27.4.21

Quando não se sabe patavina do assunto...


 Fonte: Serras de Ansião

Fiquei perplexo quando me deparei com o que vou aqui destacar, já que é algo que acaba por ser bem ilustrativo de uma preocupante falta de conhecimento de causa de um vereador de uma autarquia, sobre uma questão chave, o ordenamento do território. E a perplexidade é dupla, dado que à falta de conhecimento de causa sobre esta temática, junta-se algo que não sei bem o que é, se uma mera ingenuidade sobre matérias ambientais, se mais uma alegada parcialidade crónica de um orgão de comunicação social, favorável a uma força política específica.
Mas vamos aos factos. Numa notícia sobre a questão do alargamento do Parque Empresarial do Camporês, e sobre o desejável debate e escrutínio político, surge algo que me chamou à atenção, ou seja um estranho destaque de uma afirmação sobre uma questão ambiental, feita por um vereador que, pelo que sei, não tem quaisquer competências técnicas e/ou científicas no domínio ambiental. Este vereador disse, e passo a citar o que consta na notícia, que "O estudo de impacte ambiental foi perda de tempo e dinheiro". Este foi o estranho destaque dado pelo Serras de Ansião na notícia em causa. Mas há mais, pois, e citando o que consta na notícia, o vereador referiu que "o estudo de impacte ambiental do Parque Empresarial do Camporês não era preciso...".
Para leigos na matéria isto pode parecer algo de aceitável e tolerável, contudo, do ponto de vista técnico e científico, é de uma iliteracia ambiental assinalável e de um populismo e demagogia lamentáveis. Uma mera opinião vale zero na hora de debater questões técnicas como esta, de índole ambiental. O que vale são as opiniões críticas, ou seja técnicas e científicas, as quais são balizadas por factos concretos, objectivos e devidamente alicerçados no conhecimento técnico e científico. Resumindo, e na minha opinião enquanto geógrafo, o estudo de impacte ambiental (EIA) não foi de forma alguma uma perda de tempo e muito menos uma perda de dinheiro. Foi sim um ganho de tempo e um investimento num futuro mais sustentável. As próximas gerações agradecerão. O EIA era, de facto, preciso e desejável tendo em conta tudo o que está em jogo. E aquela área é particularmente sensível no domínio ambiental! E o EIA até peca por escasso na análise de algumas questões, como por exemplo a paleontologia, que ficaram esquecidas, algo que não compreendo... E se perguntarem a outros especialistas da área ambiental, constatarão que as opiniões são unânimes sobre a necessidade de um EIA!
Se há coisa que me incomoda é o clubismo partidário tentar sobrepor-se à ciência e à técnica. E a imprensa tem a obrigação de investigar como aliás é suposto, não fazendo destaque de uma opinião que no domínio ambiental/técnico vale zero, dada a falta de suporte técnico e científico da mesma. Quando se dá destaque a uma questão técnica, o achismo de um leigo nunca se pode sobrepor ao conhecimento técnico e científico de quem, de facto, sabe do que fala. Lamento que quem era suposto informar contribua desta forma, e na minha opinião, para uma possível desinformação/confusão dos cidadãos num domínio tão importante, o ambiente e o ordenamento do território!

24.4.21

Cambada...


Estive um par de meses sem vir a Ansião e eis que, chegado, estaciono o carro, começo a caminhar e me deparo com... isto. Como é que é possível haver "gente" que faz isto?! Cambada...

 

19.4.21

Vamos acabar de uma vez por todas com este grave problema?



