28.8.21

Xenofobia territorial?!

Há atitudes que abomino, esta é uma delas, daí a expor publicamente e sem rodeios. Porquê? Simples, porque é devido a este tipo de atitudes que o nosso país não evolui, mantendo-se a (i)lógica das capelinhas, onde quem tem horizontes curtos não vê além da sua sombra, dos seus interesses e das suas opiniões.
Mas vamos aos factos... 
Há poucos dias partilhei um de vários cartoons que pessoal de Alvaiázere me enviou. Enviam-me por receio de represálias, algo que compreendo bem, já que já as senti bem na pele há mais de uma década ali mesmo. Após vários dias de publicações, eis que surge um comentário de um tal de Jorge Ferreira. O comentário consta na imagem que acompanha este comentário.
Primeiro estive para responder que nasci em Portugal e vivo em Portugal, já que é o que afinal interessa, contudo preferi ser como sou, ou seja directo.
Se há coisa que abomino é a xenofobia territorial, ou seja uma espécie de racismo sobre quem não é da nossa terra. Isto acontece porque certas pessoas acham que é preciso ser da terra para poder falar e fazer coisas na ou sobre a sua terra. Acontece a quem é activo, influente e tem voz própria, tal como é o meu caso. Acontece que Alvaiázere é Portugal e que Alvaiázere não é nenhuma coutada de ninguém (embora alguns pensem que o é...). O incrível é que isto é recorrente em Alvaiázere e já me acontece há 14 anos. Felizmente que se contam pelos dedos das mãos os que têm publicamente este tipo de comentários vergonhosos, os quais indiciam uma evidente xenofobia territorial. Felizmente que são cada vez menos aqueles que têm horizontes curtos, sinal que o meu trabalho e activista em prol de Alvaiázere (e não só) tem resultado em pleno. Uma população informada é uma população culta e melhor preparada para levar a sua terra para a frente, onde o desenvolvimento territorial se sobrepõe a interesses, ideologias e afins.
Quanto ao que respondi ao Jorge Ferreira, este não conseguiu contrapor ao que lhe respondi. Porque será?! Mandar umas postas de pescada no Facebook é fácil, não é? Ter comentários com substância, honestos e com maturidade é que já é mais difícil...


 

24.8.21

Pouco barulho, é para arrasar! O povo? O povo que se amanhe...

Imaginemos que de repente um autarca decidia, contra a vontade da população, criar uma zona industrial massiva numa zona habitacional com um belo enquadramento paisagístico, o que aconteceria? Bem, aconteceria o que está a acontecer no Rego da Murta, em Alvaiázere. Depois de uma tentativa falhada de alargar uma outra zona industrial, igualmente com polémica à mistura e contra a vontade dos locais, eis que se faz uma zona industrial às três pancadas. Como curiosidade, nos países avançados fazem-se planos específicos para este tipo de projectos, fala-se com as pessoas e, caso exista apoio dos locais, avança-se para o projecto. E quando se avança para o projecto, criam-se as infra-estruturas básicas, caso de esgotos e afins, e só depois de avança para o edificado. 

Mas no Rego da Murta faz-se de outra forma. Primeiro idealiza-se na cabeça dos autarcas, sem abrir jogo aos locais e faz-se todo um jogo fora do conhecimento dos locais. E quando os locais começam a ouvir uns zuns zuns, já a obra está a começar rapidamente e a todo o vapor. E quando digo vapor digo o edificado, já que esgotos e infra-estruturas respectivas ficam para depois. A prioridade é erigir rapidamente e a todo o gás, não vá aparecer alguém para chatear. Ah, e consta que ainda com obras a decorrer, já se pensa num alargamento, contra tudo e contra todos.

Fiquei perplexo com todo o processo que levou ao que podem ver nas imagens que ilustram este comentário. Fazem-se as vontades a dois ou três empresários e a população só tem de comer e calar. É assim que funciona em Alvaiázere já há muitos anos. Sabiam que alegadamente estiveram prestes a ser estoiradas centenas de milhar de euros em fundos comunitários para que duas casas recentes fossem destruídas para que a zona industrial tivesse mais uns metros? É assim o ordenamento do território em Alvaiázere. Havendo alternativas, prefere-se mandar construir onde não seria suposto. E daqui a uns anos os problemas surgirão, já que aquela área é complicada em termos de dinâmica hidrológica e não só. E sabem quem depois vai pagar os prejuízos? Nós todos! E outro dia, quando por ali andei, vi algumas coisas que depois de feita uma inspecção dariam uma bela coima...

E para que serve afinal a RN2000, para destruir às fatias? Para que serve a Política Nacional de Arquitectura e Paisagem e todas aquelas coisas bonitas que lá constam? Para nada!

