21.12.20

Uma espécie de xenofobia territorial?


Estamos a poucos dias do final de um ano que ficará para a história como um dos piores dos últimos anos. O motivo, esse já todos sabemos. Mas não estou aqui para falar dessa questão, estou sim para falar de um outro assunto e em jeito de comentário de final de ano, mais sentido e sempre abordando o que mais importa, o património.

Quero falar de algo com o qual já não era confrontado há muitos anos. A última vez que isso aconteceu foi aquando do abate das azinheiras, em Alvaiázere. Nessa altura surgiram alguns energúmenos que utilizavam o “argumento”: tu nem sequer és daqui – Isto estando eu a fazer o que era suposto e para o qual era pago enquanto funcionário público. Juntava-se a paixão ao património e ao território, o qual, e para mim, não tem fronteiras administrativas. Foram tempos estranhos, onde o pior da condição humana veio à tona. Foi uma altura onde os trogloditas saíram das grutas escuras em que viviam. Passados poucos anos as vozes desses imbecis calaram-se, ficou à vista quem era quem e as máscaras deles cairam. Não esperavam levar umas lições e bofetadas de luvas brancas... Mas não só, já que o reconhecimento surgiu e os tais trogloditas perderam o seu palco quase na sua totalidade (alguns ainda lá andam...). Hoje continuo a ter gosto e paixão por Alvaiázere, com muita gente amiga por lá.

Mas isto foi há muitos anos. Agora aconteceu algo de semelhante, mas em Ansião. Ironicamente por parte de gente que vive perto dos limites administrativos entre Alvaiázere e Ansião. A história acaba por ser simples, um grupo restrito de velhos do Restelo, que já me tinha sinalizado há alguns anos, perdeu a cabeça ao ver uma entidade pública a divulgar a “sua” terra utilizando os topónimos oficiais e legais, imagine-se. Indignaram-se pelo facto, já que isso colide com a sua visão algo fanática, de componente religiosa. Tudo por causa de uma capela. O que eles queriam era que a entidade pública tratasse a Serra da Portela por um topónimo que nunca existiu, de índole religiosa. Fingem não saber que o nome da serra é, desde 1940 Serra da Portela e que isso é bem diferente de eles tratarem a serra por Anjo da Guarda (capela). Tentam impedir que outros tratem a serra pelo seu nome, querendo impingir a terceiros a sua visão redutora, parcial e religiosa sobre a serra da Portela. Houve um que demonstrou algo que deve ser novo na geografia, já que, para ele, a vertente da serra da Portela virada para o lado da casa dele é Anjo da Guarda, mas do outro lado, que já não vê, já é serra da Portela. Outro, mostrou não saber sequer os limites físicos da serra da Portela, já que, para ele, a serra é só do lado da capela e parte do topo, já o resto é terra de ninguém. Dizem também que eu semeio a discórdia, como se isso fosse possível ao falar dos factos em causa. Eu digo o nome da serra da Portela (facto). Digo que alguns a tratam por Anjo da Guarda (facto), tal como outros a tratam por Monte da Ovelha (facto). Digo também que a podem e devem tratar como querem, não podem é enganar as pessoas/terceiros e afirmar que o nome oficial e legal da serra é outro que não Portela (facto).

Há um que até afirmou que eu sou uma pessoa letrada, ao mesmo tempo que se baseia num mero desenho, a fingir um mapa, com o topónimo manipulado, para, desesperadamente, tentar enganar terceiros, omitindo o mapa oficial e legal. Pouco inteligente, especialmente sabendo ele que eu trabalho com mapas e não com desenhos. E, claro, sem esquecer a ajuda que teve na divulgação de um comentário ressabiado e cheio de ódio, de alguém que há uns meses ficou muito irritado comigo quando lhe falei num caso, ocorrido há duas décadas, de manipulação de preços, vulgo fraude, associada a alguém que ele conhece e a uma outra individualidade,  minha conhecida (ele ficou ofendido por eu ter falado num facto que não abona nada para o seu conhecido, eu apenas tenho vergonha do que o meu conhecido fez e condeno o mesmo, é a diferença de valores entre nós...). Não esquecendo também um artista que se achou esperto ao perguntar à pessoa X onde eu morava e, com isso, fazer uma charada, sem sucesso, diga-se. Esse artista não fez o TPC e demonstrou uma ignorância colossal, falhando por muitos km. Espero que receba um mapa no natal. E convinha que ele tirasse a referência a Tomar no seu perfil. Para quem se afirma ansianense, é estranho colocar no seu perfil a referência Tomar. Não deve saber que há muitos ansianenses espalhados pelo país, os quais não deixam de ser ansianenses por morar fora de Ansião uns tempos. Ou então uma fulana, auto-intitulada de boas famílias, que perdeu as estribeiras, ficando à vista o seu real carácter, ou falta dele. Uma aprendiz de investigadora que ignorou princípios sagrados da investigação e da divulgação histórica e patrimonial. Passadas poucas horas cometeu mais erros de principiante e acabou a utilizar o asneiredo típico de gente mal formada contra alguém que conheço, bloqueando-a de seguida. Não esqueço também a atitude pidesca de alguém que se indignou quando eu divulguei a Serra da Portela, mais uma vez, numa plataforma digital. Há alguns anos, quando fiz algo de semelhante, com dezena de fotos de Ansião, algumas delas da Serra da Portela (numa plataforma que a Google já extinguiu – permitia colocar fotografias através do Google maps), isso não o incomodava, talvez por nessa altura eu não ter a visibilidade que tenho actualmente. Ou ainda uma beata, que afirmou que há mais Portelas, sem referir que também há mais Anjos da Guarda (lugares, pois serra do Anjo da Guarda não conheço nenhuma, mesmo já tendo feito investigação nesse domínio, com vista a um artigo sobre grutas e religião em Portugal).

