O que é
que este presidente andou a fazer nos últimos anos? Ordenamento do território
não foi concerteza, digo eu. Eu bem avisei que este autarca iria ser um bom
caso de estudo em termos de más práticas na gestão autárquica. Vamos então aos
factos.
Em 2006,
precisamente na altura em que eu trabalhava na Câmara Municipal de Alvaiázere,
deu-se início ao processo de revisão do Plano Director Municipal (PDM), algo de
muito importante para qualquer município. O primeiro PDM datava de 1997 e
mostrava já algum desajuste, no entanto o que mais me interessava era o facto
de, naquele momento, as ferramentas de análise disponíveis para a elaboração de
um PDM serem bastante melhores, nomeadamente a nível dos Sistemas de Informação
Geográfica (SIG). Um melhor ajuste significa tendencialmente uma melhor
qualidade dos documentos e, portanto, da análise que se pode efectuar com base
nesses mesmos documentos, concretamente mapas, mas não só. Ou de forma
resumida, o território, as pessoas e a economia saem todos a ganhar com um bom
PDM. Pelo menos em teoria, pois um bom PDM de nada vale sem um autarca competente.
Prosseguindo, na acta
Nº 23 da Câmara Municipal de Alvaiázere (CMA), datada de 7 de Novembro de
2006, consta o seguinte:
"REVISÃO
DO PDM DE ALVAIÁZERE: - Em
continuação da deliberação tomada na última reunião desta Câmara Municipal
sobre o assunto em título, o Senhor Vereador do Ordenamento do Território e do
Urbanismo, Eng.o Carlos Graça, apresentou uma súmula dos procedimentos legais a
seguir, de que se destacam, entreoutros, para cumprimento do número 1 do artigo
74.o do Decreto-Lei número 380/99, de 22 de Setembro, na redacção dada pelo
Decreto-Lei número 310/2003, de 10 de Dezembro, a definição dos prazos
temporais para a sua elaboração, em que sugere os seguintes: Fase 1 –
Publicação e constituição da comissão mista de coordenação – dois meses; Fase
2 – Elaboração, estudos de caracterização e acompanhamento – oito meses; Fase
3 – Proposta – quatro meses; Fase 4 – Concertação, participação e
ponderação – quatro meses; Fase 5 – Elaboração da versão final – dois
meses; Fase 6 – Aprovação, ratificação, registo e publicação – quatro
meses, o que perfaz um prazo total de 24 meses. A descrição e
caracterização de cada uma destas fases, bem como dos seus objectivos, constam
também desta mesma informação/súmula. ------------------------------ --- A
Câmara Municipal fez a apreciação e discussão desta referida informação do
Senhor Vereador, a qual se anexa à presente acta. Com base nesta e, aceitando
as sugestões que apresenta, a Câmara Municipal deliberou, por unanimidade: 1 –
Fixar o prazo de 24 (vinte e quatro) meses para a elaboração da revisão do PDM;
2 – Abrir um período de inquérito público, pelo prazo de trinta dias, de forma
a permitir a formulação de sugestões, bem como a apresentação de informações
sobre quaisquer questões que possam ser consideradas no âmbito do procedimento
de revisão; 3 – Informar as organizações económicas, sociais, culturais e
ambientais, de maior relevância na área do Município, para que, caso o
pretendam, se façam representar na Comissão Mista de Coordenação que
acompanhará o procedimento desta revisão do PDM, as quais deverão formalizar
essa pretensão mediante requerimento dirigido a esta Câmara Municipal, nos 15
dias imediatos à publicação da deliberação no Diário da República; 4 – Abrir
concurso público para adjudicação da prestação de serviços com vista à
elaboração desta Revisão do PDM, logo que terminada a execução da primeira
fase; e 5 – Designar para a Comissão de Acompanhamento deste Processo, os Senhores
Presidente desta Câmara Municipal, Vereador do Ordenamento do Território e
Urbanismo, Eng.o Carlos Manuel Rosa da Graça, Chefe da Divisão Técnica de Obras
e Serviços Urbanos, Eng.o José Luís Alves de Carvalho, a Engenheira Técnica Ana
Costa e o geógrafo Dr. João Forte.
