27.1.22

Aonde pára o civismo?

Quando há uns anos colocaram pilaretes na Vila de Ansião, muitos protestaram. Eu aplaudi, de pé, já que dada a impossibilidade de ter um agente da autoridade em permanência em cada uma das ruas de vila, é a forma mais eficaz de contrariar a falta de civismo de tanto condutor/a. Condutores que fazem do passeio estacionamento, algo que além de representar uma infracção ao código de estrada, é nada mais que uma falta de civismo e respeito pelos peões, têm de ser chamados à razão. E não, não arranjem desculpas... E não, não tenho de esconder matrículas... Infelizmente os pilaretes têm sido retirados ou simplesmente partidos ao longo dos últimos anos, facto que trouxe o caos que se observa nas fotografias que acompanham este comentário.

abordei aqui este assunto por várias vezes e continuarei até que o civismo impere. Há poucos anos, quando trouxe aqui esta questão pela primeira vez, fui ameaçado por um jovem que também achou que o seu carro podia ficar estacionado onde, por lei, não podia, contudo teve azar, já que acabou autuado. Ameaçar por detrás de um teclado é fácil, mas na vida real é um bocado mais complicado. #pagouenãobufou

Em Dezembro último acabei por registar todos os obstáculos com os quais me deparei durante a caminhada, em pleno passeio. Tive de ir para a estrada várias vezes para poder passar a pé, imagine-se. Aproveito para fazer um apelo à autoridade, o de que a GNR seja incisiva nesta questão. Uns dias de pedagogia seguidos de uns dias de fiscalização activa têm sempre bons resultados.

E não, não me interessa se é alguém conhecido, amigo ou simplesmente desconhecido. Tudo o que veem nestes registos fotográficos é pura falta de civismo e uma infracção ao código de estrada. E há carros que além da coima por estacionamento indevido deviam ser autuados por manifesta poluição. Não, não basta meter gasolina ou gasóleo no carro, há que manter o mesmo num estado de funcionamento normal, sem fugas como as que se percebe no piso... Também pode dar coima, só para avisar...












23.1.22

Digam lá que não é mais bonito?!


Sempre que vejo exemplos do bom que se faz por Sicó, tento destacar o facto. Este é um bom exemplo, de algo que mereceu ser tratado como é suposto, arranjado e bem apresentado, daí se destacar quando por ali passamos. E foi esse destaque que me fez parar o carro e fazer o registo fotográfico. Não vou dizer onde é, não por não querer referir onde é, mas sim por uma questão de precaução, já que há ali elementos patrimoniais que costumam ser roubados por ladrões do património. E pesquisando no OLX e afins, lá aparecem, nem sempre referindo a origem ou a procedência...
Mas voltando ao destaque, tem sido interessante constatar que nos últimos anos Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais da região de Sicó têm recuperado e valorizado fontes e afins, tal como a que podem ver neste registo fotográfico. E há muitas e bonitas para ver e para desfrutar num passeio pela região, sendo mais uma de muitas variáveis a utilizar na equação desenvolvimento territorial e nas temáticas patrimoniais, turismo e afins!

18.1.22

Só 191 039,03 euros?!

Fonte: www.terrasdesico.pt

Há uns dias um amigo de Sicó falou-me de uma novidade que eu demoraria mais uns dias a saber por mim próprio, sem dicas ou "avisos". Sobre a questão patrimonial e tudo o que isso envolve na região de Sicó nunca é demais falar, debater, rebater ou simplesmente comentar. Há um conjunto restrito de pessoas com as quais costumo falar, debater, rebater ou comentar assuntos que têm a ver com a região de Sicó. É assim que todos vamos aprendendo cada vez mais, partilhando opiniões e conhecimento. E a região ganha com isso a todos os níveis, começando pela capacitação cívica/interventiva em prol do património de Sicó.

A tal novidade consta no texto que consta no endereço electrónico da Associação Terras de Sicó e peço-vos que leiam este mesmo texto antes de verem o que tenho a dizer deste assunto logo a seguir ao mesmo.

"Renovação de Aldeias

As candidaturas apresentadas devem prosseguir os objectivos de:
• preservar, conservar e valorizar os elementos patrimoniais locais, paisagísticos e ambientais, bem como dos elementos que constituem o património imaterial de natureza cultural e social dos territórios;
• criar ou melhorar infraestruturas de colectividades locais, onde as populações possam desenvolver actividades culturais, desportivas, bem como actividades de empreendedorismo social de base comunitária.
Entende-se por empreendedorismo social de base comunitária o processo de desenvolver e implementar soluções sustentáveis para problemas dos territórios rurais, por parte de entidades privadas sem fins lucrativos, que visam satisfazer necessidades das populações, sem carácter de resposta social tipificada pelos apoios das áreas governativas da Segurança Social ou da Saúde.