Mas voltando atrás, e referindo o que me motivou a escrever este comentário, houve um indivíduo que afirmou que eu não era de Pousaflores (facto) e não tinha qualquer associação a Pousaflores (falso), como que se a falta de algum destes fosse impedimento para fazer seja o que for em prol do património e da divulgação que faço do mesmo. O triste disto é que este mesmo indivíduo até nos deu algum apoio quando eu era atleta do GDR Pousaflores. Mais uma vez, nessa altura, já eu travava a serra pelo seu nome, Portela, mas isso não era na altura problema. Desprezo é o que este indivíduo merece. Xenofobia territorial? Tenha mas é vergonha na cara! Quando eu ia apagar fogo nos terrenos dele, ou socorrer conhecidos, aí nem piava...

É lamentável subsistir este tipo de mentalidade retrógada, ressabiada e xenófoba. Mentalidades das capelinhas, literalmente, que atrasaram o desenvolvimento territorial. Este faz-se não só com paixão, mas acima de tudo com competência. Tratar um território como que se de um quintal nosso fosse é das piores coisas que se podem fazer. E, diga-se, projectos já foram perdidos à conta da teimosia e vingança destes velhos do Restelo. Eu cá estarei para trabalhar em prol do património e da identidade (sem fanatismos religiosos à mistura), sem tentativas de manipulação da história e dos factos (perpetrada por estes mesmos velhos do Restelo) e englobando todos os que prezam a sua terra, sem pensar em limites administrativos, já que a identidade não se fabrica, tal como estes velhos do Restelo tentam desesperadamente fazer, contra tudo, legalidade incluída, e contra todos os que ousam referir o nome legal e quase centenário, Serra da Portela. Ao contrário destes velhos do Restelo, e algumas beatas, eu não impeço ninguém de afirmar que aquela é a serra do Anjo da Guarda (apesar de não ser...), eu simplesmente corrijo quem o diz, dizendo que uma coisa é elas tratarem a serra da Portela por esse nome (Anjo da Guarda), outra é o topónimo oficial e legal ser esse. Não é, ponto!

E já dizem que querem mudar o nome da serra da Portela, esquecendo-se que já o tentaram fazer, sem sucesso, porque será?! Pois, tudo o que já foi feito em termos de manipulação e adulteração histórica é conhecido (e será cada vez mais conhecido...) pelas autoridades na matéria. Há que preservar a integridade da história e dos topónimos legais, protegendo-os de modas e fanatismos religiosos, os quais estão, de facto, na base desta questão. É triste constatar que há gente com este tipo de mentalidade, ainda mais em Ansião, onde era suposto haver muito mais gente culta (ser culto não é sinónimo de curso superior...), respeitosa e honesta em termos intelectuais e não só! Felizmente que a regra em Pousaflores é haver muita boa gente, que respeita e sabe debater, concordando ou não. Uns já conheço há muitos anos, outros tenho vindo a conhecer. Curiosamente, e após esta situação, já conheci mais pessoal porreiro, que sabe debater, respeitar e trocar ideias. Quiçá saia daqui algum projecto para desenvolver com estes...

Mas resumindo, temos a serra da Portela e o seu moinho de vento, temos mais abaixo a capela do Anjo da Guarda, temos o ciclo do pão, temos muito património por ali, por divulgar e potenciar e temos muito pessoal que sabe falar, estar e desfrutar. O resto é fanatismo, ódio e um grupinho de ressabiados que confundem a serra da Portela com uma sua coutada.


Nota: guardo religiosamente estas duas camisolas, na imagem, há duas décadas

17.12.20

Ler, ponto!


Não podia deixar de terminar este ano tão negativo, com algo de positivo como são os  livros. Sei que dois exemplares destes  livros estarão brevemente disponíveis numa biblioteca perto de vocês. As bibliotecas municipais são algo de muito valioso, onde muito podemos aprender e sem nada ter de pagar. É um bem comum que devemos estimar e apoiar das mais variadas formas. E, claro, apetrechadas com livros interessantes q.b. e úteis. Mas sem desacordo ortográfico, obviamente!

Estes dois livros suscitaram o meu interesse porque focam dois temas interessantes. Um, os moinhos, mesmo que não sendo de vento. Os moinhos do rio e as suas histórias também fazem parte de Sicó, daí querer ler este livro, mesmo não retratando Sicó. 

Depois, a temática dos incêndios, a qual me diz tanto e tanto me marcou, seja pela negativa seja pela positiva, já que ambos os lados coexistem. Estou curioso para ler estas histórias de pessoas reais, que não bombeiro/as, e comparar com as minhas histórias e com as histórias dos populares com que lidei durante duas décadas. Daqui a uns dias devo começar a ler ambos.

Aproveitando este comentário, um dos últimos deste 2020, fica a sugestão de compra de livros para oferecerem aos vossos mais próximos. De preferência no pequeno comércio, nos alfarrobistas ou directamente com os autores, tal como eu o fiz nestes dois casos. Oferecer um livro é algo de valioso e útil. Com os livros aprendemos, vamos onde ainda não fomos, conhecemos histórias fabulosas e outras coisas mais! Resumindo, aprendemos e alargamos horizontes. Boas leituras!!