Há 2 anos convidei uma autarquia para o I Congresso da Bolota de Sicó e essa autarquia não quis vir. Se calhar estava ocupada a tratar de algum projecto de uma zona industrial. Afinal Alvaiázere não quis aproveitar as suas mais-valias económicas, como é o caso da bolota. É mais comum e banal criar mais uma zona industrial (que existem em todo o lado...), mandar abaixo o olival e outras coisas mais. 

Este é um caso que irá fazer correr muita tinta e, parece-me, ter um custo muito elevado para uma oligarquia que neste ano tenta perpectuar o seu reinado...

Os locais estão chocados com este processo. Os estrangeiros que decidiram viver por ali perto idem. Serão eles que estão errados? Eu digo que não! 

Lembram-se daquilo que eu dizia há 14 anos? Eu bem avisei, contudo muitos não me quiseram ouvir e chamaram-e "maluquinho". Pois é, o tal que alguns de vós chamavam de "maluquinho" afinal tinha razão...

Para já é o que tenho a dizer, acrescentando que em Sicó somos mesmo bons a ser medíocres. Ser excepcional, criativo e aproveitar as mais-valias é que está quieto. Mais vale arrasar tudo, criar umas fábricas mamarracho e está feito. Uma foto com um empresário vale mais do que uma foto com a população.

Em ano de eleições há algo de fundamental para vos questionar. O que é mais importante, condicionar a  acção autárquica num local a 1 ou 2 empresários ou condicionar a acção autárquica num local às especificidades locais, aspirações e vontades dos locais? O que tem mais lógica, desenvolver e potenciar os recursos locais, sem estragar e comprometer as gerações futuras, ou mandar tudo isso às urtigas e despejar mamarrachos num território impar? Daqui a poucas semanas vocês serão soberanos, lembrem-se disso, para o melhor e para o pior...



 

18.8.21

E que tal fazermos isto?! Primeiro na Constantina, depois...


Era para ter ido hoje à rua para criar uma pista no chão como há mais de 30 anos, contudo o cansaço acabou por alterar os planos. De qualquer das formas criei o cenário na minha secretária e quem vir a imagem vai-se lembrar de algo que fez há muitos anos. Jogar às caricas era, para mim, uma brincadeira em criança, tal como era jogar ao berlinde ou ao prego. Também andar numas andas feitas com umas ripas e uns pregos. Belos tempos onde não tínhamos responsabilidades e tempo para estas brincadeiras. Ficaram nostálgicos, digam lá!
Não, não estou a falar destas brincadeiras só porque sim ou para encher chouriços, mas sim para vos desafiar... O desafio é desafiante, passe o pleonasmo, contudo antes de vos desafiar conto como surgiu a ideia. Tenho vários locais ou lugares especiais, que fazem parte da minha infância e juventude por motivos vários. Um deles é a aldeia da Constantina, lugar onde vou encher a alma de vez em quando. Numa das últimas vezes que lá fui, e de forma resumida, fiquei a saber que uma pessoa de idade, uma verdadeira anciã, que muito prezava e que ia visitar depois de estar num dos locais mágicos da Constantina, tinha falecido há poucos meses. Ninguém me tinha dito, daí ter ficado chocado com a triste notícia. Menos uma pessoa numa das muitas aldeias desta nossa Sicó. Depois deste episódio acabei por ter uma ideia que gostava de desenvolver e que passo a apresentar.
Esta ideia seria para replicar noutras aldeias ou lugares de Sicó, contudo aplica-se neste desafio à Constantina, em Ansião. Em que consiste o desafio?
Simples, conhecem aquele antigo campo de futebol, ao lado da igreja? Bem, seria organizar um evento num fim-de-semana, o qual incluiria actividades no campo, caso de caricas, berlindes, prego, andas e outros mais. Trazer a família e passar ali um belo dia. Juntar a isto um almoço ali ao lado, com o pessoal. Isto, obviamente, caso o pessoal esteja interessado. Resumindo, trazer mais vida à aldeia e ajudar a que o pessoal venha mais vezes aos lugares e aldeias, não se cingindo à festa da terra e pouco mais. É fundamental voltar a trazer vida aos lugares!
Não tenho interesse em organizar isto sozinho, já que deve ser uma ideia desenvolvida por todos os que queiram e com apoio do pessoal da Constantina, por isso caso haja interessados em falar nesta ideia, já sabem como me contactar...
Para terminar, uma recordação com uns 35 anos, ali mesmo, no campo da Constantina. Jogávamos à bola ali e uma vez o pessoal decidiu fazer uma brincadeira, colocar uma bola de pedra para alguém chutar sem se aperceber antes que era uma bola de pedra. Alguém caiu na brincadeira, mas já não me lembro quem foi, lembro apenas que doeu a quem deu um chuto na... pedra.

 

13.8.21

Um mal nunca vem só...