Foi algo que apanhou Ansião de surpresa e com estrondo, tal a magnitude da descarga. Pelo que fui sabendo, não foi a primeira vez que aconteceu, nem pela origem da descarga, numa fábrica específica, seja pela origem, na zona industrial.
Ansião foi ao longo de décadas construindo um gigante com pés de esgoto. Ansião viu surgir a zona industrial do Camporês em meados da década de 90. Primeiro com apenas algumas fábricas e só depois viu surgir uma série delas, tendo hoje uma extensão já significativa. Todos gabavam a zona industrial do Camporês, contudo ninguém foi falando do óbvio, ou seja o facto de termos ali um gigante com pés de barro. Faltava uma infra-estrutura fundamental... Todos elogiavam o dinamismo da zona industrial, mas poucos ou nenhuns falavam abertamente de um problema gravíssimo, ou seja a questão da gestão dos efluentes com origem naquela zona industrial.
Durante anos a fio ocultou-se inclusivamente estes mesmos problemas. Há uns 3 anos soube destes factos, muito embora na onda do diz que disse (isto à parte do esgoto paralelo ao IC8 e construído há uns anitos sem grande divulgação dos pormenores....) Contudo foram várias as pessoas que me foram divulgando factos bastante preocupantes.
Ansião tem em mãos um problema grave, ou seja a gestão dos efluentes/esgotos. A actual ETAR é velhinha e na altura que foi feita já era subdimensionada. Apenas há coisa de 3 ou 4 anos se falou com alguma insistência, na construção de uma outra ETAR, em Santiago da Guarda, para tratar os efluentes de Santiago da Guarda e Alvorge (e isto só após o mediatismo do escândalo do esgoto ilegal no Alvorge). Contudo isto não chega, há que agir, de facto.
Para que chegue temos muito por fazer e uma das coisas que falta fazer é estudar, planificar e construir uma ETAR própria para a Zona Industrial do Camporês. Contratem-se os especialistas e construa-se uma ETAR ali, adequada para as especificidades das industrias ali instaladas. E seria importante que as industrias contribuíssem, de forma equitativa, mas de acordo com as especificidades de cada industria. O Estado tem de investir e as empresas de contribuir, tão simples como isto. Pagar coimas não resolve o problema...
Só depois disto podemos esperar que episódios lamentáveis como este último se voltem a repetir. O longe da vista, longe do coração tem de ser revertido. A poluição tem de ser percepcionada por todos, pois só assim cada um de nós se sentirá obrigado a pugnar para que a poluição seja mitigada. Episódios como este são um desastre a vários níveis, nomeadamente a nível dos recursos aquíferos!

14.4.21

Um projecto que fazia muita falta, para um interior com alma!

Trata-se de uma plataforma informal, a qual pretende ajudar a fazer algo de fundamental, ou seja debater de uma forma séria e apartidária assuntos vários sobre o interior. Os meus parabéns ao Paulo Carvalho, ao João Rodrigues, ao António Santos e à Catarina Oliveira. São estes os pais deste belo projecto inovador, o qual abarca parte da área de acção territorial do Azinheiragate.
Fiquei surpreendido quando soube desta ideia destes 4 jovens, já que é uma ideia fora da caixa e para a qual não é qualquer um que se chega à frente para desenvolver. É bom ver que os jovens não se conformam com a falta de debate de questões fundamentais para a região e para o interior e se mobilizam por uma causa nobre, que nos enriquece a todos. Fiquei feliz por ter sido um dos convidados para dar um pequeno contributo para esta plataforma e de ver outros 13 convidado/as a poder dar também o seu contributo. Pessoal jovem, com experiências de vida e competências profissionais diversificadas, facto que enriquece esta plataforma e contribui para uma pluralidade saudável do debate.
Já foi dinamizado um primeiro debate, sobre a APIN, o qual, e no meu entender, foi muito positivo. Outros se seguirão, portanto peço-vos que sigam este projecto. Considero que é uma ideia de grande valor, daí o apelo para que sigam os debates que se seguirão. Para quem não conseguiu ver o primeiro debate, pode rever o mesmo, já que vale mesmo a pena!
Que surjam mais ideias valorosas. É algo que estamos a precisar, já que só com elas podemos reverter um caminho que já há algumas décadas começou a seguir pelo rumo errado... O interior precisa de novas vozes!

 

9.4.21

Uma ideia disruptora para o próximo Orçamento Participativo...