13.12.20

O alcatrão da Ladeia...


Foi tema de conversa há vários meses, contudo, e tendo em conta a minha prolongada ausência, não tive a possibilidade de ir ao local ver o que se passava. Só há algumas semanas consegui voltar a Ansião e, com isso, visitar o local em causa, de forma a me inteirar dos factos. Assim sendo, aqui estou para falar deste caso.
Indo directo aos factos, o motivo de conversa foi o alcatroamento de um caminho com história, algo que não era suposto. Seria interessante um arqueólogo ou historiador falar sobre este caminho histórico, já que, genericamente falando, há pouco conhecimento factual sobre a importância histórica do mesmo. Disponibilizo este espaço para um comentário sobre este caminho histórico, sendo que a única condição é o texto ser escrito em bom português, ou seja sem desacordo ortográfico à mistura. 
Julgo que não será difícil repor a situação original, a qual, diga-se, já não era a melhor. Já havia um desvirtuar do caminho com o crónico estradão de brita da serra. De ano a ano lá era espalhada mais uma carrada de brita, pois a chuva do Inverno levava-a pelo estradão abaixo...
Este tipo de acções é algo comum por toda a região, já que são conhecidos muitos casos, uns mais graves e outros menos graves, de degradação ou destruição de caminhos históricos. Lembro-me de há uns anos (julgo que uns 11) ter manifestado o meu desagrado a um autarca pelo facto de um caminho histórico (estrada romana..) ter sido literalmente destruído para depois surgir o "típico" estradão de brita. Nessa altura o autarca em causa disse que não sabia (aparentemente).
Isto leva-nos a uma velha questão, a qual já aqui referi muitas vezes. Continuamos a não ter um registo de tudo o que é património, de forma a que sempre que se planeie uma acção ou intervenção urbanística ou de outro tipo, se saiba que afinal existe ali algo de valor, portanto qualquer acção ou intervenção terá de ter em conta o património, sem o degradar ou destruir. Por vezes a acção de degradação ou destruição é por ingenuidade, outras é dolosa. Sendo de que forma for, havendo uma base de dados e mapas do património, será mais difícil haver chatices, já que ninguém poderá alegar que não sabia.
Assim sendo, fica o desafio...


 

9.12.20

Outra vez a regra e esquadro?!



Não pensei que tivesse de voltar a este tema, contudo, e após ter passado num estradão no Marquinho, tive de parar para fazer o necessário registo fotográfico. Compreendo a importância das faixas de gestão de combustível, contudo a compreensão não se estende a limpezas das mesmas, feitas a regra e esquadro. Não aceito que se corte por exemplo carvalhos como o registado na primeira fotografia de forma leviana. E este, em especial, foi um de vários casos. Porquê este preciosismo desnecessário?
Há que trabalhar esta questão, de forma a evitar o abate desnecessário de árvores nobres, que até desaceleram a velocidade das chamas em caso de incêndio...

 

5.12.20

Belas... mas invasoras!


Quem conhece vai saber onde é este local, contudo não é o local em si que está em causa, mas sim o facto de, ali, ser um dos locais infestados há mais anos por esta invasora, a erva-das-pampas. Trata-se de um local que conheço há muitos anos e onde um/a residente achou por bem utilizar esta invasora como adorno no seu terreno. Muito provavelmente nem sabe que se trata de uma planta invasora. É, infelizmente, um velho hábito de muitos, utilizar esta planta como adorno, facto que só agrava o problema.
Como combater o problema? “Simples”, primeiro há que passar a palavra, depois informar, informar e informar sobre os impactos negativos das invasoras, desta em especial e de formas práticas de as eliminar de forma eficaz.
Há umas semanas, e depois de ter partilhado novamente um comentário antigo, deste mesmo blogue, sobre outra invasora, a mimosa, surgiu um comentário completamente anti-pedagógico, sobre o meu comentário. E o que me chocou não foi tanto o comentário em si, já que o desconhecimento deste assunto é comum, foi sim o facto de ter sido feito por uma professora, a qual, motivada por questões externas, não fez o que era suposto, ler, contextualizar e, depois, comentar. Inadvertidamente acabou por dizer qual seria afinal o topónimo mais acertado para a rua em causa (Rua das Mimosas), ou seja “Rua das Flores Amarelas. Assim a questão que ela focou ficaria resolvida, e logo de uma forma pedagógica e respeitando a memória.
Esta questão, das plantas invasoras, pode parecer um assunto menor a muitos de vós, contudo é um assunto maior, de enorme gravidade e que custa ao país muitos milhões de euros por ano. Isto sem falar da perda de biodiversidade associada...

26.11.20

Vândalos em acção...


É um cenário que tristemente se repete por aqui já desde o início. Mesas vandalizadas, mesas mudadas de sítio sem respeito algum e é assim que alguns acham que deve ser .
Já vi convívios vários por ali, a maioria respeita a volta a arrumar as mesas, contudo não é desses que falo, mas sim dos vândalos que grafitam, que não arrumam e não preservam equipamentos que são para usufruto de toda a comunidade.
A solução é criar regras e fiscalizar. Claro que não é fácil, contudo é possível fazê-lo e com a ajuda de entidades várias e dos próprios cidadãos, os quais, por vezes, veem mas não dizem nada, não denunciam para não se chatear. Eu não sou desses, já que não tendo prazer em me chatear, tenho prazer em contribuir para que os comportamentos e as atitudes sejam as mais correctas, ganhando todos com isso. Quem não se interessa por isto acaba por se tornar cúmplice, lembrem-se disto!
O parque verde do Nabão é para manter limpo e organizado!!



