"3.ª Parte – Conservação e Gestão de
Ecossistemas Ribeirinhos
Dada
a sua importância tanto em termos ecológicos como económico-sociais é
fundamental a protecção e conservação dos bosques e galerias ribeirinhos.
Protecção:
Vários
Habitats da Rede Natura referem-se a bosques e galerias ribeirinhos (e outros
tantos correspondem aos restantes tipos de vegetação ribeirinha, exceptuando os
silvados, que estranhamente não são considerados como Habitat!):
Para além dos mais evidentes assinalados nas Fichas de Habitat do Plano
Sectorial da Rede Natura 2000, que reflectem os diferentes tipos de bosques e
galerias ribeirinhas (a maioria evidenciados na 1.ª parte deste artigo), como os Habitats:
91B0 (freixiais), 91E0*(3
subtipos – amiais, bidoais e amiais/borrazeirais palustres), 91F0 (bosques
tempori-higrófilos), 92A0 (5
subtipos de salgueirais-choupais e borrazeirais), 92B0 (= 91E0* + 5230*pt5), 92D0 (2
subtipos – tamargais, loendrais e tamujais),
... há outros Habitats mais raros em Portugal que correspondem a
bosques ou galerias que podem ser (ou são-no) ribeirinhos:
pt2
- azereirais: maioritariamente, senão exclusivamente, ribeirinhos;
pt5
- adelfais: maioritariamente ribeirinhos;
[* - Habitats prioritários para conservação a nível europeu]
Fig. 7.
Teixos adultos (e azevinhos) no Rio Maceira, PN Peneda-Gerês
Conservação:
Consoante
os valores ambientais e as necessidades humanas há dois tipos de conservação:
a) (semi)passiva – corta-se a fonte de perturbação e
deixa-se a Natureza recuperar livremente (poderá ser necessário pequenas
intervenções, como a gestão de silvados e de pequenos núcleos de exóticas,
etc.).
Este
tipo de intervenção deverá ser privilegiado pois é ecológica e economicamente
mais sustentável.
b) activa – a cessação das actividades impactantes na vegetação não é suficiente,
ou porque são áreas já muito artificializadas, ou porque a vegetação é dominantemente
exótica, etc. Neste caso terá de haver uma intervenção mais profunda que poderá seguir duas vias:
-
Requalificação paisagística – p.e.
em áreas muito alteradas e urbanizadas o voltar ao natural é extremamente
complexo, tem custos avultados ou é quase impossível. Nestes casos o objectivo da
intervenção será recuperar a paisagem ribeirinha o melhor possível, o que não
quer dizer que se deva descurar um aspeto essencial: – as espécies a utilizar
devem ser sempre nativas (evitando-se mesmo aquelas em que há dúvidas, e.g.
choupos) e o material genético deve ser o da região. O simples
"ajardinamento" de um curso de água onde normalmente se introduzem
inúmeras espécies exóticas, que nada têm a ver com estes habitats, não são
opção dado o conhecimento actual sobre a problemática das espécies exóticas em habitats
(semi)naturais. Ao introduzir uma qualquer espécie exótica num trecho de rio
estasse a fomentar a invasibilidade a jusante.
Fig. 8.
Técnicas de engenharia natural na recuperação do Paul da Goucha, Alpiarça
(curso de Eng. Natural – APENA, 2008)
- Restauro ecológico
– em áreas semi-naturais (agro-florestais) e naturais (áreas protegidas ou
outras) deve-se fomentar boas práticas de restauro ecológico recorrendo-se,
sempre que tecnicamente possível, a técnicas de engenharia natural e, quando
não possível, as artificializações devem ser minimizadas com vegetação (sempre
nativa e local).
Em
ambos tipos de intervenções é imprescendível não menosprezar a problemática das espécies exóticas na sub-bacia
hidrográfica em causa. Deverá haver sempre uma estratégia para o seu controlo
(e irradicação futura) tendo em conta o levantamento das espécies a montante da
área de intervenção, sobretudo nas linhas de água, mas não só, dependendo das
espécies em causa. O menosprezo destas espécies poderá levar a que a
intervenção em vez de promover o restauro da vegetação nativa venha antes
promover a invasão da área que foi intervencionada."
O meu agradecimento ao meu amigo Estevão Portela-Pereira, por ter investido o seu precioso tempo na partilha do seu conhecimento!
O meu agradecimento ao meu amigo Estevão Portela-Pereira, por ter investido o seu precioso tempo na partilha do seu conhecimento!
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