13.11.15

Redefinir os limites do Sítio da Rede Natura 2000, Sicó/Alvaiázere e apostar neste extraordinário território!


Fonte: CCDR-Centro

O mapa é, no meu entender, apenas o reflexo da pouca atenção que as entidades públicas têm dado à questão da Rede Natura 2000, mas afinal é o que encontrei numa brochura da CCDR.
Este comentário tem dois intuitos, os quais orbitam em redor de uma questão que eu considero crucial para a região de Sicó, ou seja a Rede Natura 2000.
Mas comecemos pelos factos. Os limites actuais do Sítio da Rede Natura 2000, Sicó/Alvaiázere, pecam por escassos. Os limites deveriam ser alterados e incluir sectores que, não sei bem porquê, não foram incluídos, ou seja parte significativa do sector Norte do município de Ansião, parte significativa do sector Oeste de Penela, uma parte relativa do sector Sudeste de Soure e uma parte relativa do sector Sul de Condeixa. Estes seriam os limites mais correctos deste Sítio da Rede Natura 2000. 
Mas não só, pois de pouco vale criar um Sítio da Rede Natura 2000 se depois quase que se deixa a mesma ao abandono. O ICN falhou nesta questão e o actual ICNF acentuou a falha, ao quase que demitir-se da gestão do Sítio Sicó/Alvaiázere. Os últimos governos têm igualmente falhado, pois o prometido apoio não chegou e isso quase que colocou em causa alguns destes locais de grande importância ecológica, cultural e económica. As Câmaras Municipais também têm falhado a toda a linha, pois em vez de pugnarem pela valorização da Rede Natura 2000 e apoiarem iniciativas várias (ex. parcerias com universidades e empresas) com vista a um maior conhecimento dos valores naturais ali existentes (para uma boa gestão dos mesmos), têm feito a apologia do estorvo, dizendo implicitamente que a Rede Natura 2000 é um estorvo ao desenvolvimento territorial.
Curiosamente os que têm feito o melhor trabalho são as associações de defesa do património, das quais destaco aqui a Al-Baiaz. Quem menos tem é quem mais tem feito, quem diria...
Também, e em recentes revisões de PDM, reparei que pelo menos num caso as Orientações de Gestão preconizadas para a Rede Natura 2000 foram pura e simplesmente ignoradas (ex. Ansião). Outras que ainda não finalizaram, referem que vão ter em conta as Orientações de Gestão (ex. Alvaiázere).
Tem faltado também algo que é estrutural, ou seja a informação sobre a Rede Natura 2000. Consultando os respectivos sites das câmaras municipais da região de Sicó, facilmente nos deparamos com um cenário de uma pobreza informativa assinalável, onde a única coisa que aparece é mesmo um mapa rudimentar do Sítio Sicó/Alvaiázere nos geoportais respectivos. Informação sobre o essencial, ou seja os habitats e espécies, nicles...  
E mesmo nos portais turísticos (ex. Descubra Ansião) nem uma única referência sobre a Rede Natura 2000. Como é isto possível?!
Resumindo, a estratégia para a Rede Natura 2000, baseada no seu conhecimento, na sua protecção e na sua utilização enquanto recurso tem falhado a toda a linha.
Mas há mais, já algum de vós ouviu as Câmaras Municipais afirmar/comunicar que há subsídios relativos à Rede Natura 2000, os quais pretendem apoiar todos aqueles que têm a sorte de ter terrenos dentro desta área protegida? E apoios à conservação do solo, das culturas permanentes tradicionais e manutenção de sistemas agrosilvopastoris? (Portaria nº 58/2015; Portaria 50/2015; Portaria 56/2015; Portaria 24/2015; Portaria 25/2015). Surpreendidos? Ainda bem que ajudei a desmistificar... 

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