24.12.18
20.12.18
Terminar o ano falando da questão "bombeiros"
E chego ao último comentário de 2018, algo com um significado especial. Desde já, desculpem o texto mais longo do que o costume! Gosto de aproveitar este último comentário para fazer uma espécie de balanço, que é sempre algo sentimental, contudo este ano pretendo algo diferente (embora com óbvia carga emocional). Decidi já há uns dias pela questão "bombeiros", a qual tem sido motivo de conversa e de notícia no mês de Dezembro, algo que não é normal, já que costuma ser apenas no Verão, quando as coisas correm mal...
Sobre a polémica deste mês, pouco tenho a dizer. Prefiro dizer apenas que tenho sido um elemento que tenta melhorar a estrutura da qual faz parte, por dentro. Lá dentro há obviamente interesses e gente menos correcta (uma minoria minoritária, passe o pleonasmo), parte porque se acomodou ao poder, parte porque só ali se consegue afirmar. É algo que já me trouxe chatices, contudo não me arrependo de nada e, a seu tempo, irei ser mais incisivo. Não ser corporativista tem destas chatices... Bofetadas de luva branca já dei umas quantas. Prefiro também distanciar-me do Jaime Marta Soares, indivíduo que não me representa. Prefiro, por fim, dizer que a luta dos bombeiros é justa, mesmo que alguns não saibam bem pelo que protestam.
Não tenho muitas fotos de incêndios, já que não é meu hábito tirar fotos deste tipo. Tenho algumas, maioritariamente de formação e do dia-a-dia do bombeiro em serviço.
Escolhi esta foto para ilustrar o comentário. Foi tirada por um colega meu em 2017, em Góis, por volta das 7 da manhã, enquanto dormitava hora e meia onde era possível (3 noites, 3 quase directas..). Tapei a face porque há por aqui gente menos correcta, a qual poderia eventualmente utilizar esta foto com propósitos menos sérios.
Mas vamos ao comentário. Diz-se que as pessoas gostam muito dos bombeiros e, de facto, isso é notório quando vemos a confiança que a maioria das pessoas deposita nos bombeiros voluntários. Contudo nem sempre o discurso corresponde ao que, de facto, se passa, pois os que se fazem sócios dos bombeiros são ainda uma minoria (embora haja discrepâncias substanciais entre Associações..). Mesmo assim as coisas vão-se fazendo com o apoio de quem pode, seja com a ajuda de sócios, beneméritos, empresas e afins. Diga-se de passagem que Portugal tem conseguido um feito que é manter um corpo de bombeiros ímpar a nível mundial. Urge dar mais e melhor apoio e responsabilizar mais e mais, a bem das comunidades.
Nem tudo corre bem, já que há obviamente falhas, mas é um caminho que se tem feito à custa de melhorias e essas têm acontecido. Quando eu entrei para os bombeiros bastava pedir autorização para entrar para os bombeiros, ao passo que actualmente não é bem assim. Quando eu entrei para os bombeiros era raro ver alguém com qualificações universitárias, ao passo que hoje em dia é normal haver vários elementos com essas qualificações. Mas não pensem que estou a menorizar quem tem o 9ª ano, pois bombeiros excepcionais há com todas as qualificações, sejam elas de nível dito superior ou não. Quando eu entrei, não havia a triangulação, de forma a detectar com precisão um foco de incêndio, o que havia era manda um veículo e quando lá chegares diz qualquer coisa. Hoje em dia é bem diferente. O paradigma mudou, não ao melhor ritmo, por vezes refém de alguns, mas mudou e continuará a mudar.
Contudo há interesses externos que indiciam pretender alterar o paradigma, possivelmente por interesse financeiro e também por mero preconceito e/ou ideologia. Há também interesses que têm adoptado uma estratégia de minar a imagem dos bombeiros voluntários, de forma a que, um dia, o caminho esteja aberto para algo com o qual essas mesmas pessoas esteja relacionada de alguma forma em termos profissionais (como aliás já acontece...).
Um dos indivíduos que, na minha opinião, mais tem minado a credibilidade dos bombeiros voluntários é o arquitecto paisagista Henrique Pereira dos Santos, e logo de uma forma insistente e pouco séria, quiçá com objectivos bem delineados (os quais não sei). Há umas semanas bloqueou-me no facebook, já que não tinha argumentos para rebater os factos que eu enunciava e achou que me conseguia descartar. Para ele os meus conhecimentos enquanto geógrafo, por um lado, e enquanto bombeiro voluntário, por outro, valem zero, pois ele é que é o sabichão. É uma atitude típica de um miúdo de 15 anos, algo que é estranho para quem tem uma postura de sabe de tudo. É um indivíduo que tem um tique particular, o do "eu sei tudo e tu não sabes nada". É alguém fácil de desmascarar na sua argumentação falaciosa, sendo bastante elementar na argumentação. Irónicamente uma das situações onde o desmascarei foi sobre factos ocorridos em Góis. Ele referiu determinado facto, que alguém lhe relatou e isso, para ele, parece ser um facto científico. Quando eu lhe disse que aquilo não correspondia à verdade e que eu tinha lá estado, ele ficou um bocado irritado... (foi apanhado...) Só para perceberem quem é este indivíduo, passo a citar uma afirmação dele sobre a minha pessoa:
"outro vendido, um frouxo com medo das verdadeiras soluções que podem libertar o país do cancro que conduz às tragédias de Pedrógão e Monchique. Gostava de vos ver a defender as vossas teorias em frente aos familiares dos que morreram em Pedrógão".
Ironia das ironias, o especialista em ordenamento do território sou eu e o bombeiro voluntário sou eu (ele tem apenas algumas equivalências no domínio do ordenamento do teritório e nenhuma equivalência no domínio "bombeiros", já que regar o jardim com uma mangueira não conta como equivalência. Quem é que lá andou a combater as chamas? Não foi este indivíduo, o qual está permanentemente a ser associado ao lóbi do eucalipto e a negar as externalidades negativas do mesmo. Há uma outra situação que destaco, e que na minha opinião, mostra bem carácter do indivíduo em causa:
"não entende que cada vez que diz que ficou três vezes rodeado de fogo porque o fogo é imprevisível a única coisa que as pessoas avisadas percebem é que de aprendizagem lenta por combater três vezes o mesmo erro sem conseguir aprender com isso".
É isto mesmo que este indivíduo disse sobre mim. Disse-o sem que tenha qualquer competência em combate de incêndios florestais (é um mero teórico de sofá) e disse-o sem referir que as 3 situações foram em... eucaliptal. Quem sabe de incêndios sabe o que representa um eucaliptal a arder. Quem não sabe diz que sabe. E quem não sabe e nem sequer sabe onde, como ou de que forma se passou tudo aquilo, costuma mandar estas postas de pescada, em desespero de causa argumentativa. Este arquitecto gaba-se muito dos seus ditos feitos, como a Rede Natura 2000, não responde é por tudo o que de mal foi feito na RN 2000, com evidentes reflexos negativos actualmente (muita coisa mal pensada...). E conseguiu também um outro feito, o de muita gente de valor se distanciar dele (factos públicos), facto que o fez criar uma associação para, quiçá, fazer algum greenwashing, além de outras coisas (algumas de facto úteis). Há umas semanas, e num evento onde ambos estivémos presentes, apanhei-o a ser incoerente. Sobre uma área que a associação dele estava a gerir, disse, em primeiro lugar, que o fogo não causava erosão, mas depois mostra para a mesma área, imagine-se, medidas de engenharia natural para mitigar erosão linear derivada a queimadas. Bravo!
"outro vendido, um frouxo com medo das verdadeiras soluções que podem libertar o país do cancro que conduz às tragédias de Pedrógão e Monchique. Gostava de vos ver a defender as vossas teorias em frente aos familiares dos que morreram em Pedrógão".
