28.1.23

Ler sobre Sicó é tão bom!



Tenho poucos livros que falem sobre Sicó, mas, e aos poucos, a coisa vai-se compondo. Eis mais duas novas entradas na minha biblioteca pessoal, as quais me alegram de sobremaneira, seja pela qualidade dos mesmos, seja pelo facto de não padecerem do "acordo" ortográfico. São dois livros que tratam daquilo que mais gosto e que engrandecem ainda mais o património da região de Sicó. Ambos são da autoria do mesmo autor, um colega geógrafo e igualmente amigo do património de Sicó, o qual tem deixado um cada vez maior legado de conhecimento desta bela região cársica. Agradeço ao autor a partilha deste conhecimento, parte do qual tenho também partilhado através deste blogue. Ambos os livros deveriam ser obrigatórios em todas as bibliotecas municipais e bibliotecas escolares desta região, pois é também por aqui que jovens e menos jovens vão conhecendo melhor o extraordinário património de Sicó.
O drama agora vai ser arranjar tempo para ler com calma ambas as obras. Isto sabendo que tenho mais uns quantos por ler. Mas a seu tempo serão devorados pelo meu olhar atento!
Uma coisa é certa, sou um sortudo :-D

24.1.23

O mundo mágico dos cogumelos em Sicó



Se a memória não me engana, esta é apenas a segunda vez que falo de alguma forma sobre cogumelos no Azinheiragate. A primeira foi motivada pela compra de um livro sobre cogumelos. Porque assim foi? Bem, primeiro porque não sou especialista em cogumelos, depois porque já há algum tempo que deixei de abordar em pormenor certos assuntos ou temas, já que há quem aqui venha cuscar, de forma desonesta, para depois ganhar dinheiro com isso... E eu detesto aqueles que singram na vida indo à boleia dos outros, ou seja que são o que são através do mérito alheio. Aprendi esta lição da pior forma, quando por várias vezes pegaram em partes de trabalhos e afins que eu tinha feito e venderam o produto como seu, sem sequer citar a minha pessoa... É algo de muito feio de se fazer.
Mas vamos ao comentário propriamente dito. Estas duas fotografias são do mesmo cogumelo, tal como podem confirmar pela envolvência. Há umas semanas deparei-me com este e outros cogumelos e acabei por tirar uma fotografia para mais tarde recordar. Apenas 3 dias depois, quando tive de voltar ao mesmo local, o cogumelo já se tinha "transformado" à conta do belo sol que apareceu após o primeiro registo fotográfico. Uma bela transformação ocorrida em apenas 3 dias, e esta hein?! Aproveitem o ar livre e limpo de Sicó para a bela da caminhada, fica o desafio!
E tentem saber mais sobre cogumelos, de forma a não só saberem mais desta temática, bem como um dia poderem eventualmente saber o suficiente para escolher os que são comestíveis e os que não são. Isto faz toda a diferença e evita acidentes perfeitamente evitáveis. E sim, os cogumelos também são um recurso natural que se pode explorar de forma sustentável na região de Sicó.

20.1.23

Não é um preciosismo, é sim como é suposto ser


Já por várias vezes abordei aqui a questão de erros, imprecisões e traduções à google translator em painéis vários de percursos pedestres na região de Sicó.
Desta vez foi na aldeia dos Poios que me deparei com algo que considero digno de referenciar, numa placa de sinalização de um percurso pedestre. Qual o problema? Bem, estar ali apenas a palavra "canhão". O que deveria constar? "Canhão Fluviocársico do Vale do Poio". Porquê? Porque é isso mesmo que é, falando em "linguagem cársica" e é assim que as pessoas vão aprendendo o que é afinal um canhão fluviocársico. Canhões há muitos e de todos os tipos, as naus também tinham canhões... O marketing territorial faz-se assim, sem tirar nem pôr. Se não sabem, perguntem a quem sabe. E nem precisam sair de Pombal para perguntar a quem sabe e muito tem feito em prol do carso pombalense e não só, o belo carso de Sicó.

15.1.23

Qual território vazio?


Antes de mais um reparo, o de que este comentário estava esquecido há largos meses, algo raramente me acontece, mas faz parte. Reparo feito, vamos ao que interessa. 