 

16.11.20

E finalmente... limpou-se o matagal da Serra da Portela!

 


Já me tinham dito que isto aconteceria, mas entre me dizerem que vai acontecer e o acontecer vai uma grande distância, como é aliás comum em tantas situações, daí apenas agora que a coisa se concretizou eu falar dela.
Foi em Novembro de 2019 que o presidente da Junta de Freguesia de Pousaflores, em agradável conversa, me disse que isto estava planeado, daí eu estar expectante com esta limpeza, a qual surge já com um atraso de muitos anos. Em Agosto de 2006 ardeu parte da Serra da Portela, no seu sector Norte, ou seja do lado da capela do anjo da guarda, e a coisa estava a propiciar-se para voltar a acontecer novamente. Nos últimos anos tenho apelado para a limpeza daquela área de pinheiro manso, já que estava basicamente num estado de abandono que potenciava o risco de incêndio e colocava em causa a produção de pinhões e a própria existência do pinhal.
Em Outubro voltei à Serra da Portela e constatei que a limpeza estava a ser efectuada. Foi curioso ver a limpeza, já que pôs em evidência algumas curiosidades. Primeiro, o “deserto” em que a Serra da Portela se tornou após meados da década de 90, aquando, quiçá, a maior destruição de património decorrida por ali, quando uma máquina arrasou todo o topo da serra. Nunca me saiu da cabeça aquela paisagem lunar... Depois, ver os tubos fantasmagóricos daquela acção de greenwash promovida pela GM, aquando da plantação de 130000 árvores sem estudo prévio. Não sobreviveram nem 10%, já que a coisa foi feita, como se costuma dizer, mal e porcamente.
O futuro a ver vamos, esperando eu que se preserve o que se manteve e não se promova mais destruição. Lembro que não basta cortar o mato, mas sim gerir a flora (e, também a fauna). 
Curiosamente, lembro-me de há 1 ano me terem confidenciado que estavam a pensar cortar algumas árvores ali plantadas, já que atrapalhavam o normal funcionamento do moinho ainda em funcionamento na Serra da Portela. Sobre este último, apresentei uma ideia a quem de direito, mas até hoje não obtive resposta. Se calhar está tudo bem e há muitos projectos em curso para dinamizar aquele território... É possível que venha desenvolver a ideia noutro local, caso exista interesse.
Quase a terminar, julgo que é nesta altura que começa a época da apanha das pinhas (1 de Dezembro), para que daqui a uns tempos tenhamos o belo do pinhão pronto para ser degustado. Infelizmente a problemática covidiana actual afectará a nossa feira dos pinhões...
Aproveitem para, logo que o tempo dê, fazer uma caminhada pela Serra da Portela. E se algum "evangelizador" vos falar do anjo da guarda, digam que depois passam pela capela para a ver, já que há quem faça confusão, deliberada, com o nome legal e oficial da serra, tentando impor uma sua visão facciosa, através da ocultação/manipulação verbal do topónimo legal e quase centenário. Já muito antes da capela existia a Serra da Portela, baptizada pelos locais ( e não por pessoas da cidade, como já, de forma desesperada tentaram fazer passar...). Como se costuma dizer, cada macaco no seu galho, a religião nos locais de culto e o património e a identidade no território, laico, a bem da identidade local. Chega de guerrinhas entre lugares e de tentativas de evangelização da Serra da Portela! Há poucas horas li o comentário de um senhor que tentava fazer uma analogia com aquele ditado do "para lá do Marão, mandam os que lá estão". Sugiro então que este senhor, que muito prezo, respeite então os locais, já que foram precisamente os locais (Pousaflores) que baptizaram a Serra da Portela há mais de 80 anos, ou seja muito antes da "sua" capela. A religião não manda fora dos locais de culto nem se sobrepõe à legalidade e ao respeito pelo património secular. A idade média já acabou há muito tempo. 
Fazendo eu agora uma analogia com base em "a idade é um posto", a história da Serra da Portela é um posto, daí um argumento que eu ouvi na base de "eu já conheço a serra por outro nome há 50 anos" não se sobrepor ao topónimo legal, que já vem pelo menos da década de 1940. Conhecer até conhecem, mas ocultam, mal, o facto. Já tentaram mudar o nome mas felizmente sem sucesso, já que as autoridades na matéria, guardiãs da legalidade e da história, descortinaram esta jogada pouco ética de um grupo de pessoas que confundem a religião e uma capela com a Serra da Portela.
Claro que a capela do anjo da guarda tem o seu espaço na história da Serra da Portela, ninguém nega esse facto, mas daí a tentarem impor, através da mentira, da ilegalidade, da manipulação e da ocultação de factos históricos esse nome à Serra da Portela vai muito. As guerrinhas entre lugares em redor da Serra da Portela também são algo feio de se ver. Impera não a ideologia religiosa, mas sim a história e essa é clara, gostem alguns ou não! E é escusado essa hostilidade. E escusam de tentar evangelizar o meu feed, já que ele é laico e não admite fanatismos, sejam eles de que tipo forem. Eu fico-me pelos factos históricos, não de forma parcial e ideológica, mas sim de forma imparcial e com base histórica. E estarei aqui para o debate dos factos.
Eu não digo a alguns para não tratarem a serra por outro nome, eu "apenas" condeno quem mente e diz que o topónimo legal e histórico da Serra da Portela é outro que não este. Há quem a trate por Anjo da Guarda, por causa da capela, há quem a trate por Serra do Monte da Ovelha, por causa de parte da sua história (o marco geodésico tem esse nome) e há quem trate a serra pelo seu nome legal e quase centenário, ou seja Serra da Portela. Claro, conciso, informativo e esclarecedor. A serra da Portela não é minha nem é sequer vossa, é sim de todos. Todos gostamos dela à nossa maneira e por vários motivos!