 TIPOLOGIA DAS INTERVENÇÕES A APOIAR

A tipologia de intervenção a apoiar respeita a investimentos em recuperação e beneficiação do património local, paisagístico e ambiental de interesse colectivo e seu apetrechamento, sinalética de itinerários paisagísticos, ambientais e agroturísticos e elaboração e divulgação de material documental relativo ao património alvo de intervenção, incluindo acções de sensibilização, produção e edição de publicações ou registos videográficos, fonográficos com conteúdos relativos ao património imaterial e outros investimentos relativos ao património imaterial, nomeadamente aquisição de trajes, estudos de inventariação, património rural, bem como do “saber-fazer” antigo dos artesãos, das artes tradicionais, da literatura oral e de levantamento de expressões culturais tradicionais, imaterias, individuais e colectivas, cujo custo total elegível, apurado em sede de análise, seja igual ou superior a 5.000 EUR e inferior ou igual a 200.000 EUR.

ÁREA GEOGRÁFICA ELEGÍVEL

A área geográfica correspondente ao território de intervenção do GAL TERRAS DE SICÓ, a saber: todas as freguesias dos concelhos de Alvaiázere, Ansião, Condeixa-a-Nova, Penela, Pombal e Soure.

     DOTAÇÃO ORÇAMENTAL

A dotação orçamental total é de 191 039,03€ (cento e noventa e um mil, trinta e nove euros e três cêntimos).

Fonte: http://www.terrasdesico.pt/projetos-cofinanciados-anuncios-de-abertura/23/renovacao-de-aldeias "

Espero que tenham lido o texto da Terras de Sicó e não tenham feito batotice passando à frente! Não fosse um pequeno pormenor até poderia estar contente com este texto da Terras de Sicó...

A sério que o orçamento para um projecto deste tipo é de apenas 191 093,03 euros? Onde está a ambição?! Mais uma vez a Terras de Sicó mostra que não está preparada para fazer o que é suposto e não tem ambição para algo que exige bem mais do que ambição. Já aquando do início do projecto das Aldeias do Calcário os orçamentos das várias autarquias para este aquele projecto era de umas muito escassas dezenas de milhar de euros (na altura fiz pesquisa nos orçamentos municipais...). Ou então os super poupados 15 mil euros para pouco mais do que uma recolha de bibliografia que sustenta o processo de classificação da paisagem de Sicó, o qual exigiria para o mesmo fim um valor mínimo na ordem dos 200 mil euros...

Falando de forma objectiva, um projecto deste tipo exige milhões de euros logo para uma fase inicial. Exige também um conhecimento que a Terras de Sicó não tem e não fez por ter. Um dos problemas é a própria filosofia desta Associação de Desenvolvimento Local, que devia ser independente das Câmaras Municipais. Devia ser sim uma entidade gerida de forma independente, sem interferências políticas e numa lógica de cooperação e complementaridade saudável. Não é isso que acontece. Lembram-se por exemplo daquela polémica aquando da feira do queijo, onde foi público o "confronto" entre o então autarca de Penela e a Terras de Sicó? É um de muitos exemplos de como em terra de capelinhas é um mau princípio meter vários "padres" na presidência da "igreja". Apesar de cada "padre" representar a mesma "igreja", vê sempre a sua capela antes de ver a dos outros e isso não é saudável no domínio do desenvolvimento territorial. Por vezes até dizem o acertado, mas do dizer ao fazer vai muito..

Estou curioso para ver os próximos episódios, já que há que ter em conta que nas últimas autárquicas houve alterações ao panorama político, maiores das ocorridas que em 2017. Espero que os novos actores políticos tenham a capacidade para alterar o rumo actual das coisas, também a nível de Terras de Sicó. Eu tenho feito a minha parte, através de ideias, projectos e afins. 

Termino apenas com algo que não faz parte deste comentário mas que liga com o mesmo. Um destes novos actores da política regional afirmou na imprensa regional (Jornal Terras de Sicó) que preferia que o território a que preside fosse um dormitório de Coimbra do que um território vazio. Uma afirmação destas é, no meu entender, grave a vários níveis, já que, entre outros, dá a entender que o território não vale nada e que não há muito para potenciaríamos quando há e muito! Nunca, mas nunca, se deve fazer uma afirmação daquele tipo. Eu preferia ter um território vazio de gente, já que com tanto património e mais-valias territoriais seria fácil definir uma estratégia de desenvolvimento territorial que visasse tudo menos tornar um território um dormitório de Coimbra! Nem todos vão perceber o que quis dizer com isto, mas faz parte...

13.1.22

Vamos falar do passadiço do Arunca?


Em Dezembro fui ver a obra do passadiço do Arunca, de forma a poder analisar a questão de forma devidamente fundamentada. Estacionei o carro no parque de estacionamento situado mesmo no início do passadiço e vi logo algo que me fez rir. Quem teve a brilhante ideia de colocar aquelas pedrinhas esqueceu-se de fazer o mais simples, ou seja investigar um bocado. Se o tivesse feito saberia que boa parte daquelas pedras de pequena e média dimensão vão ser levadas pela água logo na primeira cheia...

Entrei no passadiço e no primeiro sector constatei algo que não compreendi. Para quê estoirar dinheiro para fazer um passadiço onde não havia necessidade? Será que um simples trilho não faria mais sentido e ficaria bem mais barato? Que sentido faz ter um passadiço ao lado de uma estrada e num terreno plano?!