Esta fotografia surgiu-me no radar das redes sociais há uns dias. Se a memória não me falha, pela mão do pessoal que está a organizar o trail da Ladeia. Vou tentar ir este ano...
Quando vi esta fotografia fiquei furioso, já que mostra não uma, mas duas das modas parolas que andam a infectar este nosso Portugal. Isso mesmo, baloiços e aqueles montinhos de pedra irritantes q.b. e lesivos em termos ambientais, já para não falar na questão paisagística, já que são um elemento estranho!!!
Quanto aos baloiços não posso fazer nada, já que infelizmente já lá estão, contudo posso e irei comentar logo a seguir a fazer um pedido aos meus amigos. Estão a ver este montinho de pedras? Se ali forem, derrubem-no logo. E se virem mais por perto façam o mesmo sff!!! Há alguns que não se devem derrubar, contudo não é este um desses casos.
Mas vamos aos baloiços... Será que é preciso meterem a porcaria de um baloiço no monte para lá irem? Este e outros montes existem há milhões de anos e agora vão lá quando nunca foram? Já experimentaram ir a um monte, colina, montanha ou outro, livre de lixo visual, desfrutar a pureza da paisagem? Se aqui forem, experimentem não ir ao balancé e ir ao outro lado sentar ou deitar-vos nas lajes calcárias que ali estão e que são um belo sítio para estar sozinho ou com a família a desfrutar do mundo natural sem enfeites! Tiveram toda uma vida para desfrutar destes locais na sua forma mais ou menos pura, e apenas. agora tiveram uma desculpa para lá ir por causa de um... baloiço?! Isto é a prova de que somos um povo que não sabe desfrutar das suas riquezas sem ser capaz de meter enfeites ao que já é excepcional! É triste dizer-lo, mas mesmo apesar de termos um clima fabuloso, somos dos povos que menos sabe desfrutar do seu território. Já estive em 20 países, a maioria deles com climas muito menos favoráveis ao usufruto do ar livre durante o ano todo, daí ter percebido que, de facto, somos dos piores na hora de desfrutar do nosso território e das nossas mais-valias. Ao invés menosprezamos o ar livre, inventamos uma roda que já existe e copiamos os outros. E ser originais, não?! E mesmo em muitos casos, onde até compreendo a utilidade de criar algo, pode-se ser criativo e fazer surgir algo que tenha a ver com a identidade local. Uma dessas ideias espero que seja posta em prática, já que ofereci a ideia a uma entidade pública. Espero evitar assim mais um balancé, com uma ideia criativa, inovadora e que respeita o local e a sua identidade.
E não, não é só um balancé, é o desvirtuar do local, a visitação intensiva e abusiva do local, o parvoíce puxa parvoíce e o lixo. Sim, ele virá para onde não havia...



 

9.8.21

Uma boa colecção para fortalecer a cultura geral de cada um de nós!



É certo que ainda há pouco tempo falei aqui de livros, contudo falar de livros nunca é demais. E numa época onde alguns de vós estão de férias, eis que têm um bom momento para ler enquanto descansam o corpo. Desta vez a sugestão vai para uma colecção que foi publicada recentemente. Logo que soube, fiquei atento, e logo que surgiu a oportunidade dei uma vista de olhos, de forma a confirmar dois pressupostos fundamentais para a compra de livros. Qualidade e livres do "acordo" ortográfico. Não havia, portanto, outra coisa a fazer que não pegar nestes 4 livros, pagar e levar para casa. São uma excelente colecção para saber mais e melhor sobre nós mesmos, sobre o nosso potencial e o que andamos a fazer neste planeta. Diversidade de questões e temas, tal como deve ser para fortalecer a cultura geral e, assim, sermos mais fortes contra a iliteracia, extrema-direita, fascismo, nacionalismo e afins. Só uma sociedade conhecedora e culta pode ter um futuro risonho! Boas leituras...





 

5.8.21

Oxalá aconteça mais vezes...


A qualidade da fotografia não é a melhor, mas foi a possível tendo em conta que só tinha a jeito o telemóvel para registar o caso. O importante é perceber o que ali está e isso é bem visível. Mas vamos aos factos...
A semana passada andava eu com pessoal por Ansião, num local situado no que na brincadeira se diz por "Cú de Judas", quando me deparei com esta preciosidade. A leitura que faço do que veem na fotografia é que ainda há esperança num mundo melhor, onde se protege aquilo que vale a pena. Para quem não percebe o que observam na fotografia, trata-se de proteger o que um dia será uma bela árvore. Alguém (o dono) se deu ao trabalho de, num local ermo, levar 3 verguinhas e arame farpado para que aquela beldade verde não seja comida, dando-lhe a possibilidade de vingar. Numa palavra, esperança!
E tem ainda outro significado... Ali bem perto foi cometido um atentado ambiental gravíssimo, há uns anitos, por uma empresa da região, o qual depois denunciado resultou em duas coimas que, em conjunto, somaram dezenas de milhar de euros (#incha). Constatar o que se vê na foto tem para mim, portanto, um significado muito simbólico. 
Tal como se costuma dizer, uma imagem vale do que mais mil palavras!