Ironia das ironias, o especialista em ordenamento do território sou eu e o bombeiro voluntário sou eu (ele tem apenas algumas equivalências no domínio do ordenamento do teritório e nenhuma equivalência no domínio "bombeiros", já que regar o jardim com uma mangueira não conta como equivalência. Quem é que lá andou a combater as chamas? Não foi este indivíduo, o qual está permanentemente a ser associado ao lóbi do eucalipto e a negar as externalidades negativas do mesmo. Há uma outra situação que destaco, e que na minha opinião, mostra bem carácter do indivíduo em causa:
"não entende que cada vez que diz que ficou três vezes rodeado de fogo porque o fogo é imprevisível a única coisa que as pessoas avisadas percebem é que de aprendizagem lenta por combater três vezes o mesmo erro sem conseguir aprender com isso".
É isto mesmo que este indivíduo disse sobre mim. Disse-o sem que tenha qualquer competência em combate de incêndios florestais (é um mero teórico de sofá) e disse-o sem referir que as 3 situações foram em... eucaliptal. Quem sabe de incêndios sabe o que representa um eucaliptal a arder. Quem não sabe diz que sabe. E quem não sabe e nem sequer sabe onde, como ou de que forma se passou tudo aquilo, costuma mandar estas postas de pescada, em desespero de causa argumentativa. Este arquitecto gaba-se muito dos seus ditos feitos, como a Rede Natura 2000, não responde é por tudo o que de mal foi feito na RN 2000, com evidentes reflexos negativos actualmente (muita coisa mal pensada...). E conseguiu também um outro feito, o de muita gente de valor se distanciar dele (factos públicos), facto que o fez criar uma associação para, quiçá, fazer algum greenwashing, além de outras coisas (algumas de facto úteis). Há umas semanas, e num evento onde ambos estivémos presentes, apanhei-o a ser incoerente. Sobre uma área que a associação dele estava a gerir, disse, em primeiro lugar, que o fogo não causava erosão, mas depois mostra para a mesma área, imagine-se, medidas de engenharia natural para mitigar erosão linear derivada a queimadas. Bravo!
Outra pessoa que, na minha opinião, tem minado a imagem dos bombeiros, é um investigador da UTAD, o Paulo Fernandes. Há uns tempos comecei a tentar perceber quem ele era, pois, na minha opinião, tinha um discurso pouco próprio por parte de um professor do ensino superior. Tal como o Henrique Pereira dos Santos, indicia ter uma atitude de que "eu é que sei, eu é que sou o especialista", contudo comete erros básicos, que demonstram uma clara falta de conhecimento pessoal sobre os bombeiros voluntários e sobre a sua acção no que concerne ao combate às chamas. Sobre este propósito, referiu, e passo a citar, algumas preciosidades:
1 - "A partir dos anos 80 a responsabilidade transitou para os bombeiros e tudo descambou a partir daí. O combate passou a fazer-se ignorando o comportamento do fogo e basicamente continua a ser assim"
2 - "em Portugal não há realmente combate a incêndios florestais. O que há é uso de meios de combate na protecção civil".
3 - "Na melhor das hipóteses temos bombeiros semi-voluntários, ou nem isso, porque se dividem nos que são do quadro das corporações e nos que são contratados para o Verão. PPP é o que temos hoje em dia no que toca a bombeiros e bem danosa é para o contribuinte"
Tratam-se de afirmações falaciosas e difamatórias do bom nome dos bombeiros, que apenas demonstram o enorme desconhecimento de causa, algo de grave a este nível. Pegando por exemplo na afirmação nº 3, e para quem não sabe, dentro de cada Corpo de Bombeiros existe um conjunto de assalariados, ou seja que fazem daquilo profissão. Há CB´s com 10 funcionários e outros com mais, dependendo da dimensão do CB. Estes funcionários garantem o socorro e os serviços de transporte durante a semana, de dia, enquanto tudo o resto é garantido por colegas que não têm salário e que fazem parte do mesmíssimo quadro de elementos, dito quadro activo (mesmo os assalaridos são voluntários no restante tempo. No Verão não há contratos, há sim 5 ou 10 elementos, maioritariamente desempregados, estudantes ou elementos que tendo emprego, tiram 1 ou 2 semanas de férias para ali estar, em turnos de 12 horas a 2 euros à hora (uma fortuna), tendo de pagar o próprio almoço. Se gastarem 5 euros no almoço ficam, "ao final do dia" com 19 euros no bolso (por 12 horas de serviço nas brigadas ECIN). Dizer que isto é danoso para o contribuinte é, no mínimo, risível... Falar em PPP´s com IPSS´s, em vez de empresas é também curioso.
Sobre o combate, não reconheço autoridade ao Paulo Fernandes para falar sobre o tema, pois a especialidade dele é comportamento do fogo e não de combate ao fogo, que, sendo complementares, não são a mesma coisa. Sobre afirmar que em Portugal não há realmente combate a incêndios, bem isso é ainda mais risível. Eu devo ser muito burro, já que parece que o que eu vejo fazer e faço deste sensivelmente 1993 (acho que foi o primeiro ano que fui para um incêndio) afinal não é combate a incêndios florestais. Se calhar andei a regar eucaliptos e não sabia. Há que realçar que também este investigador é frequentemente associado ao lóbi do eucalipto, algo que sendo legítimo, levanta, no meu entender, questões éticas, que colidem com uma abordagem estritamente científica e factual.
Para finalizar, a luta dos bombeiros é justa, pormenores à parte. Querem ajudar? Façam-se sócios e estejam atentos ao que por lá se faz. Se virem pessoal com calças rotas ao mesmo tempo que um comandante estoira centenas de euros a comprar pin´s dos bombeiros, esse objecto muito útil no socorro, questionem sobre prioridades. Se virem que as ordens são mais na base do amiguismo do que na base da operacionalidade, questionem! Se virem situações menos próprias, denunciem, pois melhores bombeiros fazem-se com exigência e responsabilidade. Analisem os orçamentos respectivos e pugnem por melhores condições para os bombeiros voluntários. Sobre esta última questão vem-me à memória um caso onde sendo o presidente simultaneamente presidente da Associação e de Câmara, este pouco ou nada fez para que os elementos da sua corporação tivessem benefícios reais e palpáveis. Logo que saiu da lides autárquicas o seu sucessor, de uma outra força política, apresentou logo uma proposta de benefícios reais e palpáveis. Curioso, sem dúvida.
E sobre os quadros de comando, exijam o melhor possível, longe de amiguismos. Há quem chegando ao topo se acomode e isso é muito negativo para uma corporação, a qual pode perder elementos vários em "guerrinhas" parolas à conta do DDT.
Tudo isto e muito mais contribui decisivamente para que tenhamos mais e melhores bombeiros voluntários. Os últimos anos têm sido complicados, com muita gente de valor a sair, seja por circustâncias da vida ou porque se fartaram dos amiguismos que privilegiam e protegem uns e mantêm à distância outros, não vá o feudo ficar ameaçado.
E, para finalizar, valorizem uma das coisas que melhor temos em Portugal, os Bombeiros Voluntários. E não confundam algumas ovelhas negras com o rebanho...
Para terminar, ser-se bombeiro voluntário é difícil e não é para todos, mas para quem estiver interessado, experimentem, pois vale a pena. Uma coisa a destacar? O que podem aprender sobre relacionamento humano, sobre o valor da vida e dos pequenos gestos que podem fazer toda a diferença!
16.12.18
Desenquadrado à boa maneira portuguesa...
A maioria das pessoas vai olhar para esta fotografia e dizer que não vê ali nada de especial. Eu vejo algo de especial, pela negativa.
