24.8.16

Dizer que não faltam grandes obras é... desconhecer parte importante do território!

Era uma questão que estava em espera, mas que, após ler as afirmações de Rui Rocha ao Jornal de Leiria, há coisa de 2 semanas, ganhou novos desenvolvimentos. 
Mas começando pelo princípio, vamos começar a desenrolar o novelo. Há 4 meses, quando abordei uma das questões mais quentes dos últimos anos aqui no azinheiragate (e que ainda não terminou...), Rui Rocha afirmou que afinal a ETAR do Alvorge afinal já não era para construir, tal como previsto no novo PDM de Ansião. Parece que de um momento para o outro o sistema de esgoto do Alvorge (bem como sistemas de pseudo-esgotos, a drenar para um aquífero?) já era para ligar à ETAR de Santiago da Guarda. Nesse momento fiquei confuso, já que Santiago da Guarda não tem uma ETAR mas sim uma EPTAR. E eu sabia que a EPTAR de Santiago da Guarda estava num estado que dispenso comentar, dadas as fotografias mais abaixo. E já não falo sequer da desadequação da mesma. Quase lembra a vergonhosa história da ETAR de Ansião, que demorou anos e anos a ser construída e quando foi feita já estava subdimensionada... Foi um péssimo cartão de visita de Ansião, pois a primeira sensação que tínhamos ao chegar a Ansião era mesmo o mau cheiro...



Na referida entrevista do autarca em causa, este referiu algo que me fez ficar algo perplexo. Depois de ser questionado sobre que grandes obras faltavam fazer em Ansião, este referiu que, e passo a citar "sinto-me feliz por dizer que não faltam grandes obras". 
É neste momento que "a porca torce o rabo", pois na seguinte questão, quando questionado sobre a taxa de cobertura do saneamento neste momento, Rui Rocha referiu que era de... 40%. Casando esta questão com a da ex futura ETAR do Alvorge, da EPTAR de Santiago da Guarda e com a problemática questão da poluição dos aquíferos em meio cársico, tenho apenas a dizer que faltam claramente grandes e estruturantes obras. Claro que sei que a questão da poluição dos aquíferos não é nem nunca foi uma prioridade para Rui Rocha, mas é uma questão muito mais importante do que aquelas que o mesmo considera importantes e/ou prioritárias. Sugiro-lhe que em vez de uma de muitas viagens à Alemanha e a outros destinos do costume, faça uma viagem ao berço do carso (ex. Eslovénia), onde poderá aprender muito e retirar ideias importantes para aplicar no nosso belo território, além de conhecer as boas práticas ali promovidas e já há muito desenvolvidas. Há falta de conhecimento e evidente estratégia neste domínio e já estamos todos a pagar por isso mesmo, mesmo ignorando o facto...
A ETAR de Ansião não chega para as necessidades, falta uma ETAR no Alvorge e uma ETAR em Santiago da Guarda, bem como uma nova abordagem num território muito peculiar, onde há muito casario disperso. Há que começar a reconhecer que o paradigma das ETAR´s em meio cársico não é nem pode ser o que ocorre noutros territórios, do tipo chapa 5. Há inclusivamente a necessidade de apostar em soluções do tipo fossas biológicas, que, nalguns casos, são mesmo a opção mais racional e eficiente para moradias unifamiliares dispersas.




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