-------------------------------------------------------------------------------------------------"
Os anos
passaram e, já não estando eu ao serviço da CMA, continuei a acompanhar todo o
processo, já que era um tema que me interessava em termos profissionais. No entanto revisão nem vê-la.
A única coisa que vi foi a tentativa de alteração, parte consumada, de alguns
artigos do actual PDM, para tentar construir um hotel da Serra de Alvaiázere (sem sucesso!),
alargar a área de exploração de algumas pedreiras e alargar perímetro urbano
para poder construir algumas infra-estruturas. Das poucas coisas que li sobre o
assunto, uma delas consta na Edição 1317 do Jornal de Leiria, datada de Outubro
de 2009, onde Paulo Tito Morgado refere: "...continuar a revisão do
PDM, a concluir em 2 anos...". Por esta altura (2009), e segundo a Câmara
Municipal de Alvaiázere, o PDM já devia estar revisto, no entanto dei o
benefício da dúvida, pois um PDM não é coisa simples de se fazer. Mais vale
demorar um bocado mais e ter qualidade do que fazer à pressa e sair asneira.
Mais uma vez o tempo foi passando.
Nas
últimas semanas, ou seja já em 2015, surgiu um site
que pretende dar apoio à revisão do PDM que, imagine-se, apenas em 2014
teve, outra vez, o seu início. Confusos?!
Nessa
página consta que "...em Abril de 2014, o executivo deliberou iniciar a
revisão deste documento...". O mesmíssimo autarca contradiz-se a ele
próprio mais do que uma vez. Diz que faz, mas não faz.
Que coisa
é esta de andar a brincar às revisões dos PDM´s? O que andou Paulo Tito
Morgado a fazer nos últimos anos? Na minha opinião isto tudo resume-se a uma
profunda incompetência política, que eu faço questão em denunciar. Este autarca
tem de ser politicamente responsabilizado por este facto. A não revisão do
actual PDM, que aliás já devia estar revisto é um sério entrave ao
desenvolvimento territorial, e o mais curioso é que este autarca goste muito de
utilizar essa palavra (entrave) para acusar os que discordam da sua posição, claramente insustentável. Mais uma vez
Alvaiázere perdeu o comboio do desenvolvimento. Onde é que está a sua
competência enquanto autarca Sr. Paulo Tito Morgado? Após 10 anos diz que se
vai embora e, imagine-se, sem fazer algo que considerou basilar e se propôs no
primeiro mandato, iniciado em... 2005. É isto que representa a vasta
experiência da sua equipa, o seu conhecimento, a sua política exigente consigo
mesmo, tão pomposamente referida no Boletim Informativo do Município de
Alvaiázere, datado de Novembro de 2014?
O que têm
os alvaiazerenses a dizer sobre esta amarga novidade? Vão "comer e
calar" mais uma vez?! Eu bem vos avisei...
Já agora,
peço ao autarca em causa que mande corrigir um erro no site da revisão
do PDM, pois mesmo com o "acordo" ortográfico, contacto continua a
escrever-se da mesma forma. Contato não existe...
Só mesmo
para terminar, e como curiosidade, a foto com a qual ilustro este comentário
não é daquelas fabricadas, foi sim estar no local certo à hora certa.
2 comentários:
Muito Bom! Faltam-nos 307 Joãos Fortes em Portugal. Como e evidente o Sr. Autarca deve uma explicação. O que eu axo estranho é isto na oser tema para os jornalistas regionais e nacionais explorarem e desenvolverem nos media convencionais. A Democracia so ganhava!
Alguns dias após este meu comentário, o erro ortográfico, por mim apontado no site referido, no penúltimo parágrafo do texto, foi corrigido. O meu muito obrigado pela pronta correcção.
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