É um de muitos aspectos que gosto de destacar sempre que os detecto, de forma a mostrar aquilo que não deve acontecer. O planeamento urbano não é fácil, tal como todos os que estudaram esta temática sabem, contudo há aspectos do planeamento urbano que, sendo óbvios, continuam a ser menosprezados. Falo, obviamente, da componente do desenquadramento urbano de alguns elementos da paisagem urbana. Será que é preciso ser especialista para perceber que aquele candeeiro não se enquadra nada bem naquela rua de Pombal? Para piorar o cenário, trata-se da parte antiga da cidade, o que teoricamente obriga a uma atenção especial, já que é de evitar tudo o que tem potencial para perturbar um equilíbrio da paisagem urbana. E não é caso único, nem em Pombal nem noutras vilas.
Se as falhas começam nos elementos mais elementares não é de esperar que as falhas vão ganhando dimensão quando começamos a falar de ruas, edifícios e afins. O que queremos afinal para o nosso espaço urbano, algo de bonito e enquadrado ou algo tipo salada russa? A qualidade de vida passa também por isto!
E quando disserem que isto é um pequeno pormenor que não perturba a paisagem urbana de qualidade, comecem a juntar os pequenos pormenores, que verão que são às centenas ou milhares, dependendo da aldeia, vila ou cidade...
12.12.18
Ver a Natureza com olhos de ver: reflectir é uma necessidade, não uma opção
No dia que escrevo este comentário lançaram-me um desafio, o de abordar a questão da caça. Isto depois de, numa rede social, e num grupo de Pombal, ter comentado sobre a questão da caça à raposa. O desafio foi-me lançado por um administrador do grupo em causa, ou seja o Isaac Mendes. Como o repto era interessante, decidi falar mais uma bocadinho do tema, já que de vez em quando falo aqui da questão da caça.
Hoje vou ser mais abrangente (embora não vá abarcar tudo nem de perto nem de longe..) pois irei falar de raposas, ginetas, javalis e outras coisas mais. Começando pela raposa, confesso que fico chocado com tanto ódio às raposas, algo que só acontece por uma clara iliteracia ambiental da população, com uns pózinhos de preconceito e estereótipo. Há vários episódios que vos posso contar sobre as raposas na região de Sicó. O mais triste é a quantidade de raposas atropeladas que jazem na berma da estrada (tal como ouriços caixeiros). Também triste é a imagem que guardo na minha memória de uma raposa que sobreviveu a um grande incêndio em Alvaiázere e que, à noite, encontrámos bastante perturbada no meio de um estradão naquela imensa área ardida. Mas há histórias felizes e uma delas foi ao pé de casa, a escassos metros do IC8, ao pé da nascente do rio Nabão. ia de bicicleta, vindo do Camporês, e virei naquele entroncamento que segue pela estrada municipal. O barulho de um camião a passar no IC8 tornou-me inaudível à raposa que ia na direcção do IC8, em busca do jantar do outro lado da estrada (animais mortos que lá colocavam num terreno, um problema e uma ilegalidade...). Distraída com o barulho do camião, só se apercebeu de mim quando estava a 5 metros dela, tendo mandado um salto daqueles que só visto. A felicidade por aquele momento mágico, de proximidade, foi algo de fenomenal!
Este ano o fim da caça à raposa foi chumbado, fruto da pressão do lóbi da caça, que gosta de ter todo o tipo de alvos disponível. Para mim este chumbo é um disparate sem sentido e sem fundamento, já que o problema não são as raposas. Como exemplo prático de que não são um problema, falo daquela acção de um particular lançar aves mortas para um terreno, que serviu como chamariz para as raposas, tornando também potencialmente vulneráveis as galinheiras da zona. Será que o problema era mesmo a raposa ou quem perturbou a dinâmica natural?
É nesta altura que alguns de vós dizem que elas matam as vossas galinhas e é aqui mesmo que vos pergunto se uma rede em pé significa segurança para as galinhas. Das várias pessoas que eu já ouvi queixarem-se das raposas lhes ir aos galinheiros, todas elas ficaram sem resposta, já que de facto não tinham capoeiras dignas desse nome. Não garantem a segurança às galinhas e depois queixam-se... típico. Já parece o pessoal que tem rebanhos e diz mal dos lobos, mas que quando se vai a ver nem um cão tem para garantir a segurança dos rebanhos (tendo um ou mais cães os ataques são virtualmente inexistentes).
Será que já parámos para pensar e perceber que o problema somos nós, com a destruição de habitats e com a fragmentação de habitats? Já agora, quantos exemplos vocês conhecem, em Portugal, de infra-estruturas que permitam o atravessamento em segurança nas estradas que nós construímos em cima dos habitats dos outros animais? Pois é...
Falemos agora de ginetas e de saca-rabos. Eu tenho uma galinheira, onde estão as minhas belas galinhas. Há uns anos, e porque nunca tinha tido problemas, facilitava, não fechando as galinhas à noite. Tinham um recinto murado (2 metros) e isso já era uma boa segurança, pensava eu... No espaço de 2 anos houve vários ataques, quase todos perpetrados por uma gineta ou saca-rabos (não sei qual deles...). Resultado? Quase 20 galinhas mortas. O que fiz? Comecei a fechá-las à noite. Mas mesmo aí foram novamente atacadas, já que o bichinho encontrou um buraco entre a parede e o telhado. O que fiz? Tapei e nunca mais tive problemas. Isto é que poucos fazem, preferindo apontar o dedo à raposa, gineta ou saca-rabos. Quase todas as pessoas com as quais falei sobre isto me disseram: era "matá-los a todos" (os animais em causa). Já não disseram o mesmo quando um cão me atacou as galinhas e matou 5 já grandes, aí já era coitadinho do cão que estava com fome ou que fugiu do dono. Uma coisa é certa, se eu visse por lá uma raposa não a matava e se apanhasse o cão a história seria bem diferente... E aí surgiria o fanatismo de alguém ligado a alguma pseudo associação de amigos dos animais, com 7 pedras na mão...
Mas falemos agora de javalis. É uma história complicada, pois eles são uma praga que, imagine-se, são alimentados por alguns caçadores, aos quais importa manter exemplares suficientes para fazer a típica batida ao javali. Lembram-se daquele estradão ilegal que, alegadamente denunciei na Serra de Ariques, em Alvaiázere, em 2007? A razão principal era alegadamente para ter uma estrada para a batida ao javali...
É uma realidade que conheço bem, pois em miúdo uma das tarefas que tinha de fazer era um trilho no mato, a ver se algum javali tinha ficado no laço. Comi vários javalis e sendo a carne bem cozinhada era um mimo! E para a arca congeladora era uma boa reserva para uns meses.
Há inclusivamente caçadores que colocam óleo queimado em poças, para os javalis... Um atentado ambiental daqueles à maneira.
No caso dos javalis, defendo a caça aos mesmos, contudo não no molde actual, o qual priveligia uma acção que se foca apenas no extermínio dos animais, em vez de uma necessária gestão da espécie, que regularmente causa prejuízos substanciais a alguns agricultores.
Resumindo, não há uma gestão da coisa, seja com os javalis, raposas ou outros mais. Há sim um dispara e o resto é secundário. E o lóbi da caça continua a perverter a lógica. Tenho vários amigos caçadores e os mais novos são mais conscientes, contudo há ainda muita cabeça cheia de palha no mundo dos caçadores (já vi coisas muito mázinhas feitas pelos caçadores, ao contrário de coisas positivas, que escasseiam). As coisas têm melhorado nos últimos anos mais porque os velhotes vão deixando a caça. E não me deixo enganar pela retórica do lóbi da caça, que tenta manter o status quo. Isto mesmo que o paradigma em torno da caça seja actualmente bem diferente do de algumas décadas.
O problema essencial é um só, ou seja a falta de consciência de todos nós sobre o mundo natural, uns em maior grau outros em menor grau. Estamos cada vez mais afastados dos valores naturais e isso tem consequências gravíssimas a todos os níveis. Não é portanto de admirar que haja quem aplauda caça à raposa, por um lado, e, por outro, que ache que é correcto ter máquinas de lavar roupa velhas a servir de abrigo para gatos vadios (o lóbi das rações para gatos e cães já é muito grande...). Poucos vão compreender o que quis dizer com isto, mas quanto a isso só posso fazer uma coisa, pugnar pela literacia ambiental.
