18.10.18

Relvado não! Ervado sim!!


Quando falo com os meus amigos sobre espaços verdes, jardins e afins, surge na maior parte das vezes uma palavra que, confesso, detesto, a "relva". Até ter estudado biogeografia era igual a muitos dos meus amigos, ou seja evitava a todo o custo pisar a relva. Depois tudo mudou com a biogeografia. Descobri que, genericamente falando, a relva não tem valor ecológico, daí porque carga de água haveria de deixar de pisar algo sem grande valor?! (não confundir o pisar com o estragar...).
Não gosto de relva no sentido que é algo que é só para inglês ver, apenas para encher a vista de pessoas pouco exigentes no que concerne à conservação da Natureza e da Biodiversidade. A relva necessita de manutenção e tem custos muitas vezes elevados. Não é, portanto, sequer algo de ecológico, tal como muitas vezes nos fazem pensar ou apregoam.
Assim sendo porque é que insistimos numa fórmula absurda? Porque não fazemos a coisa como deve ser? Há poucos meses estive numa bela cidade polaca, onde fui surpreendido por uma série de aspectos simples, mas excepcionais. Um dos pormenores foi precisamente haver uma cultura de racionalidade, onde em vez de se despejar relva num qualquer canteiro, e programar manutenção regular e contínua, se fez o mais simples, o mais eficaz e o mais desejável, ou seja o belo do ervado, com uma bela biodiversidade. Tem maior valor ecológico, é mais bonito, não necessita de grande manutenção e recursos escassos como a água. 
Para quê complicar então? Vamos criar o belo do ervado, eliminando a patetice dos relvados em toda a região de Sicó, rica em biodiversidade? Quem vai ser o primeiro município a mudar o paradigma? O desafio está lançado, a ver vamos quem vai estar no pelotão da frente daqui a uns meses...


1 comentário:

Estevão Portela-Pereira disse...


Estevão Portela-Pereira Nem mais João, posso acrescentar que para além da manutenção e da poluição que provocam (fertilizantes) ainda são causa de invasões... pois varias "relvas" então a fugir dos relvados sobretudo pelo despejo dos restos de jardinagem em qq beira de caminho ou terreno baldio. Várias espécies são já invasoras nomeadamente no litoral já que o clima ameno (sobretudo sem geadas) propicia a boa adaptação destas relvas tropicais (a maioria delas). Claramente à falta de um sector de economia que se ocupe desta matéria-prima em Portugal. Por outro lado estou a colaborar no projecto do CEG NoVoid onde se pretende mostrar que há outros paradigmas de espaços verdes urbanos. No fundo não é necessário haver grandes sementeiras ou plantações na maioria dos espaços, basta gerir o que nasce... nomeadamente consoante as funções que se pretende para o espaço e consoante as espécies possam ser invasoras ou com risco ecológico, ou outro, elevado ( e.g. um silvado ou um tojal não é muito aconselhado que tenha grandes dimensões). Por último o relvado é baseado no paradigma anglosaxoónico onde as pessoas usam o relvado para se deitarem i.e. pisarem, nos parcos dias de sol que têm. A ideia de um relvado para não se poder pisar é completamente absurda. No nosso país com matriz mais mediterrânica em vez dos "green" deviamos pensar nos ervados "rainbow" ( que mudam de tonalidades consoante a estação). (copy Facebook)