Esta afirmação foi feita em 2021 pelo novo autarca de Panela, Eduardo Santos, numa entrevista ao DN (da qual retirei a "imagem" acima). É uma afirmação que me marcou enquanto sicoense e enquanto geógrafo apaixonado pela região de Sicó, já que, para mim, é um péssimo cartão de visita de um autarca. Não sei se o mesmo compreendeu o erro que foi fazer tal comentário, mas aqui estamos para debater o mesmo. Compreendo que quando se é recente no cargo, possamos ter afirmações menos felizes, contudo afirmações como esta, e no meu entender, não podem acontecer.

Em geografia uma das coisas que estudamos por exemplo em geografia humana são os graves problemas associados às cidades dormitório. Curiosamente eu já vivi numa, no tempo em que estudava em Lisboa, sabendo na teoria e na prática os problemas associados a cidades dormitórios. Por isso mesmo é que fiquei negativamente surpreendido com uma afirmação deste tipo de um autarca. No seguimento disto referiu ainda que "...queremos tornar Penela num território aperitivo para aqueles que querem sair dos centros das cidades. Queremos tornar Penela atractiva para os novos povoados. Tanto para aqueles que vêm procurar soluções de tele-trabalho...". Este é o típico discurso chapa 5, que, para piorar, mostra algo que preocupa ainda mais. E então os que lá estão e aqueles que mal acabem os cursos não tenham oportunidades em Panela? Pois é, falta o básico e sobram os discursos formatados.

Uma cidade dormitório representa problemas, como por exemplo das deslocações pendulares e construção de infra-estruturas pesadas. Isso traria logo à partida um trânsito caótico. É mesmo isso que Penela quer? Não me parece. Outro problema é identitário. O que leva uma pessoa que simplesmente dorme num local, e pouco mais, a criar laços identitários nesse mesmo local? Nada. O que, de facto, leva à criação da identidade é mesmo o estar ali e criar raízes, hábitos e afins. Nas cidades dormitório isso não acontece. Falo por experiência própria.

Eu detesto dormitórios. Território vazio?! Mas Penela está a abarrotar de património (quer no carro quer nos xistos) e ainda tem gente e associativismo que permitem fazer o que não foi feito. Não há territórios vazios, há sim é visões redutoras do território e visões formatadas q.b. relativamente a modelos de desenvolvimento. Um território dito vazio possibilita o melhor de dois mundos, planear o território e garantir que o desenvolvimento que se pretende para o mesmo possa ser harmonioso com qualidade de vida para quem lá vive. Ter um dormitório nunca rimou com qualidade de vida... Aliás, ter um dormitório significa décadas para corrigir problemas...

Continua-se a ver um território como que apenas uma plataforma para construir casas e zonas industriais. Continua-se a não ver o território como um manancial de potencialidades e recursos não explorados, um território onde o mais importante é dar condições a quem lá está em vez de andar a fazer dormitórios.

A região de Sicó, onde Penela se insere em parte (carso), é um território extraordinário. Não precisamos de andar a vender o território ao desbarato, e com isso degradar o mesmo, para que o pessoal da cidade venha para cá, mas sim potenciar o território e apoiar quem cá está, inclusivamente os jovens que em poucos anos vão embora trabalhar para outras paragens (parte deles podem ser atraídos com incentivos e uma estratégia eficaz!). E isso, por si mesmo, irá atrair quem não está cá mas que gosta desta região e do seu património e paisagem cultural. 

Crescimento não é sinónimo de desenvolvimento. Trabalhemos sim o desenvolvimento territorial harmonioso e tendo em conta as especificidades regionais, que além de se promover o natural crescimento, sustentado e sustentável, cria-se qualidade de vida. Eu não quero cidades dormitório em Sicó, nem resmas de pessoas no vai e vem, eu quero aldeias com vida, vilas com vida e cidades saudáveis. Não me interessa ter por exemplo 500000 pessoas a viver em Sicó, prefiro ter 100000 a viver com qualidade de vida, coisa que se perde completamente nas cidades dormitório.

Um dos problemas subjacentes a esta ideologia de cidades dormitório e não só é que as autarquias vivem muito do IMI. Quanto mais autorizarem construir, mais ganham. E não é assim que se evolui e promove territórios sustentados e sustentáveis. 

A bem de Sicó e de Penela, pensemos nisto...

