26.2.15

Não limpem que não é preciso...


É comum falar-se desta questão, mas apenas quando o mal está feito. Raras são as vezes em que se pega o touro pelos cornos e se resolve um problema antes dele acontecer. Obviamente que estou a referir-me à limpeza dos cursos de água.
Neste caso trata-se do Rio Arunca, em Pombal, a poucos metros da piscina. Quando me deparei com esta situação não resisti a registar a mesma para a posterioridade. Isto porque em termos pedagógicos é um bom exemplo do que não deve acontecer, ou seja não limpar algo que pode vir a ser um problema em caso de cheia. Quem não se lembra de algumas imagens na televisão onde, em caso de cheia, alguns funcionários de uma qualquer autarquia tentam desesperadamente retirar troncos acumulados a montante de uma ponte. Estas acumulações podem revelar-se potenciamente desastrosas, colocando em risco pessoas e bens. Só custa "encalhar" o primeiro tronco, depois é sempre a acumular...
Esta fotografia foi tirada no final de Janeiro. Esta era a melhor altura para resolver o problema anunciado. Reparei também que o pilar da ponte já tem algum desgaste, precisamente da "porrada" que leva dos troncos. Não seria má ideia aproveitar o verão para fazer ali um reforço estratégico, o qual poupará concerteza uns tostões num futuro próximo... 

22.2.15

Um Núcleo Museológico e Etnográfico por dia, nem sabe o bem que lhe fazia


Já são alguns, mas ainda há espaço para outros mais. Os Núcleos Museológicos e Etnográficos podem ser uma enorme mais-valia para a região de Sicó, claro que desde que bem geridos. O espólio existente é gigantesco, por isso há que criar mais espaços como este para colocar e divulgar todo este património.
No dia em que visitei a Redinha este espaço estava fechado, sendo a desculpa perfeita para voltar um destes dias. Melhor ainda será fazer um roteiro por todos os Núcleos Museológicos já existentes na região de Sicó. Há pouco tempo abriu um outro, no Alvorge, Ansião. Já agora, quantos de vós sabem que existem destes espaços pela região de Sicó?
Por vezes vejo pessoal mais velho do que eu, ou até mais novo, a dizer que dificilmente as pessoas se interessam por estas coisas. Por vezes tenho de dizer a este mesmo pessoal que se houver pessoas com capacidade para dinamizar e com o dom da palavra, as tais pessoas que não estão interessadas nestas coisas se começam a interessar pelas mesmas. É óbvio que há pessoas com capacidade, é óbvio que há pessoas com o dom da palavra, pessoas já com muita idade que gostavam de transmitir a sua experiência de vida em tempos onde a vida era bem diferente. Há que aproveitar tudo o que de bom esta região tem e potenciar a mesma. A nossa maior riqueza é a especificidade de cada lugar, as suas tradições e a sua forma de estar num território ímpar. A nossa maior pobreza é desprezar este património e tentar comprar ilusões, muitas vezes embrulhadas em projectos chave na mão...

17.2.15

O Rio Arunca a duas velocidades


Foi com bastante agrado que constatei o facto. Há vários meses que andava para voltar novamente às margens do rio Arunca. Penso que a última vez que andei por este sector do rio foi aquando do curso de monitores do Projecto Rios, já há algum tempo, tendo nós andado por aqui na parte prática.
O carro ficou à entrada de Pombal e fui a pé, de forma a percepcionar a cidade da melhor forma possível, notando assim aqueles pormenores que importa reter.
Um aspecto negativo é que, apesar da ciclovia, há uma barreira concreta entre a ciclovia e a cidade, ou seja não está facilitada a mobilidade entre o centro da cidade e a ciclovia. Falta fluidez à coisa...
Há a cidade, há o sector intermédio, e há a ciclovia, faltando então uma conjugação entre todas elas. Para quando um plano centrado na mobilidade sustentável para a cidade de Pombal? Para quando o fecho do trânsito na parte nobre da cidade?
Precisamente no local que a primeira fotografia documenta, faz-se a transição para a melhor parte da coisa. Três sectores bem diferenciados e devidamente compartimentados, ou seja carros, bicicletas e pedonal. As margens do rio Arunca estão despidas de betão, que a jusante dali não deixa respirar as margens do rio. Vi logo adiante uma bela ave, a qual era tímida e quase que fugiu à fotografia.
Indo até ao fim da ciclovia fiquei bastante agradado com quase tudo o que vi, penso que foi conseguido um bom compromisso para este sector do rio Arunca.
Confesso que fiquei maravilhado com a inclusão deste "elevador para peixes", facto de grande importância para o ecossistema ribeirinho. São poucos os que compreendem o valor deste "elevador".


Gostei destes "miradouros", no entanto têm algumas falhas. A maior será a falta de uma protecção lateral, pois esta claramente não é suficiente, especialmente quando estão crianças por perto. Mais uma barra ao meio deve mitigar o perigo para as crianças. Penso que um ou dois pequenos bancos de cimento fariam ali sentido, permitindo aos utilizadores uma vivência diferenciada num local bem agradável.
Parece-me também que faria sentido pensar nuns painéis informativos, já que importa descrever alguns dos valores ali presentes, caso das galarias ripículas. Mas não só...


Um espaço bem agradável, com parque de merendas e parque para crianças. Querem melhor desculpa para sair de casa com os pequerruchos? Querem melhor desculpa para uma caminhada após o almoço ou jantar?


Por mais que se tente explicar, há sempre pessoal, novo e menos  novo, que utiliza uma ciclovia para andar a pé. Neste caso não há que enganar, pois está bem sinalizada e os espaços estão bem delimitados. Quando passarem de bicicleta por esta ciclovia e virem alguém a pé na mesma, carreguem na campainha. Se não tiverem, comprem, pois dá muito jeito. 


