26.11.09
Alvaiázere: Iniciativa Limpar Portugal em risco
23.11.09
Violação repetida do PDM, Rede Natura e manipulação de informação
Indo agora ao cerne da questão:
São apenas três dos muitos factos associados ao cada vez mais conhecido caso da Pedreira dos Penedos Altos, situada no concelho de Alvaiázere. Nenhum dos factos que irei descrever agora favorece a posição da empresa que explora esta pedreira, nem mesmo o autarca que tem defendido a posição desta empresa a desfavor da população prejudicada pelo projecto de ampliação desta indústria extactiva.
Desde que se desenrolou este processo, tem-se assistido a um rol de casos bastante polémicos, alguns deles graves demais para que passem em branco, destacando eu um caso muito grave de manipulação de informação de índole geográfica.
Para quem não sabe do caso, passo a explicar:
Há poucos meses, a empresa que explora a pedreira dos Penedos Altos, iniciou um processo que visava a ampliação da área de onde explora rochas sedimentares (calcário). Até aqui tudo bem, mas o facto é que esta pedreira está rodeada por casas em todos os quadrantes, à excepção do quadrante Oeste, onde existe um castro (antigo povoamento da idade do bronze). Os habitantes (a esmagadora maioria destes) começaram a ficar preocupados, já que havendo casas a menos de 200/300m, algumas delas com paredes rachadas, não fazia sentido a ampliação da pedreira. Sendo assim, de forma legal exerceram o seu direito de cidadania, protestando contra esta possível ampliação, algo que naturalmente começou a incomodar a empresa que explora esta pedreira, localizada em terrenos baldios, alugados pela Câmara Municipal de Alvaiázere à Bripealtos.
Em termos genéricos foi assim a primeira fase deste processo, mas o grave começa a passar-se na segunda fase deste processo, onde se começam a descobrir factos bastante comprometedores...
Estes factos começam a descobrir-se na fase de participação pública, onde, naturalmente, cidadãos e entidades elaboraram as suas considerações sobre este mesmo projecto. Para os cidadãos e entidades que fizeram os seus pareceres, técnicos ou não, a opinião foi quase que unânime, o projecto de ampliação não fazia sentido tendo em conta a grave perca de qualidade de vida das populações e a destruição de património natural e cultural, base da economia local não potenciada.
Aqui, a empresa que explora a pedreira ficou ainda mais incomodada, pois obviamente os seus interesses estavam em risco. Descobriu-se por exemplo que esta empresa já estava a extrair ilegalmente há vários meses (alguns anos), em clara incomfornidade com o Plano Director Municipal de Alvaiázere, que estava igualmente a violar a Rede Natura 2000 e também que a central de alcatrão, estava a funcionar sem o devido enquadramento legal (PDM), algo que constitui uma ilegalidade para todos os efeitos.
O caso chegou às televisões e aí surgiu o meu amigo Tito Morgado, em defesa da.... empresa e em desfavor das populações afectadas, algo que não constituiu nenhuma surpresa dadas as suas posições insustentáveis no domínio territorial.
A partir deste momento começou como que uma guerra entre lobbys e populações afectadas, surgindo inclusivé manipulações inaceitáveis da opinião pública, é precisamente aqui que eu vou começar a minha análise, sobre a qual incide este comentário no azinheiragate.
Vou comentar factos, com base "apenas" nas factualidades ocorridas e presentes em documentação, pois é com base em factos concretos e não em opiniões parciais e manipuladoras que eu me rejo.
Na exposição proposta pela empresa "Penedos Altos - Britagem dos Penedos Altos, LDA.", datada de 3 de Agosto de 2009, enviada por esta empresa ao Secretário de Estado do Ambiente, posteriormente ao parecer desfavorável, datado de 30 de Junho de 2009, pela CCDR-Centro, constam vários factos, alguns destes que conduziram a um intrigante, e posterior, parecer favorável condicionado ao projecto de ampliação da pedreira dos Penedos Altos:
1- Na página 10 desta exposição sobre o projecto, constato algo de muito curioso, quando a certa altura é referida a minha pessoa:
«...importa em primeira linha tecer duas considerações acerca do conteúdo da reclamação do Sr. João Paulo Forte...»