12.11.20

Estacionamento de bicicletas para totós

 


É uma imagem que ilustra na perfeição a falta de preparação das entidades públicas em termos de planeamento das infra-estruturas cicláveis. Mas vamos então ao debate que deve decorrer após a visualização desta fotografia. Antes de mais, trata-se de um estacionamento para bicicletas, localizado à saída de Pombal, no sentido Pombal-Ansião. Salta logo à vista um pormenor, ou seja a má escolha do tipo de estacionamento ou infraestrutura, já que este é do tipo “entorta raios”. Trata-se de uma má opção, que vai no sentido contrário às boas práticas existentes e ao recomendado pelos especialistas.
Depois entra a questão da localização do ponto de estacionamento, o qual não faz qualquer sentido. Ninguém utiliza este estacionamento, sabem porquê? Está localizado num ponto onde não é preciso estacionar as bicicletas. Onde é então necessário colocar estacionamento para bicicletas? Simples, nos lugares, em pontos estratégicos, devidamente identificados após estudo prévio. Caso assim não seja é um mero desperdício de dinheiro.
Vamos seguir as boas práticas também neste domínio? Vamos a isso!

8.11.20

Ler, ler e ler é excepcional!


Nem a pandemia pára este meu vício, saudável, daí voltar com mais umas sugestões de leitura. Desta vez, e à excepção da National Geographic, em bom português, todas as outras sugestões são em língua inglesa. 
Por esta altura estou prestes a terminar a leitura do "Philosophy for polar explorers", livro de fácil leitura que é francamente bom de se ler, especialmente nesta altura. Havia em acordês, contudo eu gosto demasiado da língua portuguesa, daí não comprar livros em acordês. Só livros, revistas e demais conteúdos que não padeçam do "acordo" ortográfico. Não são obrigados a adoptar, sabiam?!
Continuando, encontrei também um livro pelo qual ansiava, portanto não escapou. The invention of Nature é uma obra imperdível para quem, como eu, tem na natureza o seu farol.
Quanto ao "Travellers in the third reich", é uma obra que mostra uma perspectiva diferente do mundo numa época onde as democracias e a liberdade estiveram em causa na Europa e não só. Enriquecedor q.b., daí ter escolhido este livro.
Segue-se outra perspectiva, também particularmente curiosa, na medida em que foca o problema que é, de facto, a acção humana neste planeta. Feita a "fiscalização", confirmei que valia a pena trazer este comigo.
Depois, algo sobre os Organismos Geneticamente Modificados. Eu gosto de ler o contraditório, pois é assim que compreendemos e melhoramos o nosso eu.
Finalizo com uma compra mensal, no quiosque, pois claro, apoiando o comércio de proximidade. A National Geographic Portugal é uma revista que devia estar em cada uma das nossas bibliotecas (para a de Ansião já a sugeri há alguns anos). E para quem gosta de tudo o que de extraordinário este planeta tem, é uma boa aquisição mensal, com vista a um enriquecimento cultural colossal.
Ler é uma das coisas que melhor podem fazer nas vossas vidas, portanto, frequentem as vossas bibliotecas, adquiram livros e revistas interessantes e ofereçam livros em vez de bugigangas! Tudo, claro, sem "acordo" ortográfico à mistura!









4.11.20

"Traduções" à moda do google translator...


Não é a primeira vez que abordo esta questão e, parece-me, que, infelizmente, não será a última. Há uns dias reparei em mais um painel informativo que padece de um problema crónico por estes lados. Porque carga de água continuam a insistir em pegar em textos e “traduzi-los” com o Google translator? Sabiam que há profissionais que fazem esse trabalho, bem feito?

Pegar em textos e colocar os mesmos no Google translator é um mau serviço prestado à região de Sicó, aprendam isto de uma vez por todas!

28.10.20

O lixo é lixado!



Desde que alguém (não sei quem...) se lembrou de mandar abrir um estradão pela vertente da fórnia da Ucha, situada entre a Serra da Portela e a Serra do Casal Soeiro, me insurgi sobre esta acção lesiva para com o património e para com a paisagem. Não se justificava de forma alguma a abertura de um estradão naquele local, o qual devia ser preservado. A desculpa deve ter sido a do costume, a do risco de incêndio... O próprio mapa de risco de incêndio não corresponde, de facto, à realidade, já que ali o rico é muito reduzido!

O que eu disse de início concretizou-se, ou seja aquele estradão serviu um único propósito, o de servir de local de deposição de resíduos. E assim vamos destruindo o que de melhor temos. Não aprendemos e acabamos por tolerar, aos poucos, acções estapafúrdias como esta. Se calhar alguns de vós irão dizer que é apenas um pequeno problema, respondendo eu que este pequeno problema é mais um a somar a muitos pequenos problemas, os quais, no seu todo, representam um grave problema.
Quando é que isto vai acabar?! Será que temos continuar a estragar os poucos locais onde ainda existe alguma paz e sossego?

23.10.20

Não era suposto ser um lugar de contemplação?

