É um caso que denunciei às mais altas entidades no domínio ambiental há uns anos e que nessa altura deu muito que falar. É um caso que interesses partidários poderosos tentaram abafar, mas eu fui insistindo em mostrar a realidade. E mesmo assim tive de insistir em que o assunto fosse conhecido, mesmo que houvesse quem tentasse tapar o sol com uma peneira e afirmasse que a denúncia não tinha fundamento.
Cheguei a ir ao local recolher o que uma senhora afirmava na imprensa que era água límpida. Recolhi a tal "água" e mandei fazer análises, pagando do meu bolso as mesmas. Eis que a "água" falou por si mesma. E, claro, tive que chamar a senhora em causa à razão, mostrando a todos quem faltou à verdade e quem insistia em tentar fazer passar a mensagem que não havia foco de poluição.
Tive de ser criativo com os títulos dos comentários, de forma a fazer com que mais pessoas chegassem ao conhecimento do atentado ambiental (poluição do aquífero) e da ilegalidade que foi a construção deste esgoto ilegal. Alegadamente houve coima passados uns anos, contudo, e passada uma década, o esgoto ilegal não foi selado e o foco de poluição continua bem activo.
Se estas fotografias viessem com cheiro, garanto-vos que não poderiam ficar aí uns minutos descansados a ler estas linhas, mas garanto-vos que não foi fácil fazer estes registos fotográficos, já que o cheiro nauseabundo era particularmente intenso. E isto num dia de chuva...
Fico chocado enquanto cidadão constatar que esta situação continua por resolver. Fico indignado enquanto profissional da área ambiental que as próprias entidades públicas, no caso CCDR-Centro, não tenha feito o seu trabalho. Enquanto ansianense fico enojado que exista quem ache isto normal e viva, em consciência, com este atentado ambiental, o qual tem causado uma contaminação diária na última década do grande aquífero que existe nesta região e que seria uma reserva de água potável importantíssima para o consumo humano.
E, não fosse já isto tudo impressionante, há ainda uns boys da política que insistem em defender quem causou tudo isto, construir um esgoto ilegal, o qual mesmo assim ficou a meio caminho. Este muito provavelmente iria mais além, até a um grande sumidouro que entretanto foi entulhado (mais uma ilegalidade, esta promovida por um particular).
Num país desenvolvido este esgoto teria sido selado e o lar em causa, de onde vem este esgoto, seria compulsivamente fechado, pelo menos até que o assunto fosse resolvido. Mas no Alvorge o interesse político ainda tem raízes profundas. Só isso explica, na minha opinião, que o organismo público com competências neste domínio não faça o que é suposto fazer, ou seja proteger os cidadãos.
Profundamente chocante este caso que parece que não tem fim!
Sem comentários:
Enviar um comentário