E como é, infelizmente, de esperar, eis o típico vandalismo, possivelmente perpetrado por meia dúzia de garotos que pouca educação têm em casa. Um par de estalos era pouco..


13.2.15

Palheiros da região de Sicó: as memórias memoráveis


Hoje venho falar de um tema que apesar de já referenciado, aquando das sugestões de leitura, nunca foi o actor principal. Falo, claro, dos palheiros de Sicó!
Se forem como eu, ou melhor, se forem daqueles que fazem questão em usufruir do património desta extraordinária região, facilmente conseguirão encontrar uma série de palheiros, mesmo que a maior parte não esteja nas melhores condições. Os usos são outros e os costumes também, no entanto há quem faça questão em manter mais um dos muitos elementos identitários desta região. Trata-se de palheiros onde a arquitectura vernacular está à vista, embora nalguns casos já meia usurpada. 
Experimentem um destes dias pensar nestes palheiros aquando de uma volta pela região. Irão ver que há mais do que poderiam pensar e um pouco por todo o lado. Certamente que há uns mais visíveis e outros mais escondidos, no entanto eles estão lá.
Se estivesse ali no meio um novelo, daria para puxar numa ponta e desenrolar uma bela história, a qual se desenrolou por várias décadas. Eu sou daqueles que, felizmente, ainda pertence à época onde os palheiros eram também um local de brincadeira, daí a afinidade para com os mesmos. Diria que os palheiros são uma bela recordação da ruralidade portuguesa, a qual teima ser menorizada por aqueles que pensam que o mundo rural é para os tesos, para os iletrados e para todos aqueles que não querem singrar na vida. Muito pelo contrário, pois afinal o mundo rural é para os mais sábios e para todos aqueles que sabem que é aqui que a vida se vive no seu esplendor e onde não se é escravo de um ordenado e de supostas necessidades diárias. O mundo rural não pode ser diabolizado, o mundo rural não é fácil, isso é certo, mas é virtuoso. 
Para terminar, caso tenham algum familiar que tenha um destes palheiros, convidem o mesmo a recuperar este belo objecto patrimonial, vão ver que ele vos vai agradecer. E já agora, ofereçam ajuda para o reconstruir, acertando um dia onde, e para aproveitar, usufruam de um dia memorável, entre amigos e uns petiscos com material do bom! Há melhor do que isto?!

9.2.15

Ecofantasmas



Indo directo ao assunto, há anos atrás, quando foi elaborado o projecto de requalificação urbana da Vila de Alvaiázere, o autarca local, Paulo Tito Morgado, teve a ideia, e bem, de colocar novos tipos de ecopontos, ou ilhas ecológicas, naquela Vila. Já lá vão alguns anos e o que deveriam ser ecopontos, são afinal fantasmas de ecopontos, pois estes "ecopontos" nunca tiveram utilização. Confusos? 
Projectos chave na mão, esse é um dos problemas. Má gestão de um dossiê importante, esse é outro problema. O responsável político desse grave erro de gestão é o respectivo autarca. Dos dois grupos de ecopontos que vi, todos eles estavam encerrados, não sendo possível abrir nenhum. A única utilização que esta infra-estrutura está a ter, resume-se a um destes pontos de recolha de resíduos indiferenciados (3 para ecopontos e 1 para resíduos indiferenciados), situado à frente de um restaurante. Imagino que, para retirar o lixo dali seja necessário trazer uma máquina e uma carrinha, para carregar tudo e depois transferir para caixotes do lixo. Estranho também que todos estes "fantasmas" estejam identificados como sendo de recolha de resíduos indiferenciados, tal a confusão do conceito "ilha ecológica" e solidez do conceito "ecofantasma". Só não estranho tudo isto porque o autarca respectivo sempre teve um discurso baseado no greenwash.
Palavras para quê? 

4.2.15

Pombais da região de Sicó: memórias de outros tempos


Andava eu numa das minhas caçadas fotográficas, algures pela região de Sicó. Enquanto procurava um posicionamento mais favorável para uma fotografia, ao lado de uma pequena ruína, eis que me deparei com uma porta. As silvas cobriam as ruínas e dificultavam quer a visualização, quer a própria entrada, no entanto lá consegui aceder ao interior e tirar esta fotografia. Eis um pombal!
Apesar de já conhecer aquela área há muitos anos, desconhecia completamente a existência daquele pombal. Fiquei imensamente satisfeito com esta nova descoberta, até porque nunca a vi referenciada em nenhum lugar, mesmo que de certeza haverá alguma referência à mesma, nem que seja num livro ou documento antigo.
Esta novidade fez-me lembrar a década de 80, onde era comum comer-se o belo do borracho numa bela refeição. Fez-me lembrar a importância ambiental, paisagística e económica dos pombais, a qual teve o seu maior fulgor no século XX, concretamente na sua primeira metade. Fez-me lembrar também a qualidade do estrume dos pombais e a sua importância para a agricultura.
O êxodo rural e a caça acabaram por ditar o desaparecimento de muitos destes pombais. Não conheço a história dos pombais tradicionais de Sicó, no entanto fiquei com bastante interesse em investigar a coisa.
Em alguns pontos do país os pombais tradicionais têm sido recuperados, muito por mérito de algumas associações. A importância ecológica dos mesmos tem sido a base de um trabalho muito importante no domínio da valorização da biodiversidade. Esta importância tem-se mostrado também em termos de mais-valias económicas e na bela gastronomia local. O debate está lançado...