Eu tive a felicidade de na infância ter como recreio a floresta, algo que me expôs a toda uma série de elementos, tornando-me alguém muito próximo da Natureza e dos valores naturais. O facto de aos domingos de manhã a "missa" ser o BBC Vida Selvagem também ajudou.
Não pretendo que todos sejam como eu, mas sim que todos sejam conscientes do que vos rodeia, concretamente a Natureza e os valores naturais. São a nossa casa e o suporte da nossa existência, sabiam?
Para terminar, e de forma a resumir tudo isto, sugeria-vos que lessem um livro daqueles com potencial de transformar a vossa visão sobre o mundo natural. O título é "Pensar como uma montanha" e o autor é Aldo Leopold. Um livro de fácil leitura. Aos que o fizerem, no final da leitura falem comigo sff...
8.12.18
Uma limpeza, uns sacos de cal e o aspecto era logo outro...
Esta é uma das imagens visuais que me fica na memória sempre que visito a Redinha. Não falo no edifício religioso em si, mas sim no aspecto do mesmo, ou seja com vegetação e a precisar de ser caiado. Sim, caiado, e não pintado!
Não compreendo como é que, num local tão aprazível para quem visita a região de Sicó, se descura pormenores como este, que prejudicam a imagem do local. Este era o aspecto aquando da minha última visita à Redinha, em Agosto último. Se este edifício fosse limpo e caiado, o aspecto seria fabuloso e o cartão de visita da Redinha teria um melhoramento necessário, que importa não menosprezar. Aquela praça é um local bem catita para visitar e desfrutar, portanto há que pugnar pelas desejáveis melhorias.
No que concerne ao património edificado os olhos também comem. A dica está dada...
4.12.18
Lembram-se?
No início de Agosto deste ano fiz um comentário centrado na temática das fontes públicas, nomeadamente da sua importância para quem nos visita, especialmente no Verão, onde a água é lembrada por todos como um recurso fundamental à nossa sobrevivência. Agora, e quando andava a programar os próximos comentários no azinheiragate, dei com esta fotografia, a qual já estava meia esquecida nos arquivos (preferi esperar para voltar ao tema, já que há que lembrar que daqui a uns meses o Verão volta...). Tem três curiosidades, a primeira é que foca precisamente o tema em análise e a segunda é que foi tirada apenas 6 dias depois do comentário acima referido. Já a terceira é uma curiosidade curiosa, passe o pleonasmo. É que este ciclista/turista estrangeiro que passou pela região de Sicó, neste dia por Ansião, entrou, sem se aperceber, pelo percurso dos carros alegóricos, nas Festas do Concelho, e só quando chegou frente à Câmara é que percebeu que estava a mais, tendo saído rapidamente do percurso.
Os registos fotográficos permitem várias coisas, congelar no tempo momentos e ajudar a monitorizar aspectos curiosos que, por vezes, validam o que muitos de nós afirmam. O que vale é que os discos externos permitem guardar milhares de fotografias...
1.12.18
27.11.18
Limpar...folhas?! Será que umas aulas de educação ambiental resolvem o equívoco?
Fonte: Município de Ansião
Anteontem estava a ver as fotografias do Limpar Ansião, mais concretamente deste último sábado, onde a limpeza de centrou nas freguesias do Avelar, Chão de Couce e Pousaflores. Foi, portanto, o segundo fim-de-semana onde a excepcional iniciativa do Limpar Ansião se desenvolveu.
Infelizmente não pude participar em nenhuma das duas acções, por motivos pessoais e profissionais, tendo-me restado apenas a possibilidade de acompanhar ao longe ambas as acções e felicitar mais esta realização do Município de Ansião, que decorre do Limpar Portugal, em 2010. O Limpar Ansião é então uma semente do Limpar Portugal, que foi "regada" pelo anterior e actual executivos, facto que aplaudo e que me alegra bastante. É um feito do qual duas forças políticas, várias entidades públicas e privadas e população em geral se podem orgulhar. Uma causa que une!
Decidi escrever este comentário porque vi algo que me deixou perplexo. Não é nada de novo, pois já em 2010 o então presidente da junta do Avelar tentou politizar, através de uma tentativa de golpe de bastidores, a acção ambiental em causa, querendo impor-me regras a poucas horas da iniciativa (depois de tudo acertado e concordado entre mim, na altura coordenador concelhio e ele), algo que na altura lamentei e condenei profundamente. Actualmente o presidente da junta é outro, contudo também agora surgiu algo que considero lamentável e que desvirtua gravemente esta acção ambiental. Sendo o Limpar Ansião uma acção que visa a limpeza de resíduos sólidos urbanos, vulgo lixo, deste nosso território, que sentido faz andar na rua a limpar... folhas? Nenhum! O Sr Inácio deve-se ter equivocado na acção em causa, só pode... Quando não se sabe, pergunta-se a quem sabe. Confusões como esta desvirtuam o Limpar Ansião, algo que lamento profundamente. Dou negativa ao Sr. Inácio, que agora precisa de explicações! Quando quiser diga Sr Inácio, pois no que concerne a aulas de educação ambiental e afins não cobro nada.
23.11.18
Criatividade: ter ou não ter, eis a questão
Estava a ver o meu arquivo de fotos, de forma a encontrar um bom registo para fazer companhia a este meu breve comentário, e encontrei um registo curioso, que fiz há uns tempos em Santiago da Guarda.
Hoje venho falar de criatividade, essa palavra que abarca tanto e de tanta forma diferenciada. Desde que criei o azinheiragate, já conheci dezenas de pessoas com uma enorme criatividade e logo nas mais variadas artes. Focando-me apenas na região de Sicó, e nos últimos 14 anos, fui conhecendo muitas pessoas com capacidades acima da média. Pessoas novas, menos novas, com a 4ª classe, 9º ano, 12º, licenciatura e por aí adiante. É algo de fascinante, pensar em tudo isto e ver que a criatividade é transversal (parece óbvio, mas...). Mas não chega ser criativo, há que dar asas à criatividade e aí é que as coisas mudam. Conheço muitas pessoas com ideias muito boas, contudo, e por motivos vários, não conseguem ou não dão largas à sua criatividade. Umas porque não têm capacidade financeira, outras porque vão adiando (a arte de procrastinar...) e outras porque há quem lhes dificulte o caminho. Já vi de tudo neste domínio.
Há que ganhar coragem para conseguir ter um "palco" para ser criativo, dinamizando a economia, potenciando o património, valorizando as imensas mais-valias que Sicó tem, entre muitas outras coisas. Podíamos estar muito adiante do que estamos, mas por vários motivos estamos atrasados uns anitos... Falta de competência por parte dos actores de desenvolvimento, capelinhas, invejas e outras coisas mais, são esses alguns dos problemas.
Falando em algumas acções de capacitação que têm ocorrido em toda a região, e tendo eu já participado em duas, vejo que a estratégia não tem sido a melhor. Numa das acções, e após ter frequentado o primeiro dia, acabei por não voltar, pois de chapa 5 e formação "chave na mão" estou eu farto. Gastou-se dinheiro para pouco. Numa outra acção mais recente, apesar da qualidade dos formadores ser boa, faltou ali um elo de ligação, o qual possibilite que a semente tenha um acompanhamento diferente, em vez do esperar que a semente se desenvolva por si mesma. Há que regar a semente todos os dias e ser "chato", de forma a garantir que da semente nasça algo com futuro.
Quando nos perguntam o que faríamos se ganhássemos o euromilhões, todos dizem que comprariam isto ou aquilo e pouco mais. Eu, pelo contrário, faria algo diferente. Daria por exemplo apoio, através do micro-crédito, aquelas pessoas que falei atrás, que têm criatividade e potencial mas que não têm o apoio certo. Porquê? Porque muita da criatividade que existe por aqui vai-se perdendo, algo que, em termos pessoais e em termos económicos é uma perda dramática. É isto.