 


Há poucos dias voltei ao castelo de Pombal, já que vale mesmo a pena voltar regularmente ao castelo de Pombal e à sua área envolvente. Um dos lugares que mais aprecio na envolvência do castelo é este que veem na fotografia que acompanha este comentário. Apesar de já ali ter estado várias vezes, nunca tinha retido algo de importante e deveras curioso. Faz algum sentido ter ao lado daquele banco, um caixote do lixo? Não me parece, de todo, o melhor posicionamento para o caixote do lixo, já que é suposto aquele banco ser um local para desfrutar, sem o risco de virem maus cheiros de um caixote do lixo. Para mim a solução é simples, retirar dali os caixotes do lixo e posicioná-los fora daquela infra-estrutura. O posicionamento actual do caixote do lixo é bem ilustrativo da preguicite crónica da qual padecemos... Só alguns vão compreender o alcance deste meu comentário.

19.10.20

Onde pára a passadeira?

 

Era um assunto que estava à espera de falar há uns meses, contudo, e dadas as condicionantes covidianas, que me mantiveram afastado de Ansião por uns meses, teve de ficar em espera, dada a falta do necessário registo fotográfico. Antes das obras de alargamento do quartel dos Bombeiros Voluntários de Ansião, havia ali um passeio, o qual desapareceu após as obras. Compreende-se o facto, já que além de já ser, de facto, uma entrada daquele espaço, as desejadas obras obrigaram a melhorias no desenho urbano. Falhou um pormenor importante, ou seja uma passadeira onde dantes existiu um passeio. O segmento táctil está lá, faltando apenas pintar a obrigatória passadeira. Espero que esta questão não fique esquecida mais tempo...

15.10.20

A sério que utizaram granito?!



Estávamos em Janeiro de 2019 quando aqui abordei o mau estado da Praça Marquês de Pombal, na cidade de Pombal. Lajes partidas, carros a circular num espaço nobre e, portanto, um cenário que envergonhava a todos. Há poucas semanas, e após uma longa ausência, voltei aquela praça, já que se trata de uma área bastante aprazível e com interesse histórico e arquitectónico. Eis que fiquei estupefacto com o que vi... A praça já estava arranjada, contudo há ali um elemento estranho que fere a identidade da praça e da região de Sicó. Os políticos, os projectistas e os arquitectos que trabalharam neste projecto provaram mais uma vez que não alcançam o básico, ou seja feriram a identidade do local. A região de Sicó é uma região cársica, ou seja tem no calcário um dos seus traços identitários. Eu não tenho dúvidas em afirmar que Sicó tem no calcário a sua matriz identitária base. Por isto mesmo não compreendo esta insistência em trazer granito para aqui. Granito?! Não faz sentido!!! Temos muito que evoluir também neste domínio... A cada obra que passa, a identidade da região vai sendo obliterada...




10.10.20

Já só nos faltava esta parolice, arre...


           
Fonte: C.P.

Soube há menos de uma hora, quando o meu radar detectou nas redes sociais algo. Estou em choque com o que fiquei a saber, dada não tanto a parolice em causa, mas acima de tudo pela parolice estar a ser feita numa área protegida e dentro de um povoamento arqueológico (?). Ilegal, irresponsável e mau demais para acontecer.

A concluir-se, será mais uma machadada no património regional e mais um foco de deposição de lixo. Isto tudo, repito, numa área protegida e dentro de um povoamento arqueológico (?), à revelia da lei e do bom senso. As consequências serão nefastas, a começar pela degradação dos habitats e da degradação da flora e fauna. Sim, é isso mesmo que veem na imagem (retirada das redes sociais), eis a moda parola dos balancés na região de Sicó. Profundamente lamentável tendo em conta o local e os valores que deviam ser protegidos de actos e acções como esta moda parola dos balancés em pontos como este, panorâmicos. Só quando acabarmos de estragar os locais mais idílicos estaremos descansados, inacreditável. É esta a triste sina de Sicó...

Já estou a imaginar a fila de carros com centenas de cromos a ir em busca da foto para meter na sua página de facebook, no twitter ou no instagram. Para quê, para depois passarem para outro balancé? É assim que valorizam o património?! Arre...


5.10.20

Livrai-nos da poluição sonora!

 

Basta um título destes para iludir aqueles que se ficam pela leitura do título. E não, não sou contra o som dos sinos, muito pelo contrário. Sou um acérrimo defensor do belo som dos sinos e deste património sonoro. Sicó já teve uma fábrica de sinos, concretamente em Alvaiázere, de onde saíram sinos para todo o país. Actualmente já só existe uma ruína e registos desta actividade, bem como trabalhos de investigadores que se dedicam a promover a história associada à indústria sineira.

Mas então porque me lembrei eu deste título enganador? Bem, posso explicar de uma forma muito simples, dando o exemplo último que me levou a escrever este comentário. Há poucos dias estava eu num miradouro da nossa região, Sicó, quando oiço não o som dos sinos, a  dar as horas, mas sim a gravação do som dos sinos a dar horas, facto este que me irrita profundamente. Não faz sentido esta coisa de ouvirmos sons gravados de sinos!


19.9.20

Tesouros perdidos!




Para muitos é mera sucata, algo sem utilidade alguma. Para mim são objectos históricos, dignos de museus de etnografia. Tive a felicidade de há uns anos ser presenteado com estes objectos excepcionais, por uma das muitas pessoas que faz parte do meu círculo de amigos que denomino como "amigos do património". A maioria das pessoas dispensa uma oferta destas, contudo, e quem gosta do património como eu, fica honrada por receber presentes destes. Guardo-os religiosamente, dado o seu valor. Já pararam para ver os tesouros que podem ter em vossa casa ou nos vossos barracões?

