. Mera ilusão, digo eu e cada vez mais pessoas, mero negócio, dizem os empreiteiros que apenas constroem de raiz. Por estas e por outras é que alguns empreiteiros, que nunca enveredaram pela reabilitação, foram abrindo falência...
Este exemplo que agora destaco, deve servir para que se debata também esta questão, já que a crise também se deve a isto mesmo.


15.1.13

A arte do azulejo na região de Sicó


Num dos meus muitos passeios a pé, de pura contemplação, vi, um dia, na fachada de uma casa, algo que me incomodou, daí chegar agora a hora de falar de um tema que até agora nunca tinha destacado. Falo, como já devem ter percebido, dos belos azulejos que ainda vão embelezando algumas casas um pouco por toda a região de Sicó. Seja um "mero" painel, ou uma fachada completa, é sempre bonito de se ver o belo do azulejo artesanal. 
Infelizmente é algo que se tem vindo a perder no tempo, daí ser normal constatar-se que em algumas fachadas já faltam alguns espessos azulejos, que vão aparecendo em feiras de antiguidades. Foi esse o caso que constatei há meses atrás na fachada que corresponde à segunda fotografia deste comentário.
Quanto à primeira fotografia, corresponde ao conhecido painel que embeleza o fundo da rua, em Ansião. Há muitos outros exemplos, no entanto mais tarde, e quando voltar a esta questão, retratarei os mesmos.
A arte dos azulejos é algo que tem tradição em Portugal, havendo ainda fábricas que vão levando a mesma ao longo dos tempos. Na região de Sicó há ainda alguns bons exemplos que importa destacar, mas para isso há que trazer novamente a palavra azulejo às conversas das pessoas. Basta um pequeno painel para embelezar uma casa ou um pequeno muro. Importa também referir que nestes painéis podem, e devem, surgir, motivos relacionados com a região, com o seu património e com a sua cultura.
Por vezes vejo o oposto do que estou aqui a falar, ou seja, casas revestidas a azulejo, mas daqueles que muitas vezes vemos nas casas de banho. Isso, quanto a mim, deve-se evitar...
Há que recuperar esta arte, do tradicional, e quem sabe, fazer surgir algum emprego com isso, através do artesanato local. Não é difícil criar um azulejo artístico, difícil é surgir alguém que queira aprender a arte com os mestres que ainda vão dando lições a quem as quer apreender.
Não sendo especialista nesta questão, aceitarei de bom grado sugestões para destacar em futuros comentários.
E não, não é assim tão estranho qualquer um de nós falar sobre esta questão. Isto por dois motivos, o primeiro é o de que qualquer pessoa que goste desta arte pode e deve manifestar-se sobre a mesma. O segundo é mais simples, é que muitos de nós, há muitos anos atrás, chegaram a  pintar azulejos, numa disciplina que nos fazia aprender coisas como esta. Quem se lembra?!


10.1.13

Uma farsa de centro de interpretação ambiental!


Antes mesmo de começarem as obras, já eu tinha ouvido dizer que mais tarde iria surgir ali um espaço de restauração, na forma de complemento ao centro de interpretação ambiental, algo que compreendi perfeitamente, no entanto a história não foi bem assim...
Confesso que fui apanhado completamente de surpresa com o final da história, sentindo-me agora, enquanto cidadão, ultrajado com o que acabou por acontecer.
Indo aos factos, e muito genericamente, há anos atrás, surgiu o projecto de um centro de interpretação ambiental, para a nascente dos olhos de água, em Ansião, a situar no lugar de um antigo lagar, o qual foi completamente arrasado. Findadas as obras, comparticipadas com fundos comunitários, estas foram então faustosamente apresentadas à comunidade ansianense. Tinha-se agora um espaço onde se poderia fazer muito pela educação ambiental, honrando também a nascente dos Olhos de Água.
Os meses foram passando e apenas passaram por ali meia dúzia de actividades, faltando uma verdadeira agenda de centro de interpretação ambiental, facto que, por várias vezes, cheguei aqui a criticar.
Mais uns meses e (re)começaram obras numa obra inaugurada com pompa e circunstância há poucos anos. Não estranhei tais obras, no entanto comecei a estranhar o rumo das mesmas. Já com estas mesmas obras terminadas, eis que tem-se um restaurante, algo de positivo, no entanto, eis algo que me intrigou,  o facto de não ver mais o centro de interpretação ambiental da nascente dos Olhos de Água.
E não é que o restaurante ocupou o espaço do centro de interpretação ambiental?! Fiquei chocado, pois fica-me a ideia que o centro de interpretação ambiental foi apenas o alibi para conseguir fundos comunitários para o que já não é efectivamente um centro de interpretação ambiental, algo que considero um escândalo. 
O que me choca no que, para mim, acabou por ser uma farsa, não é o facto de ali se ter agora um restaurante, o problema é ter-se utilizado a figura de centro de interpretação ambiental, quando afinal parece que a intenção nunca seria essa mesma no médio ou longo prazo. Quanto a mim, fica claramente a ideia de que o que sempre esteve pensado para aquele local foi mesmo um restaurante e não um centro de interpretação ambiental. Não me parece que se o projecto inicial tivesse previsto um restaurante, a coisa fosse aprovada, digo eu...
Será que a União Europeia, a mesma que aprovou os fundos para o projecto, saberá do rumo que este  "Centro de Interpretação Ambiental" tomou? Será isto legal, tendo em conta que o dinheiro veio com um intuito e agora o intuito é outro?
Além disto tudo, resta saber se é verdade o que me foi dito sobre o contrato de arrendamento, que só agrava o mal estar que sinto sobre uma situação que considero inaceitável do ponto de vista ético.
Em ano de autárquicas, eis um assunto que muito irá dar que falar. Naturalmente que isto passará também pela imprensa local e regional.
Eu não me conformo, resta-me agora saber a vossa opinião. Impõe-se agora o debate!


6.1.13

Pura cultura!




Conheço esta associação há coisa de 8 anos, e logo me apercebi do enorme potencial da mesma no domínio do património, mais especificamente da etnografia regional. Tive a oportunidade de falar muitas vezes com algumas das pessoas que, na altura, estavam à frente desta mesma associação, o que me permitiu, entre outros, conhecer o considerável espólio que tem na sua posse. Disse eu, num comentário há anos atrás, que merecia um (grande) museu próprio, dada a quantidade de objectos que representam a cultura de há muitas décadas atrás.
Eis que agora esta associação está a lançar o seu site, o qual me surpreendeu, dada a sua evidente qualidade e potencial em termos de divulgação cultural. É certo que está no seu início, mas mesmo assim este site promete, dado o seu extremo bom gosto e potencial informativo evidenciado. É então um site a colocar nos favoritos, pois prevejo-lhe um bom futuro, ganhando com isso o património a a cultura da região de Sicó.
Diria eu que este é uma excelente forma de começar a temporada 2013 de comentários no azinheiragate!