15.5.24

Quando os jornais da terra ignoram os da terra, pouco mais há a dizer...

O ano de 2023, mais concretamente a parte final do mesmo, foi um ano, para mim, inesquecível, dada a publicação de um artigo científico, numa revista internacional, sobre umas pegadas de dinossauro muito especiais, as quais eu já tinha sinalizado na minha tese de mestrado, embora sem saber da sua real importância. O meu contributo no artigo em causa foi pouco relevante, o meu papel fundamental foi o de quem ouviu falar de umas pegadas conhecidas por uns populares, e depois conseguiu fazer um trabalho de bastidores ponderado, de forma a suscitar o interesse de colegas investigadores para que investigassem as mesmas. Foi um processo que durou muitos anos, mas que consegui levar a bom porto, com, diga-se, algum gasto financeiro. Não vou falar da história toda, pois os meus amigos já a sabem e quem quis saber, informou-se. Falo sim de algo com o qual fiquei perplexo e que só agora falo, sete meses depois.
Apesar de não ler os jornais da terra, quando algum dos meus conhecidos me fala que há lá qualquer coisa que pode ser interessante ver, eu lá acabo por ir ver quando passo na biblioteca municipal. E eis que me deparei com a notícia da descoberta em ambos os jornais, contudo havia algo de estranho, ou seja que estes jornais, da minha terra, não faziam uma única referência ao nome de quem descobriu tais pegadas, um ansianense orgulhoso da sue terra e da sua região. Não esperava uma entrevista de nenhum dos jornais (dei a outros, um de Alvaiázere e outro das Terras de Sicó), contudo esperava o mínimo dos mínimos, ou seja uma nota sobre o nome do ansianense que possibilitou esta descoberta importante para a ciência. Não aparecer o nome mostra duas coisas, ou um inexistente trabalho de investigação ou um mero copy paste de uma outra fonte. Seja qual for, é um absoluto desprezo por um ansianense, algo de estranho por parte dos jornais da terra, já que outros jovens ansianenses, que também já deram cartas em termos científicos, foram devidamente referenciados e até entrevistados. 
Fica mais uma vez à vista um dos problemas da imprensa local. Não é por acaso que deixei de ler ambos há vários anos e não será por acaso que qualquer eventual pedido de entrevista, informação ou esclarecimento sobre qualquer que seja o assunto (ex. ambiente), será devidamente recusado. É irónico ter reconhecimento por todos os jornais menos os da minha terra, sabe-se lá porquê...


Fonte: Serras de Ansião

Fonte: Horizonte

 

10.5.24

Uau, uau e uau!


É a mais recente entrada na minha biblioteca pessoal, a qual faço questão de destacar de forma individual. Quem não é muito de leituras não se apercebe do que vou falar, mas talvez falar leve a que quem não é muito de leituras o comece a ser e quem já é muito de leituras, conheça esta nova obra genial. Gostem ou não de ler, se gostam de património vão ficar assoberbados com este livro publicado há poucas semanas.
Este livro tem uma longa história por detrás, a qual tive a oportunidade de ir acompanhando ao longe. Fui um dos poucos privilegiados que sabia desta investigação plasmada neste livro. Já sabia que um dia haveria de ser publicado, já que tenho a honra de conhecer a autora há vários anos e, por isso, estava ao corrente dos trabalhos e do esforço a levar a bom porto a investigação. Alvaiázere permitiu-me conhecer pessoas extraordinárias ao longo dos anos, igualmente defensoras do património, seja de que tipo for, natural, cultural, etc. Lembro-me das primeiras conversas sobre esta investigação e olhando para trás é ainda mais maravilhoso compreender este longo, árduo e muito meritório caminho da autora que nos trouxe este livro sobre uma temática que poucos conhecem, os sinos. É simplesmente extraordinário e merece uma vénia sentida. Mal imaginam muitos que muitos dos sinos que já viram por esse Portugal fora foram feitos há muitas décadas em Alvaiázere. Sim, esta região tem ainda muitos tesouros por divulgar e só a carolice de "muitos" e "muitas" mentes brilhantes possibilita trazer à luz do dia o resultado de tais investigações, as quais enriquecem de sobremaneira a nossa história e a nossa memória.
Ainda não li o livro, dei apenas uma olhadela ao início, de forma a perceber o que me espera na leitura que nas próximas semanas se irá iniciar. Sicó tem sorte em ter pessoas tão extraordinárias, que trabalham pro bono em prol da divulgação e promoção destes nossos patrimónios!
A apresentação oficial deste livro será em Junho, em data a anunciar. Logo que saiba a data darei conta das informações nas redes sociais. 

5.5.24

Reflectir sobre esta nossa jóia...

Antes de mais quero referir algo importante, ou seja o facto da ordem destas fotografias ser aleatória, não representando nenhuma hierarquia, seja ela de qualquer tipo. Não vou dizer publicamente qual foi o meu preferido, já que isso não é relevante. Valorizo todos os carros do cortejo alegórico de 2023 de igual forma. Todos estiveram muito bem e foi um orgulho ver todos eles!

O facto de falar deste tema 8 meses depois do último desfile do Cortejo Alegórico do Povo, em Ansião, é propositado, pois fiz questão de não falar nas semanas seguintes ao mesmo. Falo agora, pois o pessoal já "não se lembra" e o assunto já não é tema de conversa como costuma ser nos dias seguintes a este belo e histórico evento. Gosto de fazer com que estes temas (e outros) voltem ao tema de conversa, pois isso é importante. É um tema que falo com especial gosto e, diga-se, sentimento, pois ainda na década de 80 eu cheguei a ajudar à construção de um dos carros do cortejo alegórico, nos Netos. Era o tempo dos carros cheios de flores de papel, tal como podem ver na segunda fotografia. Participar e assistir ao nascimento de um destes carros é uma experiência fantástica. Há todo um trabalho valoroso que muitos não imaginam...

