Este é um tema, estruturante, que gostava de ter falado há mais tempo, mas como há tanto tema pertinente a tratar, fui adiando este assunto, penso que até demasiado....
Desta vez falo sobre um assunto extremamente importante e que retrata na perfeição o insucesso daqueles que politizaram algo que nunca o deveria ter sido. A delimitação de regiões como a nossa (Terras de Sicó), deveria ter sido feito por aqueles que têm a competência técnica (não são apenas académicos...) para o fazer, isto para evitar problemas como aqueles que à frente farei referência. Quando fazemos uma busca na net sobre a Terras de Sicó, acabamos por ser encaminhados para o site da entidade "Terras de Sicó", surgindo a referência:
«O território "Terras de Sicó" situa-se na Região Centro de Portugal, englobando a totalidade da área dos Municípios de Alvaiázere, Ansião, Condeixa-a-Nova, Penela, Pombal e Soure em torno do maciço da Serra de Sicó, somando um total aproximado de 1.500 km2.»
Como complemento tem o respectivo mapa da área das "Terras de Sicó":
Fonte: http://www.terrasdesico.pt/territorio.php
Indo directamente ao assunto, esta delimitação não tem fundamentação alguma, seja do ponto de vista técnico seja do ponto de vista cultural. A ideia até era boa, mas a política desvirtuou tudo, já que este limite é apenas por interesse político, não correspondendo à verdade, algo que felizmente já muitos começam a colocar em causa de uma forma concreta.
Este é um problema comum em Portugal, em muitas ocasiões utilizam-se os limites administrativos para delimitar áreas particulares, caso das Terras de Sicó, mas isto revela-se como um franco constragimento ao sucesso de "todas" as medidas que visam o desenvolvimento da região. Os limites administrativos são então, no que concerne a muitas questões de índole territorial, um entrave ao desenvolvimento sustentável.
Penso que o mapa, que na altura mostrava de forma mais acertada os limites das Terras de Sicó, se encontra num livro obrigatório para aqueles que se interessam pela região de Sicó, em termos bibliográficos é citado assim:
CUNHA, Lúcio, ALARCÃO, Adília e PAIVA, Jorge (c/ col. - 1996) - O Oppidum de Conimbriga e as Terras de Sicó. Roteiro. Lisboa, 145 p.
Depois de o lerem e mesmo estando algo desactualizado (embora seja ainda um livro de referência obrigatório e que recomendo), vão perceber melhor o que digo sobre este problema que é a delimitação incorrecta da região "Terras de Sicó".
Para resumir, as Terras de Sicó deveriam estar delimitadas de acordo com a realidade, isto significa que a verdadeira "Terras de Sicó" é uma área muito diferente da que nos é apresentada. Além de apenas parte dos concelhos referidos ser efectivamente "Terras de Sicó", na envolvência do Maciço de Sicó, considero que parte dos Concelhos de Ferreira do Zêzere e Tomar (devido ao rio Nabão) também são parte integrante das "Terras de Sicó". o Caso de Tomar deve-se mais ao endocarso que ao exocarso (ver glossário ilustrado de termos cársicos), mas vários colegas meus concordam que é algo de lógico.
Basicamente temos aqui um problema bastante grave de gestão territorial. Para se tentar gerir e potenciar uma região com características muito específicas, delimitou-se uma fronteira (algo de bom), mas o que aconteceu é que estes limites foram politizados, não correspondendo na verdade aos verdadeiros limites. Apenas um terço (em termos genéricos) desta área é que corresponde à "Terras de Sicó" e parte da verdadeira "Terras de Sicó" nem sequer é considerada...
Além disto tudo, cada câmara gere o seu território como que se uma capelinha fosse (mesmo que não o digam), não existe uma gestão a nível intermunicipal a muitos níveis... algo que só agrava o problema.
Espero sinceramente que este problema seja resolvido no mais curto espaço de tempo, a bem do reconhecimento da região, pois infelizmente o que vejo são apenas projectos que se contradizem, diz-se que o turismo é uma aposta, mas, no entanto, surgem graves ameaças ao potencial que permitiu precisamente o valor acrescentado da região... Ameaças que vão deitar por terra muito do potencial da região. É realmente triste saber que em poucos anos a imagem que temos da região vai mudar de forma tão dramática em alguns locais tão bonitos, isto apenas pela ganância de gente que apenas se serve de nós. Muitos de vós podem pensar que o que estou a dizer é por dizer, mas em poucos anos vão ver.... e aí já não vai haver muito a fazer, pena é que assim vá ser. Tenho recebido informações que sinceramente me entristecem...
As minhas críticas (construtivas) devem-se fundamentalmente ao facto de eu não aceitar tudo o que de mau se faz ou se passa nesta bela região, não o são por outros motivos! Esta região é demasiado preciosa de vários pontos de vista para que eu simplesmente fique especado a ver a destruição de muitas das coisas que eu mais gosto, a beleza natural e a cultura da região onde cresci.
Muito brevemente irei fazer uma crítica bastante concreta à Terras de Sicó - Associação de Desenvolvimento, algo que tem mesmo de ser feito (de forma construtiva, claro) a bem do sucesso da região.