A paisagem é um termo ambíguo, a nossa opinião sobre ela depende daquilo que nela vemos e/ou do modo como a vemos (Salgueiro, 2001). A experiência pessoal de cada um de nós vai condicionar a forma como vemos e sentimos a paisagem da nossa região.
Por isso mesmo é que «...não devemos confundir paisagem com um pedaço da superfície terrestre , mas restringir o uso do termo às representações que as pessoas têm desse espaço, o que corresponde a valorizar um dos sentidos da palavra alemã, o da aparência da terra tal como é percebida pelos observadores...» (Salgueiro, 2001).
Depois desta introdução mais técnica, mas muito útil para muitos de vós começarem a compreender a complexa temática associada à paisagem, queria que todos nós começássemos a discutir esta questão importantíssima, pois a paisagem da região de Sicó é algo de estruturante para o seu futuro. Isto porque nos últimos anos a paisagem desta região tem sofrido vários atentados, os quais têm vindo a crescer de uma forma exponencial.
A responsabilidade é de todos nós, cidadãos que nada fazem para combater este drama regional, mas acima de tudo dos lobbys económicos, alguns deles apoiados de forma mascarada (por vezes muito mal mascarada..) por gente que entrou na política pelo benefício pessoal e não pelo benefício da comunidade. Posso dizer que actualmente a paisagem da região, a sua franca descaracterização, é o resultado de anos de incompetência e de corrupção massiva, tendo alguns ganho muito com isso e muitos perdido com isso.
Um dos debates que quero aqui lançar, depois de algumas pessoas da região de Sicó me terem pedido ajuda, é o brutal impacto paisagístico dos parques eólicos (brevemente falarei também da questão das pedreiras...) têm tido nesta região. Parques eólicos sim, mas de forma ordenada, é esse o mote do debate que quero lançar aqui.
A partir do momento que os lobbys económicos começaram a aproveitar criminosamente o termo eco e e a questão das energias renováveis (que lhes dão muitos milhões), muito se tem desvirtuado, empresas que querem a todo o custo construir parques eólicos, presidentes de junta e de câmara que esquecem tudo o que seria normal ponderar nestas questões.... Depradar o território das suas mais valias tornou-se um estilo de vida baseado não nas questões ambientais, mas sim nas questões económicas meramente convenientes, com benefício para os lobbys mas não para as populações. Fala-se o politicamente correcto para os meios de comunicação social mas afinal são palavras vãs, pois o que eles querem é dinheiro a qualquer custo, mesmo que um futuro mais risonho se esteja a hipotecar. O turismo é um dos sectores com mais potencial na região de Sicó, mas que está a perder a um ritmo muito acentuado as suas mais valias, nomeadamente a sua bela paisagem. Muitos de vós não ligam, para já, a esta questão, apenas daqui a 10 ou 15 anos se vão lembrar da importância desta questão, mas aí muito mais já se terá perdido.
Sem mais rodeios, lanço, a pedido de habitantes da região de Sicó, uma petição que visa lançar a discussão dos parques eólicos. É uma petição que apoio fortemente e que se torna necessária:
Podem fazer o download e começar a recolher assinaturas. Logo que tenham conseguido um número razoável de assinaturas podem enviar-me por correio as mesmas, bastanto entrar em contacto comigo via azinheiragate, que depois eu trato de encaminhar as assinaturas para o local indicado. Pretende-se reunir cerca de 4000 assinaturas para que seja possível lançar o debate tão necessário sobre os parques eólicos.
Lembro que o que se pretende com isto é apenas criar condições para que se proceda de uma forma ordenada à implantação de parques eólicos, os quais na maior parte das vezes podem ser construídos sem problemas. No entanto há alguns locais em que não devem ser construídos parques eólicos, é esse o cerne do problema, pois os lobbys costumam fazer muita contra informação para que as populações estejam sempre e a qualquer custo a favor dos parques eólicos (outras vezes andam escondidos e cheios de medo, já que há corrupção gravíssima em alguns destes casos, exemplo do caso ocorrido na Serra de Alvaiázere).
Queria, publicamente, agradecer às populações residentes no sector Norte da região de Sicó (mais tarde irei, numa outra ocasião, mostrar quem são) pela sua postura na defesa intransigente na defesa dos valores regionais, fiquei muito safisfeito que numa região onde muitos falam e poucos fazem, ver que há quem se importe com a gravosa perca da identidade regional, querendo ao mesmo tempo trazer riqueza à sua terra através do desenvolvimento sustentável (que para os que não sabem engloba economia, ambiente, cultura etc...). Irei tentar ajudar estas populações na defesa e promoção das suas riquezas naturais, algo que trará desenvolvimento a esta área sem que para isso se traga destruição desnecessária.
Juntos iremos mostrar que os meros tostões que querem oferecer aos privados, donos dos terrenos, não são nada comparado com o que este privados podem ganhar com turismo rural, geoturismo e muito mais, essa é uma promessa de todos nós que estamos a começar a trabalhar nesta questão.
Fiquei muito feliz por saber que muitos habitantes de Condeixa e de Penela estão atentos ao azinheiragate, um blog que pretende apenas e só mostrar outros caminhos para o desenvolvimento da região de Sicó, caminhos que passam pelo aproveitamento das suas potencialidades sem que para isso se destrua parte substancial das mesmas....
Bibliografia:
Salgueiro, T. (2001) – Paisagem e Geografia. Finisterra, XXXVI, 72, 2001, pp. 37-53
1 comentário:
Bem haja pelo seu sentido critico e oportuno sobre o sicó.Como descobri só agora, em breve voltarei...trabalho no sicó,sou de cá, sou agronomo e actor de desenvolviemnto rural.Até já!
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