5.11.16

Vamos lá esclarecer o "caso Calaias"


Nota: pequena amostra do cartaz da Corrida do Calaias

Há uns dias publicitei aqui uma prova solidária que dava pelo nome de "Corrida do Calaias". Sem ter ido, sei que foi uma prova interessante, seja pelo trajecto, cenário ou pelo facto de ter sido uma prova nocturna. Teve apenas uma falha, a qual dei conta nesse mesmo comentário, onde publicitei a prova. Nessa mesma altura, comentei que era um erro básico, em termos de marketing territorial, pegar no nome de um ermita para baptizar uma corrida que nada tem a ver com a memória deste ermita. Era uma corrida urbana que nada tinha a ver com esta personagem, que era um verdadeiro solitário e que fazia das cavidades (ex. buraco do Calaias) a sua casa. Por isso mesmo é que não faz sentido dar este nome a esta corrida. Fazia sim sentido dar outro nome que não envolvesse o Calaias.
Fui ver os conteúdos que encontrei, entre outros, nas redes sociais, e à parte do nome da corrida, não encontrei uma única alusão à figura do Calaias, bem como uma única fotografia de um dos locais por onde o Calaias andava, algo que seria de esperar, para não dizer obrigatório. Ao invés, surge apenas a Câmara Municipal e a ponte da Cal. Apenas depois de postar este comentário me enviaram o cartaz oficial, o qual curiosamente desconhecia, onde sim consta uma fotografia daquele que é conhecido como "buraco do Calaias" e um pequeno texto, o que mostra que nem tudo correu bem e que, aliás, mantém o essencial na mesma, pois a coisa continua a não colar... 
No mesmo dia da prova, e no facebook de uma pessoa conhecida, dei conta, no geral, desta questão. Logo surgiu um amigo meu, que, talvez desconhecendo a temática do marketing territorial, para argumentar, puxou pelo argumento de que o bacalhau vinha da Noruega e era um prato típico da região. Não se deve ter apercebido que isto nada tem a ver com o caso do Calaias, mas é sintomático da falta de conhecimento sobre a temática do marketing territorial, daí, também, eu agora estar a comentar esta questão. Nada como explicar os factos, pois a falar é que a gente se entende.
Logo depois surgiu uma personagem, a qual em vez de ler o que eu escrevi e tentar entender o que eu tinha escrito, reflectindo sobre os factos, fez logo birra, algo que só compreendo sabendo o historial que esta personagem tem e na postura tipo DDT (dono disto tudo). Já por três vezes denunciei publicamente esta personagem, por estar ligada a más práticas na organização de provas desportivas, algo que, neste caso específico, não se coloca, pelo menos no que tenho conhecimento.
A sua argumentação era a de que se houve muitas pessoas, então o nome da prova está certo. A teoria é que não há erro algum na questão de ligar o nome do Calaias a uma corrida urbana.
O facto é que seja qual fosse o nome da prova, esta teria sucesso, seja por ser uma prova solidária, seja por o trail urbano estar na moda ou seja pelo simples facto de que não há propriamente competição na organização de provas deste género, pois simplesmente o mercado de provas tem ainda muito para evoluir e até haver uma saturação ainda falta muito. Dizer que esta prova teve sucesso pelo simples facto de se denominar corrida do Calaias, é sinal de uma péssima análise crítica, já para não falar de um narcisismo bem notório.
Fazendo uma análise objectiva, é notório que a figura do Calaias nada tem a ver com uma corrida urbana, por mais meritória que ela seja. Ao promover uma corrida do Calaias, o expectável seria ter um trail que tivesse um trajecto em redor de, por exemplo, duas das cavidades mais conhecidas do Calaias. Seria igualmente de esperar ter uma resenha histórica da figura do Calaias neste mesmo trail. Chama-se a isto um bom marketing territorial e uma boa estratégia turística. É isto mesmo que se vê noutras provas, que honram as figuras que dão nome à prova. Mas "em Ansião" o populismo e o narcisismo dizem que não é assim, contrariando tudo e todos, numa péssima estratégia, onde a desinformação é quem mais ordena, onde a crítica devidamente justificada é vista como que uma afronta, num claro sinal de provincianismo, no pior dos sentidos. Em vez de se querer aprender, recusa-se o conhecimento e a reflexão sobre um tema concreto. Quando não se sabe, desvirtua-se a componente patrimonial e histórica de um território e é pena que assim seja.
No final disto tudo, fiquei com vontade de organizar uma verdadeira corrida do Calaias, honrando a sua memória e, com isso, fazendo marketing territorial e também turístico.
Já agora, quantos de vós sabem quem foi o Calaias? 

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