Fonte: www.terrasdesico.pt
Há uns dias um amigo de Sicó falou-me de uma novidade que eu demoraria mais uns dias a saber por mim próprio, sem dicas ou "avisos". Sobre a questão patrimonial e tudo o que isso envolve na região de Sicó nunca é demais falar, debater, rebater ou simplesmente comentar. Há um conjunto restrito de pessoas com as quais costumo falar, debater, rebater ou comentar assuntos que têm a ver com a região de Sicó. É assim que todos vamos aprendendo cada vez mais, partilhando opiniões e conhecimento. E a região ganha com isso a todos os níveis, começando pela capacitação cívica/interventiva em prol do património de Sicó.
A tal novidade consta no texto que consta no endereço electrónico da Associação Terras de Sicó e peço-vos que leiam este mesmo texto antes de verem o que tenho a dizer deste assunto logo a seguir ao mesmo.
"Renovação de Aldeias
As candidaturas apresentadas devem prosseguir os objectivos de:
• preservar, conservar e valorizar os elementos patrimoniais locais, paisagísticos e ambientais, bem como dos elementos que constituem o património imaterial de natureza cultural e social dos territórios;
• criar ou melhorar infraestruturas de colectividades locais, onde as populações possam desenvolver actividades culturais, desportivas, bem como actividades de empreendedorismo social de base comunitária.
Entende-se por empreendedorismo social de base comunitária o processo de desenvolver e implementar soluções sustentáveis para problemas dos territórios rurais, por parte de entidades privadas sem fins lucrativos, que visam satisfazer necessidades das populações, sem carácter de resposta social tipificada pelos apoios das áreas governativas da Segurança Social ou da Saúde.
TIPOLOGIA DAS INTERVENÇÕES A APOIAR
A tipologia de intervenção a apoiar respeita a investimentos em recuperação e beneficiação do património local, paisagístico e ambiental de interesse colectivo e seu apetrechamento, sinalética de itinerários paisagísticos, ambientais e agroturísticos e elaboração e divulgação de material documental relativo ao património alvo de intervenção, incluindo acções de sensibilização, produção e edição de publicações ou registos videográficos, fonográficos com conteúdos relativos ao património imaterial e outros investimentos relativos ao património imaterial, nomeadamente aquisição de trajes, estudos de inventariação, património rural, bem como do “saber-fazer” antigo dos artesãos, das artes tradicionais, da literatura oral e de levantamento de expressões culturais tradicionais, imaterias, individuais e colectivas, cujo custo total elegível, apurado em sede de análise, seja igual ou superior a 5.000 EUR e inferior ou igual a 200.000 EUR.
ÁREA GEOGRÁFICA ELEGÍVEL
A área geográfica correspondente ao território de intervenção do GAL TERRAS DE SICÓ, a saber: todas as freguesias dos concelhos de Alvaiázere, Ansião, Condeixa-a-Nova, Penela, Pombal e Soure.
DOTAÇÃO ORÇAMENTAL
A dotação orçamental total é de 191 039,03€ (cento e noventa e um mil, trinta e nove euros e três cêntimos).
Fonte: http://www.terrasdesico.pt/projetos-cofinanciados-anuncios-de-abertura/23/renovacao-de-aldeias "
Espero que tenham lido o texto da Terras de Sicó e não tenham feito batotice passando à frente! Não fosse um pequeno pormenor até poderia estar contente com este texto da Terras de Sicó...
A sério que o orçamento para um projecto deste tipo é de apenas 191 093,03 euros? Onde está a ambição?! Mais uma vez a Terras de Sicó mostra que não está preparada para fazer o que é suposto e não tem ambição para algo que exige bem mais do que ambição. Já aquando do início do projecto das Aldeias do Calcário os orçamentos das várias autarquias para este aquele projecto era de umas muito escassas dezenas de milhar de euros (na altura fiz pesquisa nos orçamentos municipais...). Ou então os super poupados 15 mil euros para pouco mais do que uma recolha de bibliografia que sustenta o processo de classificação da paisagem de Sicó, o qual exigiria para o mesmo fim um valor mínimo na ordem dos 200 mil euros...
Falando de forma objectiva, um projecto deste tipo exige milhões de euros logo para uma fase inicial. Exige também um conhecimento que a Terras de Sicó não tem e não fez por ter. Um dos problemas é a própria filosofia desta Associação de Desenvolvimento Local, que devia ser independente das Câmaras Municipais. Devia ser sim uma entidade gerida de forma independente, sem interferências políticas e numa lógica de cooperação e complementaridade saudável. Não é isso que acontece. Lembram-se por exemplo daquela polémica aquando da feira do queijo, onde foi público o "confronto" entre o então autarca de Penela e a Terras de Sicó? É um de muitos exemplos de como em terra de capelinhas é um mau princípio meter vários "padres" na presidência da "igreja". Apesar de cada "padre" representar a mesma "igreja", vê sempre a sua capela antes de ver a dos outros e isso não é saudável no domínio do desenvolvimento territorial. Por vezes até dizem o acertado, mas do dizer ao fazer vai muito..
Estou curioso para ver os próximos episódios, já que há que ter em conta que nas últimas autárquicas houve alterações ao panorama político, maiores das ocorridas que em 2017. Espero que os novos actores políticos tenham a capacidade para alterar o rumo actual das coisas, também a nível de Terras de Sicó. Eu tenho feito a minha parte, através de ideias, projectos e afins.
Termino apenas com algo que não faz parte deste comentário mas que liga com o mesmo. Um destes novos actores da política regional afirmou na imprensa regional (Jornal Terras de Sicó) que preferia que o território a que preside fosse um dormitório de Coimbra do que um território vazio. Uma afirmação destas é, no meu entender, grave a vários níveis, já que, entre outros, dá a entender que o território não vale nada e que não há muito para potenciaríamos quando há e muito! Nunca, mas nunca, se deve fazer uma afirmação daquele tipo. Eu preferia ter um território vazio de gente, já que com tanto património e mais-valias territoriais seria fácil definir uma estratégia de desenvolvimento territorial que visasse tudo menos tornar um território um dormitório de Coimbra! Nem todos vão perceber o que quis dizer com isto, mas faz parte...