Mas vamos então ao que me traz a este comentário. Nos últimos anos tenho visto com preocupação uma diminuição do número de espectadores deste belo evento. Nas décadas de 80 e 90 mal se conseguia chegar à frente para vermos os carros a passar. A cada cortejo era um mar de gente. Eram outros tempos, eu sei.

Os anos passaram e em 2023 o cenário que vi foi algo desolador, ou seja muito menos gente. Claro que Ansião tem muito menos habitantes, menos uns milhares que nas décadas de 80 e 90. O despovoamento também tem afectado Ansião e a uma escala que mesmo eu não esperava há uns anos.  A qualidade do evento mantém-se, muito graças a muita gente que dá o melhor de si para criar verdadeiras obras de arte, que representam artes e saberes, que mostram a nossa cultura a todos, naturais, residentes e turistas.

O que falta então para voltarmos a ter um mar de gente? Bem, na minha opinião há dois factores, um deles importante, outro fundamental. Primeiro, julgo que o melhor dia para o Cortejo Alegórico do Povo será o domingo, não o sábado. Segundo, publicitar este evento de uma forma específica e criativa, de forma a chegarmos a um maior número de pessoas, nomeadamente visitantes que assim possam vir passar o todo o fim-de-semana a Ansião, ajudando assim sectores económicos como o turismo, a hotelaria, restauração e outros mais. Isto, claro, não numa lógica circense, mas sim de promoção da nossa cultura e dos nossos saberes. 









 

26.4.24

Como desincentivar a reciclagem

Há poucos meses tive uma experiência que me mostrou que as coisas estão feitas de forma a beneficiar alguns e prejudicar a maioria. Mas vamos ao início da história. Foi já há mais de vinte anos que comecei a reunir o papel usado, de forma a o levar directamente a uma fábrica que recicla o papel usado. Fi-lo não pelo dinheiro, que é pouco, mas sim pela minha forma de estar, ou seja levar os resíduos onde sei que eles são, de facto reciclados. Desde que comecei a fazer isto, bastava comprar um documento na papelaria e depois entregar na fábrica, ao pesar o papel. Depois de descarregar recebia o dinheiro do papel. Normalmente levava uns 300 kg por ano, ou seja 15 euros. Eis que há poucos anos um qualquer iluminado achou que isto era muito dinheiro e havia que dificultar a vida de quem levava os resíduos à fábrica, daí terem começado a exigir uma guia electrónica, só disponíveis a alguns. Este facto fez com que muitas pessoas deixassem por exemplo, e falando noutro tipo de resíduos (ex. ferro) apanhar ferro deixado no monte, não continuando a levar o ferro para a reciclagem. Muitas pessoas não se apercebem do impacto positivo que estes pequenos recolectores tinham. 

Não sei se esta foi a última vez que fui levar papel à fábrica, mas posso dizer a chatice que foi. Como tinha acumulado muito papel (fruto de vários factores), acumulei cerca de 1700 kg de papel. Tive de pedir a um grande amigo a carrinha, a outro que me guardasse o papel num barracão e depois tive de me inscrever na plataforma SILIAMB para conseguir uma guia de transporte de resíduos. Entregue o papel, fiquei a saber que não pagam na hora, pois terei de emitir uma factura (como se não sou colectado ou tenho empresa?). Isto é absolutamente ridículo!!! Já passaram alguns meses e ainda não vi a forma de resolver isto, de forma a receber o dinheiro e, com isso, pagar o empréstimo da carrinha e o aluguer do barracão. Julgo que brevemente o conseguirei fazer, mas isto é sintomático de como as coisas estão feitas de forma a beneficiar os grandes interesses e a prejudicar os pequenos recolectores que fizeram até há pouco tempo um trabalho que mais ninguém fazia, não por dinheiro mas sim pela consciência de saber que os resíduos iam, de facto, para reciclagem. não para aterro.  

E já que estou nesta linha de pensamento, não estranho o facto de há 2 anos ter encetado contactos para publicar um livro sobre a temática da reciclagem e resíduos e não ter conseguido apoios. Claro que há interesses que não querem que o paradigma mude. Óbvio, pois podiam ver as pessoas a começar a pensar diferente...


 

21.4.24

LLEERR PPRREEJJUUDDIICCAA GGRRAAVVEEMMEENNTTEE AA IIGGNNOORRÂÂNNCCIIAA



É um vício, eu sei, mas ao menos é um vício onde gastando dinheiro ficamos mais ricos interiormente e isso é extraordinariamente importante. Desta vez dois clássicos para iniciar, um de uma das grandes referências ambientais em Portugal, outro uma das grandes referências internacionais. Não estava à procura deles, foram mesmo achados de última hora que tinham de vir comigo para casa. Ambos em bom português, sem desacordos ortográficos à mistura.

Depois, já em inglês, um livro que me prendeu a atenção e que ainda não tinha nada parecido na minha biblioteca. Vai dar umas semanas de luta para "devorar", resta saber quando vou ter tempo para o ler, tal a quantidade de livros que tenho ainda por ler.



Depois, dois livros de uma colecção que já tinha iniciado com outros dois da mesma colecção. Estavam em promoção e eis que não esperei mais. Egipto e Guerra Fria, dois temas tão diferentes mas tão interessantes e importantes em termos históricos e não só.