19.11.18
Frio e chuva também é uma boa desculpa para ler!
Tempo frio é, para muitos, mais tempo para ficar em casa ao quentinho. Tempo frio é, para não sei quantos, sinónimo de mais tempo para ler. Deixem de lado o telemóvel, colocando-o longe da vista e em silêncio, e toca a ler livros, obviamente sem "acordo" ortográfico e livros úteis. Volto então à carga literária 3 meses depois da última incursão literária.
O primeiro livro foi uma descoberta aquando das Jornadas Técnicas sobre os Carvalhos, onde assisti a uma palestra da autora deste muito interessante livro. Depois de uma vista rápida, não houve dúvida que este era para incluir na minha biblioteca pessoal.
É um título forte, e não é por acaso. Trata-se de uma perspectiva interessante sobre um grave problema que tem vindo a carbonizar Portugal há 4 décadas. Sendo eu geógrafo de profissão e bombeiro voluntário, obviamente que tive de trazer este livro para casa, para nas próximas semanas me sentar no sofá e passar umas horas nas lides literárias.
Plástico, esse malandro que nos anda a perturbar gravemente a vida e a vida dos animais selvagens, nomeadamente peixes. Numa das últimas idas a uma livraria descobri este livro, o qual me prendeu a atenção de sobremaneira. Depois de conferido que não padecia do "acordo" ortográfico, tive de o trazer. Sei que daqui a 1 ou 2 semanas poderão ler este livro na Biblioteca Municipal de Ansião, pois este livro irá fazer parte da sua colecção de livros sobre a temática do Ambiente e Educação Ambiental. É uma boa ferramenta pedagógica, portanto fica a dica para mais uma visita à Biblioteca Municipal de Ansião (e outras mais!).
A temática da arquitectura vernacular, e não só, é uma das minhas áreas de interesse, daí a preferência por este livro, que dá para aprender mais umas coisas, parte das quais espero colocar em prática a seu tempo. Bastante interessante, sem dúvida!
Filipe Duarte Santos é um nome que dispensa apresentações, pelo menos por parte de quem se interessa pela questão climática. Já tinha um outro livro deste autor e agora junta-se-lhe mais este, que, pelos conteúdos, justifica o acto de compra.
Pode parecer estranho surgir aqui este livro sobre a internet, contudo de estranho não tem nada. O Azinheiragate é um blogue sobre a temática do Ambiente, Cultura e Património (e não só), sendo uma ferramenta digital que utilizo para passar mensagens que considero importantes e que contribuem, no meu entender, para cidadãos mais esclarecidos, os quais podem assim contribuir para uma democracia mais saudável. Trata-se então do bom uso da internet, a qual, quando mal utilizada, pode ter efeitos perversos para a democracia e, portanto, para a Natureza, para o Património e para a Cultura.
Quando peguei neste último livro, pensei que era mais do mesmo, já que há vários do género que se repetem, contudo não era esse o caso, já que este livro representa algo mais. Tem perspectivas que enriquecem o debate e o discernimento sobre os factos que mais importam, daí não haver dúvidas sobre a sua aquisição.
14.11.18
Projecto Recicla Soure: quero saber mais sff
Até há poucos dias desconhecia o "Projecto Recicla Soure" e foi numa das minhas voltas por Soure que me deparei com dois destes locais que visam dar seguimento à "promoção da reciclagem multi-material e valorização orgânica de resíduos urbanos.
Não vou embandeirar o projecto, até porque conheço bem a temática da reciclagem e do muito que está por fazer e mudar em Portugal e na região de Sicó. Ando um bocado desiludido com esta questão à conta de um livro que tenho escrito mas que ainda não consegui publicar. Este livro é o reflexo de 20 anos de activismo. Já tive dois nãos e estou agora à espera de resposta por parte de uma outra entidade. Quem eu mais pensava que poderia apoiar a edição de um livro inovador e único sobre a temática, foi quem mais me desiludiu, ou seja uma entidade de âmbito nacional. Esta entidade após contacto inicial mostrou algum interesse, mas 4 meses depois de enviada alguma informação para análise, e apenas 1 dias depois de ter enviado uma mensagem, de forma a solicitar informação sobre a análise, recebi uma resposta seca e pouco profissional, de que não estavam interessados. Já percebi que os interesses instalados não gostaram de ouvir umas verdades, algo que me motivou ainda mais.
Mas voltando a Soure, é bom ver surgir um projecto deste tipo, contudo há que esperar para ver os resultados, já que não sei como foi pensado este projecto. Não sei qual o sucesso que irá ter, ainda mais porque há interesses que se podem considerar de certa forma conflituosos e ambíguos.
Não tenho confiança num sistema em que uma empresa de resíduos, com forte influência autárquica, privilegia há demasiados anos a deposição em aterro de resíduos recicláveis. Não tenho confiança num sistema em que uma empresa de resíduos é muito lenta no desenvolvimento de soluções que foquem em primeiro lugar a reciclagem, focando em primeiro lugar a deposição em aterro, que é muito lucrativa, facto que atrasa o estabelecimento de uma estrutura focada na reciclagem de materiais, algo de muito lucrativo e benéfico para todos.
No domínio da reciclagem há muito por fazer, tal como na questão dos resíduos orgânicos, que representam uma percentagem importante dos resíduos que cada um de nós produz. Há poucos meses propus uma ideia para a Vila de Ansião, com vista a valorizar este tipo de resíduos em especial.
Logo que este projecto esteja mais avançado voltarei a falar do mesmo. Para já fica o convite à reflexão sobre a temática da reciclagem.
9.11.18
Quero mais, muito mais!
Por estes dias a memória dos dias de calor e de andar de bicicleta ficou para trás, pelo menos para a maioria. A maioria pensa que o Outono e o Inverno não são bons para andar de bicicleta, quando afinal também o são. Nos países nórdicos, há uma cultura da bicicleta que em Portugal teima em se impor. Nesses países é natural andar de bicicleta, seja com sol ou com chuva, sendo apenas uma questão de mentalidade. O último país que visitei, a Polónia, surpreendeu-me bastante nesse domínio.
Em Portugal faltam ainda as condições óptimas para que as coisas possam melhorar, sendo um caminho que ainda se está a fazer e que ainda demorará mais uns anos a ter melhores resultados. Mesmo algumas das actuais ciclovias foram mal pensadas e mal executadas.
Volto então a abordar esta temática, voltando a Pombal, desta vez a uma ciclovia que ainda não tinha focado nos meus comentários. Em 2015 falei sobre uma outra ciclovia, situada na margem esquerda do Rio Arunca.
De forma a fazer a coisa como deve ser, pesquisei no sítio da internet da Câmara Municipal de Pombal e deparei-me com o Plano de Acção de Mobilidade Urbana Sustentável, analisando-o de seguida. Possivelmente muitos pombalenses nunca ouviram falar dele e muito menos serão os que o terão lido, sugerindo eu que o façam agora. É muito discurso de ocasião, mas faz parte. Para mim não é de grande interesse deixar-me encantar com este tipo de textos, já que enquanto técnico estou um bocado saturado deste tipo de textos. O que é, para mim, de interesse, é analisar se o que se escreve é consequente e, claro, ver se faz sentido. E vejo a coisa também na perspectiva do utilizador de bicicleta, já que sou daqueles que há muitos anos faz da bicicleta um modo prioritário de transporte em pequenas e médias distâncias (até +- 10 km). Há quem faça parte das equipas que fazem estes estudos sem ser sequer utilizador de bicicleta, algo que traz consigo problemas graves, que, por vezes, promovem o insucesso de medidas propostas....
