Fonte: Jornal de Leiria
Foi algo que apanhou Ansião de surpresa e com estrondo, tal a magnitude da descarga. Pelo que fui sabendo, não foi a primeira vez que aconteceu, nem pela origem da descarga, numa fábrica específica, seja pela origem, na zona industrial.
Ansião foi ao longo de décadas construindo um gigante com pés de esgoto. Ansião viu surgir a zona industrial do Camporês em meados da década de 90. Primeiro com apenas algumas fábricas e só depois viu surgir uma série delas, tendo hoje uma extensão já significativa. Todos gabavam a zona industrial do Camporês, contudo ninguém foi falando do óbvio, ou seja o facto de termos ali um gigante com pés de barro. Faltava uma infra-estrutura fundamental... Todos elogiavam o dinamismo da zona industrial, mas poucos ou nenhuns falavam abertamente de um problema gravíssimo, ou seja a questão da gestão dos efluentes com origem naquela zona industrial.
Durante anos a fio ocultou-se inclusivamente estes mesmos problemas. Há uns 3 anos soube destes factos, muito embora na onda do diz que disse (isto à parte do esgoto paralelo ao IC8 e construído há uns anitos sem grande divulgação dos pormenores....) Contudo foram várias as pessoas que me foram divulgando factos bastante preocupantes.
Ansião tem em mãos um problema grave, ou seja a gestão dos efluentes/esgotos. A actual ETAR é velhinha e na altura que foi feita já era subdimensionada. Apenas há coisa de 3 ou 4 anos se falou com alguma insistência, na construção de uma outra ETAR, em Santiago da Guarda, para tratar os efluentes de Santiago da Guarda e Alvorge (e isto só após o mediatismo do escândalo do esgoto ilegal no Alvorge). Contudo isto não chega, há que agir, de facto.
Para que chegue temos muito por fazer e uma das coisas que falta fazer é estudar, planificar e construir uma ETAR própria para a Zona Industrial do Camporês. Contratem-se os especialistas e construa-se uma ETAR ali, adequada para as especificidades das industrias ali instaladas. E seria importante que as industrias contribuíssem, de forma equitativa, mas de acordo com as especificidades de cada industria. O Estado tem de investir e as empresas de contribuir, tão simples como isto. Pagar coimas não resolve o problema...
Só depois disto podemos esperar que episódios lamentáveis como este último se voltem a repetir. O longe da vista, longe do coração tem de ser revertido. A poluição tem de ser percepcionada por todos, pois só assim cada um de nós se sentirá obrigado a pugnar para que a poluição seja mitigada. Episódios como este são um desastre a vários níveis, nomeadamente a nível dos recursos aquíferos!
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