17.1.21

Reduzir o risco de cheias e inundações urbanas na Vila de Ansião



Este é um daqueles comentários que só alguns vão perceber no essencial, já que envolve questões técnicas e um conhecimento específico. Trata-se de um comentário que se ainda estiver disponível online daqui a 40 anos, será alvo de comentários tipo: “ele já tinha avisado há 40 anos...”.

Quando falamos em ordenamento do território, falamos em ordenar e gerir o território. Isso faz-se tendo em conta o antes, o agora e o futuro. É complexo, eu sei bem, contudo é daquelas matérias onde não pode haver atalhos. Se os houver eles pagam-se caro, mais tarde ou mais cedo...

Já tinha este exemplo em mente há muito tempo, contudo há sempre algo a falar e acabo por ir adiando.

Quem é de Ansião concerteza chegará rapidamente à conclusão de onde é afinal este local. Trata-se do mercado municipal de Ansião. Falo deste local por dois motivos, o primeiro é o de que se trata de um local a precisar de obras há muitos anos. Não são condições aceitáveis para os vendedores terem as suas mercadorias à venda especialmente no Outono e no Inverno. O segundo é que as necessárias obras deverão ter em conta um aspecto crucial, ou seja o facto de existir ali uma linha de água e a impermeabilização actual e futura ter consequências nefastas.

Defendo que uma futura remodelação do mercado municipal tenha em conta esta questão basilar, haver ali uma linha de água. E não é restringindo a linha de água a umas manilhas que o problema ficará mitigado. Há um outro exemplo já ocorrido, com consequências negativas, que mostra o erro que é tentar domar as linhas de água. Falo, claro, da urbanização situada ao pé da escola. Se descerem a rua, pelo lado da biblioteca de Ansião, veem essa mesma urbanização do vosso lado esquerdo. Foi feita transversalmente ao pequeno vale, barrando em boa medida a linha de água, facto que alguns dos moradores sentiram nas suas garagens...

Mas voltando ao Mercado Municipal de Ansião, e vendo as duas imagens que acompanham este comentário, podem ver, à superfície, a linha de água. E mesmo não tendo água à superfície a maior parte do tempo, ela está lá 365 dias por ano!

Já propus, formal e informalmente, a dois dos executivos que ponderassem esta questão, aquando de eventuais obras de requalificação do mercado municipal de Ansião.  Isso passaria por uma obra em que ocorresse uma renaturalização do sector afecto à linha de água. É algo para ser trabalhado por uma equipa multidisciplinar, e não apenas por engenheiros e arquitectos.

Preocupa-me imaginar todo aquele sector impermeabilizado. E sejamos honestos, a probabilidade é muito elevada, seja a jusante dali, já que o terreno situado ao lado do quartel dos bombeiros será para construir nos próximos anos, seja a montante, com a expectável urbanização do sector a montante do mercado municipal. Um corredor verde seria o ideal, garantindo a não edificação naquele sector susceptível a cheias e inundações urbanas. São decisões difíceis, é certo, mas afinal o que é mais importante, o interesse privado de alguns ou o interesse público, que é de todos nós?

Daqui a uns tempos voltarei a este assunto, para já fica este meu comentário, de reflexão...


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