11.9.20

Saber desfrutar do melhor que temos!


Hoje apeteceu-me ser claro e conciso, portanto aqui vai. Que toda esta situação que vivemos já há alguns meses nos faça saber apreciar e desfrutar do nosso belo território, Sicó. Há muitos e belos recantos como este, portanto aproveitem!

6.9.20

Uma boa ideia ou um elefante branco, eis a questão!


Há poucas semanas voltei a ouvir algo que já tinha ouvido há poucos anos. É algo que, diga-se, considero bastante interessante para trazer aqui ao debate. Da primeira vez que ouvi o que seguidamente irei abordar, foi dito por alguém ligado a um partido político. Já a segunda vez, foi dito por um cidadão sem qualquer ligação política. Claro que não terão sido as únicas vezes que ouvi isto, contudo foram estas duas vezes que ficaram a orbitar na minha cabeça. Trata-se, portanto de algo idealizado por qualquer ansianense, independentemente de política e afins, algo de transversal à sociedade.
Agora que já estão desesperados para saber do que falo, vamos então à ideia em causa. A ideia que tenho ouvido nos últimos anos, mais concretamente desde as obras nas margens direita e esquerda do rio Nabão, em Ansião, é a de uma praia fluvial, a localizar no troço em redor do campo de futebol de praia.
Compreendo que as pessoas falem da ideia e a debatam, já que é saudável e deveras interessante debater, contudo será que faz algum sentido a construção de uma praia fluvial em Ansião?
Na minha opinião não. Porquê? Poderia resumir em dois pontos fundamentais, ou seja as características geológicas e geomorfológicas, bem como a componente “aquíferos”. Em Ansião não existem condições ideais para uma praia fluvial de algum tipo, caso do Agroal, do Anços ou mesmo do Arunca. Depois entra a questão da água, ou seja o regime hidrológico do rio Nabão, com um volume de água reduzido e limitado a poucos meses. E nos últimos 20 a 30 anos houve mudanças no regime hidrológico, como os que têm a minha idade ou mais velhos bem sabem, já que, como eu, vivenciaram estas mudanças.
No meu entender uma praia fluvial seria um mero elefante branco, onde se iriam perder alguns milhões de euros (em termos técnicos, e no limite, seria o valor necessário para criar um elefante branco destes...).
O que podemos então fazer? Sobre isto nada, é mesmo para esquecer e focar no que podemos fazer pelo rio Nabão. O que, neste momento, considero mais importante é estudar o aquífero do Nabão, o qual tem sido explorado por especialistas na matéria, e tratar de uma vez dos problemas da poluição que afecta o rio Nabão. Lembrem-se que até há não muitos anos Ansião tinha no Nabão a sua fonte de água potável. Neste momento não tem, contudo temos no Aquífero do Nabão um recurso fundamental, do qual pouco sabemos sobre o seu real estado. E seria crucial saber muito mais, já que temos ali uma reserva estratégica de água, a qual poderá ser uma boa reserva de água potável num futuro que se prevê complicado em termos de disponibilidade deste recurso do qual dependemos. 

29.8.20

Urge reflectir sobre o património...

 


Este registo fotográfico data de 2012, aquando de um passeio algures por Sicó. Nunca a utilizei, ficando a mesma no arquivo. Faço muitos registos fotográficos com dois intuitos, o primeiro o de registar algo que considero que vale a pena registar para a posterioridade, enquanto que o segundo é ter material para utilizar, entre outros, no azinheiragate mais tarde ou mais cedo. Decidi pegar nesta imagem, a qual retrata, para mim, algo de curioso, ou seja património perdido no tempo e exposto aos elementos. Mais ano menos ano desaparece, seja por roubo, para sucata ou para algum jardim, ou por mero desinteresse, degradando-se até ao seu total desaparecimento. Teremos nós interesse em preservar este nosso património? Muitos dizem que sim, mas poucos o concretizam. Muitos falam, falam e falam, mas pouco ou nada fazem. Alguns fazem, uns por interesse e com mérito, outros por interesse mas sem mérito, tornando um objecto patrimonial um objecto circense, que nem mero adorno para os outros verem que têm o passado no seu quintal. Os poucos que o fazem por interesse e com mérito têm bastantes dificuldades e poucos apoios. Urge fazer uma profunda reflexão, a bem da região. O pior que podemos fazer é tornar Sicó um circo, onde as práticas patrimoniais e os objectos patrimoniais são tratados numa lógica circense... 