Voltando atrás, desta vez venho abordar a ciclovia situada à entrada de Pombal, vindos do lado de Ansião. Tem dois sectores, um deles muito recente, que vai da rotunda até ao posto de combustíveis. Vejo com muito interesse esta ciclovia, já que ela permite a deslocação de bicicletas onde ela era difícil e perigosa. Quando complementada, cumprirá um objectivo fundamental, facilitar a tarefa de quem escolhe a bicicleta para se deslocar, de quem promove uma atmosfera mais amiga dos pulmões e de quem, deixando o carro em casa, contribui para a melhoria da qualidade de vida de todos. Seria interessante o comércio local começar a fazer uns descontos a quem anda de bicicleta (fica a dica sr´s empresários). E também a empresas que queiram dar um prémio monetário a quem vai de bicicleta para o trabalho, chegando mais bem disposto (algo que já se começou a fazer em alguns países...).
Talvez o principal desafio agora será interligar vias cicláveis, já que as bicicletas podem e devem andar nas ciclovias ou fora delas. Em Pombal isto é notório, já que o centro da cidade está refém dos automóveis. Não é preciso criar ciclovias de raíz no sector central da cidade, bastando pintar trajectos prioritários para bicicletas. Ou seja, uns litros de tinta resolve de forma eficaz.
Pombal é, para todos os efeitos, uma cidade plana, portanto é um bom território para se pensar os modos suaves como deve ser. Não me vou alongar mais, o que pretendo com isto é que os pombalenses (e não só), reflictam sobre esta temática, já que são eles em primeiro lugar que vão beneficiar com uma cidade mais amiga das bicicletas, do ar puro e da qualidade de vida. Menos carros, mais transportes públicos e muito mais modos suaves!
5.11.18
Limpar Ansião, toca a mexer!
Há 10 anos, e aproveitando a iniciativa Limpar Portugal, tomei por iniciativa própria as rédeas daquela iniciativa no Concelho de Ansião. Dediquei 2 meses da minha vida aquela iniciativa histórica e investi algum dinheiro do meu bolso, tudo em prol do Ambiente e da educação ambiental, de Ansião, na nossa saúde, da qualidade de vida, da paisagem, etc, etc. Naquela altura tive o apoio de várias entidades e de dezenas de voluntário/as. Já depois de 2010 surgiu pela mão da Câmara Municipal de Ansião, e do anterior executivo, o que acabou por ser o natural seguimento do Limpar Portugal, ou seja o Limpar Ansião. Ansião mobilizou-se mais uma vez em prol de uma causa muito importante. Daqui a poucos dias, e também pela mão da Câmara Municipal de Ansião e do novo executivo, volta o Limpar Ansião, daí eu fazer questão em publicitar esta actividade ambiental e cívica.
Tudo isto para apelar à vossa participação nesta iniciativa. Informem-se, envolvam-se, passem a palavra entre o/as vosso/as amigo/as e tornem Ansião um lugar ainda melhor para se viver. Aproveitem e tirem fotos, muitas fotos, de forma a partilhar nas redes sociais e mostrar que infelizmente ainda há gente porca em Ansião e não só.
Após estes 8 anos posso dizer-vos que é um enorme orgulho ver que o que fiz enquanto coordenador concelhio do Limpar Portugal resultou e deu frutos, os quais continuam a presentear o/s ansianenses da melhor forma. Os meus parabéns à Câmara Municipal de Ansião e às Juntas de Freguesia pela iniciativa. O meu apelo à mobilização geral!
27.10.18
O PO.RO.S transpira qualidade!
Demorou mas finalmente consegui arranjar tempo para visitar o PO.RO.S - Museu Portugal Romano em Sicó, situado em Condeixa-a-Nova. A expectativa era alta, anda mais sabendo do prémio europeu (Heritage in Motion) que há poucas semanas este Museu ganhou.
Não tinha investigado nada sobre os conteúdos do Museu, portanto fui sem saber o que ia encontrar. À chegada notei um pequeno pormenor, ou seja o facto de haver duas portas abertas (portões) confundiu-me, ficando eu inicialmente a pensar onde era a entrada principal. Um aspecto a melhorar.
Chegado então à recepção, fui bem atendido e toda a informação base foi prestada por quem lá estava, algo que é sempre um bom ponto de partida.
Com o folheto na mão iniciei então a visita, a qual demorou cerca de 2 horas muito bem passadas. Aproveitei ao máximo todos os recursos ali presentes, interactivos ou não, ficando a conhecer muitos pormenores que desconhecia e mais bem informado sobre factos que apesar de já saber, faltavam complementar. Desde o início até ao fim do percurso há muitos e variados pontos de interesse, desde objectos, recursos interactivos, que dão para ter interessantes experiências sobre quem eram os romanos e tudo o que envolvia a sua existência. Parece-me um Museu bem conseguido, o qual recomendo vivamente.
No final, e em em conversa com quem estava na recepção, fiz o que mais gosto, falar com as pessoas que vivem este tipo de espaços todos os dias e interagir. Fiquei a saber que houve um casal que em apenas 20 minutos "visitou" este Museu. Ou seja, não souberam desfrutar este belo espaço museológico, o que é uma pena. Para saborear este Museu precisam de hora e meia a duas horas, dependendo se forem com adultos e/ou crianças. Não abro muito o jogo do que por ali há, de forma a que a surpresa seja maior. Desafio-vos então a irem a este Museu. Para quem é da região é logo ali e para quem é de fora, aproveitem para vir passar um fim-de-semana à região de Sicó e, numa tarde ou manhã, vão então visitar o PO.RO.S. No final vão-me agradecer a dica...
23.10.18
Uma tradição importante, útil e saudável!
Logo que vi estas imagens nas redes sociais, através da página do Museu de Alvaiázere, lembrei-me que era altura de falar desta questão, a qual tanto me diz. Faço-o por vários motivos, desde a componente cultural e identitária, até à questão da produção local e de um modo de vida saudável e sustentável. Há um bónus, ou seja o facto de ser importante abordar esta questão numa altura onde reina uma espécie de puritanismo bacoco, impulsionado por pessoas sem bagagem cultural e identitária, alguns dos quais elementos de partidos políticos pseudo ecologistas. Estes últimos têm desenvolvido uma espécie de extremismo ideológico, de génese citadina, o qual diz que não podemos fazer coisas que afinal sempre fizémos, por necessidade, que são saudáveis e úteis para as as sociedades do meio rural e semi-rural. Se há tradições que não fazem sentido, tal como espetar ferros no lombo de toiros (para mero entretenimento..), há também as que, parecendo cruéis, fazem sentido e que importa preservar, tal como a matança do porco. Trata-se de algo necessário.
Durante vários meses cria-se um animal com o natural respeito que temos pelos animais de criação. Restos de comida são aproveitados na alimentação destes animais, evitando que este tipo de resíduos vá para o lixo e aterros (recicla-se, portanto!). O animal é bem tratado, bem alimentado (carne saudável, sem químicos...) e quando chega a altura mata-se. Isto ao contrário dos porcos criados de forma intensiva, onde não são bem tratados, onde a carne não é muito saudável e onde são mortos sem muito respeito pelo animal.
Não se mata por prazer (ninguém gosta) mas sim por necessidade, tentando no processo causar pouca dor, numa morte rápida e dignificante. Depois aproveitam-se todos os recursos que este animal proporciona e, no dia da matança promove-se a festa e o convívio entre amigos e família. A carne que dali sai dura para uns tempos. E os belos dos enchidos, ui, um mimo!
Não se mata por prazer (ninguém gosta) mas sim por necessidade, tentando no processo causar pouca dor, numa morte rápida e dignificante. Depois aproveitam-se todos os recursos que este animal proporciona e, no dia da matança promove-se a festa e o convívio entre amigos e família. A carne que dali sai dura para uns tempos. E os belos dos enchidos, ui, um mimo!
Se há memórias boas que tenho da infância é a matança do porco (muitas vezes nos Netos). O convívio e o comes e bebes é algo de imperdível. Num território como Sicó a matança do porco faz parte da tradição e da nossa cultura, esperando eu que esta continue por muitos e bons anos, a bem da nossa identidade, cultura, saúde, sustentabilidade e racionalidade.
