1.11.09

Reconstruir o património é....


Fundamental, mas o que pretendo com este comentário é salientar algo de muito, muito importante. O património, nomeadamente arquitectónico, é uma das imagens de marca da região de Sicó, mas infelizmente muito deste mesmo património está no estado em que esta casa na foto demonstra, ao abandono e em ruínas.
E se esta rica e vasta riqueza patrimonial se pudesse reconstruir/recuperar, com evidentes benefícios económicos? Não é possível dizem algumas mentes iluminadas!
Mas o que é que os números e a realidade da região de Sicó dizem? Bem, em primeiro lugar temos milhares de exemplos como o que a foto ilustra e que podem ser recuperáveis. Em segundo lugar, que infelizmente há muitas empresas de construção civil que em vez de se voltarem para este, ainda, nicho de negócio, continuam em agonia com as suas empresas desajustadas à realidade do mercado e da região.
Há também estatísticas, realmente, muito interessantes que referem que restaurar património é uma das saídas para o desemprego, que, por exemplo, na Holanda, recuperar imóveis pesa 75% na construção civil (reciclam 90% dos resíduos resultante da demolição em edifícios!). A realidade torna-se sinistra quando se aproxima de Portugal, senão vejamos:
- Na Holanda, como disse, representa 75%
- A média europeia é de 40%
- Em Portugal, é de.... 6,5%
E na região de Sicó, será que chega sequer aos 6,5%?
Não resisto mostrar um excerto de um texto (Jornal de Leiria - 20/08/09), onde é referido:
«Elísio Summavielle repete o apelo em Portugal e lembra que há um caminho a percorrer maior do que em outros países. Caminho que passa muito pelo investimento público que as autarquias têm de fazer, quando perceberem que existe um nicho de negócio legado ao turismo cultural à preservação dos centros históricos. Mas há outro problema. Falta mão-de-obra qualificada, como marceneiros, canteiros, estucadores, artesãos e mestres, bem como a exploração de materiais e técnicas de construção tradicionais»
Então se a roda está inventada porque é que não se mete mãos à obra? Porque é que estamos atrasados mais de uma década nesta e noutras matérias? Porque é que temos aqui uma das muitas soluções para preservar o património, trazer riqueza e postos de trabalho e continuamos a assistir a estes tristes exemplos?
Porque é que não ligamos a muitas casas das nossas famílias, deixando-as a cair aos bocados com medo de gastar dinheiro e vêm ingleses, comprando-as e ganhando dinheiro com isso?
Enfim, é mais uma das razões porque temos perdido oportunidades únicas de tornar esta região uma das regiões de excelência do país, ao invés deixamos de forma passiva alguns autarcas e lobbys descaracterizarem muitas das particularidades que nos tornam diferentes, para melhor, de outras regiões portuguesas.
É mais uma questão que vos deixo para pensarem, lembrem-se dela quando passarem por uma bela casa de pedra em ruínas, aí, se calhar, perceberão melhor a importância do que vos tento mostrar. Parem e pensem no que esta região se está a tornar aos poucos...

1 comentário:

Micael Sousa disse...

da vez mais o futuro do sector da construção civil em Portugal passa pela reabilitação e reconversão do edificado existente.
Tal como nos Países do centro e Norte da Europa, que no passado também passaram pelo boom da construção, que agora também está a terminar em Portugal, só temos essa alternativa. Resta-nos reabilitar para manter o sector da construção a funcionar, que é tão importante para a nossa economia. Mas importante que isso é valorizarmos as infra-estruturas existentes sem desperdícios e atentados ao património. Temos de valorizar o nosso património e com ele desenvolver em Portugal um espírito de respeito pelo património e retirar dele todos os dividendos ainda não explorados.