17.4.22

O drama da mobilidade em territórios de baixa densidade...


Já abordei este assunto duas ou três vezes, contudo, e recentemente, tive uma nova perspectiva que me permite voltar ao assunto e a acrescentar factos ao debate. A questão da mobilidade em territórios como o de Sicó é uma questão onde o debate é antigo e nunca se chegou a uma conclusão óbvia, talvez pela falta de um estudo dedicado sobre a mesma.
Mas vamos a factos. Já há alguns anos que, infelizmente, estou longe de Sicó. Custa-me estar longe de Sicó e também não conseguir fazer o que mais gosto em Sicó em termos profisionais. Há demasiados obstáculos promovidos por uma série de pessoas, mentalidades, entidades e interesses. Por esse motivo só me resta, por ora, ir à terra regularmente matar saudades, estar com amigos e pouco mais que dar alguns aconselhamentos. Quando vou não tenho outro remédio senão pegar num carro e atestar o depósito, já que ida e volta são mais de 400 km. A despesa é à volta de 50 euros e isto se não for pela auto-estrada. Gasto então 50 euros (ida e volta) e demoro entre 3 a 4 horas pelas estradas nacionais (ida ou volta). Como não há comboio para Ansião, não tenho essa opção. Poderia ir até Pombal, contudo de Pombal para Ansião o transporte público é escasso. A não ser no caso de férias, onde podemos perder tempo q.b. em transportes, é impensável fazer uma viagem de transportes públicos. Dantes a Rede Expressos ainda passava por Ansião ou pelo Avelar/Pontão, mas já há alguns anos que isso é coisa do passado (neste último ainda pára). Outro dia ainda fiz um exercício que era na base de ir até Pombal de comboio e pegar numa das bicicletas eléctricas partilhadas em Pombal, mas isso não é possível, já que as bicicletas não podem sair de lá de Pombal. Levar a própria bicicleta? Seria uma opção, contudo se temos uma reunião pouco tempo depois do comboio chegar a Pombal é um bocado complicado fazer 20 km e chegar a uma reunião transpirado... Tentei pensar em todo o tipo de opções, contudo é... complicado.
Dantes também era vulgar apanhar boleias, sendo comum ver pessoa à saída de Ansião e Pombal na berma da estrada a pedir boleia. Hoje é muito raro e quem o faz é olhado quase de lado...
Vejam bem esta problemática que é a questão da mobilidade neste território!
Agora vamos a um exemplo oposto. Durante uns tempos tenho de ir a Lisboa todas as semanas e para isso tive de ver as opções possíveis. Tendo em conta os pontos de chegada e de partida, optei pela Rede Expressos. Para o trajecto pretendido (Braga-Lisboa) tem várias opções e horários diferenciados que se ajustam ao que eu preciso. Uma viagem de ida e volta (400+400km) fica por apenas 13 euros! (comprado com pelo menos semana e meia de antecedência. e demora 4 horas e 30 minutos para cada lado. É confortável e alguns dos autocarros até vídeo têm. Todos eles têm internet gratuita. Dá que pensar, não dá?
Quando se pensa no porquê de tanta gente sair destes territórios de baixa densidade, não será difícil enumerar motivos para muitos terem saído e poucos, como eu, quererem voltar. Há todo um trabalho de base por fazer para reverter este cenário. E não é com zonas industriais que nos convencem a voltar...

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