É uma questão muito complexa e transversal, portanto dá pano para mangas quando queremos falar sobre esta mesma questão. Porque é que o património não marca é a questão que todos querem ver respondida. No particular ninguém tem a resposta, mas no geral todos temos a resposta. Complicado? Não, até acaba por ser simples. A resposta é uma equação baseada numa série de variáveis, as quais surgem de uma série de factores, alguns concretos, outros objectivos e outros nem uma coisa nem outra. Quando se faz uma leitura de conjunto, a coisa até se percebe no essencial.
O problema é que nas últimas décadas a abordagem tem sido a mesma e elaborada pelas mesmíssimas pessoas e interesses económicos. Tudo aquilo que estas mesmas pessoas não gostam ou não entendem, não entra na equação principal, daí não serem, por vezes, percepcionadas por quem de direito.
Todos temos culpa, desde o cidadão até à entidade pública ou privada. Há 2 semanas, nas extraordinárias VII Jornadas Temáticas da Al-Baiaz, onde pude dissertar sobre esta temática, consegui mostrar algo de novo a muitas pessoas. Para mim foi mais uma aprendizagem, pois a cada apresentação que faço, tento melhorar as minhas capacidades de comunicar com todos aqueles que se interessam sobre património, seja ele natural ou cultural. Uma das coisas que aprendi nesta última década é que as pessoas foram formatadas a pensar de uma forma redutora e claramente limitada. Somos educados numa lógica de pensamento limitado, ou pensamento de massas e, quando confrontados com novos horizontes, a primeira coisa que fazemos é basicamente dizer que aqueles horizontes são irreais e que o caminho certo é aquele que "as massas" nos ensinaram.
No final das VII Jornadas Temáticas da Al-Baiaz, recebi algum feedback sobre a minha apresentação. Fiquei satisfeito, pois conseguir chegar onde queria, numa espécie de acupunctura que estimula a forma de pensar, abrindo assim caminho a novos horizontes e no pensamento crítico. Na minha opinião, a maior luta a ser confrontada nas próximas décadas é mesmo a informação, o transmitir e partilhar conhecimento, o que, diga-se, não é fácil porque infelizmente são poucos os que o sabem fazer. Desenvolver o pensamento crítico, longe de ideologias políticas ou religiosas é a melhor forma de o fazer, pois as ideologias têm um problema fundamental, o de formatarem à priori as mentalidades, castrando assim formas diferenciadas de pensamento. Muitos dos estereótipos existentes devem-se às ideologias.
Quando queremos debater património temos ter em conta tudo isto e muito mais. O que mais me preocupa é mesmo a falta de informação desta sociedade, a qual hoje em dia sabe mais de coisas supérfluas do que factos essenciais para nós, enquanto espécie. Ainda consigo ficar surpreendido quando partilho alguns factos sobre património e as pessoas me dizem que não faziam ideia. Ainda fico surpreendido com o facto de as pessoas não saberem muito daquilo que pode possibilitar o desenvolvimento territorial. Ou melhor, até sabem mas são vítimas do endeusamento da economia pura e dura, onde esta está no centro de tudo, mesmo apesar de, no concreto, não estar e depender em primeiro lugar do ambiente, senso lato, e de tudo o que daí retira.
Este não é um comentário simples de entender, eu sei, mas não deixa de ser necessário...
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