10.1.23

Mitigar o problema dos microplásticos



Apesar de já conhecer o problema dos microplásticos, em boa medida através do ciberactivismo ambiental que pratico há mais de duas décadas, foi somente em 2015 que abri a sério os olhos para o problema, depois de numa praia em Zumaia (País Basco, Espanha) me ter deparado com a gravidade da situação. O que ao longe parecia espuma, era, afinal um manto de pequeníssimos bocados de plástico, ou microplástico. Milhões de bocadinhos milimétricos (e microscópicos também...) jaziam naquela praia. São momentos como este que nos abrem os olhos para as problemáticas.
Desde então que o cuidado com os plásticos é ainda maior, seja pela diminuição progressiva de utilização de recipientes de plástico, seja por muitas outras formas de mitigar o problema (ex. uso de sacos de pano). E se acham que isto não é um problema, fiquem sabendo que estes bocados microscópios de plásticos já chegaram à corrente sanguínea de muitos de nós. 
E não há nenhum de nós que não tenha alguma culpa nisto, já que poucos de nós não têm por exemplo um polar ou roupa feita também com "plásticos". Eu evito comprar roupa que tenha "plásticos" na sua constituição.
Mas o que me leva a elaborar este comentário é algo de mais vasto, já que vai além dos microplásticos, mais concretamente até aos espaços verdes. 
Em Ansião, tal como noutros municípios da região, já se começou a utilizar estes tapetes verdes, de plástico, em antigos espaços verdes, agora verdes apenas na cor. E isso é um problema a vários níveis, seja a nível de microplásticos, já que com a degradação destes tapetes os microplásticos vão começar a surgir em força e depois seguem até aos esgotos pluviais e depois pelo rio abaixo, até ao mar, seja ao nível dos espaços verdes. 
Compreendo que a questão dos espaços verdes é problemática, nomeadamente pelo vandalismo que ali acontecia e ter de se fazer algo, contudo colocar este tipo de tapetes não é de todo a melhor solução. A melhor solução é sempre criar espaços verdes com estrato arbustivo e herbáceo, neste caso concreto. E com vegetação autóctone, não com relva. Com vegetação autóctone tem-se um espaço adequado e com poucos gastos, nomeadamente a nível de regas e de manutenção. E uma vedação a enquadrar resolve o resto. Aprendi muito sobre a temática dos espaços verdes no tempo da licenciatura, quando escolhi uma disciplina opcional que se chamava de "Espaços Verdes". E que bom foi aprender sobre mais esta temática.
Uma das melhores coisas que podemos fazer na vida em prol das nossas terras e das nossas comunidades é partilhar conhecimento, daí este comentário. 
Para finalizar, fica o apelo a toda e qualquer uma autarquia para que evite estes tapetes de plástico, especialmente em espaços ao ar livre, onde se degradam e criam milhões de microplásticos. 

5.1.23

E a região de Sicó está representada por duas vezes!


Foi a última compra de 2022, e que bela aquisição foi! Depois uns dias antes ter dado conta deste livro na prateleira de uma livraria, tive de voltar para ver melhor. Dantes não tinha tido tempo para ver com atenção, contudo o facto de um dos autores, também ele geógrafo, ser já um dos habituais nas estantes da minha biblioteca, era um bom indicador para a aquisição..
Confirmado que o livro não padecia do desacordo ortográfico, eis que fui procurar algo que me interessava de sobremaneira, ou seja se entre todas as paisagens naturais ou humanizadas de Portugal, surgia alguma de Sicó. Não era preciso aparecer para que eu tivesse interesse, era mais uma curiosidade e um misto de orgulho caso surgisse. E eis que vi não uma mas duas paisagens de Sicó, uma era uma paisagem humanizada construída (algures por Pombal) e outra uma paisagem humanizada, mas natural. Imaginem onde? Alvaiázere, isso mesmo. Da serra de Alvaiázere uma bela panorâmica para a depressão fluviocársica de Alvaiázere, ou como é conhecida localmente, campo de Alvaiázere. É algo que me alegra de sobremaneira, já que esta serra e a sua envolvência é, para mim, muito especial já há muitos anos. É já há muito um território de luta pelo património natural, pela sua preservação e valorização. 
Curiosos? É ler o livro, já que vale mesmo a pena. Muitas e belas paisagens de Portugal, de Norte a Sul, de Este a Oeste, onde a identidade é o prato forte. É daqueles livros que se manterá actual por muitos anos, acreditem!
E lembrem-se, ler livros, comprar livros, ir a bibliotecas e mesmo ter a vossa própria biblioteca é das melhores alegrias e utilidades da vida! Bom 2023, com muitos livros à mistura!!