Chegado à primeira ponte, onde se tem de passar a estrada de alcatrão, começa um novo troço do passadiço. Um passadiço que serve para não ver o rio Arunca, num terreno plano? Em vez de ver o rio vi vegetação invasora... Mais uma vez, não faria sentido ter ali um simples trilho? Ficava mais bonito, não desvirtuava e não custava milhares de euros!


Já depois de passar por baixo da segunda ponte, olhei para baixo e percebi que daqui a uns 10 anos todas aquelas bases do passadiço estarão podres, mesmo tendo em conta que a madeira é tratada. Naquele local é garantido que a madeira não durará muito...

Mas olhei também para os lados, onde vi... invasoras, e para cima, onde vi algumas árvores que em poucos anos verão ramos grandes cair e... partir partes do passadiço. Mais uma vez, não faria sentido ter ali um simples e bonito trilho?!

Não percebo esta mania de inventar a roda quando ela já existe. Sabendo que há locais onde, de facto, de justifica e aceita a construção de passadiços, o facto é que se tornou uma moda incontrolável, onde se gastam milhões em busca de adereços desnecessários, os quais em vez de serem uma mais valia são apenas uma forma de degradar o que é belo. Não precisamos de criar o supérfluo para dignificar o que é belo!!!



 

9.1.22

Debater as ecotretas em plena serra de Sicó!


Soube do caso pela mão do Grupo Protecção Sicó, após publicação a denunciar a situação na Serra de Sicó. Mas não é propriamente sobre os factos denunciados que pretendo focar este comentário...

O que me leva a escrever estas linhas é a questão da construção de parques solares em locais mais ou menos remotos. À boleia da suposta sustentabilidade anda a cometer-se muita ecotreta. Mas vamos por partes. Mesmo sabendo da eventual possibilidade de este parque solar ser para alimentar em termos energéticos a pedreira em causa, e não falando sequer na denúncia que o Grupo Protecção Sicó faz, qual o sentido de construir parques solares em locais ermos quando temos espaço q.b. em telhados de casas, prédios, pavilhões industriais e afins? Não faz sentido algum! Não se deixem levar pelas ecotretas que vos enfiam pelos olhos e pelos ouvidos, sejam críticos também nestas questões. Investiguem e percebam que nem sempre o dito ecológico o é. Muitas vezes o dito ecológico é apenas uma forma do lucro de um interesse privado se sobrepor ao interesse público e à própria sustentabilidade.

Deixo-vos com uma questão, será que daqui a umas décadas quando chegarem à conclusão que foi uma besteira autorizar o crescimento deste monstro e for necessário requalificar ambiental e paisagisticamente esta pedreira, será que este parque solar vai desaparecer? Eu acho que não, mas é só um exemplo dos problemas que o suposto "ecológico" tem para nos presentear daqui a uns anitos...

5.1.22

O poder da fotografia perante a transformação dos lugares...


Desde que comecei a fazer isto, nunca mais parei, já que é algo que adoro. Pegar em fotografias antigas e ir tirar fotografias aos mesmos locais décadas depois é algo que considero excepcional a vários níveis, nomeadamente a nível histórico, já que a memória dos lugares é algo que me diz muito.

Desta vez peguei em duas fotografias com algumas décadas, registadas em Ansião. A primeira é no Ribeiro da Vide. Retirei esta fotografia de um grupo do Facebook, sendo a mesma datada de 1983, aquando de um nevão do qual ainda me lembro. Há poucas semanas fui ao local de onde a fotografia foi registada, de modo a efectuar novo registo fotográfico. Não deu para registar no mesmíssimo local, já que há uma árvore que o impede, contudo bastou chegar-me 3 ou 4 metros para a frente para conseguir um local muito aproximado ao original. E assim consegui um registo aproximado, que consegue fazer-nos recuar 40 anos no tempo e fazer comparações entre o antigamente e o actual. Curioso, não?!



A segunda imagem retirei-a do mesmo grupo. Julgo que terá sido postado por uma minha antiga vizinha, mas após pesquisa ainda não consegui confirmar. Se alguém souber digam-me por favor, de forma a colocar os créditos da fotografia como é suposto. É um registo efectuado no Moinho das Moitas, lugar que muito me diz. A fotografia inicial será anterior à década de 70, já que o IC8 foi construído na primeira metade da década de 80. Como podem ver, actualmente as coisas são bem diferentes, graças ao IC8, que cortou o lugar a meio. Este antigo cruzamento infelizmente ceifou muitas vidas. Tive de subir a um muro para conseguir uma imagem aproximada à imagem inicial. Dá muito que pensar, ainda mais para quem, como eu, viveu ali algumas décadas e acompanhou esta colossal transformação. É por isso que estas imagens, em especial, mexem tanto comigo. É por isso que continuarei a tentar fazer estes registos comparativos entre o antigamente e a actualidade, já que são registos que mexem com as nossas memórias e que são importantes registos históricos que podem e devem ser perpetuados em registos digitais. Isto seja em Ansião ou noutro qualquer lugar na região de Sicó.