Confesso que não é novidade esta notícia, pois no início deste ano já me tinham referido o facto. O problema que se assiste agora é que a opinião pública tem de saber o que efectivamente está em jogo e os dados concretos sobre o mesmo e não do ponto de vista político, ou seja do ponto de vista parcial. Antes de mais destaco a notícia que me faz rir numa primeira instância e numa segunda instância me faz ficar profundamente revoltado dado o conteúdo da mesma:
«Para evitar as inundações provocadas pelas chuvas, como aquelas que sucederam dia 25 de Outubro de 2006 em Pombal, a autarquia está a estudar a construção de uma albufeira a Norte de Pombal. De acordo com o presidente do município, Narciso Mota, "está a decorrer um estudo por parte do Instituto Nacional de Água para a construção de uma albufeira, na Ribeira do Vale, junto à Urbanização Senhora de Belém". A estrutura permitirá regularizar o escoamento das águas para o túnel que atravessa a cidade de Pombal, evitando a hipótese de eventuais inundações, esclarece o autarca. A forte pluviosidade que se fez sentir em Pombal há dois anos provocou um morto, estradas cortadas, carros arrastados, jardins destruídos, água e lama por todo o lado. A cidade de Pombal ficou interdita durante dias. Os serviços do centro de saúde foram transferidos para o hospital, as escolas deixaram temporaria- mente de funcionar e 40 famílias de um bairro foram realojadas na Expocentro. Além de prejuízos dos particulares, a câmara teve estragos avultados no teatro-cine, nos pavilhões gimnodesportivo e das actividades económicas, em toda a zona desportiva e na biblioteca municipal. Os prejuízos ascenderam a seis milhões de euros e Narciso Mota afirma que a autarquia ainda não recebeu qualquer apoio do Estado.»
«Para evitar as inundações provocadas pelas chuvas, como aquelas que sucederam dia 25 de Outubro de 2006 em Pombal, a autarquia está a estudar a construção de uma albufeira a Norte de Pombal. De acordo com o presidente do município, Narciso Mota, "está a decorrer um estudo por parte do Instituto Nacional de Água para a construção de uma albufeira, na Ribeira do Vale, junto à Urbanização Senhora de Belém". A estrutura permitirá regularizar o escoamento das águas para o túnel que atravessa a cidade de Pombal, evitando a hipótese de eventuais inundações, esclarece o autarca. A forte pluviosidade que se fez sentir em Pombal há dois anos provocou um morto, estradas cortadas, carros arrastados, jardins destruídos, água e lama por todo o lado. A cidade de Pombal ficou interdita durante dias. Os serviços do centro de saúde foram transferidos para o hospital, as escolas deixaram temporaria- mente de funcionar e 40 famílias de um bairro foram realojadas na Expocentro. Além de prejuízos dos particulares, a câmara teve estragos avultados no teatro-cine, nos pavilhões gimnodesportivo e das actividades económicas, em toda a zona desportiva e na biblioteca municipal. Os prejuízos ascenderam a seis milhões de euros e Narciso Mota afirma que a autarquia ainda não recebeu qualquer apoio do Estado.»
Jornal de Leiria, edição 1268, a 30 de Outubro de 2008
Antes de mais é importante voltar a 2006, mais precisamente ao dia 25 de Outubro, dia que muitos já esqueceram, fingindo que foi algo que não se irá repetir. As inundações são algo que perturba a acção do homem, infelizmente a maior parte das vezes acontece devido a acções irreflectidas da parte de quem por nós devia zelar, não efectivando as demais leis afectas ao ordenamento do território.
No caso específico de Pombal, o caso tomou contornos graves devido às consequências da impermeabilização do solo e não derivado ao facto de "chover demais", coisa que não existe, chove ou muito ou pouco, nunca demais.... As consequências só não foram mais graves apenas e só derivado da hora a que a catástrofe se desenrolou.
A impermeabilização do solo deve-se nesta área (Pombal) fundamentalmente à galopante urbanização de áreas que não deveriam ser impermeabilizadas e também derivado da acção de exploração das pedreiras na Serra de Sicó. Brevemente irei ao local fazer uns vídeos para vos mostrar na prática o que acontece ali.
Os culpados desta situação são as autoridades competentes, nomeadamente a Câmara Municipal de Pombal e as indústrias extractivas que operam na área, a inobservância de regras básicas, mas fundamentais, das leis naturais tem levado à situação actual de elevada vulnerabilidade da cidade de Pombal a eventos como o ocorrido a 25 de Outubro de 2006.
O estudo do INAG apenas poderá confirmar o que eu quero salientar, o erro que é esta ideia absurda e sem fundamento técnico, que o amigo Narciso Mota quer a todo o custo implementar, mostrando o porquê de frequentemente estar implicado em polémicas (pela negativa).
Antes de continuar, sugiro que vejam um pequeno vídeo de 3 mn sobre os efeitos nefastos do rebentamento de uma barragem, pois este é uma ameaça real caso fosse em frente esta ideia de uma albufeira a Norte de Pombal, que poderia passar pela construção de várias mini-barragens:
Ou então um site que fala sobre a questão de uma forma muito concreta:
O que quero salientar é o facto de que o problema não se resolve desta forma, só se agrava, o risco de rebentamento de uma barragem ou açude é real e muito concreto na área pensada pelo amigo que teve esta ideia "brilhante", o amigo Narciso Mota. "Gostava" mesmo de ver uma barragem ali, duraria poucos anos, ou ficava colmatada por sedimentos e depois era o "ai jesus" para retirar estes sedimentos com custos astronómicos, ou poderia rebentar (ampliando a catástrofe) devido a alguns factores que numa análise posterior irei salientar.
Interessa salientar vários factos que demonstram a fragilidade e o fracasso das políticas de Narciso Mota face ao ordenamento do território e protecção civil, já que o mesmo nada tem feito para mitigar os efeitos de catástrofes como o ocorrido a 25/10/2006. O problema não está a ser resolvido, apenas agravado, já que a urbanização selvagem em Pombal é antiga, um dos exemplos práticos é a situação que todos podemos ver no terreno situado entre a estação de comboios de Pombal e o IC2, terreno este que deveria ser um parque urbano e não terreno para construção, exemplos há muitos mais e voltarei a falar dos mesmos.
Em termos de protecção civil é bom que todos se lembrem que o quartel dos bombeiros de Pombal ficou inoperacional durante as inundações, mostrando o quanto mau é o cenário! E não, não sou pessimista, tudo está no mesmo, com a agravante de não ter sido feito um plano para quando voltar a acontecer, como sabem as pessoas o que fazer? Se muitas das pessoas que tinham os carros estacionados no parque do Pingo Doce (na altura) tivessem ido a correr buscar os mesmos, quantas teriam perecido, isto se tivesse acontecido em pleno dia?
Não podemos andar a brincar como se as cidades fossem um castelo de lego, há pessoas e bens em risco, os autarcas não se podem desculpabilizar, pois a aplicação das leis passa por eles! O amigo Narciso Mota no domínio do ordenamento do território não esclarece nada, pois não é especialista, tem apenas andado a sacudir a água do capote, como os antigos dizem.
O que aconteceu a 25/10/2006 voltará a acontecer, pode ser para o ano ou pode ser daqui a 100 anos, há que diminuir a vulnerabilidade de Pombal a eventos desta génese, não aumentá-la....
Brevemente voltarei a esta questão mas de uma forma mais abrangente, para já fica a pequena nota sobre algo que a todos deve preocupar!
Sem comentários:
Enviar um comentário