Quando falamos em ordenamento do
território, falamos em ordenar e gerir o território. Isso faz-se tendo em conta
o antes, o agora e o futuro. É complexo, eu sei bem, contudo é daquelas
matérias onde não pode haver atalhos. Se os houver eles pagam-se caro, mais
tarde ou mais cedo...
Já tinha este exemplo em mente há
muito tempo, contudo há sempre algo a falar e acabo por ir adiando.
Quem é de Ansião concerteza
chegará rapidamente à conclusão de onde é afinal este local. Trata-se do
mercado municipal de Ansião. Falo deste local por dois motivos, o primeiro é o
de que se trata de um local a precisar de obras há muitos anos. Não são
condições aceitáveis para os vendedores terem as suas mercadorias à venda
especialmente no Outono e no Inverno. O segundo é que as necessárias obras
deverão ter em conta um aspecto crucial, ou seja o facto de existir ali uma
linha de água e a impermeabilização actual e futura ter consequências nefastas.
Defendo que uma futura
remodelação do mercado municipal tenha em conta esta questão basilar, haver ali
uma linha de água. E não é restringindo a linha de água a umas manilhas que o
problema ficará mitigado. Há um outro exemplo já ocorrido, com consequências
negativas, que mostra o erro que é tentar domar as linhas de água. Falo, claro,
da urbanização situada ao pé da escola. Se descerem a rua, pelo lado da
biblioteca de Ansião, veem essa mesma urbanização do vosso lado esquerdo. Foi
feita transversalmente ao pequeno vale, barrando em boa medida a linha de água,
facto que alguns dos moradores sentiram nas suas garagens...
Mas voltando ao Mercado Municipal
de Ansião, e vendo as duas imagens que acompanham este comentário, podem ver, à
superfície, a linha de água. E mesmo não tendo água à superfície a maior parte
do tempo, ela está lá 365 dias por ano!
Já propus, formal e
informalmente, a dois dos executivos que ponderassem esta questão, aquando de
eventuais obras de requalificação do mercado municipal de Ansião. Isso passaria por uma obra em que ocorresse
uma renaturalização do sector afecto à linha de água. É algo para ser
trabalhado por uma equipa multidisciplinar, e não apenas por engenheiros e
arquitectos.
Preocupa-me imaginar todo aquele
sector impermeabilizado. E sejamos honestos, a probabilidade é muito elevada,
seja a jusante dali, já que o terreno situado ao lado do quartel dos bombeiros
será para construir nos próximos anos, seja a montante, com a expectável
urbanização do sector a montante do mercado municipal. Um corredor verde seria
o ideal, garantindo a não edificação naquele sector susceptível a cheias e
inundações urbanas. São decisões difíceis, é certo, mas afinal o que é mais
importante, o interesse privado de alguns ou o interesse público, que é de
todos nós?
Daqui a uns tempos voltarei a este assunto, para já fica este meu comentário, de reflexão...
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