Foi numa conversa "espeleóloga", entre amigos, que abordei pela última vez, há meses atrás, o assunto que agora venho destacar aqui. Entretanto estava à espera de ter um rasgo de sorte, o qual me permitisse, de máquina fotográfica em riste, registar o momento para a posterioridade. Estava nos meus planos tentar a sorte em Ansião, onde sei que isso se faz e onde mais facilmente conseguiria isso mesmo. Contudo, não tive a disponibilidade para tal tarefa, o que me estava a atrasar os planos.
Há poucos dias atrás, eis que vi algo que serve na perfeição os meus propósitos, um documento que me permite abordar a questão dos herbicidas de uma forma muito concreta.
É certo que não é sobre Ansião, mas não há problema algum com isso, já que o azinheiragate tem como área de intervenção toda a região de Sicó. Foi então no endereço web da Câmara Municipal de Alvaiázere, que dei com algo que passo a referenciar:
Lembro-me da altura em que as pessoas ainda podiam apanhar caracóis nas bermas das estradas, sem que tivessem quaisquer preocupação com o que iria ser um belo pitéu. Lembro desses tempos, em que grandes multinacionais ainda não vendiam algo que não sendo uma necessidade, foi tornada como se o fosse. Multinacionais que de um lado vendem venenos e de outro vendem medicamentos, algo que importa sempre sublinhar.
Os tempos são outros, pois muitas autarquias e juntas de freguesia sucumbiram às necessidades supérfluas, impingidas por empresas como a Monsanto. Hoje em dia dificilmente se apanham caracóis na berma das estradas, tudo porque é um perigo para a saúde, perigo este causado por algo que na esmagadora maioria dos casos não é realmente uma necessidade, mas um vício induzido por quem quer vender a todo o custo.
Eis que surgem os herbicidas, os quais são espalhados um pouco por toda a parte, sabe-se lá em que condições...
Será que estes são realmente necessários? Obviamente que não, genericamente falando! Este é um problema real, o qual é agravado em regiões cársicas, como é o caso de Sicó. Está muito em jogo, desde a vida animal até aos preciosos aquíferos. Depois de ler um aviso como aquele que destaco, relembro o verdadeiro perigo que são os herbicidas. Basta ler com atenção para perceber que de inócuo este herbicida nada tem.
Procurei a origem do herbicida que vai ser espalhado pelas bermas, passeios e afins da freguesia de Alvaiázere, e, imagine-se, é da Monsanto, uma das empresas que mais tem atentado contra a integridade de muito daquilo que a Natureza tem de melhor, tudo por algo tão supérfluo como o puro lucro. Veja-se a ficha do herbicida:
Normalmente as pessoas vêm as primeiras duas ou três páginas e, vendo que parece tudo bem, não lêm o resto, que acaba por ser o mais importante. Veja-se, em especial, o ponto nº 11 - Informação toxicológica (p. 5) e o ponto 12 - Informação ecológica (p. 6). Depois de lerem isto, penso que a vossa opinião poderá ser algo, diferente...
Voltando ao carso, importa destacar a sensibilidade desde ecossistema, o qual funciona como que se de uma esponja se tratasse. Tudo o que lançam para esta esponja, há de voltar para vós, de uma forma ou de outra, mais tarde ou mais cedo e com bónus que ninguém deseja.
Apesar de não se referir ao carso, penso que vale a pena dar uma olhadela a um outro documento:
Penso que está mais do que na altura de nos juntarmos e exigirmos a todas as autarquias e a todas as juntas de freguesia que terminem com o que, no final, acaba por ser um envenenamento público, pois goste-se ou não é isso que acaba por acontecer no curto, médio e longo prazo, com consequências nefastas para a nossa saúde e para saúde de todos os organismos. É necessário tomarmos consciência de que lançar ano após ano herbicida nas valetas, passeios e afins não é bom para nós e não é realmente necessário na maior parte das vezes, pois é isso que está em causa.
E se ainda têm dificuldade em perceber tudo isto que tenho dito, deixo-vos com uma figura que, apesar de já aqui ter mostrado por duas vezes, é sempre a ideal para de uma forma simples explicar coisas mais complicadas quando se trata do carso. Utilizei esta figura (ilustrativa), há anos atrás, num trabalho académico relacionado com o carso de Sicó.
O raciocínio é muito simples, imaginem que têm um aquífero por debaixo dos vossos pés (Sicó tem...) e que mandam para a terra herbicidas. Imaginem para onde esses herbicidas acabam por ir e quem, no final, vai acabar por beber a água agora enriquecida com uns pózinhos vindos dos herbicidas. Dá que pensar, não dá?!
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