De uma forma regular gosto de dissertar sobre a importância do comércio local, nomeadamente do pequeno comércio e dos pequenos produtores. Isto para que cada um de vós se (re)lembre da importância do comércio local, dos produtores e empresários locais e, com isso, se (re)lembrem de comprar local, apoiando assim da melhor forma a economia local e regional.
Desta vez quero tratar a questão de uma outra forma, não tão óbvia. Mas antes de lá irmos, gostaria de agradecer as fotografias que solicitei quer a uma produtora local, quer a uma empresária do comércio de proximidade, de forma a enriquecer este comentário. Onde as podem encontrar? Num mercado municipal, em dia de feira, e numa pequena loja próximas de vocês, neste caso em Ansião.
Indo então ao cerne da questão, sou do tempo em que surgiu uma superfície média em Pombal, de uma cadeia alemã, que praticava preços baixos e apresentava produtos novos e desconhecidos até então. Muitos ansianenses iam lá como que se de uma excursão se tratasse, ao fim-de-semana, encher o carro de produtos. "Iniciava-se" a era das médias e grandes superfícies para muitos de nós. Prometiam-se preços baixos e isso levou tantos de nós a começar a frequentar estas superfícies comerciais, esquecendo muitas vezes o pequeno comércio e os mercados municipais e os seus dias de feira.
Os anos passaram e assumiu-se que os preços ali eram mais baixos do que no comércio de proximidade. A maioria não questionou até hoje a veracidade dos factos.
Nos últimos meses há dois episódios em especial que me relembraram da importância do questionar dos factos, expondo-os agora desta forma. Num dos episódios, e numa pequena loja, algures por Arouca, vi o preço de um produto que regularmente compro. Acabei por comparar o preço deste produto nesta loja ao preço do mesmo produto numa grande superfície. Mais barato uns 30 cêntimos! E não era o único produto mais em conta. Já noutro episódio, numa pequena loja em Braga, tive de comprar um pacote de bolachas, daquelas de água e sal, enquanto aguardava por conhecidos, pois a fomeca era muita. São baratas, mas mesmo assim acabei por descobrir que numa grande superfície as mesmas bolachas eram 16 cêntimos mais caras!
São apenas alguns exemplos de uma realidade que insistimos em desconhecer. Continuamos a insistir que no pequeno comércio é tudo mais caro, quando essa não é, de facto a realidade. Continuamos a achar que pegar no carro e fazer umas dezenas de km é que é poupado. Isto tendo o pequeno comércio tantas vezes ao nosso lado. Claro que há algumas diferenças, e não defendo que comprem cegamente no comércio de proximidade, mas sim que comprem com cabeça, escolhendo o melhor e no bom comércio de proximidade que temos. O menos bom acaba por ser vítima da competição e sai de cena, portanto todos nós sabemos onde ir e com quem ir ter, seja loja ou numa banca no mercado municipal, evitando o menos bom.
Agora mais do que nunca, o comércio local e os empresários na nossa terra e da nossa região precisam de nós, bastando para isso comprar local para consumir local. Com esta pandemia houve muitos produtores e/ou empresários que inovaram, de forma a fazer face aos tempos difíceis. A eles e a todos os que nos conseguem presentear com produtos de qualidade, o nosso apoio enquanto consumidores é e será fundamental!
Só como curiosidade, quando viajo, um dos locais que não prescindo de visitar é mesmo o belo mercado municipal ou mercado de rua, seja em Portugal, seja na Europa ou fora dela. Quem já teve a felicidade de viajar q.b. como eu, sabe porquê. Ficamos enriquecidos com aquele ambiente mágico, onde a visão e o olfacto são espicaçados q.b..
No caso de Ansião não se aplica a palavra belo mercado municipal, já que este está já há demasiados anos sem as condições mais dignas e necessárias para quem ali vende e para quem ali vai comprar. Daqui a mais uns dias vou focar, mais uma vez, esta mesma questão...
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