E já agora parabéns ao Rancho Folclórico da Freguesia de Pussos e ao Museu de Alvaiázere, pelo seu trabalho em prol do que mais importante temos na região de Sicó, uma identidade única. Orgulho!
E já agora parabéns ao Rancho Folclórico da Freguesia de Pussos e ao Museu de Alvaiázere, pelo seu trabalho em prol do que mais importante temos na região de Sicó, uma identidade única. Orgulho!
18.10.18
Relvado não! Ervado sim!!
Quando falo com os meus amigos sobre espaços verdes, jardins e afins, surge na maior parte das vezes uma palavra que, confesso, detesto, a "relva". Até ter estudado biogeografia era igual a muitos dos meus amigos, ou seja evitava a todo o custo pisar a relva. Depois tudo mudou com a biogeografia. Descobri que, genericamente falando, a relva não tem valor ecológico, daí porque carga de água haveria de deixar de pisar algo sem grande valor?! (não confundir o pisar com o estragar...).
Não gosto de relva no sentido que é algo que é só para inglês ver, apenas para encher a vista de pessoas pouco exigentes no que concerne à conservação da Natureza e da Biodiversidade. A relva necessita de manutenção e tem custos muitas vezes elevados. Não é, portanto, sequer algo de ecológico, tal como muitas vezes nos fazem pensar ou apregoam.
Assim sendo porque é que insistimos numa fórmula absurda? Porque não fazemos a coisa como deve ser? Há poucos meses estive numa bela cidade polaca, onde fui surpreendido por uma série de aspectos simples, mas excepcionais. Um dos pormenores foi precisamente haver uma cultura de racionalidade, onde em vez de se despejar relva num qualquer canteiro, e programar manutenção regular e contínua, se fez o mais simples, o mais eficaz e o mais desejável, ou seja o belo do ervado, com uma bela biodiversidade. Tem maior valor ecológico, é mais bonito, não necessita de grande manutenção e recursos escassos como a água.
Para quê complicar então? Vamos criar o belo do ervado, eliminando a patetice dos relvados em toda a região de Sicó, rica em biodiversidade? Quem vai ser o primeiro município a mudar o paradigma? O desafio está lançado, a ver vamos quem vai estar no pelotão da frente daqui a uns meses...
14.10.18
Não é apenas uma fachada, é algo mais do que isso...
Lembro-me de um trabalho académico que fiz há coisa de 15 anos, numa disciplina que dava pelo nome de geografia urbana. Este trabalho ficou na memória porque permitiu-me adquirir conhecimentos particularmente interessantes no domínio da urbe e de tudo o que ela pode significar. Nestes conhecimentos entra a questão da perspectiva, a qual foi adquirida através de um processo bastante curioso. Basicamente andámos pela zona histórica de Setúbal a percorrer cada um dos edifícios, tentando saber qual a actividade económica que era desenvolvida naquele espaço no presente, mas também no passado. Este levantamento foi feito para o rés-do-chão e para o primeiro e segundo piso. No primeiro andar prevaleciam os negócios, enquanto que no primeiro e segundo piso já predominava a habitação. Feitos os mapas, teve-se uma visão bastante curiosa sobre a evolução da tipologia de ocupação e da respectiva evolução ao longo de algumas décadas.
Isto tudo para introduzir uma perspectiva que raramente é factualmente percepcionada pelas pessoas. Quando aplicada à região de Sicó, a coisa ganha um novo sentido, já que não tenho ligação alguma com Setúbal, mas tenho uma conhecida ligação com, por exemplo, Ansião. Lembrei-me de registar esta imagem para este propósito. Para os mais novos, a fachada que consta na fotografia que acompanha este comentário não diz muito. Diria até que a maioria dos mais novos nem se apercebe que há ali uma fachada e que por detrás dela há um mundo diferente, numa espécie de colagem urbanística.
Para mim há ali uma fachada e um edifício por detrás dela. O edifício nada me diz, ao contrário da fachada, que, para mim, representa parte da minha identidade e memórias importantes. Era ali que antigamente se situava o posto da GNR de Ansião, no antigo edifício do qual resta apenas a fachada. Era também ali que se situava uma oficina de bicicletas (irmãos David), a qual eu frequentava regularmente, dado o facto de que as bicicletas fazem parte do meu ADN há mais de 3 décadas.
Por tudo isto e por muito mais é que é importante acautelar estas questões na hora de fazer urbanismo. A identidade local é única e intransmissível. Perturbar a identidade local é algo de grave, daí trazer aqui este tema, de forma a vos fazer pensar nesta importante questão. Sem pensarmos nesta e noutras questões o espírito crítico não se desenvolve e o exercício da cidadania fica enfraquecido, tal como é tristemente frequente e como aliás está bem presente na Vila de Ansião. É tudo...
10.10.18
Um mamarracho na Serra da Portela, Pousaflores
Já não falava desta temática há bastante tempo, e não é por falta de "matéria-prima", mas sim por alguma falta de tempo para, calmamente, percorrer esta bela região. Falo, claro, dos denominados mamarrachos urbanísticos.
Há algumas semanas, quando fui a uma interessante actividade que decorreu na Serra da Portela, Pousaflores (Ansião), organizada pela Junta de Freguesia de Pousaflores, estacionei o carro mesmo à frente do mamarracho que consta nas duas fotografias que "embelezam" este comentário. É um "edifício" que está ali há alguns anos, contudo nunca calhou eu falar dele de forma mais directa. É uma ferida na paisagem, não compreendendo eu como é que ali está, seja pelo absurdo que é, seja por estar em área de Rede Natura 2000 (Sítio Sicó/Alvaiázere). A minha sugestão é simples, desmontar esta infraestrutura e renaturalizar o local de implantação. É um passivo que ensombra a beleza daquele local e que não dignifica a Serra da Portela, portanto é um problema por resolver. A dica está dada...
26.9.18
Querem saber o que é mobilidade? É isto!
Terminou há poucos dias a Semana Europeia da Mobilidade, daí que eu tenha esperado até agora para vos trazer esta temática na primeira pessoa.
Muitas vezes ouvimos a palavra mobilidade e ficamos com dúvidas sobre o que afinal é. Por vezes vamos procurar a melhor definição, esquecendo que a mesma depende muito de indivíduo para indivíduo, de país para país e de região para região. Contudo procurar a melhor definição não é a melhor solução...
A melhor solução para entender o que é afinal a mobilidade é mesmo falar com quem faz dela o seu modo de vida há uns anitos. Sou suspeito, contudo lembrei-me de mim e nada melhor do que vos dizer o que é, para mim, a mobilidade.
Apresento-vos em primeiro lugar as minhas 4 meninas de duas rodas. Exagero? Nada disso, eu explico!
A primeira "menina" é a mais antiga de todas, que já vem do início da década de 90. Foi uma das minhas bicicletas da juventude, aquela que ainda resiste, considerando-a eu uma clássica (a primeira mesmo minha era laranja e foi roubada quando a deixei encostada no gimnodesportivo por 10 minutos, mesmo com pedal e travão partidos...) É uma Sirla, marca portuguesa que já não existe, mas que ainda se vê pelas estradas. Esteve uns anos encostada na garagem até que a voltei a utilizar. Tive de investir 68 euros para a pôr nova, aproveitando para lhe meter pneus de estrada. Ao final de 6 meses já tinha pago o investimento, já que, ao evitar utilizar o carro, pegando na bicicleta para as viagens diárias até aos bombeiros, na época de Verão, tive o retorno em poucos meses (relativo ao que gastei no arranjo, ou seja pneus, câmaras, travões e afins). Continua a rolar, claro que de forma comedida, já que é uma clássica. Para pequenos trajectos é perfeita para tratar dos assuntos. Tem valor sentimental, já que além de ter sido uma das biclas da juventude, fui atropelado nesta mesma bicicleta, na segunda metade da década de 90, por um condutor apressado (que reconheceu a culpa e pagou a despesa médica e o arranjo da bicicleta (a malvada da cicatriz é que ainda resiste...).
