5.6.22

E depois queixam-se que os jovens altamente qualificados se vão embora...


Há umas semanas deparei-me com algo que me fez pensar mais em algo que já me anda a fazer pensar muito há muito tempo. Confusos?
Vamos então a uma conversa importante. Uma das coisas que vejo já há muitos anos é uma não aposta nos jovens qualificados que temos na nossa região. Não se aposta em apoios a jovens com potencial para criar empresas de grande valor territorial/tecnológico e afins. Não se aposta numa dinâmica de inovação social com base nos muitos jovens com valor na região de Sicó. É por isso mesmo que eles vão embora e não voltam. Porquê? Porque se continua a insistir numa estratégia redutora e incipiente, que valoriza apenas zonas industriais e postos de trabalho que no concreto raramente exigem jovens altamente qualificados (no domínio universitário). E assim se observa uma sangria de mentes brilhantes e se agrava o esvaziamento destes territórios.
Na imagem que coloquei acima, há pormenores que não são perceptíveis por todos, mas apenas por uma minoria. Reparei nisto quando procurava informação, concretamente de Alvaiázere. Vi que foi contratada uma empresa de fora (não é problema algum o facto) e que esta mesma empresa em vez de se cingir ao que sabe, tentou aventurar-se naquilo que não sabe muito bem. Não falo da questão da biodiversidade, mas sim da componente geológica. Quando leio algo como "campos de amontes (fósseis)" ou "pias (formas geológicas em zonas calcárias", percebo que está tudo dito sobre a competência de uma empresa no domínio da geologia e do carso de Alvaiázere. Bibliografia não falta, conhecimento local também não, contudo opta-se por quem menos conhece o território num domínio científico concreto.
Fazendo uma declaração de interesses, meses antes de ter conhecimento deste projecto, tinha enviado uma proposta de projecto que visava a inventariação de locais de interesse geológico em Alvaiázere. Nunca obtive resposta ou sequer confirmação de recepção da proposta. E enviei proposta para outras autarquias, recebendo confirmação de recepção da proposta de 3 delas e sendo convidado a propor orçamento para um a destas propostas (não tendo tido seguimento até ao momento). A diferença em Alvaiázere é que sei logo à partida que é escusado enviar propostas, já que sou personna non grata do partido no poder local, contudo, e tal como sempre fiz, não é por isso que deixo de fazer o que sempre fiz, ou seja apresentar propostas, ideias e projectos. Nunca poderão dizer que deixei de apresentar propostas, ideias ou projectos.
Quando ouvirem os vossos autarcas a queixar-se que os jovens se vão embora e que a questão do despovoamento destes territórios é um problema grave, lembrem-se que também eles têm culpa no cartório. Há jovens que querem ficar/voltar e são altamente qualificados. São estes jovens que podem fortalecer a matriz do desenvolvimento territorial!
Há uns 2 anos, uma associação de desenvolvimento local fez igual e deu no que deu...



 

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