25.8.20

O mês de Agosto: crónica da difícil defesa do património



A defesa do património, seja ele natural ou não, é uma tarefa difícil e, diga-se, perigosa. É deste último prisma que pretendo falar, ou seja quando a nossa integridade física é posta em causa por causa desta luta. No caso que descrevo, é talvez a forma mais antiga que arranjei para ser um activista/defensor do património, ou seja um defensor da floresta, começando em 1991. De entre estes defensores, estão os bombeiros voluntários. Foi nessa qualidade que em 2005 tive um grave acidente num incêndio. Não envolveu chamas, mas sim um veículo ligeiro de combate a incêndios. De forma resumida, passou-me por cima, naquela segunda noite de combate a um incêndio, ali nos limites entre Ansião e Alvaiázere. A culpa foi da exaustão, a qual é inevitável e que nos torna a todos quase que uns zombies ao final de muitas horas seguidas no fogo. Falo agora desta situação porque fazem este mês 15 anos do acidente e, por isso, estou mais estimulado para o fazer. A imagem que faz companhia a este comentário foi tirada há pouco tempo. Já não fazia fisioterapia há 14 anos, a qual tem o intuito de mitigar as mazelas desse acidente. Mas o que mais me chocou não foi tanto o acidente em si, mas sim o que se passou após o mesmo. De forma resumida, acabei por ter de pagar a fisioterapia do meu bolso, ou seja, tive uma despesa total de 700 euros após o acidente. A seguradora não pagou porque o mediador fez asneira. Além disso, o mediador era amigo de quem me preencheu a declaração do acidente. Quem a preencheu disse em tempos que iria pedir responsabilidades ao mediador, contudo isso nunca aconteceu e nenhuma das entidades em causa me ressarciu do valor. Até há uns anos cometi o erro de confiar nesse indivíduo, o qual de referência passou a ser um mero ressabiado já numa trajectória profissional, moral e ética descendente. Faz o que eu digo, não faças o que eu faço, tornou-se o seu lema. Tenho a infelicidade de recorrentemente me lembrar desta situação, dado que as dores ou o simples incómodo derivado das mazelas é constante, uns dias melhores, outros nem por isso. A luta em prol do património, sem intuitos comerciais ou outros interesses ou benefícios pessoais não é nada fácil. Há consequências várias, desde mazelas, stress, noites e dias “perdidos”, uma vida que não se vive na sua plenitude (ex. familiar), desilusões derivadas de descobrirmos que quem parecia a virtude em pessoa é um mero ressabiado com outros interesses além do dar o melhor de si, episódios de desemprego induzido por vinganças e episódios onde as oportunidades nos são negadas porque somos uma voz incómoda. E muitas outras coisas mais que um dia escreverei. Sicó é um território fértil nestes episódios... Se tem valido a pena? Podem apostar! Sozinhos não conseguimos mudar o mundo, contudo juntos somos mais fortes! Eu já provei que sozinho sou capaz de muito. Eu já conheci muitas pessoas que, tal como eu, em maior ou menor grau, deixam a sua marca em prol do património e sem outros interesses a toldar essa marca. Posso dizer que, ao contrário dos virtuosos, já gastei muito dinheiro na defesa do nosso património. Não o vejo como um gasto, mas sim como um investimento. Os próximos anos serão exigentes, daí vos pedir garra para o que aí virá...

15.8.20

Vamos acabar de vez com a poluição no rio Nabão?!


Há uns dias terá havido (mais) uma descarga de águas ( e mais qualquer coisa na mistura...) nas proximidades da Ponte de Cal, em Ansião. Um cheiro intenso, dores de cabeça e indignação, os quais não são novidade por ali e neste troço do rio Nabão. Lembro-me há alguns anos de ter denunciado uma situação do género uns metros a montante da ponte, que resultou numa coima para a empresa que procedia a descargas ilegais através de um esgoto ilegal. E é neste ponto que importa salientar a necessidade de fazer um trabalho de fundo, com a cartografia de todos os tubos que surgem sabe-se lá de onde, e que através deles são despejado esgotos ilegais de residências e afins. Não é um trabalho fácil de se fazer, já que além de ser difícil detectar os prevaricadores, pode incomodar pessoas conhecidas na comunidade. Contudo trata-se de um trabalho fundamental na defesa dos recursos aquíferos, do bom nome do rio Nabão e de Ansião. Apesar de obviamente complexo, é possível e exequível encetar um trabalho deste tipo, bastando haver o compromisso de levar até ao fim esta investigação. Detectadas as situações irregulares, há dois caminhos, trabalhar com quem, consciente ou inconscientemente, polui o rio e os importantes recursos aquíferos, ou, no caso de surgir alguma teimosia ou barreira na resolução da situação, autuar quem prevarica e atenta contra a saúde pública. Eu prefiro a primeira opção, a bem da rapidez da resolução de um problema que além de grave é recorrente...

O repto está lançado à comunidade e às entidades públicas.


10.8.20

Geovandalismo no Casmilo: quando é que as entidades públicas se mexem?

Faz este mês 1 ano que falei deste assunto pela última vez. Já não foi a primeira nem a segunda vez que alertei para um problema que está a pôr em causa a integridade de um local extraordinário nos domínios da geologia, da geoomorfologia e paisagístico, mas não só...

Trata-se, obviamente, e como podem ver pelas fotografias, do Vale das Buracas, ou Buracas do Casmilo. Estas imagens foram registadas por uma senhora que reside nas proximidades, incomodada com este permanente vandalismo que teima em não terminar. E são comuns os relatos de actos de vandalismo por ali. São, também, comuns os relatos de campismo ilegal, o qual potencia o vandalismo naquele geossítio de elevada importância.
O problema existe, está devidamente identificado, contudo nada se faz para mitigar o que é um grave problema, que atenta contra um ícone do património natural da região de Sicó. É algo que demonstra bem a falta de vontade e, diga-se, competência das entidades locais, caso de autarquias e juntas de freguesia, para lidar com esta situação, a qual se arrasta há anos sem que se veja uma luz ao fundo do túnel. Lamento profundamente que nada se faça para resolver este problema que afecta a região e o seu património.
Esta última imagem espelha bem a deriva que se vive. Uma estrutura que aparenta ser para um painel, a qual espera pelos conteúdos há mais de 1 ano...