Agradeço sinceramente que me tratem por Sr., não compreendendo no entanto porque é que na página 14, quando se refere esta empresa a técnicos com qualificações iguais ou inferiores à minha pessoa, se diz:
«... importa considerar a exposição técnica que aqui se transcreve dos Biólogos Dr. José Carlos Correia e da Drª. Maria Helena Pimentel...»
É preocupante observar que aqui há dois pesos e duas medidas no tratamento de técnicos, já que eu além de ser geógrafo tenho pelo menos as mesmas qualificações dos dois técnicos referidos por Dr. e Drª. . Será que por ter opinião contrária à da empresa sou menos do que outros? Do Dr. faço questão de prescindir (coisa que falo desde sempre), já que é um prefixo que faz as pessoas maiores do que são, mas do geógrafo já não prescindo, já que é a minha profissão.
2 - Na página 15, consta uma figura, a qual tem a seguinte legenda:
Figura IV. 5.1 - Implantação da delimitação dos habitats protegidos sobre ortofotomapa de 1995 (CNIG, 2008)
Este foi um facto que descobri apenas e só porque tenho a fotografia aérea de 1995 daquela área, já que tive de a comprar para um trabalho de investigação que iniciei em 2006. O facto é que o que consta nesta página não é um ortofoto de 1995, é sim um ortofoto posterior a 1998, algo que representa não só uma imprecisão muito grave, que benificia a posição da empresa que explora a pedreira dos Penedos Altos, bem como representa uma evidente manipulação de informação priveligiada, como são os ortofotomapas. Não sei de quem é a culpa deste facto, mas é algo que tem de ser investigado, pois é inaceitável que aconteça algo como isto. Quando trabalhamos com ortofotomapas sabemos de que ano são, portanto tirem as vossas próprias conclusões.
3 - Na página 23, é referido:
«Não foram encontradas grutas na área do projecto, nem na sua envolvente próxima»
Esta afirmação é extraordinária, já que no estudo que foi feito para a ampliação da pedreira, não foi consultado um estudo já com 20 anos sobre grutas e cavidades desta área, bem como não foram consultados os espeleólogos que trabalham nesta região. Mais ainda porque existe uma foto bem explícita, de um algar situado dentro do perímetro da pedreira, que foi destruído em 2007 sem que ninguém tenha sabido (além de mim e de outros espeleólogos).
4 - Outro facto que eu considero pouco elegante, é o referido na página 12:
«Na verdade os reclamantes se não tiveram conhecimento foi pelo facto de ou se encontrarem ausentes, o que se compreende por não serem residentes, ou por alheamento e desinteresse ou distracção das questões importantes da "sua" terra...»
A presunção desta empresa é curiosa, será que sabe melhor das vidas dos reclamantes dos que os próprios? Além disso reparem os leitores na expressão «da "sua" terra», a forma como rodeiam a palavra «"sua"» é bastante curiosa, parece até que é no sentido depreciativo, será que há cidadãos de segunda e de primeira? Fica a questão no ar...
5 - Uma outra questão, a qual eu considero quase que difamatória, é a referida pela Bripealtos na página 11:
«.... entenda que, mesmo que só nove postos de trabalho não sejam importantes na dinamização da economia de uma região que apresenta um quadro de desertificação...»
Bem, aqui as coisas ficam ainda menos favoráveis para a Bripealtos, já que não só eu considero os tais 9 postos de trabalho na dinamização da economia, bem como defendo-os, tendo eu apresentado propostas e alternativas para o fecho desta pedreira. Apresentei alternativas e projectos que se projectam no espaço e no tempo, já que eu apresentei alternativas sustentáveis, baseadas no aproveitamento do potencial económico desta área e da própria região, tendo em conta o seu património natural e cultural (criando dezenas de postos de trabalho).
Neste momento, dou uma espécie de benefício da dúvida, mas se a Bripealtos, de novo, fizer algum comentário que não corresponda à verdade das minhas afirmações, farei questão em seguir para um processo por difamação. Não tolero que uma empresa não tenha a capacidade de aceitar comentários honestos e devidamente fundamentados, fazendo depois afirmações atentatórias da imagem da pessoa que faz críticas imparciais, legais e honestas, sem manipulação alguma.