Esperava por esta altura já ter falado do assunto, contudo tive de adiar trazer aqui algo que ando a pensar já há uns dois anos, sobre o Orçamento Participativo de Ansião. Não, não se trata de propor um projecto para candidatar a este bela ferramenta/instrumento de cidadania activa que é um Orçamento Participativo (OP). Infelizmente este ano estarei novamente ausente do leque de propostas a projectos candidatos ao OP, contudo tenho uma proposta para o próximo ano, a ser pensada pelo executivo municipal.
Fazendo uma retrospectiva do OP de Ansião, e apesar do caminho ainda ser curto, com poucas edições do mesmo, já se começam a ver melhorias, posteriores às denominadas “dores de parto”, nas quais houve a típica chico espertice e, diga-se, batota. Estas melhorias tiveram o seu melhor exemplo através do projecto do meu amigo André Teodósio, o qual apresentou na altura um projecto inovador e no verdadeiro espírito do OP. Se não conhecem o projecto que ele apresentou, toca a pesquisar!
Mas indo então à minha proposta, ela acaba por ser simples, ou seja parte de um princípio base, o de no dividir estar o ganho da sociedade. Resumindo a problemática que me fez começar a pensar de uma outra forma, considero que haver sempre apenas uma única hipótese de um projecto ganhador, com uma verba que para todos os efeitos é de algumas dezenas de milhar de euros, pode ser contra producente sendo sempre igual. Digo isto porque num meio como Ansião uma verba destas pode potenciar um desvirtuar da filosofia do OP e, além disso, não ser, de facto uma ferramenta de cidadania activa, mas sim de interesses menos próximos da filosofia subjacente ao OP, tal como no passado já aconteceu, em Ansião e noutros OP´s pelo país.
Assim sendo, a minha proposta é simples, a de pensar numa outra possibilidade para o Orçamento Participativo de Ansião. Num ano ser como é costume, com uma verba semelhante à actual, e noutro ano possibilitar apenas a candidatura de projectos de baixo valor, ou seja entre 1000 a 5000 euros (mais coisa menos coisa). Esta alteração permitiria não só a existência de mais propostas de projectos, dado permitir um muito maior dinamismo, através da inclusão de projectos de baixo valor, mas de grande valor societal. Ou seja podemos assim ter vários projectos de grande valor societal com um único OP. Há projectos fabulosos que podemos criar com algumas centenas de euros. Há projectos que não são precisos sequer 40000 euros, portanto que sentido faz excluir à partida projectos de baixo valor monetário? Podemos por exemplo dividir a verba inicial por um projecto ganhador em cada freguesia. Isto tem um potencial brutal em termos de inovação social!
Vamos pensar nesta ideia para o próximo ano? Inovar é tão fácil, ser disruptor, no bom sentido, ainda menos...

4.4.21

#arqueologia


"No âmbito das Jornadas Europeias do Património, que será realizado dia 18 de Abril, o Museu Municipal de Alvaiázere, o CAAPortugal e o Laboratório de Arqueologia e Conservação do Património Subaquático, do Instituto Politécnico de Tomar, irão fazer o lançamento do livro O sítio arqueológico do Algar da Água: resultados de 2017 a 2019, localizado na serra de Alvaiázere.
A mesa será composta pela autora Doutora Alexandra Figueiredo, Drª Silvia Lopes, Vereadora da Cultura, Drª Paula Cassiano, Directora do Museu Municipal de Alvaiázere e a apresentação será proferida pelo Doutor Gonçalo Velho, professor de ensino superior, investigador do Instituto de História Contemporânea, da Universidade Nova de Lisboa, e arqueólogo doutorado em Arqueologia e Pré-história, pela Universidade do Porto.
O evento será desenvolvido à distância para que todos os interessados possam participar, basta remeter mensagem para caaportugal@outlook.pt, que lhe será reencaminhado um link de acesso.
Após a apresentação do livro, haverá lugar a uma pequena conversa, em jeito de mesa redonda, com vários elementos da equipa que realizaram os trabalhos arqueológicos.
O livro ficará depois disponível no Museu Municipal de Alvaiázere. Não falte!"

Fonte: Alexandra Figueiredo, PhD