11.12.17

Associações Florestais ou Associações do Eucalipto?! Preocupante, muito preocupante...


Surgiu de uma conversa em plena rua, quando uma pessoa que admiro imenso se cruzou comigo e começámos a falar sobre a tragédia deste Verão. A determinado momento chegou-se à parte das menosprezadas espécies autóctones, nomeadamente do carvalho cerquinho, azinheira, medronheiro, etc. Disse-me que há uns tempos tinha ido à Associação Florestal de Ansião, da qual é associada, pedir informações, já que queria deixar um legado às próximas gerações e, por isso, queria plantar por exemplo carvalho cerquinho. Como não sabia da aptidão do solo, queria saber mais informações, de forma a dar seguimento a essa sua vontade. Contudo, e alegadamente, sugeriram-lhe plantar... eucaliptos, concretamente uma variedade que não consumia tanta água como outra espécie de eucalipto já existente por estes lados...
Fiquei perplexo, pois ver uma Associação Florestal incentivar a monocultura do eucalipto em vez de incentivar a plantação de espécies autóctones, não é propriamente algo de compreensível. Nem quero imaginar as vezes que isto acontece, contudo seria interessante fazer uma análise perante os associados, de forma a ver como tem sido o aconselhamento... 
Mas não é tudo. Duas semanas depois, quando abordei aqui a questão do medronheiro, partilhando o comentário das redes sociais, uma outra pessoa comentou que tinha feito o mesmo, em Penela, de forma a ver a possibilidade de plantar medronheiros, e foi-lhe alegadamente dito que não era viável. Quase que em jeito de brincadeira, eu disse-lhe "presumo que lhe tenham sugerido o eucalipto", tendo-me sido dito "pois foi isso mesmo".
Tendo em conta a localização que me foi comunicada, tenho sérias dúvidas sobre a suposta inviabilidade da plantação de medronheiros. Cheira-me ao lóbi do eucalipto...
Após isto, fico seriamente preocupado com o que, de facto, estas nossas Associações Florestais andam a fazer, já que fica a ideia que são meras pregadoras da monocultura do eucalipto, funcionando na (i)lógica de mercado actual, sendo assim contra a floresta e a favor da monocultura do eucalipto. 
Não mudar o paradigma é grave, ainda mais por parte de quem devia ser pró floresta e não pró eucalipto. Manter esta nossa região refém do eucalipto é grave, não sendo sequer necessário dizer porquê. Este ano falou por si mesmo, de uma das piores formas possíveis...
Importa agora compreender qual o real papel das nossas Associações Florestais, já que estes dois casos indiciam algo que me preocupa seriamente. O papel das Associações Florestais é pugnar pela floresta, não por monoculturas como a do eucalipto!

5 comentários:

Unknown disse...

Considero que as associações de produtores florestais existem para defender os interesses do seus associados, cumprindo a lei e também para promover a floresta dita ecológica se isso representar ganhos económicos para os seus associados. Seja monocultura, seja para paisagem, seja para o que for. É bom não esquecer que a actividade florestal é uma actividade económica como outra qualquer, tendo regras especificas para ser desenvolvida. E porque não existir uma associação dos produtores de eucalipto à semelhança das outras associações como dos produtores de arroz ou dos produtores de milho? Porque não? Basta de confundir as pessoas menos informadas em especial os urbanos.

João Paulo Forte disse...

Se uma pessoa vai com o intuito de saber a melhor forma de plantar carvalhos e lhe aconselham eucaliptos, será isso promover a floresta? Se a pessoa é associada e, querendo carvalhos ou medronheiros, lhe sugerem eucaliptos, isso é defender os interesses desses associados? Trata-se de defender a floresta contra os ataques da monocultura do eucalipto, dados os problemas conhecidos, como este ano é um triste exemplo. O comentário privilegia a floresta, não sendo tendencioso. Sobre as associações de eucalipto, que existam, contudo não se podem confundir com associações florestais. Confundir quem? Será que os urbanos não pensam e não têm sentido crítico? Este comentário é um relato de factos, conjugado com a minha opinião de técnico na área ambiental. Já agora, o que considera pessoas menos informadas? Os citadinos? Sim, há alguns, tal como os ditos rurais, que apesar de teoricamente saberem mais (no geral) têm demonstrado que pouco mais sabem, já que estão cada vez mais desligados do conhecimento empírico e técnico que fazia parte da bagagem cultural. E olhe que há muitos urbanos que dão cartas na defesa da floresta. Eu sou, felizmente, um rural, contudo aprendo com todos. Os meus comentários visam informar e suscitar o pensamento crítico.

indianajaime disse...

João Mourato, Deixe-me ver se o percebi: para si o valor da floresta é a rentabilidade económica? Não anda um pouco desfasado sobre o que se sabe hoje sobre o ambiente? E se se trata primeiramente de uma questão ambiental, acha que o ser rural ou urbano é relevante? Parece-me que é o João Mourato que está a confundir floresta com silvicultura. Morando em Lisboa, sei bem quando uma poda é feita por um rural: é quando este confunde poda da árvore com rolar a árvore. Que tristeza...

Unknown disse...

Qualquer cultura dedicada e intensiva reduz a biodiversidade. Certos grupos de "especialistas" teimam em chamar a uma plantação de eucaliptos de "floresta". É claro que não o é. O eucalipto é conduzido como cultura agrícola intensiva, tal como um pomar ou um olival intensivo ou super-intensivo. Que biodiversidade existe por debaixo dessas árvores? Nenhuma. A Biodiversidade vai ficando na borda dos campos e nas bermas das estradas, quer seja pela acção do ensombramento e dominância das árvores quer seja pela aplicação de herbicidas. É o custo do desenvolvimento da agricultura. Há muito que este fenómeno é analisado e estudado por todo o mundo, mas na verdade os campos verdejantes com as papoilas e os malmequeres é uma visão nostálgica de uma agricultura que já não existe. O Eucaliptal não passa de uma "seara de pau" e como tal deve ser conduzida e tratada.. Por favor não chamem Floresta a uma plantação de eucaliptos.

Unknown disse...

Qualquer cultura dedicada e intensiva reduz a biodiversidade. Certos grupos de "especialistas" teimam em chamar a uma plantação de eucaliptos de "floresta". É claro que não o é. O eucalipto é conduzido como cultura agrícola intensiva, tal como um pomar ou um olival intensivo ou super-intensivo. Que biodiversidade existe por debaixo dessas árvores? Nenhuma. A Biodiversidade vai ficando na borda dos campos e nas bermas das estradas, quer seja pela acção do ensombramento e dominância das árvores quer seja pela aplicação de herbicidas. É o custo do desenvolvimento da agricultura. Há muito que este fenómeno é analisado e estudado por todo o mundo, mas na verdade os campos verdejantes com as papoilas e os malmequeres é uma visão nostálgica de uma agricultura que já não existe. O Eucaliptal não passa de uma "seara de pau" e como tal deve ser conduzida e tratada.. Por favor não chamem Floresta a uma plantação de eucaliptos.