A empresa que explora esta pedreira tem, primeiro que tudo, saber aceitar opiniões diferentes da sua, não se trata aqui se dizer mal de pessoas ou empresas, não é a minha forma de ser, é sim de tratar assuntos como este de forma séria sem manipular a opinião pública, doa isso o que doer seja a quem for.
17.11.09
O "semblante encapotado" da Serra de Alvaiázere
Foi ali que comecei a perceber que havia qualquer coisa que batia mal, tendo começado a mexer-me no meio de forma a denunciar a situação gravíssima que se estava a passar. Muito antes de ter tido os problemas que me levaram à saída compulsiva do meu posto de trabalho, já eu tinha feito alguma investigação, coisa que uma pessoa em especial tentou esconder da opinião pública, pois a certa altura houve quem dissesse que eu tinha feito denúncia desta situação em particular apenas após Dezembro de 2007, quando afinal meses antes já eu andava no terreno, há documentação disponível na internet que comprova isto mesmo (um dos documentos foi discutivo num fórum de geógrafos em Novembro de 2007).
http://azinheiragate.blogspot.com/2008/05/parques-elicos-e-desordenamento-do.html
Ao longo das semanas a investigação ia avançando e as minhas denúncias também, as quas foram feitas nas entidades próprias e não na praça pública, portanto o que agora refiro (à excepção do que direi no final) já não é nada de novo, estou apenas a atar pontas soltas.
Descobri então outra coisa curiosa, algo que até hoje ninguém me respondeu, mesmo tendo eu questionado à quase ano e meio as entidades oficiais, onde é que está a declaração de impacte ambiental, ou melhor a sua revovação? Sim, porque a DIA datada de 2004 nunca foi revogada e um projecto nunca pode arrancar sem este importante documento.
Fiz, na altura, alguns vídeos no youtube que denunciavam vários factos muito estranhos, no mínimo:
http://www.youtube.com/user/joaopauloforte#p/u/30/eMFox97ates
http://www.youtube.com/user/joaopauloforte#p/u/31/H8jR5zYaFp8
http://www.youtube.com/user/joaopauloforte#p/u/32/LJZJOr7mjGM
http://www.youtube.com/user/joaopauloforte#p/u/33/-XcvN6NzUzo
http://www.youtube.com/user/joaopauloforte#p/u/24/nS_24zzSXh8
http://www.youtube.com/user/joaopauloforte#p/u/10/GnJR3DFBXvU
Depois de terem visto estes breves comentários, penso que já estão em condições de perceber que ali há gato, mas continuemos...
Outro facto que fiz questão em salientar foi o porquê de todo este processo estar a ser feito nas costas da população, ou então o porquê da falta de diálogo entre a SEALVE, SA, empresa promotora, e a população. Curioso é ninguém, da população, saber quem está por detrás de uma empresa denominada por Sociedade Eléctrica de Alvaiázere, SA. Onde está o diálogo com a população?
Ainda mais estranho, na altura, era o facto de todas as afirmações sobre este caso serem feitas por alguém que não funcionário ou gerente executivo da empresa promotora, ao invés era sempre o autarca local que fazia afirmações sobre as matérias relacionadas com este processo, porquê? Sendo os terrenos baldios não seria correcto ser a população a fazer afirmações?
Na altura, e em sede própria, até pedi que me fosse respondido pela autoridade própria, se este autarca teria algum tipo de ligação, directa ou indirecta com a empresa promotora de parque eólico. Igual pedido foi feito sobre um elemento da Assembleia de Câmara, o ex. ministro Arlindo de Carvalho. Foram duas questões que até agora, quase dois anos depois, não me foram respondidas.
Quanto mais eu investigava, mais a pressão sobre a minha pessoa aumentava, parecia que havia quem temesse esta minha investigação. Descobri coisas muito curiosas, além do que referi até agora, desde uma curiosa delimitação do maior castro da península ibérica, a qual não incluia todo o perímetro do povoamente arqueológico (na parte não incluída surgiam três torres a ser implantadas), até um edifício com mais de 30 metros, para apoio ao parque eólico (com garagem e tudo). Tudo isto numa serra reconhecida a nível internacional pelo seu valor natural e cultural, algo de lamentável.
