É isso mesmo, o título é um trocadilho, o qual ajustei à medida de Sicó e daquilo que agora pretendo abordar, mesmo que de uma forma muito resumida.
Apesar de não faltar património por estes lados, falta a capacidade de o valorizar e potenciar. Obviamente a isto não é estranho o facto do muito (pouco) que se faz ser guiado por interesses económicos predatórios e egocêntricos, e não pela lógica do património. Lucro acima de tudo, o resto vê-se depois, pensam alguns iluminados. O bem destes está acima de tudo, o bem público é secundário, para eles. Não esqueço também que tem havido muita gente que prefere viver à sombra da "bananeira", facto que é então aproveitado por quem nos desgoverna.
Indo então ao tema deste comentário, venho falar, muito sucintamente, da bela oliveira, essa árvore que hoje em dia é mais menosprezada do que valorizada. E mesmo em termos de valorização, essa é, para muitos, apenas na medida de que significa lenha boa para a lareira. Ou então uma fonte de rendimento quando a oliveira é vendida para um qualquer jardim, muito embora este tipo de transacção já tenha tido melhores dias. Goste-se ou não esta é a realidade.
Não damos o real valor ao olival de Sicó, não temos consciência da importância social, económica e cultural do mesmo. Muitos nem sequer imaginam que esta região já liderou na produção de azeite, a nível nacional. Um dia, numa exposição dedicada a um grandes mestres da geografia portuguesa, na Biblioteca Nacional de Portugal, tive a oportunidade de ver um mapa antigo, onde constava precisamente aquilo que referi atrás, a região de Sicó já liderou, a nível nacional, na produção de azeitona, há algumas décadas atrás.
Mesmo que uma breve análise possa dar a entender que o azeite já foi um filão económico para esta região, posso dizer que aquele mapa me surpreendeu. Como muitas vezes gosto de dizer, estamos sempre a aprender, desde que se nasce até ao momento em que nos finamos.
Contudo há quem teime em não querer aprender, teimando em políticas completamente desvirtuadoras de toda uma região e castradoras de muitas das mais-valias e especificidades regionais.
Manter um olival não é meramente manter árvores em pé, é sim manter toda uma cultura, toda uma paisagem e, imagine-se, toda uma mais valia económica.
Seja como complemento, seja como actividade principal, muitos poderiam retomar os olivais esquecidos desta região. Muitos poderiam também arrancar os eucaliptos parasitas e em sua vez plantar oliveiras (e não só...), pois o inverso já aconteceu.... Vejo, com agrado, alguns retomarem os olivais e outros plantando-o novamente, mas ainda são escassos os que o fazem. A crise tem também funcionado como medicamento para a amnésia, fazendo com que alguns se voltem a lembrar do óbvio.
Eu nunca esqueci, tal como outros mais, o olival desta região, sendo que agora utilizo a visibilidade que tenho para, também eu, dar visibilidade à bela da oliveira e a tudo aquilo que ela significa. Somos alguns que tentamos dar visibilidade a esta causa, mas manifestamente que somos poucos.
Brevemente irei voltar a esta questão, possivelmente quando conseguir finalizar um processo que tem como intuito proteger algumas oliveiras seculares que conheci há coisa de 8 anos, num local algures pela região de Sicó.
Quanto à foto que dá a roupagem a este comentário, esta, apesar de ter alguns anos e ter sido tirada numa brincadeira em trabalho de campo, acaba por ser uma sátira aquilo que abordei aqui.
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