Em segundo lugar eis a minha bicla de montanha, a minha primeira bicicleta de "topo". Comprei-a em 2005, quando comecei a ter os primeiros ordenados enquanto geógrafo. Custou, na altura, 599 euros. É, como podem imaginar, uma bicicleta para o monte e para umas pequenas voltas utilitárias. Já tem largos milhares de km...
A terceira bicla é uma órbita, um modelo que já não é fabricado, o que significa que já é uma clássica. Comprei-a em 2009, na fábrica da Órbita. Como precisava de uma bicicleta utilitária, que desse para pequenos trajectos e para meter na bagageira do carro ou levar no comboio, decidi que seria uma boa compra. E assim foi! Tem sido muito útil, vos garanto. Podem achar este modelo antiquado, contudo não me importo. Decidi-me por este modelo porque me faz lembrar a bicicleta na qual aprendi a andar em duas rodas, uma órbita muito semelhante a esta, mas verde. Dobra no guiador e no quadro, sendo bastante prática.
Por último a minha última aquisição, uma bicicleta de estrada, a qual eu ansiava há muitos anos mas que demorou. Decidi adquirir esta bicicleta porque as outras não eram as indicadas para fazer trajectos rápidos e utilitários de 10 a 15 km e dar a bela da volta, sem ser no monte (obviamente), de vez em quando. Custou 349 euros em 2017, mas há umas semanas vi-a a 300 euros, numa campanha. Para o preço que custou é muito boa para uns anitos. Já abati uns 50 euros ao preço inicial, já que evitei a utilização do carro. Só não abati mais porque uma lesão tem-me impedido de andar de bicicleta (tem custado tanto...).
Ou seja, gastei apenas 1100 euros na aquisição da 2ª, 3ª e 4ª bicicleta ( a 1ª foi "oferecida" e penso que custou 18 contos). Já poupei alguns milhares de euros em gasolina, em viagens que fiz nas várias bicicletas, portanto pensem um bocadinho nisto... Apanhei uns sustos (muita besta de automobilista...), mas ganhei na saúde e na carteira. Andar de bicicleta é, para mim, uma forma de vida desde pequeno, da qual não prescindo e sobre a qual tenho grande orgulho. Não me incomoda ver certa gente olhar de lado, gente que anda a polir o passeio desde que eu era pequeno. As aparências não me iludem. Andar de bicicleta não é por necessidade (pouco dinheiro) mas sim por gosto, racionalidade e saúde (entre muitos outros...).
Como podem ver isto é mobilidade, a minha mobilidade. O carro só sai quando é estritamente necessário, nomeadamente para viagens grandes.
Para terminar, a lembrança de um pequeno exercício que fiz há 9 anos, o qual podem consultar aqui.
21.9.18
Porque o Chícharo é importante para Sicó!
Confesso que fico feliz por ver que o festival do Chícharo volta a ser organizado na devida altura, ou seja em Outubro. Já por várias vezes tinha alertado para o erro estratégico, em termos de marketing territorial, que era passar este festival para Junho. Deste modo o Chícharo volta a ganhar o devido protagonismo e Alvaiázere a mostrar que reconhece a importância de voltar a ter o Chícharo no seu devido lugar, de merecido destaque. É um festival que recomendo, portanto toca a agendar uma visita a Alvaiázere naquele fim-de-semana. E preparem o estômago para boa comida...
17.9.18
Pequenos pormenores que fazem toda a diferença do mundo...
Há uns tempos visitei certo lugar a convite de um amigo particularmente dedicado à preservação do património natural. É raro visitar um local onde exista a perspectiva a curto, médio e longo prazo, pelo menos em Portugal, onde o terreno comum é apenas visto como bom para construir e pouco mais. É raro em Portugal existir aquilo que ali vi.
Se vos perguntar o que vêm na foto dirão provavelmente que vêm um muro e um carvalho. Poucos serão os que verão, em primeiro lugar, a atenção dada ao carvalho, na medida em que o muro foi feito de modo a acomodar o carvalho (podia ter sido dado mais espaço...). No Portugal típico o que acontece é que tudo o que se mete à frente de um muro vai à vida, ou seja, no típico Portugal aquele carvalho teria sido cortado. Felizmente que ainda vai havendo quem seja sábio e utilize essa sabedoria em seu benefício e em benefício da sociedade.
Podem dizer que este comentário é demasiado simples, contudo eu discordo, já que mostra um pequeno pormenor que faz toda a diferença quando se fala em mudança de mentalidades, na consciência ambiental e numa forma racional de viver a vida, onde se compatibiliza o viver e o viver num território com especificidades e mais-valias fenomenais, Sicó!
Vamos mudar o paradigma?!
8.9.18
Dois dedos de conversa perdidos...
Há uns dias voltei à Redinha, Pombal, já que é daqueles lugares aos quais vale mesmo a pena voltar regularmente. Andava a tirar mais umas fotos quando me deparei com um elemento peculiar hoje em dia. Trata-se nada mais nada menos do que um banco à antiga, daqueles que são cada vez mais raros, especialmente em ruas renovadas nos últimos anos. Para mim é algo com importância cultural, um objecto patrimonial, já que era ali que muitos se sentavam na conversa, sem pressas e com gosto de falar. Eram tempos onde o tempo ainda não tinha preço, mas, para melhor ou para pior, o tempo agora tem preço e isso é, para mim, uma pena...
Eu sou ainda do tempo onde me sentava num destes bancos, noutro lugar obviamente, e falava com os amigos ou com o pessoal de idade, ouvindo histórias e estórias de valor. Sinto saudades desse tempo, confesso. Actualmente as coisas são bem diferentes, já que além de ser cada vez mais raro encontrar um destes bancos, é cada vez mais comum ver pessoal num qualquer outro banco e sem comunicar entre si. A conversa é cada vez mais uma coisa ultrapassada, para muitos, que apesar de poderem estar sentados ao pé de amigos, estão de mão estendida com o telemóvel dito inteligente, com o indicador para cima e para baixo, alheados a maior parte do tempo dos amigos reais e cada vez mais focados nos amigos virtuais.
No que nos andamos a tornar afinal?!
4.9.18
Alterar o cenário pós dia de mercado: uma sugestão às autarquias e juntas de freguesia
É um cenário tristemente comum no típico mercado português. Depois de mais um dia de mercado fica sempre algo que não devia ficar...
Quem, como eu, gosta de comprar nos mercados locais, apercebe-se que depois de um dia de mercado fica uma herança que ninguém quer, ou seja plásticos e papéis a voar pelo recinto e pelas proximidades. Após a saída dos comerciantes, e mesmo depois de alguns funcionários procederem à limpeza do que ali fica, há plásticos e papéis que não são limpos, seja porque voaram para as proximidades do recinto, seja porque ficaram nalgum canto pouco visível. E isto acontece durante toda a manhã. Claro que cada mercado é uma realidade diferente, já que há cenários menos maus do que outros, contudo a realidade é comum aos diferentes mercados municipais, seja ela em menor ou maior grau.
Ninguém gosta do cenário pós dia de mercado, contudo ninguém avança para uma solução que resolva, de vez, o problema. É aqui que entra uma sugestão da minha parte a autarquias e juntas de freguesia. E que tal ter-se um regulamento específico, o qual obrigue cada comerciante a responsabilizar-se pelos resíduos decorrentes do dia de mercado? Como fazer? Simples, colocar por exemplo recipientes para os diferentes tipos de resíduos, nomeadamente plásticos e papéis, os quais representam a maioria dos resíduos que fica nos recintos após mais um dia de mercado. Ao mesmo tempo, sensibilização, muita sensibilização. E nesta última, premiar quem cumprisse, de forma a motivar os comerciantes a pugnar pela limpeza dos recintos.
Urge alterar o paradigma, portanto mãos à obra!