No estudo elaborado por uma empresa externa até surgiam coisas estranhas, desde afirmações que não correspondiam à verdade científica, até contradições notórias sobre habitats protegidos.
Tudo isto foi rebatido, entre outros, por mim durante o processo de participação pública, sendo que durante este processo o acesso à informação foi-me muito dificultado. Uma das dificuldades surgiu quando fui à Câmara Municipal de Alvaiázere para consultar a documentação, tive inclusivé de fazer uma queixa por este mesmo facto (não fiz queixa no livro de reclamações porque entendi que por causa de uma pessoa só não pode pagar a imagem de uma instituição nobre como é o caso desta autarquia), fazendo a queixa à entidade mais indicada.
Mesmo no site onde deveria constar o Resumo Não Técnico, da Agência Portuguesa do Ambiente, este esteve inacessível durante todas as vezes que eu tentava consultar, algo de muito estranho. Mesmo agora podem procurar que a única coisa que surge é do 2004, porquê?
Já em 2008, e após muita tinta correr nor jornais, surgiu o esperado 2º chumbo do projecto do parque eólico, algo, para mim, de perfeitamente natural, já que era um projecto inaceitável para esta Serra em especial e havia alternativas para o parque eólico.
Após o chumbo, surgiram algumas vozes discordantes, dizendo que todos aqueles que tinham dado parecer negativo a este projecto absurdo (eu e várias entidades locais e regionais), deveriam reçarcir a autarquia pelo prejuízo causado pelo atraso neste projecto, algo de lamentável da parte do autarca local, Paulo Tito Delgado Morgado.
http://azinheiragate.blogspot.com/2008/12/elica-gate-na-serra-de-alvaizere.html
Logo começou um processo, liderado por este autarca, com vista à reanálise deste processo com vista a uma aprovação do mesmo. Foi apresentado um projecto que pessoalmente considerei como que uma pressão ineceitável para reverter o chumbo:
http://azinheiragate.blogspot.com/2009/05/exclusivo-nacional-alvaiazere.html
Já este ano, há poucos meses surgiu no site da Câmara Municipal de Alvaiázere um aviso sobre a passagem de linhas de alta tensão para o parque eólico da Serra de Alvaiázere, algo que me intrigou. Afinal sendo eu uma pessoa bem informada não sabia que o chumbo tinha sido revertido, continuo sem saber, seja oficial ou não oficialmente, já que os meus "tentáculos" chegam bem longe...
Ainda hoje tento procurar informação sobre isto, já que tento estar actualizado todas as semanas. Há poucos dias, quando passei por Alvaiázere, surgiu uma pessoa que me avisou que já andavam máquinas a tratar de começar as obras para as linhas de alta tensão, algo que me incomodou profundamente, já que parece que a política por terras de Alvaiázere é a política da terra queimada, faz-se primeiro e questiona-se depois. Uma técnica usada por pessoas sem escrúpulos, resta saber quem são realmente estas pessoas...
Penso, com toda a certeza, que este é um caso passível de investigação por entidades competentes na matéria, bem como da imprensa nacional, pois temo que haja aqui factos que sejam graves demais para que um jornal regional investigue e depois possa ter sérios problemas por isso.
Basicamente poderá ser um furo jornalístico de relevância supra-regional!
Não é costume meu pedir favores, apenas os peço em favor da comunidade, não em meu nome. Por isso peço aos orgãos de comunicação social que semanalmente visionam este blog, nomeadamente Agência Lusa, televisões, etc, que investiguem esta situação, pois os últimos acontecimentos mostram que aqui há gato...
Se eu temo ameaças por estar a mexer-me em terreno perigoso? Sinceramente não, tenho os meus cuidados e tenho as costas bem quentinhas, pautando sempre as minhas afirmações pela verdade e moralidade e não por outras razões que não as do apuramento da verdade. Digo isto por um motivo muito simples, há mais de um ano que fui alvo de ameaças não identificadas quando falei neste caso, portanto quem fez as ameaças lembre-se que estou ainda mais forte do que quando fui alvo de ameaças e continuo a não temer.
Pretendo cabal esclarecimento deste caso e para isso há que apurar responsabilidades, custe o que custar, doa a quem doer...